Luís
Pellegrini: Ostracismo. O grande terror de Trump
Tenho sérias dúvidas se todo esse blábláblá que a mídia mundial está
produzindo a respeito de Donald Trump seja a melhor forma de fazê-lo baixar a
crista de bravatas narcísicas que insiste em desferir. Parece bem evidente que
o novo presidente norte-americano exibe muitos traços associados ao narcisismo.
Vários especialistas em saúde mental já levantaram a hipótese de que ele pode
ter um Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN). Mas, é claro, um
diagnóstico formal só poderia ser feito por um profissional que o avaliasse
diretamente.
Com base em seu comportamento público – como o exibido no show de
horrores que foi seu discurso na recente cerimônia de posse -Trump demonstrou
tantas características típicas do narcisismo exacerbado que a gravação dessa
fala deveria ser conservada para todo o sempre nos anais da patologia psicológica
e psiquiátrica. Alguns itens a ressaltar: Como sempre fez, desde que despontou
no cenário do mundo dos negócios e da política, Trump exibiu um sentimento
exagerado de grandiosidade. Ele se apresentou, o tempo todo, como o melhor em
tudo, o centro do mundo, uma espécie de sol ao redor do qual tudo e todos devem
girar e permanecer submissos.
Nada de novo no front: Como todo narcisista-padrão, ele demonstra uma
necessidade extrema de admiração. Busca elogios e lealdade absoluta de aliados
e seguidores.
Trata-se de uma pessoa destituída de empatia. Demonstra insensibilidade
ao sofrimento dos outros, principalmente quando isso não lhe traz benefício.
Exemplo? Apenas um dos mais recentes: o tratamento que dispensa aos imigrantes.
E alguém se lembra do programa de televisão “The Apprentice” (O Aprendiz) em
2004, onde Donald Trump dizia “You're fired!” (Você está demitido!) No
programa, os participantes competiam em desafios de negócios para conseguir um
cargo executivo em uma das empresas de Trump. O bordão “You're fired!” se
tornou uma das marcas registradas de Trump e reforçou sua imagem de empresário
implacável antes de sua entrada na política.
# Exploração dos outros: trata-se
de um dos traços mais evidentes de Trump, manifestado ao longo de toda a sua
vida. Ele usa pessoas para seus objetivos e descarta quem não o serve mais.
# Reatividade a críticas: Trump
responde com raiva ou ataques a quem questiona sua imagem, capacidade ou
talento.
# Mentiras e distorção da realidade: Exagera conquistas e nega evidências que não favorecem sua narrativa.
# Comportamento impulsivo e busca por controle: Quer sempre dominar o ambiente e tomar decisões sozinho.
Foi exatamente por manifestar reiteradamente esses comportamentos
compatíveis com o Transtorno de Personalidade Narcisista que tantos
especialistas já emitiram o diagnóstico de TPN em relação a ele. Embora se
trate de um diagnóstico muito difícil, devido ao fato de ainda não haver provas
formais de que seu comportamento narcísico tenha provocado sofrimento intenso
em outra pessoa ou grupo de pessoas.
Além disso, Trump teve muito sucesso financeiro e político e, como se
sabe, infelizmente, parte da opinião pública e do eleitorado tende a considerar
que só por isso trata-se de uma pessoa de grande valor, força, coragem, audácia.
Em resumo, um herói, um líder, um mito.
Mas, repito, vários especialistas argumentam que ele pode se encaixar
melhor em um perfil de narcisismo maligno, um padrão psicológico que combina
narcisismo extremo com traços antissociais, maquiavélicos e até paranoicos. De
qualquer forma, seu comportamento público sugere um perfil altamente narcisista
e, possivelmente, manipulador.
