sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Deixa de ter sono quando se deita? Especialistas explicam porquê

Em pessoas sem perturbações do sono, basta deitar-se na cama para o cérebro dar indicações ao corpo para relaxar e adormecer. Para quem sofre de excitação condicionada ou insónia psicofisiológica - ainda que temporária - a mensagem enviada é de alerta.

"Os bons dorminhocos provavelmente adormecem todas as noites, no momento em que se deitam. Por isso, cada vez que se deitam na cama, é desencadeada uma autorresposta de sonolência. No entanto, se passarmos noite após noite às voltas, não conseguindo adormecer, o nosso corpo começa a associar estes comportamentos à cama, em vez de ao ato de dormir", comenta Philip Gehrman, professor de psiquiatria na Universidade da Pensilvânia, citado pela Time.

Existem vários comportamentos associados ao sono interrompido, como a utilização de aparelhos eletrónicos nas horas que antecedem a ida para a cama. Para Ronald Chervin, diretor do Centro de Distúrbios de Sono da Universidade de Michigan, a desregulação do sono pode ser ativada depois de períodos stressantes, como a perda de um emprego ou a morte de alguém próximo.

Ambos os especialistas acreditam que a terapia cognitivo-comportamental, com visitas regulares a uma clínica e a reprogramação dos horários, associada à limitação do uso de tecnologias, pode ser a solução para o problema. "Uma das coisas fundamentais que ensinamos é que a cama é para dormir", diz Chervin que aconselha ainda a não estar na cama mais de 20 minutos sem adormecer, para não habituar o corpo a este comportamento.

Outros dos conselhos elencados são a prática regular de exercício, a manutenção de uma temperatura amena e a redução do consumo de café e bebidas alcoólicas.

<><> Luz azul

Os especialistas aconselham ainda evitar os dispositivos móveis: a luz azul emitida pelos dispositivos eletrónicos aumenta os problemas relacionados com o sono ao inibir a produção de melatonina, indicou um estudo publicado na revista "Ophthalmic & Physiological Optics".

Quase dois terços dos portugueses dormem mal, muitos acusam níveis de sonolência preocupantes durante o dia, o que afeta a produtividade e fomenta o aumento de acidentes no trabalho e ao volante, indica um estudo da Proteste divulgado em novembro de 2016.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, os distúrbios do sono afetam cerca de 40% da população mundial, sendo já considerado um problema de saúde pública muito relevante.

¨      Remédio popular para dormir potencializa o risco de Alzheimer, alerta estudo

O medicamento Zolpidem, amplamente utilizado para tratar insônia, pode ter impactos negativos na função cerebral. Um estudo conduzido por cientistas das Universidades de Rochester (EUA) e Copenhagen (Dinamarca), publicado na revista Cell, revelou que essa substância pode prejudicar um importante mecanismo de limpeza do cérebro, aumentando o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.

<><> O sistema glinfático e sua importância para o cérebro

O cérebro possui um mecanismo fundamental para a remoção de toxinas: o sistema glinfático. Durante o sono, esse sistema trabalha para eliminar proteínas prejudiciais, como a beta-amiloide e a tau, que se acumulam em doenças como Alzheimer. O estudo demonstrou que o Zolpidem interfere nesse processo, reduzindo a capacidade do cérebro de se “limpar” adequadamente.

Os pesquisadores realizaram testes em camundongos e observaram que a administração do medicamento reduziu significativamente a atividade glinfática. Isso sugere que o uso prolongado da substância pode acelerar processos neurodegenerativos, reforçando a importância de evitar a dependência de remédios para dormir.

<><> A relação entre sono e saúde do cérebro

O sono desempenha um papel essencial na manutenção da saúde cerebral, imunológica e cardiovascular. Alterações no ciclo do sono, como insônia crônica e apneia, estão associadas ao aumento do risco de demência.

Além disso, o estudo reforçou que problemas relacionados ao sono podem surgir anos antes dos primeiros sinais de doenças como Alzheimer. Isso significa que dificuldades persistentes para dormir devem ser vistas como um possível indicativo precoce de risco neurodegenerativo.

