sábado, 15 de fevereiro de 2025

Distúrbios alimentares dos jovens podem estar ligados a atraso no desenvolvimento do cérebro

A genética, as diferenças no desenvolvimento do cérebro e a saúde mental na adolescência podem ajudar a explicar por que razão alguns jovens desenvolvem perturbações alimentares, sugere um novo estudo.

Estima-se que cerca de 20 milhões de pessoas na Europa sofram de perturbações alimentares como a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a perturbação da compulsão alimentar, sendo as mulheres jovens e os adolescentes afetados de forma desproporcionada.

Para o novo estudo, publicado na revista Nature Mental Health, cerca de 1.000 jovens de Inglaterra, Irlanda, França e Alemanha forneceram dados genéticos, preencheram inquéritos sobre os seus hábitos alimentares e bem-estar e fizeram exames de ressonância magnética (RM) aos 14 e 23 anos.

Aos 23 anos, os investigadores internacionais dividiram os participantes em três grupos: comedores saudáveis (42%), comedores restritivos (33%) e comedores emocionais ou descontrolados (25%).

Os comedores restritivos eram aqueles que limitavam o seu consumo de alimentos para controlar o peso e a aparência, como as pessoas que faziam dieta e purga.

Os comedores emocionais ou descontrolados eram propensos a comer em excesso e tendiam a comer compulsivamente ou em resposta a sentimentos negativos.

O estudo concluiu que os jovens de 14 anos com ansiedade, depressão ou problemas de atenção tinham maior probabilidade de ter hábitos alimentares pouco saudáveis aos 23 anos.

Os comportamentos alimentares pouco saudáveis estavam também associados à obesidade e a um maior risco genético de índice de massa corporal (IMC) elevado, uma medida utilizada para diagnosticar a obesidade.

Os resultados sublinham os "potenciais benefícios de uma melhor educação destinada a combater os hábitos alimentares pouco saudáveis e as estratégias de adaptação desadaptativas", afirmou Sylvane Desrivières, professora de psiquiatria biológica no King's College de Londres e autora principal do estudo, num comunicado.

Por exemplo, os pais podem prestar muita atenção aos hábitos dos seus adolescentes em casa, os professores e os alunos podem estar mais conscientes de como as relações na escola podem "exacerbar as vulnerabilidades existentes e levar a distúrbios alimentares" e os profissionais de saúde devem compreender o papel do cérebro nos distúrbios alimentares, disse Desrivières à Euronews Health.

Papel crítico do desenvolvimento do cérebro

De facto, não são apenas os hábitos dos adolescentes ou a genética que parecem prever a perturbação alimentar na idade adulta. Os exames de ressonância magnética mostraram que os adolescentes que comiam de forma pouco saudável tinham uma maturação cerebral menos pronunciada e mais tardia durante a adolescência.

O córtex pré-frontal do cérebro está completamente desenvolvido por volta dos 25 anos e alguma investigação mostrou que, como o cérebro dos adolescentes ainda não amadureceu completamente, estes são mais vulneráveis a comportamentos de risco e a factores de stress ambiental.

No estudo, a maturação do cérebro desempenhou um papel tanto nos problemas de saúde mental aos 14 anos como na alimentação pouco saudável aos 23 anos, independentemente do IMC dos jovens.

A redução da maturação do cerebelo - a parte do cérebro que controla o apetite - também ajudou a explicar a ligação entre os riscos genéticos para um IMC elevado e os hábitos alimentares restritivos entre os jovens de 23 anos, afirmaram.

Os resultados sublinham o "papel crítico do desenvolvimento do cérebro na formação dos hábitos alimentares", afirmou Xinyang Yu, estudante de doutoramento no King's College de Londres e primeiro autor do estudo.

Outros estudos concluíram que estar seriamente abaixo do peso pode afetar o desenvolvimento cerebral e cognitivo e que o desenvolvimento anormal nas partes do cérebro que controlam as recompensas e as inibições pode ser um gatilho para a perturbação da compulsão alimentar.

Segundo os investigadores do King's College, o estudo poderá ser utilizado para criar ferramentas mais personalizadas para ajudar os jovens que possam desenvolver distúrbios alimentares.

Anteriormente, descobriram diferenças nos exames cerebrais anos antes de os adolescentes desenvolverem comportamentos alimentares pouco saudáveis, o que significa que poderia ser possível identificar jovens em risco antes do início dos hábitos problemáticos.

Desrivières afirmou que o próximo passo é continuar a recolher dados para o mesmo grupo de pessoas para compreender como as diferenças na maturação do cérebro e nos hábitos alimentares as afetam para além dos 20 anos.

"Isto pode desempenhar um papel crucial na prevenção de distúrbios alimentares e no apoio à saúde geral do cérebro", afirmou Desrivières.

¨      Neurocientista aponta qual é o melhor suplemento para saúde do cérebro

Descansar, ter uma boa noite de sono, praticar atividade física e exercitar o cérebro são algumas das estratégias que favorecem a saúde do órgão considerado o mais importante do corpo. Na meta de mantê-lo jovem e funcionando bem, cabe recorrer aos benefícios de um suplemento: o ômega 3.

Para saber as propriedades desse suplemento e como é a ação do ômega 3 no cérebro, a coluna Claudia Meireles acionou o doutorando em naturopatia e neurocientista Julio Cesar Luchmann. Segundo o professor de neurociência da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o composto desponta como o melhor para a saúde cerebral.

