sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Elon Musk x Sam Altman: a origem da rivalidade entre o homem mais rico do mundo e o dono do ChatGPT

"Eu realmente confio nele."

Em dezembro de 2015, Sam Altman, cofundador da empresa OpenAI, responsável pela criação do ChatGPT, referiu-se ao seu sócio na empresa e aos seus esforços para criar um novo caminho para a inteligência artificial (IA) com estas palavras.

O sócio em questão era Elon Musk, o homem mais rico do mundo com fortuna estimada em US$ 370 bilhões. Já a fortuna atual de Sam Altman é bem menor: cerca de US$ 1 bilhão, segundo a revista Forbes.

Musk e Altman fundaram a startup em 2015 como uma organização sem fins lucrativos, mas o relacionamento azedou desde que o chefe da Tesla e da X deixou a empresa em 2018.

Esta semana, descobriu-se que Altman rejeitou uma oferta feita por Musk e um grupo de investidores para comprar a OpenAI por cerca de US$ 100 bilhões.

"O OpenAI não está à venda", disse Altman.

E ele acrescentou uma opinião mais pessoal: "Não acho que Elon Musk seja uma pessoa feliz. Tudo o que ele faz, ele faz por insegurança. Sério, eu sinto pena dele."

Tudo isso acontece em um momento em que Musk se destaca no governo dos EUA de Donald Trump, que o nomeou para chefiar o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês).

A agência é responsável por cortar a burocracia e os gastos do governo nos EUA, mas tem sido duramente criticada por desmantelar agências governamentais americanas como a USAID, que tem forte presença em programas de assistência social na América Latina e outras regiões.

A OpenAI se tornou uma das empresas mais valiosas do mundo nos últimos dois anos, graças em particular ao seu produto ChatGPT, que revolucionou o papel da inteligência artificial ​​no mundo.

A oferta de US$ 97,4 bilhões de Musk é muito menor do que os US$ 157 bilhões em que a empresa foi avaliada em sua última rodada de financiamento em outubro passado.

Em 2024, Musk processou a OpenAI por mudar significativamente "o propósito para o qual a empresa foi fundada".

E ele apontou Altman como o responsável por essa mudança.

"Altman afastou radicalmente a OpenAI de sua missão original", acusou Musk em março de 2024.

Mas o que aconteceu ao longo dos últimos dez anos para Musk e Altman virarem protagonistas de uma das batalhas mais importantes do mundo tecnológico?

·        A origem do OpenAI

Em dezembro de 2015, quando a OpenAI foi fundada, Elon Musk já era um dos maiores nomes da tecnologia: sua empresa de carros elétricos Tesla estava revolucionando a indústria automotiva em todo o mundo.

Sam Altman, por sua vez, teve uma carreira de sucesso graças ao desenvolvimento de aplicativos e ao investimento em startups.

Antes de ingressar na OpenAI, Altman participou de dois projetos de relativo sucesso: no aplicativo Loopt (uma espécie de rede social onde a localização era compartilhada via celular) e na Y Combinator (empresa dedicada a financiar startups em diferentes áreas).

Com uma visão do que a IA poderia realizar — graças aos novos avanços em "aprendizado profundo" — Altman convocou vários pesos pesados ​​da indústria (incluindo o próprio Musk, mas também o cofundador do PayPal, Peter Thiel) para criar uma empresa dedicada a desenvolver e promover "IA amigável para o benefício da humanidade".

A iniciativa começou bem. Musk e Altman lideraram a OpenAI como codiretores. Em pouco tempo, eles conseguiram levantar quase US$ 1 bilhão em investimentos.

Mas três anos depois, começaram a surgir dificuldades. Em 2018, Musk deixou a OpenAI devido a conflitos internos.

Os parceiros da OpenAI perceberam que, para atingir seus objetivos, precisariam transformar a organização sem fins lucrativos em uma empresa de propósito misto, com um componente com fins lucrativos que pudesse gerar recursos financeiros.

Musk propôs que a OpenAI unisse forças com a Tesla, a fim de obter o fluxo de caixa para adquirir os equipamentos necessários para o desenvolvimento dos objetivos.

Quando esta oferta foi rejeitada devido ao potencial conflito de interesses, Musk decidiu renunciar ao seu cargo na OpenAI.

"Elon decidiu deixar a OpenAI, dizendo que nossa probabilidade de sucesso era zero e que ele planejava construir um concorrente de IA dentro da Tesla", disse a OpenAI em um comunicado publicado em seu site.

A briga estava começando.

·        Processos e tentativas de compra

Em novembro de 2022, o mundo viveu uma revolução: foi lançada a primeira versão gratuita e pública do ChatGPT, o principal produto da OpenAI.

Sua capacidade de resposta e interação tornaram visível o potencial do desenvolvimento da IA.

Em menos de dois meses, mais de 100 milhões de pessoas baixaram o aplicativo, tornando-o o software de consumo de crescimento mais rápido da história.

Em julho de 2023, Elon Musk finalmente anunciou o lançamento de seu próprio aplicativo de Inteligência Artificial, chamado x.AI.

Seu principal produto era chamado Grok, que nas próprias palavras de Musk era "um chatbot anti-woke" (uma palavra usada para se referir depreciativamente a movimentos progressistas).

Foi uma mensagem clara ao ChatGPT, que havia sido criticado por movimentos conservadores por dar respostas "politicamente corretas".

Mas a batalha estava longe de terminar.

