sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

'Com Trump, Putin consegue o que queria: negociar sobre a Ucrânia diretamente com os EUA'

presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que teve uma ligação telefônica "longa e muito produtiva" com o presidente russo Vladimir Putin nesta quarta-feira (12/02), na qual os líderes concordaram em iniciar negociações para encerrar a guerra na Ucrânia.

Em uma publicação em sua plataforma Truth Social, Trump disse que ele e Putin "concordaram com que nossas respectivas equipes iniciassem negociações imediatamente" e se convidaram para visitar suas respectivas capitais.

Depois, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que conversou com Trump sobre uma "paz duradoura e confiável".

O conflito iniciado com a invasão da Rússia à Ucrânia está prestes a completar três anos.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Putin apoiou a ideia de Trump de que havia chegado a hora de trabalharem juntos.

O telefonema entre Putin e Trump durou quase uma hora e meia, disse Peskov.

Trump também disse a repórteres que era improvável que a Ucrânia retornasse às suas fronteiras anteriores a 2014, mas, em resposta a uma pergunta da BBC, ele disse que "parte daquele pedaço retornará".

O presidente americano afirmou concordar com seu secretário de Defesa, Pete Hegseth, o qual disse em uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta quarta que não havia probabilidade de a Ucrânia se juntar à aliança militar.

"Acho que isso provavelmente é verdade", disse Trump.

Segundo a agência de notícias Reuters, este foi o primeiro contato direto conhecido entre Putin e um presidente dos EUA desde antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.

Trump não definiu uma data para um encontro presencial com Putin, mas depois disse a repórteres na Casa Branca: "Nós nos encontraremos na Arábia Saudita".

Na Truth Social, o presidente dos Estados Unidos disse que ele e Putin também discutiram sobre o Oriente Médio e a tecnologia de inteligência artificial.

Também foram debatidas as relações bilaterais e uma troca de prisioneiros entre Washington e Moscou, de acordo com a agência russa TASS.

Já a ligação entre Trump e Zelensky durou uma hora, de acordo com a agência de notícias AFP.

Trump disse que instruiu uma equipe, incluindo o secretário de Estado americano, Marco Rubio, a liderar as negociações.

Putin também "expressou sua prontidão para receber autoridades americanas na Rússia nas áreas de interesse mútuo, incluindo, é claro, o tópico do acordo ucraniano", disse Peskov.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, está na capital da Ucrânia, Kiev, onde se encontrou com Zelensky.

Os dois discutiram um possível acordo no qual a Ucrânia venderia aos Estados Unidos minerais de terras raras em troca de apoio militar, bem como a invasão em andamento da Rússia no país.

Zelensky disse que esperava que um acordo pudesse ser alcançado na Conferência de Segurança de Munique, que começa na sexta-feira (14/02), da qual também deve participar o vice-presidente americano, J.D. Vance.

Trump anunciou a visita de Bessent na terça-feira (11/1) na Truth Social, dizendo: "Esta Guerra DEVE e VAI ACABAR EM BREVE — Muita Morte e Destruição. Os EUA gastaram BILHÕES de Dólares Globalmente, com pouco para mostrar".

·        Rússia conquista vitória diplomática

Outro discurso importante foi o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth.

Hegseth expôs termos que certamente foram bem recebidos pelo Kremlin: nenhum envio de tropas americanas para a Ucrânia em qualquer futuro acordo de segurança; nenhuma possibilidade de adesão da Ucrânia à Otan; e nenhuma chance realista de retorno às fronteiras anteriores a 2014, quando a Rússia ocupou e anexou a Crimeia e passou a apoiar insurgentes no Donbass.

Para Frank Gardner, correspondente da BBC para temas de segurança, as negociações são um passo bem-vindo para a busca da paz à primeira vista.

"Por ora, a temperatura foi reduzida", disse.

Mas, para ele, esse movimento positivo pode ter um custo alto para a Ucrânia.

"As declarações do secretário de Defesa dos EUA soaram como um balde de água fria para muitos em Kiev, frustrando grande parte das esperanças ucranianas de um futuro seguro, livre da ameaça de novas invasões russas", analisa.

