Reimont Otoni:
Anistia é mais uma tentativa de golpe
A esdrúxula
proposta de anistiar os que conspiram e atuam para derrubar o governo eleito do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem cheiro, cara e rabo comprido de mais
uma tentativa de golpe.
Não resiste a um
sopro o argumento de que os atos de invasão e depredação das sedes do Executivo,
do Legislativo e do Judiciário, na Praça dos Três Poderes, foram obras de
vândalos sem noção, que se reuniram de modo aleatório, voluntarista e
intempestivo, sem qualquer envolvimento de autoridades e instituições. Tais
afirmações parecem saídas de uma dessas realidades paralelas criadas na
internet para enganar os crédulos ingênuos e alimentar os fascistas.
Será que se
esquecem dos acampamentos montados e mantidos durante meses em terrenos do
Exército Brasileiro, uma instituição do estado, assim que Lula foi eleito? Será
que desconhecem as seguidas visitas de autoridades do antigo governo a esses
acampamentos, quando ainda estavam no exercício dos cargos, envolvendo
diretamente as instituições que representavam? Será que desconhecem os inúmeros
recados do candidato derrotado, ainda na Presidência da República, incitando o
golpe, colocando em dúvida o processo eleitoral, usando as prerrogativas e
estrutura do cargo para permanecer no poder?
Será que
desconhecem ou negam as investigações da Polícia Federal, que trouxeram à tona
farto material probatório das conspirações, do envolvimento de autoridades e do
uso de mobiliários e equipamentos de instituições para reuniões e articulações
da Minuta do Golpe e dos planos terroristas para o assassinato do presidente
Lula, do vice-presidente Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes; planos que
foram colocados em andamento e só falharam por problemas logísticos?
Não foram vândalos,
foram fascistas militantes do golpe.
Anistia é
impunidade e estimula o crime. A Democracia não pode admitir a impunidade dos
que conspiram e atuam contra ela.
A História nos
ensina. Na década de 1950, o então general Henrique Teixeira Lott, ministro da
Guerra do governo Juscelino Kubitscheck, aconselhou o presidente a punir
os golpistas que tentaram impedir a sua posse (1955) e os líderes das revoltas
de Jacareacanga (1956) e de Aragarças (1959). Também sugeriu que passasse para
reserva o general Castello Branco, conhecido por atentar contra a democracia.
JK não aceitou os conselhos. Menos de 10 anos depois, aqueles mesmos
personagens estavam no golpe de 1964, Lott e Juscelino eram cassados e o país
mergulhava em 21 anos de trevas, perseguições, desemprego, arrocho salarial,
inflação, corrupção, morte.
Igualmente, os
auto-anistiados do Golpe de 1964 continuam tramando sob o manto da impunidade.
Os que hoje pedem a
anistia são os mesmos que continuam ativos contra a democracia.
Não podemos e não
queremos perpetuar golpes e erros. Não à anistia para os golpistas! Abaixo a
impunidade!
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"Anistia é o car*lho": a camiseta de Janones que enfureceu
bolsonaristas
Após um grupo de
parlamentares bolsonaristas protagonizar uma cena ridícula nos corredores da
Câmara, "marchando" com placas e gritos de pedidos por anistia aos
golpistas, o deputado federal André
Janones (Avante-MG) resolveu
confrontá-los nesta quarta-feira (12) com um gesto simples.
Janones foi à
Câmara vestindo uma camiseta com a frase "Anistia é o
caralho" estampada, enfurecendo a extrema direita. O gesto lembra o
do ministro das Relações Institucionais, Alexandre
Padilha,
que foi à abertura dos trabalhos do legislativo em 2025 usando um boné
com a frase "O Brasil é dos brasileiros", em resposta a
bolsonaristas que estavam usando bonés para bajular o presidente dos EUA,
Donald Trump.
"Os
bolsonaristas querem anistiar o vagabundo do Bolsonaro. Eu quero é que esses
GOLPISTAS na cadeia!! Anistia é o caralho", escreveu Janones ao divulgar o
vídeo em que aparece com a camiseta. A publicação viralizou.