Em março de 2024, Musk decidiu agir contra a OpenAI e diretamente contra o próprio Altman: ele o processou.

O principal motivo foi que o atual CEO da OpenAI havia "mudado os objetivos da empresa", que não era mais uma entidade sem fins lucrativos.

Musk afirmou que Altman havia vendido o projeto para a Microsoft — que investiu mais de US$ 14 bilhões na OpenAI — e, assim, a transformou em uma empresa dedicada a gerar lucros e não a servir o público.

"Ele não é uma pessoa em quem você pode confiar", disse Musk em uma entrevista à Fox News em novembro do ano passado.

·        Disputas políticas

O capítulo mais recente da briga aconteceu na segunda-feira (10/2), quando a x.AI fez uma oferta de quase US$ 100 bilhões pela OpenAI, que foi categoricamente rejeitada por Altman.

"É altamente improvável que Musk consiga manter a OpenAI, mas o que provavelmente está por trás de tudo isso é dificultar a vida de Altman", disse Andrew Ross, jornalista de tecnologia do jornal americano The New York Times.

Soma-se a isso o fato de que, em janeiro deste ano, o próprio Trump disse que Altman era "a pessoa que mais sabe sobre IA no mundo".

A declaração foi dada durante o lançamento do Stargate, um programa para criar centros físicos para o desenvolvimento de IA que conta com o apoio do presidente americano e que inclui a empresa de Altman.

Isso criou outra faísca na disputa com Musk. O dono da Tesla e da Space X disse que Altman era um "mentiroso" e que era "falso" que o Stargate tivesse os recursos necessários para seu desenvolvimento.

Altman respondeu imediatamente dizendo que "Musk não é uma boa pessoa".

"Muitas vezes, o que é ótimo para o país não é ótimo para sua empresa", acrescentou.

A disputa certamente está longe de terminar.

¨         Musk, aceita pagar US$ 10 milhões a Trump para encerrar processo sobre suspensão de sua conta, diz jornal

X, de Elon Musk, concordou em pagar cerca de US$ 10 milhões (aproximadamente R$ 60 milhões) para resolver um processo que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, moveu contra a empresa e seu antigo CEO.

A notícia foi divulgada pelo jornal norte-americano Wall Street Journal nesta quarta-feira (12).

republicano foi banido das principais redes sociais durante seu primeiro mandato por incitar seus seguidores a atacar o Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos.

Naquele mesmo ano, Trump disse que tinha entrado com processo em um tribunal federal na Flórida contra a Meta, Google e o então Twitter. Ele afirmou que buscaria o status de ação coletiva, mas não especificou quem eram os outros membros envolvidos.

Essa não é a primeira rede social que aceita pagar uma indenização ao presidente dos EUA. Em janeiro deste ano, a Meta disse que pagou cerca de US$ 25 milhões para resolver um processo movido por Trump devido à suspensão das suas contas pela empresa.

<><> Musk, dono X, se aproximou do republicano

Após assumir o controle do X, Musk se aproximou de Trump e investiu US$ 250 milhões em sua campanha. Com isso, a equipe do ex-presidente chegou a considerar abandonar o processo, mas a ideia não avançou, segundo o jornal.

O bilionário também assumiu o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) para aconselhar o novo presidente dos Estados Unidos sobre cortes de gastos públicos.

Os advogados de Trump também devem buscar um acordo com o Google, que também baniu Trump do YouTube após a invasão no Capitólio, disse o WSJ.

Desde o seu retorno à Casa Branca em 20 de janeiro de 2025, Trump tem apostado fortemente nos magnatas da tecnologia, ignorando inclusive o ressentimento que nutre por Mark Zuckerberg, que participou de sua cerimônia de posse.

Zuckerberg, CEO da Meta, fez uma série de anúncios este mês para alinhar sua empresa com o novo governo dos Estados Unidos.

 

¨         Austeridade para você, dinheiro estatal para mim. Por David Sirota

Enquanto o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) de Elon Musk estava supostamente cancelando contratos do Departamento de Educação em nome da frugalidade, a empresa de foguetes do bilionário mais rico do mundo estava consolidando esta semana um contrato com a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA), adicionando milhões de dólares ao seu já enorme acordo comercial com a agência espacial, de acordo com documentos governamentais revelados ​​pela Lever.

O novo contrato “suplementar” datado de 10 de fevereiro acrescenta US$ 7,5 milhões ao trabalho da SpaceX na NASA, de acordo com registros do Federal Procurement Data System. O governo já comprometeu US$ 3,9 bilhões à SpaceX como parte de seu acordo com a NASA, que está projetado para custar até US$ 4,4 bilhões até o meio do mandato de Donald Trump.

O novo acordo diz que o dinheiro é para o “trabalho necessário para o projeto, desenvolvimento, fabricação, teste, lançamento, demonstração e suporte de engenharia do módulo de pouso integrado do Sistema de Pouso Humano (HLS)”.

O DOGE de Musk não anunciou que está visando cortes ou revisando os contratos da NASA.

Trump nomeou Jared Isaacman como administrador da NASA. Isaacman é um sócio bilionário de Musk que comanda uma empresa de processamento de pagamentos regulamentada pelo Consumer Financial Protection Bureau, que Musk vem tentando desmantelar.

No mês passado, a empresa de Isaacman foi multada pelos agentes federais por não divulgar adequadamente milhões de dólares em pagamentos a parentes do executivos da empresa.

 

Fonte: BBC News Mundo/g1/Jacobin Brasil

 

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