Entenda o
que é dormir bem e quais são os malefícios da privação do sono
Saber
como dormir bem é também uma maneira de promover o bem-estar e cuidar da saúde,
uma vez que a falta de sono pode estar associada ao desenvolvimento de doenças
crônicas, conforme mostram estudos.
De
acordo com pesquisa divulgada em reportagem da CNN, pessoas que dormem por 5
horas ou menos têm maiores riscos de desenvolver doenças como diabetes,
Parkinson e AVC (Acidente Vascular Cerebral).
O
sono é um processo importante para o corpo, pois é durante esse período que o
organismo exerce funções específicas, como a retenção de memórias e a
recuperação de energia.
Práticas
diárias podem contribuir para uma melhor noite de sono, saiba quais são elas.
• Como dormir
bem? Veja 12 dicas para uma boa noite de sono
À
CNN Rádio, no Correspondente Médico, o cardiologista e presidente da Associação
Brasileira do Sono Luciano Drager explicou que “dormir bem é quando se tem
quantidade e qualidade com regularidade”, adequadas ao indivíduo.
Isso
pode ser determinado, segundo o médico, quando a pessoa não posterga a ida para
a cama, e não se distrai com televisão ou redes sociais.
“O
corpo diz que precisa dormir e a pessoa, ao acordar, tem o sentimento de estar
revigorada, pronta para atividades, esses são indicativos de que o número está
adequado.”, explica.
Ter
uma boa noite de sono é tão importante que a World Sleep Society (Sociedade
Mundial do Sono) criou uma data de conscientização sobre o assunto, celebrado
no dia 17 de março.
Anualmente,
a sociedade define uma temática para abordar sobre a importância de dormir bem.
Em 2023, a semana de conscientização teve como tema a frase “Sono é essencial
para a saúde”.
Para
alcançar essa qualidade do sono e contribuir para a saúde, existem algumas
dicas para dormir bem a noite que podem ajudar. Confira a seguir.
• Determinar
horários para dormir e acordar
Um
dos principais pontos para saber como dormir bem está relacionado aos horários
de sono. O ideal é definir um horário para dormir e para acordar, respeitando
as quantidades de horas necessárias para o corpo repor as energias.
A
média, para um adulto, é de 7 a 8 horas. No entanto, há outros fatores além das
horas dormidas, como se há ronco ou apneia, que são indicativos de distúrbios
de sono.
O
especialista Luciano Drager defende que a maior parte das pessoas que dorme 5
horas ou menos está com privação do sono, embora não seja uma regra única para
todo mundo.
• Ter uma
rotina durante a semana
Além
de respeitar os horários determinados para dormir e acordar, criar um “ritual”
noturno pode ajudar a manter as horas de sono em dia, pois reforça para a mente
que chegou a hora de adormecer.
Tomar
um banho quente, vestir roupas confortáveis e preparar o ambiente, por exemplo,
são ações que podem fazer parte dessa rotina.
Isso
ajuda a evitar o “catch up sleep”, conceito explicado por Luciano Drager, que
nada mais é do que tentar compensar a falta de horas dormidas na semana, por
exemplo, no sábado e domingo.
“Há
evidências de que isso não repõe ou reestrutura, em relação a quem dorme o
número certo de horas.”, apontou Drager.
• Evitar os
cochilos durante o dia
Como
dormir bem a noite toda se o corpo teve muitas horas de sono ao longo do dia?
Os cochilos diários podem interferir na rotina noturna.
Drager
destaca que apesar de “o mundo ideal ter um padrão regular de sono”, há
“benefícios metabólicos” de se dormir mais tempo quando possível.
“Dormir
não é perda de tempo, é fase fundamental para memória, imunidade, descanso da
musculatura, todos essenciais para a vida”, reforçou o cardiologista.
No
entanto, para quem tem algum distúrbio ou problemas para dormir, os cochilos
durante o dia podem prejudicar a hora do sono.
Os
excessos, como aquele cochilo após almoço que dura a tarde inteira, também não
são recomendados, pois podem interferir no ciclo circadiano.
• Organizar o
ambiente para uma boa noite de sono
É
importante ter um ambiente confortável e adequado para as noites de sono. Ou
seja, um espaço calmo, silencioso e livre de estímulos externos, como luzes e
sons muito altos.
Organizar
esse ambiente antes de dormir, arrumando também a roupa de cama, cobertores e
travesseiros, é uma forma de melhorar a qualidade do sono.
Procurar
um bom colchão e roupas de cama confortáveis, assim como evitar bagunça nesse
espaço, são outras maneiras de contribuir para um ambiente mais tranquilo e
adequado para uma boa noite de sono.