"Suas palavras também representam um golpe para alguns dos aliados mais próximos da Ucrânia na Otan, que queriam manter a pressão sobre Moscou na esperança de esgotar sua já enfraquecida economia."

Steve Rosenberg, editor da BBC sobre a Rússia, enxerga as movimentações de hoje como uma vitória para o Kremlin.

"Uma única ligação telefônica não encerrará magicamente a guerra na Ucrânia. As negociações vão começar. Quando e como terminarão ainda é incerto. Mas Moscou já obteve uma vitória diplomática simplesmente pelo fato de essa conversa ter acontecido", afirma

"A linguagem vinda da Casa Branca mudou. Assim como a abordagem em relação à Rússia", diz o analista.

"De muitas maneiras, Vladimir Putin conseguiu o que queria: a oportunidade de negociar diretamente com os Estados Unidos sobre a Ucrânia e a chance de se recolocar no topo da política internacional, apesar dos últimos três anos de guerra contra a Ucrânia."

·        Caminho para 'paz justa' será difícil

O correspondente da BBC na Ucrânia, James Waterhouse, enxerga o discurso de Hegseth como um duro golpe para os ucranianos.

"Embora já fosse sabido que esse governo dos EUA é menos simpático à causa ucraniana do que o anterior, cada palavra do novo secretário de Defesa americano parece ter agradado a Moscou", analisa.

"A negação da adesão à Otan, a visão de que a Ucrânia não pode vencer e a ambiguidade sobre como uma linha de frente congelada seria policiada no futuro — tudo isso equivale a uma recompensa concreta para a Rússia após 11 anos de agressão contra a Ucrânia."

Ele lembra que Zelensky sempre defendeu que "não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", mas uma aparente ligação entre Donald Trump e Vladimir Putin mostrou o contrário.

"A ajuda ocidental — e as forças ucranianas que dela se beneficiaram — foram o que impediu Kiev de cair em poucos dias, como alguns previam. Mas o caminho para uma 'paz justa', como define Zelensky, está longe de ser direto ou tranquilo para a Ucrânia."

·        Acenos a ameaças anteriores

Trump fez um misto de apelo e ameaça recentemente a Putin para acabar com a guerra.

Em 22 de janeiro, ele postou uma mensagem na qual afirmou que a Rússia enfrentaria "altos níveis de taxas, tarifas e sanções" se o presidente russo não desse fim ao conflito.

Trump começou a publicação, em sua plataforma Truth Social, expressando seu "amor" pelo povo russo e seu "bom relacionamento" com Putin.

Em seguida, fez um alerta direto a Putin para "PARAR esta guerra ridícula!"

"SÓ VAI PIORAR. Se não fizermos um 'acordo', e logo, não tenho outra escolha a não ser impor altos níveis de taxas, tarifas e sanções em qualquer coisa que esteja sendo vendida pela Rússia aos Estados Unidos e vários outros países", disse o presidente americano.

"É hora de 'FAZER UM ACORDO'. VIDAS NÃO DEVEM MAIS SER PERDIDAS", Trump acrescenta em trecho do texto escrito em letras maiúsculas.

Rússia já é o país sob o maior volume de sanções no mundo, e há muito poucas entidades ou setores-chave que ainda não estão sujeitos às restrições dos Estados Unidos e da Europa.

Os bancos russos e as empresas militares-industriais se adaptaram e desenvolveram soluções alternativas para escapar das sanções existentes.

"Vamos acabar com essa guerra, que nunca teria começado se eu fosse presidente! Podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil - e o jeito fácil é sempre melhor", concluiu o presidente americano em sua publicação.

Durante sua campanha, Trump disse repetidamente que poderia acabar com a guerra "em um dia", mas nunca elaborou como isso poderia acontecer.

Putin parabenizou Donald Trump por sua vitória eleitoral, afirmando que o republicano é um "homem corajoso".

Já Zelensky disse após a vitória de Trump que teve uma "troca construtiva" com ele por telefone e que esperava que a guerra com a Rússia terminaria "mais cedo" do que ocorreria sem Trump na Presidência dos Estados Unidos.

¨      Premiê eslovaco: UE tem que abandonar 'loucura de guerra' depois da conversa entre Putin e Trump

A UE tem que despertar de sua loucura de guerra após a conversa telefônica entre Donald Trump e Vladimir Putin, afirmou o primeiro-ministro da Eslováquia Robert Fico em sua página na rede social Facebook (plataforma proibida na Rússia por extremismo).