<><> Hugo
Motta flerta com anistia para golpistas
Após declarar a uma
rádio da Paraíba que não considera que houve uma tentativa de golpe no 8 de
Janeiro, o presidente da Câmara, Hugo
Motta (Republicanos-PB), recebeu a esposa de Ezequiel Ferreira Luís, que foi condenado
a 14 anos de prisão pelo ato e está foragido.
Vanessa foi levada
por deputados bolsonaristas com os seis filhos do casal para pressionar Motta a
colocar o PL da Anistia, que beneficia diretamente Jair Bolsonaro (PL), em
pauta.
"Tivemos hoje
uma reunião com o presidente Hugo Motta com a Vanessa, mãe de seis filhos
[...]. Posso garantir para vocês que o presidente Hugo Motta está bastante
empenhado e sensibilizado em dar andamento à anistia. Então, as notícias que
tenho para trazer são bastante positivas", disse o deputado Maurício
Marcon (PL-RS), um dos mais radicais apoiadores do ex-presidente nas redes
sociais.
Vanessa, juntamente
com seus seis filhos, tem sido exposta e usada por bolsonaristas para causar
comoção sobre os criminosos condenados pelos atos do 8 de janeiro e aprovar o
Projeto de Lei da anistia, que beneficia diretamente o ex-presidente.
"Hugo Motta
foi muito solícito a pauta, disse que está conversando com líderes sobre o
tema. As colocações responsáveis e equilibradas do presidente Hugo Motta nos
conduzem a uma esperança de que seja pautado nesta Casa o PL da Anistia",
afirmou o líder da bancada bolsonarista, o deputado Zucco (PL-RS), que divulgou
um vídeo com cenas do encontro com Vanessa e os filhos com uma trilha sonora
para causar emoção na horda.
Após a reunião com
Motta, os bolsonaristas se reuniram em entrevista coletiva para pressionar
sobre a pauta. Hugo Motta não divulgou imagens do encontro.
¨
Mudança na Lei da
Ficha Limpa para beneficiar Bolsonaro deve ser barrada pelo STF, diz
especialista
A proposta
articulada por bolsonaristas na Câmara dos Deputados para reduzir
o tempo de inelegibilidade previsto na Lei da Ficha Limpa e, assim,
beneficiar Jair
Bolsonaro, deve
ser barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O Projeto de Lei
Complementar (PLP) 141/2023, de autoria do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS),
propõe diminuir de oito para dois anos o período de inelegibilidade para
condenados por abuso de poder político, o que reabilitaria Bolsonaro,
atualmente inelegível, para disputar a eleição de 2026. Entretanto,
especialistas ouvidos pela Fórum apontam que a medida é
inconstitucional e dificilmente passará pelo crivo do STF.
O projeto ganhou
força após reunião realizada em Brasília entre Bolsonaro e membros de seu
partido, o PL, na qual a aprovação da proposta foi definida como uma das
prioridades da legenda para 2025. O texto, que será relatado pelo deputado
Felipe Barros (PL-PR), está atualmente na Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) da Câmara, aguardando parecer para ser votado. Segundo Bibo Nunes, a
articulação já conta com apoio de lideranças do centrão.
A Lei da Ficha
Limpa, sancionada em 2010, representou um marco no combate à corrupção
eleitoral ao estabelecer critérios objetivos para impedir a candidatura de
políticos condenados por órgãos colegiados. Para Renato Ribeiro de
Almeida, professor, advogado e coordenador da Academia Brasileira de Direito
Eleitoral e Político (ABRADEP), a tentativa de reduzir o prazo de
inelegibilidade desvirtua o propósito da legislação e deve ser rejeitada pelo
STF.
"A Lei da
Ficha Limpa é um avanço civilizatório. [...] Diminuir o prazo de
inelegibilidade para dois anos acaba por permitir uma forma de impunidade. O
prazo de oito anos é calibrado, correto, e deve ser mantido. Caso haja uma
redução para apenas dois anos, a lei se tornaria ineficaz, permitindo que
candidatos inelegíveis retornassem rapidamente ao pleito, esvaziando a sua
finalidade".
O especialista
também destaca que a proposta é incompatível com os princípios constitucionais
e dificilmente resistirá a uma análise do STF.
