sábado, 15 de fevereiro de 2025

Evitar chocolate ao leite e comer o amargo 5 vezes por semana pode diminuir risco de diabetes 2, sugere estudo

O consumo regular de chocolate amargo está associado a um risco menor de desenvolver diabetes tipo 2, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira (4) na revista científica "BMJ".

A pesquisa não comprovou que o chocolate em si foi responsável por esse benefício à saúde – é possível que outros fatores tenham interferido nos resultados. Mas é um indicativo de que uma dose constante de chocolate amargo pode integrar uma dieta considerada saudável.

As descobertas se baseiam em um conjunto maior de pesquisas que demonstram ligações entre o consumo de chocolate amargo e a redução dos riscos de determinadas condições de saúde, como pressão alta, doenças cardiovasculares e resistência à insulina.

<><> O que foi descoberto

Já era sabido que o chocolate contém altos níveis de flavonoides, substâncias que promovem a saúde cardiometabólica e reduzem o risco de diabetes tipo 2, que ocorre quando o corpo não utiliza a insulina produzida adequadamente, resultando em um alto nível de açúcar no sangue.

Segundo os pesquisadores, a maioria dos estudos anteriores, no entanto, não explorou a diferença entre os tipos de chocolate. As variações – amargo, ao leite e branco – têm níveis variados de cacau, açúcar e leite, o que pode alterar os efeitos do alimento no corpo.

Agora, os pesquisadores apontam que comer alguns pedaços do amargo ao menos cinco vezes por semana e evitar o chocolate ao leite foi associado à queda no risco de diabetes tipo 2.

Já o aumento do consumo de chocolate ao leite, mas não de chocolate amargo, foi associado ao ganho de peso em longo prazo.

O médico Qi Sun, professor associado de nutrição e epidemiologia da Harvard T.H. Chan School of Public Health e principal pesquisador do estudo, ponderou que o alimento não deve ser considerado uma "bala de prata" na prevenção do diabetes.

<><> Como foi feita a pesquisa?

Em meados da década de 1980 e no início da década de 1990, os pesquisadores começaram a estudar três grupos de profissionais de saúde, predominantemente brancos, nos Estados Unidos.

A cada quatro anos, os mais de 190 mil participantes preencheram questionários detalhados sobre sua dieta, que perguntavam com que frequência eles consumiam chocolate.

A partir de 2006 e 2007, dependendo do grupo, os pesquisadores ajustaram os questionários para perguntar com que frequência os participantes consumiam chocolate amargo e chocolate ao leite.

Os cientistas descobriram que as pessoas que consumiam cerca de 28 gramas de chocolate pelo menos cinco vezes por semana tinham 10% menos chance de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com aqueles que nunca ou raramente comiam chocolate.

O risco de diabetes tipo 2 entre as pessoas que comeram uma porção de chocolate amargo cinco vezes por semana foi 21% menor, segundo o estudo.

Entretanto, o aumento da ingestão de chocolate ao leite, mas não do amargo, foi associado ao ganho de peso a longo prazo.

Os pesquisadores disseram que são necessários mais estudos para confirmar os resultados.

Cerca de 830 milhões de pessoas em todo o mundo tinham diabetes, de acordo com estimativa para 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"A evidência mais forte para reduzir o risco de diabetes tipo 2 está em apoio às pessoas com intervenções combinadas, incluindo uma dieta balanceada, atividade física e perda de peso sustentada, que podem ser eficaz na redução do risco de diabetes tipo 2 em cerca de 50%", afirma a médica Lucy Chambers, chefe de comunicações de pesquisa da Diabetes UK, organização de apoio a diabéticos no Reino Unido.

¨      Perder peso é o melhor remédio contra diabetes tipo 2, diz estudo

Médicos e pesquisadores do mundo todo estão recomendando um protocolo novo no tratamento da diabetes.

A visão embaçou de repente, e aí veio o cansaço e a sede. Era diabetes tipo 2, que o empresário Clayton Zanella começou a tratar com medicamentos.

"Fui fazer exames e aí ficou claro para mim que mesmo seguindo aquela medicação que eu sempre segui, não estava mais fazendo efeito", conta.

O empresário vai ter que suar mais a camisa para controlar a doença. Um estudo divulgado pela revista The Lancet, uma das publicações científicas mais importantes do mundo, diz que perder peso é o melhor remédio contra o diabetes tipo 2. O médico Ricardo Cohen, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, foi um dos autores do artigo.

"A primeira medida era dar remédios para baixar a glicose do sangue. Hoje não; hoje o primeiro foco do médico que atende o paciente com diabetes tipo 2 com obesidade é tratar a obesidade", explica.

No diabetes tipo 2, o corpo produz pouca insulina ou desenvolve resistência ao hormônio, o que aumenta o nível de açúcar no sangue. No início, a pessoa não tem sintomas, mas, com o passar do tempo, pode ter complicações, como problemas de visão, insuficiência renal, infarto e AVC.

O Brasil tem quase 16 milhões de pessoas com diabetes, a maioria (90%) com o tipo 2.

Segundo o estudo, os benefícios aparecem já no começo do emagrecimento, mas o ideal é perder entre 10 e 15% do peso. Assim o paciente consegue evitar o avanço diabetes e a longa lista de complicações trazidas pela doença.

A nova recomendação, que já está valendo para os Estados Unidos e Europa, vai ser adotada também no Brasil.

“A sociedade brasileira também reconhece dessa forma e já está colocando, atualizando suas diretrizes ainda para esse ano para colocar essa prioridade da perda de peso no tratamento do diabetes tipo 2”, afirma André Daher Vianna, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Em Curitiba, a endocrinologista Bárbara Luvison já está usando a nova orientação.

"Quando a gente trata a obesidade, perde peso, além disso, controla as glicemias. Para o longo prazo, isso vai ter um desfecho muito melhor”, diz.

Depois de uma nova consulta, Clayton também afinou a silhueta. O diabetes regrediu e a visão, que estava embaçada, melhorou muito.

“Está normal, estou enxergando a vida como tem que ser. O mundo ficou mais colorido, mais bonito, mais nítido”, diz.

 

Fonte: DW Brasil/g1

 

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