Nestes dias, muitos discutem a teoria de que Donald Trump teria vestido
sua esposa Melania de preto usando um chapéu que cobria metade do seu rosto e a
“escondido” durante a cerimônia de posse, por medo de ser ofuscado por sua
beleza. Esta é uma interpretação simbólica que circula em algumas análises
psicológicas e de linguagem corporal. Mas não há provas concretas de que essa
tenha sido sua intenção consciente.
Na cerimônia de posse, Melania podia até estar elegante, gosto não se
discute – em seu figurino que parecia inspirado na Maga Patológika, personagem
da Disney - mas seu comportamento chamou atenção: parecia distante, e pouco
envolvida, especialmente em comparação com outras primeiras-damas em ocasiões
similares. Baixava com frequência a cabeça, o que, combinado ao efeito tapador
do chapéu, acabou por esconder-lhe totalmente o rosto.
Se analisarmos Trump sob a ótica do narcisismo, é plausível que ele não
gostasse da ideia de sua esposa receber mais atenção do que ele. Narcisistas
frequentemente veem seus parceiros como extensões de si mesmos, não como
indivíduos independentes. Eles podem querer que sua beleza os complemente, mas
nunca os ofusque. Assim, embora não haja evidências de que Trump tenha
“vestido” Melania de negro ou tentado escondê-la na posse, o comportamento do
casal naquele dia, aliado à dinâmica narcisista que ele demonstra publicamente,
levanta a possibilidade de que ele não queira dividir os holofotes – nem mesmo
com a própria esposa.
Gente narcísica costuma ser partidária daquele velho ditado: “Falem mal,
mas falem de mim”. Para eles, pouco ou nada importa o conteúdo do comentário,
seja ele bom ou ruim, positivo ou negativo. Interessa apenas o ruído. Sem o
alarido que eles mesmos provocam com suas atitudes extremadas, se sentem
diminuídos e enfraquecidos. Simplesmente porque não sabem de onde tirar mais
energia para fazer o circo continuar a pegar fogo.
Mas há, por sorte, uma ação capaz de neutralizar a exibição narcísica: o
ostracismo. Ser ignorado ou excluído socialmente é um dos maiores temores de
uma pessoa com traços narcisistas, especialmente aquelas com Transtorno de
Personalidade Narcisista (TPN). Isso ocorre porque os narcisistas dependem
excessivamente da validação externa para sustentar sua autoimagem grandiosa.
Quando são ignorados ou excluídos, eles podem sentir uma intensa ferida
narcísica, que pode se manifestar em raiva, ressentimento ou desespero. A falta
de atenção os confronta com sua própria insegurança e vazio interno, algo que
tentam evitar a todo custo.
Além do ostracismo, existem outras coisas que costumam aterrorizar um
narcisista. Entre elas estão:
Críticas ou rejeição – Especialmente se questionam sua grandiosidade.
Fracasso ou humilhação pública – Perder status ou ser visto como inferior.
Perda de controle sobre os outros – Narcisistas gostam de manipular e
influenciar. Indiferença – Preferem até atenção negativa a serem ignorados.
Se você estiver lidando com um narcisista – e parece que, no momento, em
nível mundial, todos nos estamos, a melhor estratégia pode ser justamente o
“silêncio cinza” ou o “contato zero”, pois sem combustível emocional, eles
tendem a perder o interesse.
Não devemos esquecer que o ostracismo pode ser usado como arma política
poderosa. Ele tem sido usado ao longo da história para enfraquecer adversários,
silenciar vozes dissidentes e consolidar o poder de determinados grupos ou
líderes.
>>>> Estes são modos de como o ostracismo é usado na
política:
<><> Exclusão de opositores
Governos autoritários e até democráticos podem marginalizar figuras
políticas ao ignorá-las, dificultar sua presença na mídia ou excluí-las de
processos decisórios. Exemplo: Líderes políticos são “apagados” da história ou
afastados de cargos sem violência direta, mas por meio de isolamento.
<><> Boicote midiático
Controlar a narrativa ao impedir que um oponente tenha espaço na mídia
ou nas redes sociais. Exemplo: Bloqueio de perfis, censura de discursos e
retirada de entrevistas de circulação.
