Evitar
chocolate ao leite e comer o amargo 5 vezes por semana pode diminuir risco de
diabetes 2, sugere estudo
O consumo regular de chocolate amargo está associado a
um risco menor de desenvolver diabetes tipo 2, segundo um estudo divulgado
nesta quarta-feira (4) na revista científica "BMJ".
A pesquisa não comprovou que o chocolate em si foi responsável por esse
benefício à saúde – é possível que
outros fatores tenham interferido nos resultados. Mas é um indicativo de que
uma dose constante de chocolate amargo pode integrar uma dieta considerada
saudável.
As descobertas se baseiam em um conjunto maior de
pesquisas que demonstram ligações entre o consumo de chocolate amargo e a
redução dos riscos de determinadas condições de saúde, como pressão alta,
doenças cardiovasculares e resistência à insulina.
<><> O que foi descoberto
Já era sabido que o chocolate contém altos níveis de flavonoides, substâncias que promovem a saúde cardiometabólica e reduzem o risco de diabetes tipo
2, que ocorre quando o corpo não utiliza a insulina produzida
adequadamente, resultando em um alto nível de açúcar no sangue.
Segundo os pesquisadores, a maioria dos estudos
anteriores, no entanto, não explorou a diferença entre os tipos de chocolate.
As variações – amargo, ao leite e branco – têm níveis variados de cacau, açúcar
e leite, o que pode alterar os efeitos do alimento no corpo.
Agora, os pesquisadores apontam que comer alguns
pedaços do amargo ao menos cinco vezes por semana e evitar o chocolate ao leite
foi associado à queda no risco de diabetes tipo 2.
Já o aumento do consumo de chocolate ao leite, mas
não de chocolate amargo, foi associado ao ganho de peso em longo prazo.
O médico Qi Sun, professor associado de nutrição e
epidemiologia da Harvard T.H. Chan School of Public Health e principal
pesquisador do estudo, ponderou que o alimento não deve ser considerado uma
"bala de prata" na prevenção do diabetes.
<><> Como foi feita a pesquisa?
Em meados da década de 1980 e no início da década
de 1990, os pesquisadores começaram a estudar três grupos de profissionais de
saúde, predominantemente brancos, nos Estados Unidos.
A cada quatro anos, os mais de 190 mil
participantes preencheram questionários detalhados sobre sua dieta, que
perguntavam com que frequência eles consumiam chocolate.
A partir de 2006 e 2007, dependendo do grupo, os
pesquisadores ajustaram os questionários para perguntar com que frequência os
participantes consumiam chocolate amargo e chocolate ao leite.
Os cientistas descobriram que as pessoas que
consumiam cerca de 28 gramas de chocolate pelo menos cinco vezes por semana
tinham 10% menos chance de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com
aqueles que nunca ou raramente comiam chocolate.
O risco de diabetes tipo 2 entre as pessoas que
comeram uma porção de chocolate amargo cinco vezes por semana foi 21% menor,
segundo o estudo.
Entretanto, o aumento da ingestão de chocolate ao
leite, mas não do amargo, foi associado ao ganho de peso a longo prazo.
Os pesquisadores disseram que são necessários mais
estudos para confirmar os resultados.
Cerca de 830 milhões de pessoas em todo o mundo
tinham diabetes, de acordo com estimativa para 2022 da Organização Mundial da
Saúde (OMS).
"A evidência mais forte para reduzir o risco
de diabetes tipo 2 está em apoio às pessoas com intervenções combinadas,
incluindo uma dieta balanceada, atividade física e perda de peso sustentada,
que podem ser eficaz na redução do risco de diabetes tipo 2 em cerca de
50%", afirma a médica Lucy Chambers, chefe de comunicações de pesquisa da
Diabetes UK, organização de apoio a diabéticos no Reino Unido.
¨
Perder peso é o melhor remédio contra diabetes tipo 2,
diz estudo
A visão embaçou de repente, e aí veio o cansaço e a
sede. Era diabetes tipo 2, que o empresário Clayton Zanella começou a tratar
com medicamentos.
"Fui fazer exames e aí ficou claro para mim
que mesmo seguindo aquela medicação que eu sempre segui, não estava mais
fazendo efeito", conta.
O empresário vai ter que suar mais a camisa para
controlar a doença. Um estudo divulgado pela
revista The Lancet, uma das publicações científicas mais
importantes do mundo, diz
que perder peso é o melhor remédio contra o diabetes tipo 2. O
médico Ricardo Cohen, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, foi um dos
autores do artigo.
"A primeira medida era dar remédios para
baixar a glicose do sangue. Hoje não; hoje o primeiro foco do médico que atende
o paciente com diabetes tipo 2 com obesidade é tratar a obesidade",
explica.
No diabetes tipo 2, o corpo produz pouca insulina
ou desenvolve resistência ao hormônio, o que aumenta o nível de açúcar no
sangue. No início, a pessoa não tem sintomas, mas, com o passar do tempo, pode
ter complicações, como problemas de visão,
insuficiência renal, infarto e AVC.
O
Brasil tem quase 16 milhões de pessoas com diabetes, a maioria (90%) com o tipo
2.
Segundo o estudo, os benefícios
aparecem já no começo do emagrecimento, mas o ideal é perder entre 10 e 15% do
peso. Assim o paciente consegue evitar o avanço
diabetes e a longa lista de complicações trazidas pela doença.
A nova recomendação, que já está valendo para os
Estados Unidos e Europa, vai ser adotada também no Brasil.
“A sociedade brasileira também reconhece dessa
forma e já está colocando, atualizando suas diretrizes ainda para esse ano para
colocar essa prioridade da perda de peso no tratamento do diabetes tipo 2”,
afirma André Daher Vianna, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Em Curitiba, a endocrinologista Bárbara Luvison já está usando a nova orientação.
"Quando a gente trata a obesidade, perde peso,
além disso, controla as glicemias. Para o longo prazo, isso vai ter um desfecho
muito melhor”, diz.
Depois de uma nova consulta,
Clayton também afinou a silhueta. O diabetes
regrediu e a visão, que estava embaçada, melhorou muito.
“Está normal, estou enxergando a vida como tem que
ser. O mundo ficou mais colorido, mais bonito, mais nítido”, diz.
Fonte: DW Brasil/g1
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