"Essa mudança
vai contra os princípios civilizatórios e constitucionais, além de ferir a
moralidade administrativa. Assim, tenderia a ser barrada pelo STF",
explica. "Ou seja, uma Lei da Ficha Limpa que tornaria todo mundo ficha
limpa e não ficha suja."
Na mesma linha, o
advogado eleitoralista Luciano Ceotto, também membro da ABRADEP, reforça
que a Lei da Ficha Limpa foi concebida para garantir a moralidade no processo
eleitoral e que a tentativa de flexibilizá-la fragiliza os mecanismos de
controle democrático.
"A defesa do
PLP 141/2023 feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, argumentando que a Lei da
Ficha Limpa serve apenas para perseguir políticos de direita, carece de
fundamento jurídico e fático", avalia Ceotto. "A norma em si não
distingue ideologias políticas, sendo aplicada de maneira objetiva a qualquer
candidato que se enquadre nas hipóteses de inelegibilidade".
Além disso, ele
critica a estratégia de comparar a vigência da Lei da Ficha Limpa com a prática
de lawfare (uso indevido do sistema judicial para perseguição política).
"Se há
suspeitas de lawfare, o caminho correto não é enfraquecer uma legislação que
fortalece a moralidade e a probidade no sistema eleitoral, mas sim criar
instrumentos jurídicos eficazes para evitar abusos judiciais", afirma o
especialista. "Reduzir os prazos de inelegibilidade para beneficiar
condenados não fortalece a democracia, mas sim fragiliza o controle social
sobre a corrupção e a impunidade", pontua o advogado.
¨
Alvo de bolsonaristas,
lei da ficha limpa já foi chamada de “bobagem” por Lula
Não é de hoje que a
lei da ficha limpa se tornou alvo de críticas. Em agosto de 2022, o então
candidato Lula disse que foi uma “bobagem” fazer a lei da forma como foi feita
e que era preciso rediscuti-la. Agora, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro
criticam a legislação e defendem mudanças no regramento, como forma de
possibilitar a participação de Bolsonaro nas próximas eleições, uma vez que o
mesmo está inelegível. O presidente da Câmara, Hugo Motta, também considera
exagerada a punição de oito anos para políticos condenados.
Recentemente, Hugo
declarou que num sistema democrático em que a eleição ocorre a cada dois anos,
o afastamento previsto na lei, hoje, é “uma eternidade” e afirmou que se for da
vontade do Parlamento, a lei será discutida. Até o decano do Supremo Tribunal
Federal, Gilmar Mendes, já criticou a lei, quando disse ter sido feita “por
bêbados”. Gilmar explicou que a elaboração do arcabouço legal foi bem
intencionada, porém, malfeita. O ponto é que os oito anos de inelegibilidade
são somados ao cumprimento de pena, quando houver, o que pode estender e muito
esse prazo. Aliados de Jair Bolsonaro tentam avançar com um projeto de lei
complementar que reduz o prazo da inelegibilidade para dois anos.
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Gonet fecha
denúncia e Bolsonaro pode pegar até 28 anos de prisão
O procurador-geral
da República, Paulo Gonet, deve apresentar nos próximos dias a denúncia contra
o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo informações publicadas pela jornalista
Mônica Bergamo,
da Folha de S. Paulo. De acordo com a colunista, Gonet sinalizou a
interlocutores nesta semana que o documento está praticamente finalizado e
pronto para ser oficializado.
A denúncia terá
como foco inicial a acusação de que Bolsonaro comandou uma organização
criminosa para tentar dar um golpe de Estado no Brasil. Outros inquéritos que
envolvem o ex-presidente, como o desvio de joias e a fraude nos cartões de
vacina, devem ser tratados separadamente e em um segundo momento.
Crimes e penas
O relatório da
Polícia Federal (PF), que embasa a denúncia de Gonet, aponta que Bolsonaro não
apenas integrou, mas também liderou um grupo organizado para atentar contra a
democracia. Com base nesse documento, o ex-presidente foi indiciado por três
crimes distintos.
O primeiro é o
artigo 2º da Lei 12.850, que prevê de três a oito anos de prisão para quem
"promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por
interposta pessoa, organização criminosa". Já o segundo enquadramento é no
artigo 359-L do Código Penal, que estipula penas de quatro a oito anos para
quem "tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado
Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes
constitucionais".
