segunda-feira, 24 de junho de 2024

Chegada do inverno pode agravar picos de hipertensão; entenda

A chegada do inverno na última quinta-feira (20) traz consigo uma preocupação extra com a saúde. Isso porque, os casos de infarto aumentam em até 30% em temperaturas abaixo de 14°C, segundo o Instituto Nacional de Cardiologia.

Os casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) também crescem em 20% nesta época do ano. Pacientes com idades entre 75 e 84 anos e aqueles que já possuem doenças relacionadas ao coração são os mais vulneráveis às baixas temperaturas.

·        Por que isso acontece?

A explicação está em um processo natural do corpo. A queda na temperatura provoca a contração dos vasos sanguíneos para compensar a perda de calor. Essa contração, no entanto, pode levar a picos de hipertensão, a popular pressão alta, sobrecarregando o coração e, consequentemente, aumentando as chances de doenças.

“Com as baixas temperaturas, ocorre uma vasoconstrição, que pode levar à elevação da pressão arterial e da frequência cardíaca, e, consequentemente, aumentar o trabalho do músculo cardíaco. Além disso, ocorre aumento dos níveis de cortisol no sangue e alterações da coagulação, que, juntos, favorecem a formação de coágulos que podem entupir as artérias”, explica Marcelo Franken, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo o especialista, o aumento de infecções respiratórias, que se tornam mais frequentes nesta época, também é um fator que contribui para a maior incidência de doenças cardíacas no inverno.

<><> Outros fatores que também contribuem para o aumento do risco de hipertensão no inverno são:

  • Desidratação: no frio, sentimos menos sede e tendemos a beber menos água, o que pode levar à desidratação. Isso faz com que o sangue fique mais espesso, dificultando a circulação e aumentando a pressão arterial;
  • Alimentação: sopas, caldos e pratos típicos do inverno geralmente são mais gordurosos e salgados, o que também pode contribuir para quadros de hipertensão;
  • Sedentarismo: com o frio, a tendência é as pessoas ficarem mais em casa e deixarem as atividades físicas de lado, prejudicando a saúde cardiovascular e aumentando o risco de hipertensão.

<><> Grupos mais afetados

Idosos, pessoas com doenças cardíacas pré-existentes e aqueles que apresentam fatores de risco como hipertensão, diabetes e tabagismo são os principais afetados e devem ter cuidados redobrados nessa época do ano.

“Os idosos e pessoas com muitas comorbidades são a população mais vulnerável por possuírem menor reserva funcional e muitos de seus órgãos como os rins, fígado e vasos sanguíneos não funcionam adequadamente”, diz Diego Gaia, coordenador do setor de cardiologia do Hospital Santa Catarina Paulista.

<><> Dicas para proteger a saúde no inverno

  • Manter uma alimentação saudável e equilibrada;
  • Praticar atividade física regularmente;
  • Evitar a exposição excessiva ao frio;
  • Monitorar a pressão arterial; e
  • Pessoas com doenças cardíacas e outras comorbidades devem seguir as orientações médicas, incluindo medicações e acompanhamento regular.

 

¨      Tratar doença mental reduz o risco de hospitalização em paciente cardíaco

Tratar a ansiedade e a depressão diminui a necessidade de visitas ao hospital e internações em pacientes com doenças cardiovasculares, mostra um novo estudo publicado no Journal of the American Heart Association. Segundo os autores, vinculados à Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, embora haja muitas pesquisas sobre o tema, ainda existem poucas evidências de que cuidar da saúde mental possa, de fato, causar mudanças no desfecho desses pacientes.

Para analisar essa relação, o trabalho avaliou 1.563 adultos com idades entre 21 e 64 anos, participantes do programa Medicaid de Ohio, que foram acompanhados ao longo de três anos. Todos haviam passado por uma hospitalização em decorrência de obstruções nas artérias ou de insuficiência cardíaca. Cerca de 92% haviam sido diagnosticados com ansiedade e 55,5%, com depressão.

Ao fim do período, os resultados mostraram que aqueles que passaram por um tratamento com psicoterapia associado ao uso de medicamentos tiveram um risco entre 68% e 75% menor de ficar internado novamente, além de uma queda de até 74% no risco de passar pelo pronto-socorro outra vez. A probabilidade de morrer por qualquer causa caiu 67%. O impacto foi de cerca de 50% para aqueles que fizeram somente o acompanhamento psicoterápico ou apenas tomaram remédios.

“A saúde mental e a do coração estão intimamente conectadas”, diz o cardiologista Humberto Graner, do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia. Segundo o especialista, a relação entre esses transtornos e os desfechos clínicos em doenças cardiovasculares tem sido o foco de vários estudos ao longo dos anos e já está bem estabelecida.

“Ela pode ser explicada de várias maneiras. Quando estamos estressados, ansiosos ou deprimidos, nosso corpo reage como se estivesse enfrentando uma ameaça, o que é conhecido como ‘resposta ao estresse’. Nessa situação, há a liberação de hormônios, como o cortisol e a adrenalina, que aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca, o que pode sobrecarregar o organismo a longo prazo”, explica.

“Além disso, o estresse crônico e a depressão podem causar inflamação, que é uma resposta natural a lesões e infecções. Mas, quando se torna constante, a inflamação pode danificar os vasos sanguíneos e levar à formação de placas que bloqueiam as artérias, aumentando o risco de ataques cardíacos e derrames.”

Graner lembra ainda que há o fator “estilo de vida”, já que esses pacientes muitas vezes têm mais dificuldade em manter hábitos saudáveis. “Podem ter menos energia para se exercitar, fumar mais e fazer escolhas alimentares menos saudáveis. Todos esses fatores aumentam o risco de doenças cardíacas.”

Segundo os autores do estudo, os resultados devem servir para reforçar a necessidade de rastrear problemas de saúde mental nesses pacientes e promover intervenções para reduzir o risco de complicações.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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