quinta-feira, 23 de maio de 2024

Agência Espacial Brasileira deveria ser subordinada ao presidente do Brasil, defende diretor do INPE

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Clezio Marcos de Nardin, afirmou nesta terça-feira (21), durante o 4º Fórum SpaceBR Show, maior feira espacial da América Latina, que a Agência Espacial Brasileira (AEB) deveria ser vinculada à Presidência e que deveria haver um maior investimento no setor por parte do Estado.

A AEB é uma autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, responsável pelo programa espacial do Brasil.

"Com todo respeito ao ministério, a agência está sublocalizada. Em países equivalentes ao nosso, hoje suas agências estão ligadas à Presidência. Na Índia, por exemplo, o orçamento é muito maior que o nosso", disse ele durante apresentação.

Nardin comentou que tornar o instituto menos acadêmico e produzir mais projetos estão entre as metas de sua gestão. Ele afirma que o próximo satélite feito pelo INPE elevará padrões e tornará o Brasil um dos poucos países que possuem tal tipo de tecnologia.

"Fizemos um plano de desenvolvimento, transformando o INPE, uma instituição que é bastante acadêmica, em uma instituição que é um ICT [Instituto de Ciência e Tecnologia], voltada para projetos."

Ele defende que é preciso ter força política dentro do setor espacial para que ele progrida. Além disso, que haja uma participação civil, dedicando os fins não apenas para o âmbito militar. "A defesa é muito boicotada quando tenta importar qualquer peça. O mercado espacial é extremamente restrito e extremamente fechado."

"Precisamos dar governança adequada à AEB. O setor espacial não é um setor econômico apartado, ele é parte da infraestrutura nacional", ressalta, exemplificando que o INPE tem entregado informações para diferentes órgãos durante a crise no Rio Grande do Sul.

O diretor destaca, inclusive, que conflitos ao redor do mundo influenciam diretamente no programa espacial. "Hoje para o INPE, que é civil, importar peça, eu tenho que assinar acordo de confidencialidade. Se para mim, que sou civil, é difícil, imagina para esses caras que estão tentando fazer um artefato que é dual e que pode ser usado para a defesa."

O brigadeiro do ar Rodrigo Alvim de Oliveira explica que o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE) é um conjunto de atividades civis e militares, incluindo instituições acadêmicas, que não é formalizado totalmente enquanto um programa espacial, como ocorre com outros países.

O vice-presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), Jadir Gonçalves, destaca o crescimento da participação da indústria brasileira no setor espacial brasileiro desde a década de 1980, contando com apoio vital do INPE para fabricar equipamentos. Ele também defende que haja um equilíbrio entre as participações privadas e públicas no segmento.

•                                           Brasil se destaca com produção de drones durante maior feira espacial da América Latina

Diversas tecnologias de empresas brasileiras especializadas na produção ou montagem de drones foram exibidas nesta terça-feira (21), durante o primeiro dia do 4° SpaceBR Show. O evento é o maior da América Latina dos segmentos espacial e de georreferenciamento.

No local, as iniciativas de maior destaque estiveram relacionadas com o uso de drones e veículos aéreos não tripulados (VANTs), de iniciativa pública ou privada.

Um dos estandes exibia um Nauru 500 ISR, modelo da empresa brasileira Xmobots. Ele é especializado em operações em locais de difícil acesso. O veículo foi o primeiro feito no Brasil a receber o Certificado de Autorização de Voo Experimental (CAVE) da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), sendo pioneiro no sobrevoo da Amazônia.

O fórum aborda temas como os investimentos nacionais no programa espacial, a construção de lançadores espaciais e satélites, e a participação do Brasil nas novas viagens à Lua.

A empresa capixaba Geocontrol, por exemplo, é a única que captura pontos por imagem como forma de determinar coordenadas, por meio de celulares equipados com o aplicativo.

Dentre as iniciativas públicas, destaca-se o Instituto de Terras do Pará (Iterpa), que usa drones e georreferenciamento para a regularização fundiária no estado, que possui o segundo maior território do Brasil.

A diretora técnica, Marcieli Moura, explicou à Sputnik Brasil que tais procedimentos visam garantir os limites de territórios originários, respeitando também o meio ambiente.

Além dele, a iniciativa GeoSampa, promovida pela prefeitura de São Paulo, participa do evento. Ela atua no georreferenciamento de áreas urbanas da capital paulista.

Também no evento, a empresa russa Agisoft exibiu seu trabalho na fotogrametria, técnica que possibilita extrair informações de formas, feições, dimensões e posições de objetos no espaço por meio de imagens digitais georreferenciadas.

