'Com Trump, Putin
consegue o que queria: negociar sobre a Ucrânia diretamente com os EUA'
O presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que
teve uma ligação telefônica "longa e muito produtiva" com o presidente
russo Vladimir Putin nesta quarta-feira (12/02), na qual os
líderes concordaram em iniciar negociações para encerrar a guerra na
Ucrânia.
Em uma publicação em sua plataforma Truth
Social, Trump disse que ele e Putin "concordaram com que nossas
respectivas equipes iniciassem negociações imediatamente" e se convidaram
para visitar suas respectivas capitais.
Depois, o presidente
ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que
conversou com Trump sobre uma "paz duradoura e confiável".
O conflito iniciado com a invasão da
Rússia à Ucrânia está prestes a completar três anos.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse
que Putin apoiou a ideia de Trump de que havia chegado a hora de trabalharem
juntos.
O telefonema entre Putin e Trump durou quase
uma hora e meia, disse Peskov.
Trump também disse a repórteres que era
improvável que a Ucrânia retornasse às suas fronteiras anteriores a 2014, mas,
em resposta a uma pergunta da BBC, ele disse que "parte daquele pedaço
retornará".
O presidente americano afirmou concordar com
seu secretário de Defesa, Pete Hegseth, o qual disse em uma cúpula da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta
quarta que não havia probabilidade de a Ucrânia se juntar à aliança militar.
"Acho que isso provavelmente é
verdade", disse Trump.
Segundo a agência de notícias Reuters, este foi
o primeiro contato direto conhecido entre Putin e um presidente dos EUA desde
antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.
Trump não definiu uma data para um encontro
presencial com Putin, mas depois disse a repórteres na Casa Branca: "Nós
nos encontraremos na Arábia Saudita".
Na Truth
Social, o presidente dos Estados Unidos disse que ele
e Putin também discutiram sobre o Oriente
Médio e a tecnologia de inteligência
artificial.
Também foram debatidas as relações bilaterais e
uma troca de prisioneiros entre Washington e Moscou, de acordo com a agência
russa TASS.
Já a ligação entre Trump e Zelensky durou uma
hora, de acordo com a agência de notícias AFP.
Trump disse que instruiu uma equipe, incluindo
o secretário
de Estado americano, Marco Rubio, a liderar
as negociações.
Putin também "expressou sua prontidão para
receber autoridades americanas na Rússia nas áreas de interesse mútuo,
incluindo, é claro, o tópico do acordo ucraniano", disse Peskov.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos,
Scott Bessent, está na capital da Ucrânia, Kiev, onde se encontrou com Zelensky.
Os dois discutiram um possível acordo no qual a
Ucrânia venderia aos Estados Unidos minerais de terras raras em troca de apoio
militar, bem como a invasão em andamento da Rússia no país.
Zelensky disse que esperava que um acordo
pudesse ser alcançado na Conferência de Segurança de Munique, que começa na
sexta-feira (14/02), da qual também deve participar o vice-presidente
americano, J.D. Vance.
Trump anunciou a visita de Bessent na
terça-feira (11/1) na Truth Social, dizendo: "Esta Guerra DEVE e VAI
ACABAR EM BREVE — Muita Morte e Destruição. Os EUA gastaram BILHÕES de Dólares
Globalmente, com pouco para mostrar".
·
Rússia conquista vitória diplomática
Outro discurso importante foi o secretário de
Defesa dos EUA, Pete Hegseth.
Hegseth expôs termos que certamente foram bem
recebidos pelo Kremlin: nenhum envio de tropas americanas para a Ucrânia em
qualquer futuro acordo de segurança; nenhuma possibilidade de adesão da Ucrânia
à Otan; e nenhuma chance realista de retorno às fronteiras anteriores a 2014,
quando a Rússia ocupou e anexou a Crimeia e passou a apoiar insurgentes no
Donbass.
Para Frank Gardner, correspondente da BBC para
temas de segurança, as negociações são um passo bem-vindo para a busca da paz à
primeira vista.
"Por ora, a temperatura foi
reduzida", disse.
Mas, para ele, esse movimento positivo pode ter
um custo alto para a Ucrânia.
"As declarações do secretário de Defesa
dos EUA soaram como um balde de água fria para muitos em Kiev, frustrando
grande parte das esperanças ucranianas de um futuro seguro, livre da ameaça de
novas invasões russas", analisa.
