Agência Espacial
Brasileira deveria ser subordinada ao presidente do Brasil, defende diretor do
INPE
O
diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Clezio Marcos de
Nardin, afirmou nesta terça-feira (21), durante o 4º Fórum SpaceBR Show, maior
feira espacial da América Latina, que a Agência Espacial Brasileira (AEB)
deveria ser vinculada à Presidência e que deveria haver um maior investimento
no setor por parte do Estado.
A
AEB é uma autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,
responsável pelo programa espacial do Brasil.
"Com
todo respeito ao ministério, a agência está sublocalizada. Em países
equivalentes ao nosso, hoje suas agências estão ligadas à Presidência. Na
Índia, por exemplo, o orçamento é muito maior que o nosso", disse ele
durante apresentação.
Nardin
comentou que tornar o instituto menos acadêmico e produzir mais projetos estão
entre as metas de sua gestão. Ele afirma que o próximo satélite feito pelo INPE
elevará padrões e tornará o Brasil um dos poucos países que possuem tal tipo de
tecnologia.
"Fizemos
um plano de desenvolvimento, transformando o INPE, uma instituição que é
bastante acadêmica, em uma instituição que é um ICT [Instituto de Ciência e
Tecnologia], voltada para projetos."
Ele
defende que é preciso ter força política dentro do setor espacial para que ele
progrida. Além disso, que haja uma participação civil, dedicando os fins não
apenas para o âmbito militar. "A defesa é muito boicotada quando tenta
importar qualquer peça. O mercado espacial é extremamente restrito e
extremamente fechado."
"Precisamos
dar governança adequada à AEB. O setor espacial não é um setor econômico
apartado, ele é parte da infraestrutura nacional", ressalta,
exemplificando que o INPE tem entregado informações para diferentes órgãos
durante a crise no Rio Grande do Sul.
O
diretor destaca, inclusive, que conflitos ao redor do mundo influenciam
diretamente no programa espacial. "Hoje para o INPE, que é civil, importar
peça, eu tenho que assinar acordo de confidencialidade. Se para mim, que sou
civil, é difícil, imagina para esses caras que estão tentando fazer um artefato
que é dual e que pode ser usado para a defesa."
O
brigadeiro do ar Rodrigo Alvim de Oliveira explica que o Programa Estratégico
de Sistemas Espaciais (PESE) é um conjunto de atividades civis e militares,
incluindo instituições acadêmicas, que não é formalizado totalmente enquanto um
programa espacial, como ocorre com outros países.
O
vice-presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB),
Jadir Gonçalves, destaca o crescimento da participação da indústria brasileira
no setor espacial brasileiro desde a década de 1980, contando com apoio vital
do INPE para fabricar equipamentos. Ele também defende que haja um equilíbrio
entre as participações privadas e públicas no segmento.
• Brasil
se destaca com produção de drones durante maior feira espacial da América
Latina
Diversas
tecnologias de empresas brasileiras especializadas na produção ou montagem de
drones foram exibidas nesta terça-feira (21), durante o primeiro dia do 4°
SpaceBR Show. O evento é o maior da América Latina dos segmentos espacial e de
georreferenciamento.
No
local, as iniciativas de maior destaque estiveram relacionadas com o uso de
drones e veículos aéreos não tripulados (VANTs), de iniciativa pública ou
privada.
Um
dos estandes exibia um Nauru 500 ISR, modelo da empresa brasileira Xmobots. Ele
é especializado em operações em locais de difícil acesso. O veículo foi o
primeiro feito no Brasil a receber o Certificado de Autorização de Voo Experimental
(CAVE) da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), sendo pioneiro no sobrevoo
da Amazônia.
O
fórum aborda temas como os investimentos nacionais no programa espacial, a
construção de lançadores espaciais e satélites, e a participação do Brasil nas
novas viagens à Lua.
A
empresa capixaba Geocontrol, por exemplo, é a única que captura pontos por
imagem como forma de determinar coordenadas, por meio de celulares equipados
com o aplicativo.
Dentre
as iniciativas públicas, destaca-se o Instituto de Terras do Pará (Iterpa), que
usa drones e georreferenciamento para a regularização fundiária no estado, que
possui o segundo maior território do Brasil.
A
diretora técnica, Marcieli Moura, explicou à Sputnik Brasil que tais
procedimentos visam garantir os limites de territórios originários, respeitando
também o meio ambiente.
Além
dele, a iniciativa GeoSampa, promovida pela prefeitura de São Paulo, participa
do evento. Ela atua no georreferenciamento de áreas urbanas da capital
paulista.
Também
no evento, a empresa russa Agisoft exibiu seu trabalho na fotogrametria,
técnica que possibilita extrair informações de formas, feições, dimensões e
posições de objetos no espaço por meio de imagens digitais georreferenciadas.
A
diretora de operações, Diana Ovod, afirmou à Sputnik Brasil que há muitos
clientes no país e na América do Sul, e que o software produzido pela companhia
auxilia na construção civil, na mineração, em museus, na arqueologia e até na
arte, como em jogos eletrônicos ou filmes.