<><> Cancelamento social e político
Criar um ambiente onde um político ou figura pública se torne “tóxico”
para alianças, forçando-o ao exílio político ou social. Exemplo: Partidos
políticos deixam de apoiar uma figura por pressão pública, tornando-a
irrelevante.
<><> Exílio e banimento
Em regimes mais extremos, líderes políticos usam o ostracismo para
afastar críticos fisicamente, forçando-os ao exílio ou proibindo sua
participação na política. Exemplo: Na Grécia Antiga, o ostracismo era
literalmente um mecanismo legal para exilar figuras vistas como ameaças à
democracia.
<><> Isolamento dentro do próprio governo
Um líder pode esvaziar o poder de um rival dentro de sua administração,
ignorando suas opiniões ou retirando suas funções, sem demiti-lo diretamente.
Exemplo: Presidentes que reduzem a influência de ministros indesejados,
deixando-os “de lado”.
Esses seriam recursos usados apenas no passado, na época de Maquiavel e
dos seus príncipes autocratas? De jeito nenhum, o ostracismo é largamente usado
como estratégia política hoje. No mundo moderno, o ostracismo político ocorre
com frequência, muitas vezes disfarçado de decisões administrativas, narrativas
midiáticas ou pressão social. Redes sociais e grandes plataformas também são
usadas para tornar invisíveis certos discursos e fortalecer outros.
O ostracismo é uma arma eficaz porque não exige confronto direto—em vez
de destruir um oponente, ela simplesmente o torna irrelevante. Não será chegada
a hora de aplicarmos essa vacina anti narcisismo a políticos como Trump e
assemelhados?
¨ Estarão os 'poderosos' EUA se transformando no Império
Choramingas?
Washington parece
ter adotado um novo hábito – fazer birra sempre que fica para trás em certas
áreas. Quando é que a "grandeza dos EUA" se transformou em
choraminguices incessantes?
O presidente dos
EUA, Donald Trump, ameaçou mais uma vez os países do BRICS com imposição de tarifas
de 100% se
eles ousarem criar uma nova moeda – apesar do presidente russo Vladimir Putin
já ter esclarecido que o assunto da criação de uma moeda unificada do BRICS nem
está em cima da mesa.
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DeepSeek: o mais recente escândalo de tecnologia 'roubada' dos EUA
Trump declarou
nesta terça-feira (28), que o sucesso de mercado da plataforma chinesa
DeepSeek,
que fez cair a pique as ações de algumas empresas tecnológicas na bolsa de
valores de empresas de alta tecnologia Nasdaq, "deve ser um chamado
de alerta para nossas indústrias em que devemos estar totalmente focados para
competir e ganhar".
Por sua vez, no dia
seguinte o candidato de Trump para o cargo de secretário do Comércio, Howard
Lutnick, afirmou imediatamente que o poderoso modelo de IA da China foi
desenvolvido com base em tecnologia "roubada" dos EUA e
semicondutores avançados.
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Armas hipersônicas: a Rússia 'roubou' essas também?
Anteriormente, o
recém-eleito presidente dos EUA alegou, sem fornecer quaisquer provas, que
a Rússia havia
"roubado" projetos de mísseis hipersônicos dos EUA
durante o governo Obama. Ele fez a mesma afirmação em 2020, novamente em 2023 e
agora em 2025. Moscou tem consistentemente rejeitado e zombado dessas
acusações.
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China 'roubou' empregos dos EUA
Trump tem
repetidamente acusado a China de "roubar" empregos da indústria
americana. No entanto, foram as empresas norte-americanas que ansiosamente se
precipitaram para a China na década de 1980 após suas reformas econômicas sob
Deng Xiaoping.
