terça-feira, 25 de junho de 2024

Os aliados incondicionais  de Putin

Sanções de países ocidentais e um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) limitaram muito a movimentação internacional do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Restam poucos países para onde ele pode ir sem temer ser preso.

Desde que conquistou um quinto mandato como presidente, em março, em eleições que não foram nem livres nem justas, o presidente russo fez cinco visitas internacionais: a Belarus, Uzbequistão, China, Coreia do Norte e agora ao Vietnã.

Ou seja, mesmo com o apoio à Rússia significando risco de sofrer sanções, Putin ainda pode contar com aliados firmes, apesar de eles não serem muitos.

<><> China

O principal parceiro comercial da Rússia, a China, anunciou uma parceria "sem limites" com a Rússia antes da invasão da Ucrânia e, depois desta, dobrou a aposta, pouco se importando com o impacto negativo que isso poderia ter sobre sua economia e imagem internacional.

A posição da China em relação à guerra na Ucrânia está longe de ser neutra. Seus esforços diplomáticos para convencer países a não participarem da recente cúpula de paz da Suíça sobre a Ucrânia – para a qual o país agressor não foi convidado – é apenas um exemplo disso. A própria China, claro, também não foi.

Ao longo do conflito, os chineses fizeram sua parte para manter a economia da Rússia funcionando, além de servirem como intermediários para produtos militares sancionados necessários para manter a máquina de guerra russa em funcionamento.

A China vê a Rússia como um parceiro estratégico para combater uma ordem mundial dominada pelos EUA e seus aliados. Putin visitou a China em maio deste ano, e o presidente Xi Jinping visitou a Rússia em 2023, quando deram um novo impulso as relações já calorosas.

<><> Coreia do Norte

A Coreia do Norte pode ser um dos países mais isolados do mundo, mas nada que a impeça de forjar uma firme aliança com a Rússia de Putin. Afinal, para o ditador Kim Jong-un, qualquer aliado é melhor do que nenhum aliado.

O líder russo e o norte-coreano fecharam esta semana uma parceria de defesa que consolida o que o Kim chamou de uma "poderosa aliança", incluindo a promessa de defesa mútua caso um dos países seja atacado.

A Rússia precisa de toda ajuda militar que puder obter na guerra da Ucrânia, e a Coreia do Norte, altamente militarizada, está pronta para fornecer armas sem fazer perguntas – países aliados a acusam de já ter feito isso, o que ambos os países negam.

A Coreia do Norte tem sido uma apoiadora sem restrições da Rússia na guerra contra a Ucrânia. Por exemplo quando as Nações Unidas votam resoluções contrárias às ações da Rússia na Ucrânia. A Coreia do Norte, ao contrário da China, sempre votou contra.

<><> Belarus

Belarus é o aliado mais próximo e devoto da Rússia – ao ponto de alguns especialistas preferirem tratá-lo como "estado fantoche", controlado por Putin. Seja como for, Belarus tem vários tratados e acordos com a Rússia, que é sua maior parceira econômica.

Belarus depende da Rússia em muitos níveis, desde a importação de petróleo e gás até subsídios econômicos.

Belarus também tem tropas e equipamentos militares russos estacionados em seu território e foi um dos locais de preparação para a invasão russa da Ucrânia, em 2022. O presidente Alexander Lukashenko, que já foi chamado de "o último ditador da Europa", permitiu que a Rússia instalasse armas nucleares no país.

<><> Irã

O Irã, assim como a Rússia, é alvo de fortes sanções internacionais dos países ocidentais. Nada mais natural que os dois países tenham uma forte aliança econômica e militar. De acordo com os serviços secretos dos Estados Unidos, a Rússia e o Irã intensificaram fortemente sua cooperação militar depois que a Rússia invadiu a Ucrânia.

O Irã forneceu à Rússia drones e munição, que são essenciais para a frente de batalha. Uma das raras visitas internacionais de Putin depois da invasão de 2022 foi ao Irã.

Após a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em maio, Putin enviou suas condolências e disse que o via como um parceiro confiável que deu uma enorme contribuição para a expansão das relações entre os dois países.

<><> Síria

A Síria é o bastião da Rússia no Oriente Médio, e o presidente Bashar al-Assad é um grande aliado de Putin. A Rússia estabeleceu uma presença militar regular no país, e o apoio militar russo foi decisivo para virar o jogo a favor de Assad na guerra civil da Síria.

Assad já disse que a guerra na Ucrânia é uma "correção na história e a restauração do equilíbrio que foi perdido no mundo após a dissolução da União Soviética".