"Suas palavras também representam um golpe
para alguns dos aliados mais próximos da Ucrânia na Otan, que queriam manter a
pressão sobre Moscou na esperança de esgotar sua já enfraquecida
economia."
Steve Rosenberg, editor da BBC sobre a Rússia,
enxerga as movimentações de hoje como uma vitória para o Kremlin.
"Uma única ligação telefônica não encerrará
magicamente a guerra na Ucrânia. As negociações vão começar. Quando e como
terminarão ainda é incerto. Mas Moscou já obteve uma vitória diplomática
simplesmente pelo fato de essa conversa ter acontecido", afirma
"A linguagem vinda da Casa Branca mudou. Assim
como a abordagem em relação à Rússia", diz o analista.
"De muitas maneiras, Vladimir Putin
conseguiu o que queria: a oportunidade de negociar diretamente com os Estados
Unidos sobre a Ucrânia e a chance de se recolocar no topo da política
internacional, apesar dos últimos três anos de guerra contra a Ucrânia."
·
Caminho para 'paz justa' será difícil
O correspondente da BBC na Ucrânia, James
Waterhouse, enxerga o discurso de Hegseth como um duro golpe para os
ucranianos.
"Embora já fosse sabido que esse governo
dos EUA é menos simpático à causa ucraniana do que o anterior, cada palavra do
novo secretário de Defesa americano parece ter agradado a Moscou",
analisa.
"A negação da adesão à Otan, a visão de
que a Ucrânia não pode vencer e a ambiguidade sobre como uma linha de frente
congelada seria policiada no futuro — tudo isso equivale a uma recompensa
concreta para a Rússia após 11 anos de agressão contra a Ucrânia."
Ele lembra que Zelensky sempre defendeu que
"não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", mas uma
aparente ligação entre Donald Trump e Vladimir Putin mostrou o contrário.
"A ajuda ocidental — e as forças
ucranianas que dela se beneficiaram — foram o que impediu Kiev de cair em
poucos dias, como alguns previam. Mas o caminho para uma 'paz justa', como
define Zelensky, está longe de ser direto ou tranquilo para a Ucrânia."
·
Acenos a ameaças anteriores
Trump fez um
misto de apelo e ameaça recentemente a Putin para
acabar com a guerra.
Em 22 de janeiro, ele postou uma mensagem na
qual afirmou que a Rússia enfrentaria "altos níveis de taxas, tarifas e
sanções" se o presidente russo não desse fim ao conflito.
Trump começou a publicação, em sua plataforma
Truth Social, expressando seu "amor" pelo povo russo e seu "bom
relacionamento" com Putin.
Em seguida, fez um alerta direto a Putin para
"PARAR esta guerra ridícula!"
"SÓ VAI PIORAR. Se não fizermos um
'acordo', e logo, não tenho outra escolha a não ser impor altos níveis de taxas,
tarifas e sanções em qualquer coisa que esteja sendo vendida pela Rússia aos
Estados Unidos e vários outros países", disse o presidente americano.
"É hora de 'FAZER UM ACORDO'. VIDAS NÃO
DEVEM MAIS SER PERDIDAS", Trump acrescenta em trecho do texto escrito em
letras maiúsculas.
A Rússia já
é o país sob o maior volume de sanções no mundo, e há muito poucas entidades ou setores-chave que ainda não estão
sujeitos às restrições dos Estados Unidos e da Europa.
Os bancos russos e as empresas
militares-industriais se adaptaram e desenvolveram soluções alternativas para
escapar das sanções existentes.
"Vamos acabar com essa guerra, que nunca
teria começado se eu fosse presidente! Podemos fazer isso do jeito fácil ou do
jeito difícil - e o jeito fácil é sempre melhor", concluiu o presidente
americano em sua publicação.
Durante sua campanha, Trump disse repetidamente
que poderia acabar com a guerra "em um dia", mas nunca elaborou como
isso poderia acontecer.
Putin parabenizou Donald Trump por sua vitória
eleitoral, afirmando que o republicano é um "homem corajoso".
Já Zelensky
disse após a vitória de Trump que
teve uma "troca construtiva" com ele por telefone e que esperava que
a guerra com a Rússia terminaria "mais cedo" do que ocorreria sem
Trump na Presidência dos Estados Unidos.
¨ Premiê eslovaco: UE tem que abandonar
'loucura de guerra' depois da conversa entre Putin e Trump
A UE tem que
despertar de sua loucura de guerra após a conversa telefônica entre Donald
Trump e Vladimir Putin, afirmou o primeiro-ministro da Eslováquia Robert Fico
em sua página na rede social Facebook (plataforma proibida na Rússia por
extremismo).