"O presidente Trump, depois de uma longa conversa telefônica com o presidente Putin, pelo menos ligou para [Vladimir] Zelensky e e lhe disse o que está à espera dele. Por exemplo, algo incrível como eleições democráticas. Para nós na UE ninguém liga", disse ele.

Fico escreveu que o presidente do Conselho Europeu, a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu não receberam nenhuma ligação.

Além disso, conforme o premiê eslovaco, que Bruxelas tem que entender que é preciso ser independente, senão o futuro do bloco pode ser marcado por uma profunda crise.

Ontem (12), o Kremlin e a Casa Branca confirmaram oficialmente, pela primeira vez, que os líderes dos dois Estados tiveram uma conversa telefônica, que ambos os lados chamaram de "produtiva", e concordaram sobre a necessidade de organizar uma reunião bilateral.

¨      Zelensky eliminou futuro da Ucrânia com suas tentativas de aderir à OTAN, diz analista turco

Vladimir Zelensky arrastou a Ucrânia para a aventura de adesão à OTAN, destruindo seu futuro e lhe impondo gastos de mais de US$ 1 trilhão (R$ 6 trilhões), disse à Sputnik Hilmi Dashdemir, analista e chefe do Centro de Pesquisa de Opinião Pública turco Optimar.

O analista destaca que a Ucrânia perdeu muito dinheiro e territórios após as decisões de Zelensky e o país tem uma grande dívida com os EUA.

"Zelensky arrastou seu país para uma aventura com o nome 'adesão à OTAN'. Neste processo ele perdeu território do seu país. O fato de que Trump cobrará US$ 500 bilhões da Ucrânia [R$ 3,6 trilhões] em adição aos mais de US$ 500 bilhões [R$ 3,6 trilhões] de danos causados pelo conflito, impõe à Ucrânia gastos de mais de US$ 1 trilhão [R$ 6 trilhões]."

Vale ressaltar que Dashdemir conta que se adicionar a morte de ucranianos no front e as pessoas deslocadas internamente, então é possível dizer que tal jogador como Zelensky destruiu o futuro da Ucrânia.

Anteriormente, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que a Ucrânia deveria garantir a segurança dos fundos dos EUA investidos no país, já que o país "poderia se tornar Rússia algum dia". O presidente dos EUA enfatizou que os Estados Unidos haviam investido de 300 bilhões a 350 bilhões de dólares e estavam aguardando o retorno do dinheiro gasto na Ucrânia.

¨    Europa iria à falência tentando manter a Ucrânia se os EUA retirassem seu apoio, afirma analista

Custaria aos aliados europeus da OTAN US$ 3,1 trilhões adicionais ao longo de dez anos para financiar a Ucrânia e expandir suas próprias capacidades de defesa se o presidente Trump deixasse o fardo para eles, segundo a mídia dos EUA. A Sputnik pediu a um observador de assuntos internacionais sediado em Bruxelas para comentar o assunto.

A Europa simplesmente "não tem os meios para continuar" a guerra por procuração com Moscou e seria "obrigada a fazer sua própria paz separada com a Rússia", mesmo que tentasse sustentar o conflito por algum tempo após uma hipotética retirada do apoio dos EUA, diz o dr. Gilbert Doctorow.

Trump "cravou uma estaca no coração da solidariedade da União Europeia [UE] ao essencialmente retirar os Estados Unidos do conflito e deixar para a Europa lidar da melhor forma possível", explicou Doctorow.

"Mas eles não conseguem lidar. Não é apenas uma questão de dinheiro. Eles não têm os suprimentos militares necessários para a Ucrânia continuar a luta. Sem a participação dos EUA, a situação é desesperadora para a Ucrânia e todos sabem disso", enfatizou o observador.

A nova realidade para a Ucrânia sinaliza o que Doctorow diz ser uma transformação muito maior da postura de defesa dos EUA em relação à Europa, com Washington pronto para continuar estendendo seu "guarda-chuva nuclear" para a região, enquanto reduz o comprometimento de forças convencionais.