<><> Metodologia do estudo: análise avançada do cérebro

Para entender como o cérebro se comporta durante o sono, os pesquisadores utilizaram métodos inovadores, como fotometria de fibra de fluxo e registros de eletroencefalograma. Essas técnicas possibilitaram a observação das funções cerebrais em tempo real, sem a necessidade de anestesia, permitindo análises mais precisas.

A pesquisa identificou padrões sincronizados entre neurotransmissores, fluxo sanguíneo e líquido cefalorraquidiano durante o sono não REM. Esses processos são fundamentais para a remoção de resíduos cerebrais e o equilíbrio das funções neurais.

<><> Recomendações para um sono mais saudável

Os cientistas alertam que o uso contínuo de Zolpidem pode comprometer a qualidade do sono e afetar a função cerebral a longo prazo. Como alternativa, recomenda-se a adoção de práticas naturais para melhorar o sono, como manter horários regulares, evitar estimulantes antes de dormir e praticar técnicas de relaxamento.

<><> Avanços na detecção precoce do Alzheimer

Além das descobertas sobre o impacto do Zolpidem, outra pesquisa da University College London indicou que dificuldades de navegação e orientação espacial podem ser sinais precoces de Alzheimer, surgindo até 25 anos antes dos sintomas clássicos da doença, segundo matéria da Catraca Livre.

Os cientistas exploram o uso de testes em realidade virtual para diagnosticar precocemente a doença e possibilitar tratamentos mais eficazes. Essas descobertas reforçam a importância do monitoramento da saúde cerebral ao longo da vida. 

¨      Como a exposição à luz durante a noite pode aumentar o risco de diabetes tipo 2

Você já parou para pensar como a  luz que você recebe à noite pode afetar sua  saúde? Muitos de nós não damos atenção ao impacto da luz artificial, especialmente à noite, mas estudos recentes mostram que ela pode ter efeitos significativos no nosso corpo, incluindo o aumento do risco de diabetes tipo 2.

O problema está no impacto dessa luz no nosso ritmo circadiano, aquele “relógio biológico” que regula funções vitais como o sono e o metabolismo.

Quando esse ciclo é interrompido, como acontece quando estamos expostos a luz intensa durante a noite, os processos metabólicos essenciais, como a produção de insulina e o controle da glicose, podem ser prejudicados.

Hoje, aqui no SaúdeLAB, vamos compreender como a luz à noite pode ser um fator importante no desenvolvimento do diabetes e o que podemos fazer para minimizar esse risco.

<><> O impacto da luz noturna no corpo humano

O ritmo circadiano é fundamental para manter o corpo funcionando corretamente, regulando aspectos como sono, apetite e metabolismo.

Quando expostos à luz durante a noite, o ciclo natural do corpo é alterado. Isso pode interferir na produção de hormônios essenciais, como a insulina, que é responsável pelo controle da glicose no sangue.

Diversos estudos têm mostrado que trabalhar em turnos à noite, ou mesmo a exposição prolongada à luz artificial antes de dormir, pode causar uma “desconexão” entre os ritmos internos do corpo e o ambiente externo. Esse desalinhamento tem sido associado a um aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2.

Além disso, pesquisas indicam que a luz artificial à noite pode afetar a qualidade do sono, aumentando a resistência à insulina, o que favorece o surgimento do diabetes. Em experimentos com animais, por exemplo, os efeitos da luz noturna causaram ganho de peso e piora no controle glicêmico, mesmo com uma alimentação controlada.

<><> O que dizem os estudos: exposição à luz e risco de diabetes

Diversos estudos recentes têm se concentrado em investigar o impacto da exposição à luz artificial durante a noite sobre a saúde metabólica, especialmente no que diz respeito ao risco de desenvolver diabetes tipo 2.

Um dos mais relevantes, publicado na revista The Lancet, foi realizado com dados do Biobank do Reino Unido, uma pesquisa de longo prazo que acompanhou mais de 84 mil pessoas por um período de cerca de 8 anos.

Durante esse tempo, os participantes usaram sensores de luz no pulso, o que permitiu uma análise detalhada dos padrões de exposição à luz em ambientes internos, onde passamos a maior parte do tempo.

Os resultados desse estudo indicaram uma relação clara entre a exposição à luz intensa à noite e um risco elevado de desenvolver diabetes tipo 2.