O terceiro e mais
grave crime atribuído a Bolsonaro está no artigo 359-M do Código Penal, que
prevê penas de quatro a 12 anos para quem "tentar depor, por meio de
violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído". Somadas,
as penas máximas podem chegar a 28 anos de prisão.
<><> Expectativa
de punição
A gravidade da
denúncia levanta discussões sobre o tamanho da pena que Gonet pedirá contra
Bolsonaro. Mesmo o círculo mais próximo do ex-presidente acredita que a punição
não será branda, especialmente considerando que envolvidos nos atos golpistas
de 8 de janeiro já foram condenados a até 17 anos de prisão. O entendimento nos
bastidores é que uma pena inferior a essa para Bolsonaro seria difícil de
justificar.
A expectativa agora
gira em torno da oficialização da denúncia, que pode marcar um dos momentos
mais decisivos da trajetória política e jurídica do ex-presidente. Caso a
denúncia seja aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro passará à
condição de réu e poderá enfrentar um dos processos mais emblemáticos da
história recente do Brasil.
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STF está pronto
para julgar Bolsonaro, diz Gilmar Mendes
O ministro Gilmar
Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quinta-feira (13) que
a Corte está pronta para julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso ele
seja denunciado no inquérito do golpe, informa a CNN
Brasil.
Segundo Mendes, as investigações da Polícia Federal revelaram uma “série de
tramas”, e espera analisar agora a perspectiva da Procuradoria-Geral da
República (PGR).
“A Polícia Federal
fez uma importante investigação ao revelar uma série de tramas, discussões, de
filmetes de reuniões que dão base para essa discussão e vamos analisar agora a
partir da perspectiva do procurador-geral da República que, todos sabem, é uma
pessoa muito criteriosa. É um dos procuradores, nos últimos anos, mais
respeitados no Supremo Tribunal Federal”, disse.
Ao ser questionado
sobre um possível julgamento de Bolsonaro, o ministro afirmou que o tribunal
tem experiência com outros casos. “Não tenho dúvidas de que se for o caso,
dentro das balizas do Estado de direito de proferir um juízo condenatório, o
tribunal saberá fazê-lo com toda responsabilidade, como no passado julgou o
caso do ‘mensalão’ que também envolvia assessores importantes do então governo
do presidente Lula”, explicou.
“O tribunal revela
uma grande maturidade. O próprio enfrentamento que nós tivemos durante esses
anos do governo Bolsonaro não só aqui mas também no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) revela esse amadurecimento, essa capacidade de resiliência”,
completou.
Gilmar Mendes
também disse acreditar que os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 não vão se
repetir, mas “não colocaria a mão no fogo por isso”. “Não acho que haja risco
para democracia. Não vejo que houvesse condições de sustentar um golpe, ainda
que como todo esse planejamento que ocorreu. Mas eu também não gostaria de
acender fósforo para ver se tem gasolina no tanque. Eu acho que se nós
percebemos que há problemas que geram instabilidade, nós com a responsabilidade
política que temos devemos propor correções de rumo”, afirmou.
“Temos que ter
muito cuidado com o que falamos. Aquele xingatório dirigido a ministros do
Supremo estimulava o cidadão comum a imaginar que também tinha aquele direito.
Isso diminui a todos. Criamos sociedade em que o respeito desaparece. Que a
gente não viva assustado com a sua possibilidade de reedição”, concluiu.
Lei da Ficha
Limpa - Mendes também comentou sobre a tentativa de políticos
bolsonaristas de alterar a Lei da Ficha Limpa e o prazo de 8 anos de
inelegibilidade. O ministro afirmou que colocar apenas dois anos de
inelegibilidade para políticos que cometem crimes tornaria a pena branda.
“O Brasil de alguma
forma deu uma resposta adequada para as pessoas que cometem crimes. Ninguém
quer a inelegibilidade eterna, mas que haja algo que sirva de barreira para que
pessoas que não se comportaram bem nos cargos públicos saiam por tempo da vida
pública. Fixar em dois anos significa que talvez a pessoa sequer deixe a
função, talvez esteja candidata nas próximas eleições”, criticou.
Fonte: Brasil
247/Fórum
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