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TikTok sempre no centro das atenções de Trump
"Essencialmente,
com o TikTok, eu tenho o direito de vendê-lo ou fechá-lo", declarou o
chefe da Casa Branca em 20 de janeiro. Washington tentou repetidamente banir o
popular aplicativo de mídia social chinês – que é usado por pelo menos um terço
dos adultos dos EUA – e pressionar a China para forçar a venda das operações do TikTok
nos EUA.
¨ Imigrantes
são “sacos de lixo” para o governo Trump. Por Pedro Paiva
Para
cumprir a promessa de campanha de realizar a maior deportação em massa da
história dos Estados Unidos, o governo Donald Trump aumentou nos últimos dias a
pressão sobre ICE (Fiscalização Imigratória e Aduaneira, na sigla em inglês), a
polícia migratória.
Desde
sábado passado foram estipuladas metas: ao menos 1.200 imigrantes devem ser
presos por dia, sendo cada escritório ICE responsável por atingir uma cota
mínima de 75 detidos. A maioria desses imigrantes entram na categoria de “remoção
acelerada” decretada pela Casa Branca, sem direito sequer a uma audiência
perante um juiz antes da deportação em si.
Apoiadores
de Donald Trump afirmam que o foco do governo são imigrantes que cometeram
crimes nos Estados Unidos, como roubo, fraude, estupro ou assassinato. A
realidade, porém, não é bem assim. Karoline Leavitt, a porta-voz da Casa
Branca, já deixou claro: para a nova administração, o simples fato de um
imigrante estar em situação irregular no país já é um crime.
Para
bater a meta estipulada no fim de semana, a imigração sob o governo Trump opera
de forma diferente do que vinha acontecendo durante a administração Joe Biden.
O foco segue sendo criminosos, mas agora o ICE é incentivado a fazer prisões
colaterais, ou seja, prender todo e qualquer imigrante indocumentado que seja
encontrado na mesma casa ou prédio no qual a operação seja realizada.
Em
resumo: um imigrante que vive há décadas nos EUA, construiu uma vida no país,
paga seus impostos em dia e nunca sequer recebeu uma multa, corre o risco de
ser preso e deportado pelo simples fato de ter um vizinho que tenha cometido
algum crime.
As
operações acontecem em todo o país, mas a prioridade da Casa Branca parece ser
as grandes cidades de maioria democrata. No domingo, foi Chicago. Nesta terça-feira,
Nova York.
As
primeiras ações da imigração em Nova York aconteceram em bairros de maioria
latina absoluta: Highbridge, na região do Bronx, e Washington Heights, no norte
de Manhattan - o bairro predominantemente dominicano onde eu vivo há quase 3
anos. Em ambos os casos, a motivação das operações era prender líderes de
gangues, o que não impede os agentes de prender mais imigrantes no objetivo de
bater a meta diária.
Nas
ruas do meu bairro, é possível ver uma mudança no humor das pessoas que caminham
pelas ruas. Muitos dos imigrantes que vivem aqui já se legalizaram. A primeira
onda de dominicanos que chegaram ao bairro veio nos anos 1970 e se beneficiaram
do perdão concedido pelo governo Ronald Reagan. Seus filhos e netos são
cidadãos americanos apesar de manterem vivo o espanhol, que falo mais do que o
inglês no comércio local. Muitos outros, porém, vivem em situação irregular.
Alguns há poucos anos, outros há décadas. Todos, porém, conhecem alguém (um
tio, um amigo, um namorado…) que está sob o risco de deportação e o medo é
visivelmente generalizado.
Ao
comentar sobre as blitz da imigração em Nova York, a nova Secretária do
Departamento de Segurança Nacional, Kristi Noem, afirmou que o governo está
“limpando as ruas da cidade desses sacos de lixo”. Para a extrema-direita, os
imigrantes são isso: lixo. O lixo que, nas palavras de Donald Trump durante a
eleição do ano passado, vem “sujando o sangue americano”.
Fonte: Brasil 247/Sputnik
Brasil
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