"O
presidente Trump, depois de uma longa conversa telefônica com o presidente
Putin, pelo menos ligou para [Vladimir] Zelensky e e lhe disse o que está à
espera dele. Por exemplo, algo incrível como eleições democráticas. Para nós na
UE ninguém liga", disse ele.
Fico escreveu que o
presidente do Conselho Europeu, a Comissão Europeia e o Parlamento
Europeu não
receberam nenhuma ligação.
Além disso,
conforme o premiê eslovaco, que Bruxelas tem que entender que é preciso ser
independente, senão o futuro do bloco pode ser marcado por uma profunda crise.
Ontem (12), o Kremlin e a Casa
Branca confirmaram oficialmente, pela primeira vez, que os líderes dos dois
Estados tiveram
uma conversa telefônica, que ambos os lados chamaram de "produtiva",
e concordaram sobre a necessidade de organizar uma reunião bilateral.
¨ Zelensky eliminou futuro da Ucrânia
com suas tentativas de aderir à OTAN, diz analista turco
Vladimir Zelensky
arrastou a Ucrânia para a aventura de adesão à OTAN, destruindo seu futuro e lhe
impondo gastos de mais de US$ 1 trilhão (R$ 6 trilhões), disse à Sputnik Hilmi
Dashdemir, analista e chefe do Centro de Pesquisa de Opinião Pública turco
Optimar.
O analista destaca
que a Ucrânia perdeu
muito dinheiro e territórios após
as decisões de Zelensky e o país
tem uma grande dívida com os EUA.
"Zelensky
arrastou seu país para uma
aventura com o nome 'adesão à OTAN'. Neste processo ele perdeu
território do seu país. O fato de que Trump cobrará US$ 500 bilhões da Ucrânia
[R$ 3,6 trilhões] em adição aos mais de US$ 500 bilhões [R$ 3,6 trilhões] de
danos causados pelo conflito, impõe
à Ucrânia gastos de mais de US$ 1 trilhão [R$ 6 trilhões]."
Vale ressaltar que
Dashdemir conta que se adicionar a morte de
ucranianos no front e
as pessoas deslocadas internamente, então é possível dizer que tal jogador
como Zelensky destruiu o futuro da
Ucrânia.
Anteriormente, o presidente dos
EUA, Donald Trump,
disse que a Ucrânia deveria garantir a segurança dos fundos dos EUA investidos
no país, já que o país "poderia se tornar Rússia algum dia". O
presidente dos EUA enfatizou que os Estados Unidos haviam investido de 300 bilhões a 350 bilhões
de dólares e estavam
aguardando o retorno do dinheiro gasto na Ucrânia.
¨
Europa iria à
falência tentando manter a Ucrânia se os EUA retirassem seu apoio, afirma
analista
Custaria aos
aliados europeus da OTAN US$ 3,1 trilhões adicionais ao longo de dez anos para
financiar a Ucrânia e expandir suas próprias capacidades de defesa se o
presidente Trump deixasse o fardo para eles, segundo a mídia dos EUA. A Sputnik
pediu a um observador de assuntos internacionais sediado em Bruxelas para
comentar o assunto.
A Europa
simplesmente "não tem
os meios para continuar" a guerra por procuração com Moscou e
seria "obrigada a fazer sua própria paz separada com a Rússia", mesmo
que tentasse sustentar o conflito por algum tempo após uma hipotética retirada
do apoio dos EUA, diz o dr. Gilbert Doctorow.
Trump "cravou
uma estaca no coração da solidariedade da União Europeia [UE] ao
essencialmente retirar
os Estados Unidos do conflito e deixar para a Europa lidar da
melhor forma possível", explicou Doctorow.
"Mas eles não
conseguem lidar. Não é apenas uma questão de dinheiro. Eles não têm os
suprimentos militares necessários para a Ucrânia continuar a luta. Sem a participação dos EUA, a situação é desesperadora
para a Ucrânia e todos sabem disso", enfatizou o
observador.
A nova realidade
para a Ucrânia sinaliza o que Doctorow diz ser uma transformação muito maior
da postura de defesa dos EUA em
relação à Europa, com Washington pronto
para continuar estendendo seu "guarda-chuva nuclear" para a região,
enquanto reduz o comprometimento de forças convencionais.