A Síria, assim como Belarus e Coreia do Norte, votou contra as resoluções da ONU para que a Rússia interrompesse a invasão.

<><> Vietnã

O Vietnã e seu governo comunista são os mais recentes a estreitarem os laços com a Rússia. O país assinou um acordo de defesa estratégica com a Rússia durante a viagem de Putin pela Ásia, na qual ele tentou ampliar o alcance internacional da Rússia e discutiu comércio, defesa e a guerra na Ucrânia.

O Vietnã se esquivou de condenar a agressão russa na Ucrânia. Durante a visita, o presidente To Lam parabenizou Putin por sua reeleição em março e o elogiou por ter alcançado "estabilidade política interna".

Putin disse que o fortalecimento de uma parceria estratégica com o Vietnã era uma das prioridades da Rússia.

 

¨      Como a Coreia do Norte está apoiando a Rússia na Ucrânia

Há décadas a Rússia e a Coreia do Norte não estiveram tão próximas quanto agora, no momento da visita do presidente russo, Vladimir Putin, a Pyongyang – a primeira em 24 anos.

Nesta quarta-feira (19/06), os dois países anunciaram um novo pacto de defesa que prevê, segundo Putin, a "assistência mútua em caso de agressão contra uma das partes".

O anúncio vem após relatos – negados pelas duas partes – de que a Coreia do Norte estaria abastecendo Moscou com projéteis e – segundo fontes ucranianas e americanas – mísseis balísticos para uso na Ucrânia em troca de apoio com tecnologias militares e de satélite.

Se os relatos forem de fato verdadeiros, isso significaria que a Rússia está violando o embargo imposto pela Organização das Nações Unidas à Coreia do Norte que proíbe a importação e exportação de armas norte-coreanas, e que durante anos a própria Rússia ajudou a manter.

aproximação com Pyongyang foi explicitamente apresentada por Putin como reação ao apoio cada vez maior do Ocidente à Ucrânia, com a entrega de armas de longo alcance e caças F-16 para uso em ataques ao território russo. É por isso que, segundo Putin, a Rússia "não descarta o desenvolvimento de cooperação técnico-militar com a República Popular Democrática da Coreia".

<><> Coreia do Sul diz que Pyongyang pode ter entregado quase 5 milhões de projéteis

Na semana passada, o ministro de Defesa sul-coreano, Shin Wonsik, disse que seu país havia descoberto até 10 mil navios viajando da Coreia do Norte em direção à Rússia, carregando até 4,8 milhões de projéteis e artefatos explosivos. Já um relatório da inteligência americana falava em "pelo menos 3 milhões".

À agência de notícias Bloomberg, Wosnik afirmou que Putin provavelmente usaria sua visita a Pyongyang para pedir mais armas.

Se confirmadas, essas entregas seriam uma grande vantagem para a Rússia em sua guerra contra a Ucrânia, já que as suas tropas também têm se queixado de falta de armamentos. Também superariam, em muito, as entregas da União Europeia a Kiev: o bloco, segundo o especialista militar austríaco Wolfgang Richter, não conseguiu cumprir sua própria meta de enviar um milhão de projéteis em um ano.

"Apenas cerca da metade [500 mil] foi entregue. O resto deve vir até o final deste ano", diz Richter à redação russa da DW. O especialistas estima que a Rússia tenha recebido cinco vezes mais que isso da Coreia do Norte. "Isso pode não ser decisivo, mas é um suprimento significativo", pondera.

<><> Tropas russas já estariam usando mísseis norte-coreanos

Em janeiro, os Estados Unidos acusaram Moscou de atacar alvos na Ucrânia com mísseis balísticos de curto alcance fornecidos pela Coreia do Norte. As armas disparadas pela Rússia têm um alcance de cerca de 900 quilômetros, segundo o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. Ele não detalhou os tipos de mísseis usados, mas um gráfico distribuído pelo governo americano citava mísseis balísticos de curto alcance KN-23 e KN-25.

Os ucranianos, posteriormente, disseram ter examinado restos de mais de 20 mísseis norte-coreanos disparados contra seu território, corroborando as alegações.

No mês passado, a Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA) liberou um relatório contendo o que eles dizem ser evidências fotográficas de mísseis norte-coreanos caídos em território ucraniano.

Richter, porém, é menos assertivo. Para ele, não está claro se os norte-coreanos realmente forneceram mísseis à Rússia, embora seja "possível imaginar" que alguns de seus sistemas de mísseis mais antigos tenham ido parar na Ucrânia.

