Diabetes:
7 em cada 10 pacientes só descobrem a doença após terem complicações
Sete em cada dez pessoas com diabetes só
descobrem que têm a doença após desenvolverem complicações, como dificuldade de
cicatrização, segundo o Atlas da Diabetes da Federação Internacional de
Diabetes (IDF, na sigla em inglês).
➡️ Uma das enfermidades mais comuns, a diabetes lidera as buscas na
internet: nos últimos 12 meses, foi
a doença mais pesquisada no Google no Brasil em uma lista de 766, segundo dados
do Google Trends compilados a pedido do g1.
🚨 Alerta: Por
ser silenciosa, é frequente o diagnóstico tardio. No Brasil, pelo menos 16 milhões de pessoas vivem com diabetes, mas a estimativa é que boa
parte delas ainda não saiba disso.
📈 Aumento: Para os próximos anos, a projeção é que o país tenha 19,2
milhões de pessoas com diabetes até 2030 e chegue a 23,2 milhões em 2045.
👉 Ter o diagnóstico o quanto antes é fundamental para adotar uma
mudança no estilo de vida e, assim, evitar uma série de problemas, que podem
afetar olhos, rins, circulação
sanguínea e até o sistema nervoso. Abaixo, veja quais são os sinais
de diabetes e fique atento.
·
O que é diabetes
Diabetes é uma doença crônica (que não tem cura e não se
resolve em um curto período), que resulta do aumento da glicose (açúcar) no
sangue.
🔬 Quando a glicemia (concentração de glicose) está alta, a capacidade
do corpo de eliminar os radicais livres (moléculas liberadas pelo organismo que
podem causar morte celular) é reduzida, o que compromete o metabolismo de
diversas células.
🩸 Por essa razão, pessoas
com diabetes podem sofrer com dificuldade de cicatrização, já que
as células responsáveis por esse processo são afetadas pelos radicais livres e
não conseguem atuar como deveriam. Além disso, a má circulação sanguínea também
prejudica a cicatrização.
Existem quatro tipos principais da doença: pré-diabetes — que acontece quando o nível de glicose está alto, mas ainda
é anterior ao quadro de diabetes —, diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e diabetes gestacional.
·
Sinais de alerta da diabetes
Muitas vezes, os sintomas de diabetes passam
despercebidos. São alguns deles:
·
perda de peso acentuada;
·
vontade de ir ao banheiro repetidamente durante
a noite e urina volumosa (muita urina);
·
sede exagerada; e
·
visão turva.
Esses sinais aparecem na fase da pré-diabetes,
quando o nível da glicose no sangue já é preocupante, mas ainda não configura
diabetes.
➡️ Segundo Melanie Rodacki, que é vice-presidente do Departamento de
Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
(SBEM), o ideal é receber o diagnóstico
nessa fase, quando é possível tentar evitar as complicações e um diagnóstico
definitivo de diabetes.
·
Como é feito o diagnóstico de diabetes
Deve ser feita uma medição do nível de glicose
por meio de exames
de sangue de rotina.
De acordo com Melanie Rodacki, pessoas com mais
de 45 anos devem fazer o exame pelo menos uma vez por ano.
Outros exames também servem para fazer o
rastreamento [da glicose], como a hemoglobina glicada, que é uma medida da
glicose no sangue que avalia o controle nos últimos três meses. A hemoglobina
glicada de 6,5 para cima também é um critério para diagnóstico de diabetes. — Melanie Rodacki, endocrinologista e membro da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
🚨 ALERTA: A diabetes é uma doença que não tem rosto
ou idade e não discrimina. Então, apesar de haver maiores incidência e chances
de complicações para pessoas com mais de 45 anos, acima do peso e
sedentárias, ela
também acomete pessoas que não têm essas características.
Para evitar a pré-diabetes ou tratar esse
quadro, uma mudança
no estilo de vida e alimentação mais balanceada são fundamentais.
·
Diabetes tipo 1
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune,
causada pela destruição das células beta que produzem insulina no pâncreas.
Esse tipo da doença costuma aparecer de
uma forma mais abrupta e
já com um nível de glicose muito alto, segundo Melanie Rodacki.
“Geralmente, quando as pessoas passam mal de
repente e vão parar na emergência - até pessoas mais jovens, que são
diagnosticadas com diabetes - , há grandes chances de ser a do tipo 1”, explica
a médica.
No diabetes tipo 1, há um fator genético
associado, mas também existem fatores ambientais que não entendemos totalmente
quais são. Isso é algo que ainda está em estudo. — Melanie Rodacki, membro da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Neste tipo de diabetes, como o sistema de
produção de insulina do corpo não funciona devidamente, é comum que as pessoas com o diagnóstico precisem aplicar insulina
para compensar a falta de produção natural.
Essa insulina vai ajudar a manter o açúcar no
sangue sob controle e evitar a alta da glicose.
·
Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 está muito associado à
obesidade, ao sedentarismo e até ao processo de envelhecimento, quando a
insulina não consegue agir tão bem no corpo e, por outro lado, o pâncreas
também não tem a mesma capacidade de secreção de insulina. — Melanie Rodacki, membro da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
De acordo com a médica, o componente genético
também é muito determinante para o diabetes tipo 2, até mais do que para o tipo
1. No entanto, ela afirma que o estilo de vida influencia o desenvolvimento do
quadro.