"A implicação
adicional é que quando os europeus entenderem que não podem enfrentar os exércitos russos
por conta própria, eles entenderão por conta própria que precisam fazer alguma
acomodação com os russos na segurança em toda a
Europa", disse Doctorow.
A Bloomberg
Economics calculou nesta
quinta-feira (13) que o apoio europeu independente à Ucrânia e o acúmulo de
seus próprios militares custariam
US$ 3,1 trilhões adicionais (cerca de R$ 17,8 trilhões),
incluindo: US$ 175 bilhões (mais de R$ 1 trilhão) para construir o Exército da
Ucrânia, US$ 30 bilhões (aproximadamente R$ 173 bilhões) para uma "força
de manutenção da paz" de 40.000 soldados e US$ 2,7 trilhões (quase R$ 15,6
trilhões) em gastos de defesa financiados por dívida pelos cinco maiores membros europeus da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em estoques de artilharia,
defesas aéreas e mísseis, além de implantações nas fronteiras orientais da
aliança.
¨
'Não
é prático': Trump considera retirar adesão da Ucrânia à OTAN da agenda
O presidente dos
EUA, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (12) que a adesão de Kiev à
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não é prática.
O chefe de Estado
norte-americano declarou que está "tudo bem" em fazer o movimento,
uma vez que não
enxerga praticidade e eficiência no ingresso do país europeu na aliança militar.
Trump também
destacou a posição da Rússia, há muito refratária à ideia.
O secretário de Defesa
dos EUA, Pete Hegseth,
disse mais cedo que Washington considera que a adesão não teria como prosperar
em nenhuma negociação com a Rússia.
Momento
crítico
Falando na 26ª
reunião do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, em Bruxelas, Hegseth afirmou
que o conflito ucraniano está em um "momento crítico", acrescentando
que o "derramamento
de sangue" deve acabar.
"Devemos
começar a reconhecer que retornar
às fronteiras da Ucrânia pré-2014 é um objetivo irrealista. Perseguir
esse objetivo ilusório só prolongará
a guerra e causará mais sofrimento", disse o chefe da Defesa
norte-americana.
¨ Chefe do Pentágono admite que EUA não
podem mais se concentrar na segurança europeia
O secretário de
Defesa dos EUA, Peter Hegseth, pediu aos países europeus que priorizem a
segurança de seu próprio continente, enquanto Washington aborda o que ele
acredita ser sua real preocupação: a influência geopolítica da China.
"Os
Estados Unidos continuam comprometidos com a aliança da Organização do Tratado
do Atlântico Norte [OTAN] e com a parceria de defesa com a Europa, ponto final.
Mas os Estados
Unidos não tolerarão mais um relacionamento desequilibrado que fomente a
dependência",
disse o chefe do Pentágono durante a reunião do grupo de contato de defesa da
Ucrânia, uma coalizão de cerca de 50 países que se reúnem periodicamente para
discutir as necessidades de segurança de Kiev.
"Aumentar seu comprometimento com sua
própria segurança é um
adiantamento para o futuro; um adiantamento", acrescentou.
Hegseth explicou
que Washington precisa priorizar
a segurança da fronteira e, ao mesmo tempo, confrontar a China.
De acordo com uma
declaração do Departamento de Defesa dos EUA, Hegseth disse que Pequim
representa uma "ameaça" aos interesses dos EUA na região do
Indo-Pacífico.
"À medida que
os Estados Unidos concentram sua atenção nessas ameaças, os aliados europeus
devem liderar pela frente", disse Hegseth.
"Apelamos a
cada um dos seus países para que intensifiquem a implementação dos compromissos
que assumiram e desafiamos seus países — e seus cidadãos — a redobrarem os seus esforços e a se
comprometerem novamente não só com as necessidades
imediatas de
segurança da Ucrânia, mas também com os objetivos de defesa e dissuasão a longo
prazo da Europa", acrescentou.
Apelando aos
membros do grupo de contato para "estarem
à altura da ocasião", Hegseth disse que os membros europeus da
OTAN devem
considerar a salvaguarda da segurança europeia como um "imperativo".
"Isso
significa doar mais munição e equipamento, alavancar vantagens comparativas,
expandir sua base industrial de
defesa e
conscientizar seus cidadãos sobre a ameaça que a Europa enfrenta", disse
Hegseth, acrescentando que concorda com a avaliação do presidente Donald Trump
de que as nações
da OTAN devem aumentar seus níveis de gastos com defesa de
2% de seu produto interno bruto (PIB) para 5%.
Fonte: BBC News
Mundo/Sputnik Brasil
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