'Café
fake': saiba diferenciar café e pó sabor café na prateleira, para não errar nas
compras
Com o café a quase R$ 50, um novo
produto tem se espalhado pelos supermercados: o "pó
sabor café", que acabou ganhando o apelido de "café fake" ou
"cafake".
O item, que não é o mesmo que o pó de café,
pode confundir consumidores porque tenta imitar as embalagens de marcas famosas — a
descrição "pó para preparo de bebida sabor café" fica em letras
pequenas, na parte de baixo dos pacotes. Além disso, ele é
mais barato.
Em janeiro, um pacote de 500 g de uma marca de pó
saborizado poderia ser encontrado nos supermercados por R$ 13,99, informou a
Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).
Apesar do apelido "café fake", o governo
ainda investiga se ele pode ser considerado uma fraude, informou o diretor do
Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura, Hugo Caruso.
O ministério apura quais seriam os ingredientes
utilizados. Para ser considerado café, o produto pode ter apenas o grão. Mas
nem toda embalagem do "café fake" menciona a receita ou até mesmo
contém o grão, algumas apontam que ele é feito de cevada ou milho, por exemplo.
A legislação brasileira de alimentos tem algumas
categorias que poderiam, caso o ministério assim entenda, enquadrar casos como
o pó sabor café.
Por exemplo, a "mistura para
preparo de alimentos ou bebidas", que abrange
os alimentos compostos por mistura de ingredientes que são adicionados de
outros itens, como água, para o consumo, segundo a Resolução da Diretoria
Colegiada RDC nº 719/2022, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Alguns exemplos de produtos inclusos nessa legislação são cappuccino
e massa para bolo.
Existe ainda a categoria dos "preparados
sólidos", que regulamenta as chamadas bebidas
saborizadas, por meio da portaria nº 123, do Ministério da
Agricultura. É o caso de chás e refrescos.
"O problema desses produtos é que eles
utilizam no rótulo elementos visuais dando a entender que se trata de café,
quando, na verdade, o que tem dentro da embalagem é outro componente", diz
Mariana Ribeiro, nutricionista do programa de Alimentação Saudável e
Sustentável do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec).
Apesar de informar na embalagem que se trata de um
"pó sabor café", as marcas trazem fotos de uma xícara de café,
acompanhada por grãos — além de imitar cores, fontes e terem nomes similares às
marcas populares.
Segundo a nutricionista, há uma confusão parecida
que envolve o iogurte e a bebida láctea.
"Os dois produtos são permitidos. A questão é
que a composição deles é diferente, por mais que, às vezes, algumas estratégias
publicitárias te façam acreditar que você está levando uma coisa, enquanto na
verdade é outra", afirma a nutricionista.
Produto pode não ter café
Nem todos os produtos conhecidos como "café
fake" deixam claro o que foi usado na sua composição.
Alguns deles informam na parte de trás da embalagem
que utilizam a "polpa do café". Contudo, a Abic esclarece que a
polpa, na verdade, é colada à casca do fruto, ou seja, não pode ser completamente separada dela. A casca,
por sua vez, é considerada uma impureza.
A legislação brasileira permite que o produto possua até 1% de
impurezas naturais do café (como galhos, folhas e
cascas) e matérias estranhas (por exemplo, grãos ou sementes de outras espécies
vegetais, pedras e areia).
A Abic também alerta que esses produtos não especificam o quanto de café é utilizado na receita, bem como
a quantidade de impurezas presentes.
Há ainda os produtos que não
contêm café entre os ingredientes. Eles podem ser
feitos de cevada ou milho, por exemplo.
E em muitos casos há a presença de aromatizantes, o que transforma o item
em um ultraprocessado, diferente do pó de café que o brasileiro costuma
consumir.
Segundo a Anvisa, por se tratar de uma categoria
que abrange uma variedade de alimentos, não há requisitos específicos de
composição, e a regularização desses produtos é realizada diretamente na
Vigilância Sanitária local.
"O que a gente vê na maioria desses casos é
que o produto não é café. Ele tem uma estratégia que está levando o consumidor
ao engano", diz Mariana Ribeiro, do Idec.
¨
Contrabando, falsificações e pirataria produzem prejuízo
de R$ 500 bilhões para a economia brasileira em 2024
Em
2024, o contrabando,
as falsificações e
a pirataria produziram
um prejuízo de meio trilhão de reais para a economia brasileira.
É pelas estradas que quase todo
produto falsificado ou contrabandeado é distribuído pelo Brasil. Em 2024, o item apreendido em maior quantidade foi cigarro.
Só a Polícia Rodoviária Federal recolheu
58 milhões de maços e mais de 600 mil cigarros eletrônicos - que são proibidos
pela Anvisa.
"Por diversas outras rotas, ele
vai entrando no território nacional, tanto para abastecer mercados internos,
grandes centros, grandes polos urbanos do país, como também para ser importado
para outros locais”, diz Allyson Simensato, coordenador-geral de Combate ao
Crime da PRF.
O
setor da economia mais atingido é o de roupas. O prejuízo foi de R$
87 bilhões. Em seguida vêm os setores de
bebidas alcoólicas, combustíveis, material esportivo, perfumaria e cosméticos,
defensivos agrícolas, ouro e TV por assinatura, por exemplo. O setor audiovisual teve
um prejuízo de R$ 4 bilhões.
É a pirataria digital de softwares, cursos online, vídeos, músicas e filmes,
vendidos sem autorização dos donos.
O Fórum Nacional Contra a Pirataria
estima que o prejuízo total para a economia brasileira em 2024 foi de R$ 468
bilhões, entre o que fábricas e lojas deixaram de vender e os impostos que não
foram recolhidos - mais do que quatro vezes o
valor de 2014, quando o levantamento começou.
Segundo o Fórum Nacional Combate à
Pirataria, esse crime precisa ser combatido em duas frentes: na demanda,
com campanhas para desestimular a compra desses produtos pela população, e
na oferta, com a
inteligência policial para combater as quadrilhas, que estão se sofisticando.
O presidente do fórum diz que as
apreensões de produtos ilegais têm crescido apesar de dificuldades - como o
tamanho das fronteiras do país - e que, por isso, é essencial a integração
entre as forças policiais.
"Imagina esse dinheiro sendo
movimentado pelas empresas legais, o investimento que isso representaria,
geração de novos empregos, a inovação que seria intensificada. De outro lado, o
consumidor é prejudicado. Esse produto afeta sua saúde, a sua segurança, é um
produto que não tem durabilidade porque ele não respeita norma técnica, não
respeita nenhum órgão regulador. Perde a indústria, o comércio que pagam
impostos, perde o consumidor, perde o erário com a brutal sonegação decorrente
e cada vez mais a segurança pública é afetada, porque nós estamos fortalecendo
elos criminosos que atuam no nosso país”, afirma Edson Vismona, presidente do
Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade.
O Ministério da Justiça e Segurança
Pública afirmou que intensificou esforços contra o comércio ilegal em parceria
com órgãos de fiscalização, forças de segurança e o setor produtivo.
A Receita Federal declarou
que tem investido nas estruturas de controle; que, todos os dias, apreende
mercadorias nas fronteiras terrestres, portos e aeroportos; e que, só no em
2024, recolheu mais de R$ 3,7 bilhões em produtos ilegais.
Fonte: g1
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