• Cuidar da
alimentação
Os
hábitos alimentares estão relacionados às dicas de como dormir bem, pois podem
interferir diretamente na qualidade do sono.
Manter
uma alimentação equilibrada ao longo do dia, com alimentos naturais, legumes,
frutas e verduras, é fundamental para a saúde e pode contribuir para uma noite
de sono mais tranquila.
No
período noturno, o ideal é evitar refeições pesadas, com alimentos muito
gordurosos, industrializados ou com alto nível de açúcar, por exemplo.
• Evitar o uso
de tecnologia antes de dormir
Uma
das principais dicas para dormir bem a noite é reduzir os estímulos luminosos,
o que inclui dispositivos tecnológicos, como smartphones, notebooks, tablets e
televisões.
Diminuir
a exposição à luz durante a noite é uma forma de avisar o cérebro que está na
hora de dormir. É a falta de iluminação que ativa a liberação da melatonina,
hormônio responsável por preparar o corpo para o sono.
• Praticar
exercícios físicos regularmente
A
prática de atividades físicas de maneira regular ajuda a dormir bem e acordar
bem, além de contribuir para a saúde do corpo e da mente de maneira geral.
Para
quem busca dicas de como dormir bem, esse é um hábito que pode ser inserido na
rotina diária.
O
ideal é praticar atividades no período da manhã ou da tarde, mantendo a noite
para o relaxamento do corpo.
• Evitar
bebidas com cafeína no período noturno
A
cafeína é uma substância estimulante e, portanto, tende a acelerar a atividade
do cérebro e do organismo.
Por
isso, bebidas que contenham cafeína podem prejudicar a hora do sono, trazendo
dificuldade para relaxar e dormir.
Em
entrevista à CNN, Rob M. van Dam, pesquisador em epidemiologia e nutrição da
Universidade Nacional de Singapura, explicou que existem recomendações sobre a
quantidade de cafeína ingerida diariamente.
“Em
geral, é recomendado por associações como a Food & Drug Administration
(FDA), dos Estados Unidos, mantermos a cafeína em 400 miligramas por dia ou
menos”, esclareceu o pesquisador.
“Se
você olhar para uma xícara normal de café, ela tem cerca de 100 miligramas de
cafeína, então deveríamos tomar até quatro xícaras de café por dia.”,
completou.
Além
do café, outras bebidas que devem ser evitadas por conter substâncias
estimulantes são:
• chá-mate ou
chá-preto;
• bebidas
alcoólicas;
• refrigerantes;
• energético.
Uma
alternativa é substituir essas bebidas por chás com ervas mais calmantes, como
camomila, erva doce ou cidreira, por exemplo.
• Reduzir
estímulos sonoros
Assim
como as luzes, os sons muito altos podem estimular o corpo ao invés de
proporcionar o relaxamento. Por isso, é indicado reduzir os estímulos sonoros
antes de dormir.
Músicas,
televisão ou smartphones com volume alto devem ser deixados de lado ou
desligados para promover a higiene do sono.
• Praticar
técnicas de relaxamento antes de dormir
Substituir
as atividades mais intensas por práticas relaxantes é uma maneira de estimular
o sono. Meditação, exercícios de respiração e yoga são algumas opções.
Ouvir
uma música mais lenta ou fazer uso da aromaterapia também são atividades que
podem proporcionar o relaxamento do corpo e da mente.
Por
outro lado, sons muito altos, exercícios físicos intensos e filmes ou leituras
com temáticas mais densas podem acelerar a atividade do cérebro.
• Encontrar a
posição mais confortável
Outra
dica sobre como dormir bem é em relação à posição do corpo na cama. Estar
confortável é importante para o relaxamento do organismo.
Diante
disso, buscar uma posição que mantenha os músculos relaxados, a coluna alinhada
e as costas bem apoiadas é o ideal.
Dormir
de bruços, por exemplo, exige maior esforço da caixa torácica para realizar os
movimentos respiratórios e pode causar desconforto, enquanto dormir de costas
ajuda a manter a coluna apoiada.
O
travesseiro também deve ser confortável e estar bem posicionado para
proporcionar o apoio adequado à cabeça e à coluna.
• Cuidar da
saúde mental
Além
de cuidar da saúde física, é importante promover uma assistência mental para
garantir o bem-estar e evitar transtornos que podem dificultar o sono, como a
insônia, a depressão e a ansiedade.
Incluir
atividades relaxantes na rotina, ter momentos de descanso e lazer, assim como
buscar ajuda psicológica quando necessário, são cuidados que promovem a saúde
mental.
• Quando um
tratamento para dormir bem é indicado?
Mais
de 70% da população brasileira sofre com alterações no sono, de acordo com
estudos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz.