<><> Pyongyang ainda está presa à rivalidade com Seul

Segundo Richter, os norte-coreanos estão "especialmente interessados em desenvolver novos sistemas avançados e se beneficiar da tecnologia de mísseis russa".

Mas Pyongyang, pondera ele, também tem tomado o cuidado de "não esgotar completamente seus estoques em favor da Rússia", para o caso de um conflito na Península Coreana – cenário cogitado diante das atuais tensões com a Coreia do Sul, o Japão e os EUA. "Os norte-coreanos também precisam manter o equilíbrio, pois seus estoques também não são infinitos", ressalta.

<><> Uma boa oportunidade para Putin de se promover

Com a Rússia também expandindo sua produção militar dentro de casa, é difícil quantificar o impacto exato das armas norte-coreanas. Fato é que, nos últimos meses, as tropas de Moscou parecem estar no ataque na linha de frente, neutralizando lentamente a defesa ucraniana.

Também há relatos de que a Coreia do Norte estaria ajudando o esforço de guerra russo em outras frentes, enviando trabalhadores à Rússia e a regiões da Ucrânia ocupada para substituir aqueles que foram convocados pelo Exército.

Ao mesmo tempo, o apoio do regime norte-coreano também é diplomático. A invasão da Ucrânia tem sido apoiada abertamente por Pyongyang desde o início da guerra. Depois da própria Rússia e da Síria, ela foi o terceiro país a reconhecer a independência das regiões ucranianas separatistas de Donetsk e Lugansk, em julho de 2022.

Pyongyang também é um dos poucos atores internacionais ainda dispostos a organizar uma grande sessão de fotos para Putin – um gesto simbólico importante para uma Moscou empenhada em romper seu isolamento internacional.

<><> Como a aproximação entre Rùssia e Coreia do Norte afeta relação com a China

A lealdade de Kim Jong-un a Putin parece estar valendo a pena. Não só a Rússia se comprometeu a defender a Coreia do Norte em caso de "agressão", como também deve fornecer energia e tecnologia para melhorar a economia e o arsenal de defesa do país.

Com isso, Pyongyang agora coopera militarmente mais estreitamente com Moscou do que com Pequim, seu aliado e protetor tradicional.

Para analistas, o apoio russo já tornou Kim mais ousado diante das tensões crescentes com a Coreia do Sul. "Podemos ver claramente uma mudança no comportamento recente da Coreia do Norte, que se tornou mais agressiva", afirma Hyun Seung-soo, especialista em relações russo-norte-coreanas do Instituto para Unificação Nacional, em Seul.

"Eu concordo totalmente que Kim está mais perigoso agora porque ele está confiante que ele tem na Rússia uma grande e poderosa amigo", opina Hyun. "Ele poderia ver isso como uma chance de agir militarmente contra a Coreia do Sul. Esse comportamento rude recente é bem perigoso."

A aproximação com a Rússia, porém, pode custar a Kim alguns pontos com a China, que teme uma maior presença americana na região em resposta a um aumento do arsenal nuclear norte-coreano. Segundo Hyun, num cenário desses Pequim deve enviar um sinal a Moscou para que não viole o regime de não proliferação de armas nucleares. "Não tenho certeza de que a China está muito contente com esses acontecimentos."

 

¨      Os EUA e a Europa trabalham há muito tempo para distanciar a Sérvia da Rússia, diz mídia

Os Estados Unidos e a Europa vêm trabalhando há muito tempo para distanciar o líder sérvio Aleksandar Vucic do presidente russo, Vladimir Putin, informou um jornal britânico.

"A Europa e os EUA trabalharam durante anos para distanciar Vucic de Putin", disse uma fonte diplomática ao Financial Times.

Segundo interlocutor do jornal, a figura chave neste processo foi o embaixador norte-americano na Sérvia, Christopher Hill, que chegou a Belgrado um mês após o início da operação militar especial russa na Ucrânia.

A fonte afirmou, segundo a mídia, que o único objetivo de Hill era supostamente "distanciar Belgrado de Moscou".

"Ele conseguiu. Vucic não se encontrou nem ligou para Putin por muitos anos", disse a fonte.

A Rússia continua uma operação militar especial na Ucrânia desde 24 de fevereiro de 2022, cujos objetivos, segundo o presidente russo, Vladimir Putin, são proteger a população de "um genocídio do regime de Kiev" e enfrentar os riscos à segurança nacional que representam o avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em direção ao leste.

Em dezembro do ano passado, Putin afirmou que a operação continuará até que a Rússia consiga a desnazificação, a desmilitarização e a neutralidade da Ucrânia.

 

Fonte: Deutsche Welle/Sputnik Brasil

 

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