Movimento é prevenção: como o exercício pode combater o câncer de próstata
A obesidade e o excesso de peso são a segunda maior
causa de câncer de próstata, depois do tabagismo. Sendo assim, vários estudos
sugerem que os homens que praticam atividade física regular têm menos
probabilidades de desenvolver o câncer, pois o exercício influencia a redução
do peso e da composição da gordura corporal, melhorando significativamente o
estado inflamatório do corpo.
Estudos associaram a obesidade a formas
particularmente agressivas de câncer da próstata, e outras pesquisas também associaram
o ganho de peso a um risco aumentado de recorrência em homens que já foram
tratados. Além disso, a obesidade também pode interferir nas ferramentas de
rastreio do câncer, tornando mais difícil a detecção precoce da doença.
Outros estudos destacaram que, além do excesso de
gordura corporal aumentar o risco, existe também o câncer metastático ou
avançado, que é o câncer que começou na próstata e se espalhou para outras
partes do corpo. Dessa forma, manter um peso saudável pode ajudá-lo a se sentir
melhor e a reduzir o risco de outros problemas, como doenças cardíacas.
Não é novidade que, como sempre digo, para alcançar
um estilo de vida saudável devemos optar por uma alimentação saudável e
praticar exercício físico. Pensando nas pessoas acometidas pelo câncer e em
tratamento, é sempre necessária uma abordagem integrada, visando orientação
interdisciplinar, pois pode ser difícil pensar em fazer mudanças na alimentação
ou em se tornar mais ativo.
Uma revisão realizada em 2022 com homens
diagnosticados e tratados com câncer de próstata –que sofrem graves efeitos
adversos na qualidade de vida (QV) e na saúde metabólica – podem se beneficiar
da supervisão de um Profissional de Educação Física para planejar sua prática
esportiva já que alguns desses benefícios podem ser evitáveis ou reversíveis
com exercícios.
Todos os resultados foram estratificados em
exercício aeróbico, de resistência e uma combinação de ambos. A revisão
identificou 33 ensaios clínicos randomizados (2.567 participantes), sendo que o
exercício teve um efeito positivo na qualidade de vida específica de homens com
câncer e um efeito moderado na aptidão cardiovascular sendo o exercício
aeróbico a modalidade superior. Um efeito significativo foi observado na força
da parte inferior do corpo, melhorias na composição corporal de gordura, na
saúde mental e na pressão arterial. Concluindo que o exercício é eficaz na
melhoria da saúde metabólica, especialmente em homens com diagnóstico de câncer
de próstata.
Ser ativo é seguro e possível para muitas pessoas
com câncer, incluindo câncer de próstata, sendo positivo durante e após o
tratamento, enfatizando que, homens diagnosticados e que praticam exercícios
vivem mais do que aqueles que não o fazem. Assim, mesmo uma pequena quantidade
de atividade física moderada ou vigorosa —como caminhada rápida, corrida,
pedalar, praticar tênis ou natação — todas as semanas pode ajudar.
>>> Algumas dicas são:
• Peça
orientação ao seu médico e conte com a supervisão de um profissional de
Educação Física;
• Comece
devagar se você estiver inativo;
• Reduza
o tempo que você passa sentado;
• Levante-se
regularmente e caminhe;
• No
trabalho, vá ver um colega em sua mesa em vez de enviar um e-mail ou ligar;
• Desça
do ônibus 1 ponto antes do seu destino;
• Troque
os elevadores pelas escadas;
• Tente
incluir até 30 minutos de atividade física 5 vezes por semana.
Não subestime o poder de se movimentar e se manter
ativo, pois isso pode fazer toda a diferença na sua jornada.
Entenda
importância do rastreamento do câncer de próstata
O câncer de próstata representa uma das doenças com
maior impacto na saúde dos homens depois dos 45 anos. Já que, em exceção ao
câncer de pele, é a neoplasia maligna mais diagnosticada e dessa forma
apresenta elevada prevalência na população masculina. No Brasil, segundo dados
do Instituto Nacional do Câncer (Inca); a estimativa anual de casos em 2023
será de cerca de 71 mil novos casos.
Quando se fala no número de mortes relacionadas ao
câncer de próstata, os números mais recentes mostram que em 2020, no Brasil,
cerca de 15.800 homens morreram devido essa doença. O principal fator de risco
para o câncer de próstata é a idade, com o risco aumentando à medida que os
homens envelhecem. Além disso, a hereditariedade desempenha um papel
significativo, especialmente em famílias que apresentam alterações no gene
BRCA, associado também ao câncer de mama.
Conforme André Lopes Salazar, urologista e
professor da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), o rastreamento
sistemático do câncer de próstata na população masculina é a estratégia mais
eficaz para o tratamento. Ele destaca a importância de consultas periódicas com
um urologista a partir dos 45 anos para todos os homens.
• Exames
e estratégias para rastrear o câncer de próstata
Atualmente, existem diversos exames e estratégias
para rastrear e detectar precocemente a doença. O toque retal e o exame
sanguíneo para medir o pProstate
specific antigen (PSA) são parte dessas ferramentas. O aumento do PSA no sangue
sugere alterações na próstata, incluindo o câncer.
André Lopes Salazar também menciona o papel das
técnicas de imagem, como a Ressonância Magnética Multi Paramétrica (RNM-MP),
que se tornaram fundamentais para detectar tumores em próstatas com alterações
nos exames de toque e PSA: "quando há suspeita de alterações, o urologista
pode solicitar uma biópsia da próstata, geralmente auxiliada por ultrassom. Com
base nos resultados da biópsia, o médico pode confirmar ou descartar a presença
de câncer na próstata.
Salazar explica que a escolha do tratamento depende
de várias variáveis, incluindo os resultados da biópsia, PSA e exame de toque.
Se detectado precocemente, as taxas de cura para o câncer de próstata são
superiores a 90%. O rastreamento do câncer de próstata é justificado pela alta
prevalência na população masculina, pela possibilidade de detecção precoce e
pelos excelentes resultados dos tratamentos. Atualmente, o tratamento se
modernizou em diversas frentes, incluindo cirurgia, radioterapia e tratamento
baseado na observação do tumor. A cirurgia, com o auxílio robótico, oferece um
refinamento na técnica cirúrgica. A radioterapia agora utiliza técnicas de
localização do tumor para fornecer radiação direcionada à próstata, reduzindo
os efeitos colaterais.
O urologista destaca que a observação ativa é uma
opção para tumores iniciais e de baixo risco, permitindo que os pacientes adiem
o tratamento ativo e evitem efeitos colaterais indesejados: "Esta
modalidade de tratamento se destina a tumores iniciais e de baixo risco que
foram detectados no rastreamento. Caso o paciente se encaixe nesta categoria, e
concorde com a indicação, ele será colocado em um protocolo de observação com
consultas e exames periódicos que permitem manter o tumor sem necessidade de
cirurgia ou radioterapia. Ficando sempre claro que a possibilidade de
tratamento ativo pode ocorrer em qualquer momento da observação".
Diante de todos os dados descritos anteriormente,
nunca foi tão importante falar sobre o câncer de próstata. Sabemos que é uma
doença frequente nos homens depois dos 45-50 anos e passível de um tratamento
eficaz que cada vez mais tem menos impacto de efeitos colaterais.
Fonte: IstoÉ Bem Estar/Correio Braziliense
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