Sem
saber o que fazer para dormir bem, muitas pessoas acabam recorrendo a
automedicação com substâncias vendidas sem receita, como o suplemento de
melatonina.
No
entanto, é fundamental consultar um médico para obter uma avaliação individual
e encontrar a melhor solução de acordo com as necessidades de cada organismo.
Em
geral, casos como insônia, apneia ou ronco e distúrbios do sono podem exigir
algum tipo de tratamento.
Para
saber quando procurar um médico, é importante estar atento a alguns fatores,
como:
• respiração
profunda ou roncos ao adormecer;
• sensação de
cansaço persistente ao longo do dia;
• dificuldade
para adormecer ou manter o sono durante a noite;
• dificuldade
para realizar atividades rotineiras em decorrência do cansaço.
Quando
as dicas sobre como dormir bem e a higiene do sono não são suficientes para
garantir uma boa noite, o ideal é buscar um especialista para investigar as
causas e iniciar tratamento adequado.
• Mais de 70%
dos brasileiros sofrem com alterações no sono, apontam estudos
Cerca
de 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios relacionados ao sono, entre eles, a
insônia, de acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A
dificuldade de iniciar o sono e mantê-lo de forma contínua durante a noite ou o
ato de despertar antes do horário desejado definem a insônia. A condição pode
estar relacionada a diversos fatores, como expectativas, problemas clínicos ou
emocionais, excitação associada a determinados eventos, entre outros.
A
privação de sono pode indicar alterações na saúde física ou mental. Enquanto
sintoma, a insônia pode estar associada a questões psiquiátricas, como
transtornos de humor, de ansiedade ou de personalidade. Em quadros mais
severos, pode ocorrer em torno de três vezes por semana e persistir por três
meses ou mais.
De
acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), nos casos crônicos, ela
costuma ter duração média de três anos, podendo estar presente entre 56% a 74%
dos pacientes no decorrer do ano, e em 46% deles de forma contínua, o que pode
implicar em riscos para o desenvolvimento de outras doenças.
“A
insônia ocorre por uma predisposição do indivíduo a perder o sono, a ter um
hiper alerta. A insônia é uma resposta anormal ao estresse, mas também pode
ocorrer junto com alguns transtornos psiquiátricos. O indivíduo que tem insônia
crônica tem uma chance muito maior de desenvolver hipertensão. Quando a insônia
é grave, de forma que a pessoa não consiga ter o mínimo de horas de sono
durante a noite, isso também pode resultar em alterações metabólicas, que podem
até predispor para o aumento de peso e diabetes”, explica Dalva Poyares, médica
especialista pela Sociedade Americana de Medicina do Sono e Associação
Brasileira do Sono, em comunicado.
Ainda
segundo a ABS, fatores como idade, sexo e condição socioeconômica são
determinantes na identificação da população que sofre com a insônia. O problema
é mais comum entre as mulheres e é possível que haja influência hormonal nesse
padrão, uma vez que os índices de insônia começam a aumentar nas mulheres – em
relação aos homens – a partir da puberdade.
Também
é mais comum que a insônia seja diagnosticada em idosos, o que pode ser
potencializado pelo fato desse grupo etário ter o sono mais fragmentado e
apresentar mais comorbidades que interferem no funcionamento noturno e diurno.
Além
disso, a insônia é mais prevalente na população de menor poder socioeconômico,
entre desempregados e aposentados e entre os que perderam cônjuges. Nestes
casos não é raro que os pacientes sejam identificados com outros transtornos
psiquiátricos e a insônia se apresenta como sintoma secundário de outra
condição.
Conforme
a 3ª edição da Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (ICSD), o
diagnóstico para o Transtorno de Insônia Crônica passa a ser definido a partir
dos seguintes sintomas:
• Dificuldade
em iniciar o sono;
• dificuldade
em manter o sono;
• despertar
antes do desejado;
• resistência
em ir para a cama no horário apropriado;
• dificuldade
para dormir sem a intervenção dos pais ou cuidadores.
Os
sintomas característicos da insônia são acompanhados de fadiga; déficit de
atenção, concentração ou memória; prejuízo do convívio social, familiar,
ocupacional ou acadêmico; alteração do humor ou irritabilidade; sonolência
diurna; alterações comportamentais – coni hiperatividade, impulsividade,
agressividade; perda de motivação; propensão para acidentes e erros e
preocupação ou insatisfação com o sono.
O
transtorno só pode ser diagnosticado como insônia crônica se os sintomas não
forem associados a outro transtorno de sono, transtorno mental, uso de
medicação ou substância ou outra condição médica.
Fonte:
CNN Brasil
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