"A implicação adicional é que quando os europeus entenderem que não podem enfrentar os exércitos russos por conta própria, eles entenderão por conta própria que precisam fazer alguma acomodação com os russos na segurança em toda a Europa", disse Doctorow.

A Bloomberg Economics calculou nesta quinta-feira (13) que o apoio europeu independente à Ucrânia e o acúmulo de seus próprios militares custariam US$ 3,1 trilhões adicionais (cerca de R$ 17,8 trilhões), incluindo: US$ 175 bilhões (mais de R$ 1 trilhão) para construir o Exército da Ucrânia, US$ 30 bilhões (aproximadamente R$ 173 bilhões) para uma "força de manutenção da paz" de 40.000 soldados e US$ 2,7 trilhões (quase R$ 15,6 trilhões) em gastos de defesa financiados por dívida pelos cinco maiores membros europeus da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em estoques de artilharia, defesas aéreas e mísseis, além de implantações nas fronteiras orientais da aliança.

¨    'Não é prático': Trump considera retirar adesão da Ucrânia à OTAN da agenda

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (12) que a adesão de Kiev à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não é prática.

O chefe de Estado norte-americano declarou que está "tudo bem" em fazer o movimento, uma vez que não enxerga praticidade e eficiência no ingresso do país europeu na aliança militar.

Trump também destacou a posição da Rússia, há muito refratária à ideia.

secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, disse mais cedo que Washington considera que a adesão não teria como prosperar em nenhuma negociação com a Rússia.

Momento crítico

Falando na 26ª reunião do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, em Bruxelas, Hegseth afirmou que o conflito ucraniano está em um "momento crítico", acrescentando que o "derramamento de sangue" deve acabar.

"Devemos começar a reconhecer que retornar às fronteiras da Ucrânia pré-2014 é um objetivo irrealista. Perseguir esse objetivo ilusório só prolongará a guerra e causará mais sofrimento", disse o chefe da Defesa norte-americana.

¨       Chefe do Pentágono admite que EUA não podem mais se concentrar na segurança europeia

O secretário de Defesa dos EUA, Peter Hegseth, pediu aos países europeus que priorizem a segurança de seu próprio continente, enquanto Washington aborda o que ele acredita ser sua real preocupação: a influência geopolítica da China.

"Os Estados Unidos continuam comprometidos com a aliança da Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN] e com a parceria de defesa com a Europa, ponto final. Mas os Estados Unidos não tolerarão mais um relacionamento desequilibrado que fomente a dependência", disse o chefe do Pentágono durante a reunião do grupo de contato de defesa da Ucrânia, uma coalizão de cerca de 50 países que se reúnem periodicamente para discutir as necessidades de segurança de Kiev.

"Aumentar seu comprometimento com sua própria segurança é um adiantamento para o futuro; um adiantamento", acrescentou.

Hegseth explicou que Washington precisa priorizar a segurança da fronteira e, ao mesmo tempo, confrontar a China.

De acordo com uma declaração do Departamento de Defesa dos EUA, Hegseth disse que Pequim representa uma "ameaça" aos interesses dos EUA na região do Indo-Pacífico.

"À medida que os Estados Unidos concentram sua atenção nessas ameaças, os aliados europeus devem liderar pela frente", disse Hegseth.

"Apelamos a cada um dos seus países para que intensifiquem a implementação dos compromissos que assumiram e desafiamos seus países — e seus cidadãos — a redobrarem os seus esforços e a se comprometerem novamente não só com as necessidades imediatas de segurança da Ucrânia, mas também com os objetivos de defesa e dissuasão a longo prazo da Europa", acrescentou.

Apelando aos membros do grupo de contato para "estarem à altura da ocasião", Hegseth disse que os membros europeus da OTAN devem considerar a salvaguarda da segurança europeia como um "imperativo".

"Isso significa doar mais munição e equipamento, alavancar vantagens comparativas, expandir sua base industrial de defesa e conscientizar seus cidadãos sobre a ameaça que a Europa enfrenta", disse Hegseth, acrescentando que concorda com a avaliação do presidente Donald Trump de que as nações da OTAN devem aumentar seus níveis de gastos com defesa de 2% de seu produto interno bruto (PIB) para 5%.

 

Fonte: BBC News Mundo/Sputnik Brasil

 

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