"A
tecnologia vai a lugares onde drones não são capazes de atuar. Se combinar esse
georreferenciamento, pode-se aproveitar o melhor dos dois mundos", disse.
• Energia
solar chega a 150 mil pessoas da Amazônia Legal; meta do governo é alcançar 900
mil até 2026
A
energia elétrica chegou na casa de mais de 150 mil moradores de regiões remotas
da Amazônia Legal nos últimos cinco anos por meio da energia solar, informou
nesta segunda-feira (20), o Ministério de Minas e Energia.
O
projeto faz parte do programa Luz para Todos, do governo federal, e consiste na
entrega de kits com painéis fotovoltaicos, inversores, controladores e baterias
de lítio às famílias contempladas.
Até
2026, a meta é ampliar o número de beneficiados, cerca de 900 mil pessoas, com
a instalação dos equipamentos em 228.287 unidades consumidoras.
De
acordo com a pasta, os kits viabilizam o acesso à eletricidade em regiões a que
as redes de distribuição não chegam, devido ao difícil acesso.
Em
nota, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que esse tipo
de estratégia mitiga a pobreza energética com o uso de fontes renováveis do
país.
"Se
temos sol em abundância em boa parte do Brasil, podemos transformá-la em acesso
à energia, inclusão, emprego, renda e dignidade, por meio do Luz para
Todos", disse ele.
Até
2026, a meta é beneficiar cerca de 2 milhões de pessoas com kits solares,
destinados a locais de difícil acesso e por meio da extensão da rede de
distribuição de energia elétrica.
Ainda
segundo o ministério, representantes de entidades do setor elétrico e
pesquisadores de Honduras foram a Brasília na semana passada para conhecer o
programa e tentar replicar, no próprio país, o modelo utilizado no Brasil.
A
visita do grupo de Honduras fez parte do projeto Energia e Luz para a Vida
"Yu Raya", uma iniciativa implementada no âmbito do programa de
cooperação trilateral entre Brasil, Alemanha e Honduras.
• Luz
para Todos
Criado
em 2003, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
programa levou até o momento energia elétrica para 17,3 milhões de pessoas, em
26 estados, segundo o ministério.
O
objetivo da iniciativa, segundo o governo, é promover inclusão social,
cidadania e qualidade de vida à população por meio do combate à pobreza
energética, visando universalizar o acesso à energia elétrica.
• Saída
de Prates da Petrobras: 'Tentaram personificar em mim e no Rui' a decisão, diz
Silveira
Apontado
como um dos defensores da saída do ex-presidente Jean Paul Prates do comando da
Petrobras, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se pronunciou
publicamente sobre o assunto pela primeira vez nesta terça-feira (21).
Conforme
o ministro, a decisão partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que
considerou insuficiente a velocidade dos investimentos da companhia brasileira
no país. O clima entre Lula e Prates estava desgastado desde o episódio de
distribuição dos dividendos da Petrobras.
Além
disso, Silveira declarou que não influenciou a decisão, assim como o ministro
da Casa Civil, Rui Costa. Em carta divulgada aos diretores da Petrobras sobre a
demissão, o ex-presidente da empresa fez uma citação aos dois nomes.
"Tentaram
personificar em mim e no ministro Rui. Isso absolutamente não aconteceu […]. O
presidente Lula, com 78 anos de idade, não pode ser constrangido por nenhum de
nós [do governo]. Todos nós temos que nos orgulhar e aprender com ele sobre
respeito à democracia", afirmou a jornalistas que estavam na Base Aérea do
Galeão, no Rio de Janeiro, em declaração repercutida pelo jornal Estadão.
O
ministro acompanhava no local o embarque de eletricistas que ajudarão a
reconstruir o Rio Grande do Sul. A afirmação de Silveira aponta para o
descumprimento, por parte de Jean Paul Prates, da determinação do presidente
Lula para que conselheiros do governo na Petrobras votassem contra a
distribuição dos dividendos extraordinários de 2023.
• Prates
foi demitido na última semana
O
presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, demitido na última semana do comando
da companhia, será substituído por Magda Chambriard, que foi diretora-geral da
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo
Dilma Rousseff (2011–2016). Desde o fim de março, a Petrobras enfrenta grande
turbulência política.
Uma
das situações que levou ao agravamento da questão foi justamente a determinação
do governo de que representantes no conselho da companhia votassem contra o
pagamento de dividendos extraordinários. Porém, Prates se absteve, gerando
mal-estar no Palácio do Planalto, de acordo com a mídia brasileira.
Em
abril, o presidente Lula chegou a convidar o presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, para assumir o
comando da estatal. O apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a Prates o manteve no cargo.
Na
mensagem de despedida que enviou aos diretores da Petrobras, Jean Paul Prates
afirmou que sua "missão foi precocemente abreviada na presença regozijada
de Alexandre Silveira e Rui Costa".
Fonte:
Sputnik Brasil
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