Pessoas que estavam expostas a maior intensidade de luz durante a noite apresentaram um risco significativamente maior de apresentar problemas relacionados ao controle de glicose no sangue.

Esse dado é preocupante, pois a luz noturna interfere diretamente no ritmo circadiano, o qual regula vários processos metabólicos, incluindo a secreção de insulina.

Além disso, os pesquisadores observaram que não apenas a intensidade da luz, mas também a alteração do ritmo circadiano (o relógio biológico interno), estava associada a um maior risco de diabetes.

Quando o corpo não segue o ciclo natural de dia e noite, com períodos de atividade e descanso alinhados com a  luz e escuridão, a produção de hormônios essenciais, como a insulina, pode ser prejudicada.

A pesquisa identificou que uma amplitude circadiana reduzida – isto é, uma menor variação entre os períodos de atividade e descanso – ou uma mudança no horário desses picos de atividade (o chamado “shift” no relógio biológico) estava fortemente relacionada a um aumento do risco de diabetes tipo 2.

Esses achados reforçam a ideia de que a desregulação do ciclo biológico do corpo, frequentemente provocada por fatores externos como a exposição à luz artificial, é um dos mecanismos subjacentes que pode contribuir para o desenvolvimento de doenças metabólicas, como o diabetes tipo 2.

O estudo também destaca como a combinação de fatores, como a quantidade de luz à noite e a alteração do ritmo natural do corpo, pode ter um efeito acumulativo, potencializando o risco de doenças como o diabetes.

<><> Como a luz artificial pode afetar o metabolismo

O uso excessivo de luz artificial à noite, seja por meio de lâmpadas ou telas de dispositivos eletrônicos, interfere diretamente no metabolismo. Esse tipo de exposição pode alterar a produção de hormônios, como melatonina, que regulam o sono e influenciam a maneira como o corpo processa a glicose.

Quando a produção de insulina e outros hormônios é desregulada, o corpo tem mais dificuldade em controlar os níveis de glicose no sangue, o que pode levar ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. A longo prazo, esse desajuste pode gerar problemas metabólicos graves, como resistência à insulina, aumento de peso e inflamação.

<><> O que podemos fazer para evitar os efeitos da luz noturna?

Proteger o corpo da exposição à luz artificial durante a noite é uma forma eficaz de preservar o ritmo circadiano e evitar problemas de  saúde, como o diabetes tipo 2. Algumas práticas simples podem ajudar a minimizar os efeitos negativos da luz à noite:

Evitar o uso de telas antes de dormir: A luz azul emitida por celulares, tablets e computadores pode interferir na produção de melatonina, hormônio essencial para o sono. Tente desconectar-se desses dispositivos pelo menos uma hora antes de deitar.

Optar por lâmpadas de luz suave: Prefira lâmpadas com tonalidade amarela ou de baixa intensidade durante a noite. Isso reduz a interferência no ritmo biológico, permitindo que o corpo comece a se preparar para o descanso.

Estabelecer uma rotina de sono regular: Dormir e acordar no mesmo horário todos os dias ajuda a sincronizar o corpo com o ciclo natural de luz e escuridão. Isso fortalece o ritmo circadiano e melhora a qualidade do sono, favorecendo o bom funcionamento metabólico.

Buscar exposição à luz natural durante o dia: A luz do sol durante o dia é essencial para o ajuste correto do ritmo circadiano. Procure se expor ao máximo à luz natural, especialmente pela manhã, para reforçar o ciclo natural de sono e vigília.

Essas simples mudanças podem ter um grande impacto na saúde a longo prazo, promovendo um equilíbrio hormonal saudável e ajudando a prevenir doenças metabólicas, como o diabetes.

A pesquisa confirma que a exposição à  luz artificial à noite está ligada a um maior risco de desenvolver diabetes tipo 2, um problema de saúde crescente. Ajustar os hábitos de luz e sono pode ser uma estratégia simples, mas eficaz, para manter o corpo saudável e proteger o metabolismo.

Se você se preocupa com o risco de diabetes, considere adotar hábitos mais saudáveis, como evitar luz forte antes de dormir, para garantir que seu ritmo circadiano permaneça em harmonia com as necessidades do seu corpo.

 

Fonte: SapoLifeStyle/Catraca Livre/SaudeLab

 

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