Luchmann explica que existem três formas do ômega 3

Alfalinolênico (ALA): um ácido graxo encontrado em vegetais, como a linhaça, nozes e azeite de oliva.

Eicosapentaenoico (EPA): tem função anti-inflamatória, e participa da formação de uma série de hormônios. É o caso dos esteroidais, como a testosterona.

Docosahexaenoico (DHA): fundamental para proteção e funcionamento neuronal, sistema de visão e cardíaco.

Para elencar qual é o melhor dessas três opções, o neurocientista se baseou em um artigo do renomado Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (Canmat). “O ômega 3 dos tipos EPA e DHA tem evidência máxima como suplemento para o cérebro”, cita.

 “O ômega 3, principalmente o tipo DHA, tem ação anti-inflamatória; participa da construção das estruturas que formam o cérebro (60% do peso total do cérebro é gordura, os outros 40% são água, proteínas, carboidratos e sais minerais); e melhora a comunicação entre as células do sistema nervoso”, ressalta o especialista.

O professor de neurociência salienta que o cérebro tem “várias camadas e sistemas de proteção antes que um ativo possa chegar a ele”. Julio Cesar Luchmann exemplifica:

“A barreira hematoencefálica, que filtra tudo, inclusive o sangue, dificulta significativamente a entrada de elementos nocivos às células neurais, mas também de nutrientes. Por isso, a suplementação precisa ser muito específica. No caso das gorduras, apenas o ômega 3 dos tipos EPA e DHA consegue passar por essa barreira, assim, torna-se um nutriente extremamente importante e essencial”, frisa.

O doutorando em naturopatia argumenta que o ômega 3 do tipo DHA tem impacto direto na “memória, aprendizado e raciocínio”. “De sobra, auxilia na prevenção de doenças como Alzheimer, Parkinson e demências”, lista.

¨      Neurocientista cita benefícios do consumo da vitamina da inteligência

Enquanto a vitamina D favorece o aumento de energia e disposição, além de ajudar no combate de sintomas gerais da depressão, a vitamina B9 (também conhecida por ácido fólico) contribui com a melhoria do sentimento de alegria. Há também outra “fórmula” que colabora com a inteligência: a vitamina B12. Para entender melhor a respeito da eficácia desse composto, a coluna Claudia Meireles conversou com o médico neurocientista Mário Furlanetto.

Para embasar a tese da vitamina B12 como eficaz em “turbinar” a inteligência, o médico cita um estudo publicado em 2023.

A pesquisa evidenciou que “os pacientes em tratamento com suplementação de vitamina B12 que apresentavam comprometimento cognitivo tiveram uma melhora significativa, principalmente na atenção, e na capacidade visual-construtiva, em sua função neuropsicológica”. Esse resultado decorreu da comparação com o grupo de controle sem comprometimento cognitivo.

 “[Os pesquisadores] concluíram que a suplementação de vitamina B12 pode melhorar a função frontal em pacientes com declínio cognitivo, e o déficit desta vitamina deve ser investigado em pacientes com declínio cognitivo”, menciona Mário, neurocientista do Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH).

Benefícios da vitamina da inteligência

Com relação a quais propriedades da vitamina B12 contribuem para o bom funcionamento do cérebro, o neurocientista salienta que os baixos níveis do ativo estão associados ao aumento da homocisteína. Ele explica o que vem a ser essa condição: “A homocisteína elevada está relacionada ao comprometimento cognitivo e está positivamente correlacionada a atrofia cerebral, indução da morte celular pelo DNA e dano por estresse oxidativo.”

De acordo com Mário, a suplementação de vitamina B12 diminui a elevação de homocisteína. Devido à ingestão do ativo, os neurônios tendem a ficar protegidos, e a sensação de fadiga mental é reduzida.

Os benefícios do consumo da fórmula vão além do cérebro, a exemplo de prevenir contra a anemia; diminuir os riscos de complicações na gestação; e evitar a sensação de formigamento nas extremidades.

O especialista salienta que a suplementação de vitamina B12 é contraindicada quando o indivíduo apresenta alergia ou hipersensibilidade à cobalamina ou ao cobalto, que está presente na molécula do composto da inteligência. Também não devem suplementar quem tem doença de Leber. Isso decorre dos pacientes diagnosticados apresentarem níveis de cobalamina elevados por conta da condição.

Horário indicado

Quanto ao horário ideal do consumo da vitamina B12, se deve ser feito pela manhã ou à noiteo médico pontua que essa vitamina contribui para a secreção da melatonina e do magnésio. “Acredita-se que aumenta a secreção de melatonina promovendo o início do sono, principalmente em indivíduos com casos de deficiência ou insuficiência desse mineral”, aborda. Dessa forma, recomenda-se que a ingestão ocorra à noite.

“Sendo assim, mesmo que as pesquisas não tenham definido o melhor horário, a vitamina B12 pode ser ingerida com água, pois é hidrossolúvel, e preferencialmente, no horário da noite, só ou acompanhada”, orienta o mestre em saúde e envelhecimento.

O neurocientista aconselha não tomar o ativo em excesso. Outra instrução do médico envolve a ausência do consumo da vitamina B12, em especial quem dispõe de uma alimentação vegana ou está em pós-operatório de cirurgia bariátrica. “Pode ser ingerida por fórmula manipulada ou não, e é encontrada em alimentos de origem animal”, finaliza Mário Furlanetto.

 

Fonte: Euronews/Metrópoles

 

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