"Pessoas com tendência para o diabetes
tipo 2 do ponto de vista genético, se mantiverem uma alimentação saudável, não
tiverem excesso de peso e fizerem atividade física, vão conseguir prevenir o diabetes
de uma forma bastante efetiva", diz o endocrinologista
Diogo Ângelo.
Mas, em casos que não for possível controlar os níveis de glicose no
sangue com um estilo de vida mais saudável, é preciso apelar para a medicação.
O medicamento indicado pode variar a depender
do tipo de diabetes e do nível de glicose no sangue de cada pessoa.
Em alguns casos, a insulina também é
recomendada para pacientes com tipo 2.
·
Diabetes gestacional
Outro tipo preocupante da doença é o diabetes
gestacional, que pode ocorrer quando a gestante já tem histórico de diabetes ou
quando apresenta pré-disposição durante a gravidez.
Para prevenir ou acompanhar o diagnóstico, é
importante fazer o rastreamento de diabetes gestacional durante o atendimento
médico no pré-natal. Isso pode prevenir complicações tanto para a mãe, quanto
para o bebê.
Geralmente, este quadro é pontual apenas
durante a gravidez, mas quem tem diabetes gestacional tem um risco maior de ter
diabetes tipo 2 ao longo da vida. Então, será preciso fazer um acompanhamento
futuro para evitar o desenvolvimento do quadro. — Diogo Ângelo, endocrinologista
Como deve ser a alimentação da pessoa com diabetes
De acordo com Melanie Rodacki, a pessoa que
vive com diabetes e segue o tratamento recomendado por um especialista não tem nenhuma restrição
alimentar.
"A dieta da pessoa com diabetes é uma
dieta saudável, balanceada, como a que todo mundo deveria seguir, com
carboidrato e proteína em quantidades equilibradas. Mas a pessoa deve preferir
um estilo de vida mais saudável, evitar frituras e alimentos gordurosas,
excesso de carboidratos e de doces", explica.
O consumo de bebida alcoólica também é
permitido, desde que em pequenas quantidades e acompanhado de alimentação e
após o uso do medicamento, se for essa a recomendação do médico.
¨
Diabetes tipo 1 pode ter progressão freada por
medicamento utilizado no tratamento de artrite, aponta estudo
O
medicamente Baricitinibe, utilizado para o tratamento de artrite
reumatoide, dermatite atópica e alopecia, pode frear a
progressão do diabetes tipo 1. A conclusão é de um estudo realizado pelo Instituto
de Pesquisa Médica de St. Vincent, em Melbourne, publicado nesta terça-feira
(6) na revista científica "New England Journal of Medicine".
De acordo com a
pesquisa, o remédio é capaz de preservar a capacidade do corpo de produzir
insulina. Os testes da fase dois do estudo foram realizados mundialmente em
pessoas que haviam recebido o diagnóstico da doença em um prazo de até 100 dias antes do início do tratamento.
💊Segundo o Ministério da Saúde, o Baricitinibe é um "medicamento que
atua sobre o sistema imune, auxiliando no processo de recuperação de quadros
inflamatórios". Além do uso para tratar artrite, dermatite e alopecia,
durante a pandemia, foi autorizada a administração do remédio para tratamento da Covid-19.
<><> Tratamento promissor
O tratamento com o baricitinibe se mostrou
promissor no estudo em pessoas que foram recentemente diagnosticadas com o
diabetes tipo 1.
"Quando o diabetes tipo 1 é diagnosticado,
ainda existe uma quantidade significativa de células produtoras de insulina.
Queríamos ver se conseguiríamos proteger essas células do avanço da destruição
pelo sistema imunológico", afirma o professor Thomas Kay, um dos
coordenadores do estudo.
Kay explica que, no caso de pessoas com diabetes
tipo 1 em estágios avançados, o medicamento não deve ser efetivo. Isso porque,
em fases mais avançadas, o paciente se torna incapaz de produzir a própria
insulina.
É mais provável que o baricitinibe seja mais útil
em pessoas em fases iniciais da doença ou naquelas que já têm alto risco de
desenvolver diabetes no futuro – embora o medicamento ainda não tenha sido
testado nesse grupo.
A pesquisa também é inovadora por trazer uma opção
de terapia que poderia ser administrada em forma de comprimido, como uma
alternativa à aplicação da insulina.
Os resultados mostraram que os pacientes tomaram o
baricitinibe apresentaram menor necessidade de fazer uso das injeções de
insulina. Se iniciado precocemente, logo após o diagnóstico, o tratamento tem
potencial para reduzir consideravelmente a dependência da insulina.
Os pesquisadores são otimistas quanto à capacidade
do medicamento de mudar a forma como o diabetes tipo 1 é tratado.
Thomas detalha que as próximas etapas devem incluir
discussões entre o fabricante do baricitinibe e o FDA, agência reguladora de
medicamentos dos Estados Unidos, sobre os resultados do estudo.
"Apesar do medicamento já ser utilizado para o
tratamento de outras doenças, é provável que sejam necessários alguns outros
testes antes da aprovação de seu uso para terapia contra a diabetes tipo
1", pondera Thomas Kay, coordenador do estudo.
Fonte: g1
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