A diretora de operações, Diana Ovod, afirmou à Sputnik Brasil que há muitos clientes no país e na América do Sul, e que o software produzido pela companhia auxilia na construção civil, na mineração, em museus, na arqueologia e até na arte, como em jogos eletrônicos ou filmes.

"A tecnologia vai a lugares onde drones não são capazes de atuar. Se combinar esse georreferenciamento, pode-se aproveitar o melhor dos dois mundos", disse.

•                                           Energia solar chega a 150 mil pessoas da Amazônia Legal; meta do governo é alcançar 900 mil até 2026

A energia elétrica chegou na casa de mais de 150 mil moradores de regiões remotas da Amazônia Legal nos últimos cinco anos por meio da energia solar, informou nesta segunda-feira (20), o Ministério de Minas e Energia.

O projeto faz parte do programa Luz para Todos, do governo federal, e consiste na entrega de kits com painéis fotovoltaicos, inversores, controladores e baterias de lítio às famílias contempladas.

Até 2026, a meta é ampliar o número de beneficiados, cerca de 900 mil pessoas, com a instalação dos equipamentos em 228.287 unidades consumidoras.

De acordo com a pasta, os kits viabilizam o acesso à eletricidade em regiões a que as redes de distribuição não chegam, devido ao difícil acesso.

Em nota, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que esse tipo de estratégia mitiga a pobreza energética com o uso de fontes renováveis do país.

"Se temos sol em abundância em boa parte do Brasil, podemos transformá-la em acesso à energia, inclusão, emprego, renda e dignidade, por meio do Luz para Todos", disse ele.

Até 2026, a meta é beneficiar cerca de 2 milhões de pessoas com kits solares, destinados a locais de difícil acesso e por meio da extensão da rede de distribuição de energia elétrica.

Ainda segundo o ministério, representantes de entidades do setor elétrico e pesquisadores de Honduras foram a Brasília na semana passada para conhecer o programa e tentar replicar, no próprio país, o modelo utilizado no Brasil.

A visita do grupo de Honduras fez parte do projeto Energia e Luz para a Vida "Yu Raya", uma iniciativa implementada no âmbito do programa de cooperação trilateral entre Brasil, Alemanha e Honduras.

•                                           Luz para Todos

Criado em 2003, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o programa levou até o momento energia elétrica para 17,3 milhões de pessoas, em 26 estados, segundo o ministério.

O objetivo da iniciativa, segundo o governo, é promover inclusão social, cidadania e qualidade de vida à população por meio do combate à pobreza energética, visando universalizar o acesso à energia elétrica.

•                                           Saída de Prates da Petrobras: 'Tentaram personificar em mim e no Rui' a decisão, diz Silveira

Apontado como um dos defensores da saída do ex-presidente Jean Paul Prates do comando da Petrobras, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se pronunciou publicamente sobre o assunto pela primeira vez nesta terça-feira (21).

Conforme o ministro, a decisão partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que considerou insuficiente a velocidade dos investimentos da companhia brasileira no país. O clima entre Lula e Prates estava desgastado desde o episódio de distribuição dos dividendos da Petrobras.

Além disso, Silveira declarou que não influenciou a decisão, assim como o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Em carta divulgada aos diretores da Petrobras sobre a demissão, o ex-presidente da empresa fez uma citação aos dois nomes.

"Tentaram personificar em mim e no ministro Rui. Isso absolutamente não aconteceu […]. O presidente Lula, com 78 anos de idade, não pode ser constrangido por nenhum de nós [do governo]. Todos nós temos que nos orgulhar e aprender com ele sobre respeito à democracia", afirmou a jornalistas que estavam na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, em declaração repercutida pelo jornal Estadão.

O ministro acompanhava no local o embarque de eletricistas que ajudarão a reconstruir o Rio Grande do Sul. A afirmação de Silveira aponta para o descumprimento, por parte de Jean Paul Prates, da determinação do presidente Lula para que conselheiros do governo na Petrobras votassem contra a distribuição dos dividendos extraordinários de 2023.

•                                           Prates foi demitido na última semana

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, demitido na última semana do comando da companhia, será substituído por Magda Chambriard, que foi diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo Dilma Rousseff (2011–2016). Desde o fim de março, a Petrobras enfrenta grande turbulência política.

Uma das situações que levou ao agravamento da questão foi justamente a determinação do governo de que representantes no conselho da companhia votassem contra o pagamento de dividendos extraordinários. Porém, Prates se absteve, gerando mal-estar no Palácio do Planalto, de acordo com a mídia brasileira.

Em abril, o presidente Lula chegou a convidar o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, para assumir o comando da estatal. O apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a Prates o manteve no cargo.

Na mensagem de despedida que enviou aos diretores da Petrobras, Jean Paul Prates afirmou que sua "missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa".

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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