quarta-feira, 19 de junho de 2024

6 tipos diferentes de depressão são descobertos em novo estudo

Um novo estudo, publicado na segunda-feira (17) na revista Nature Medicine, classificou a depressão em seis tipos biológicos (ou “biotipos”) a partir de imagens cerebrais combinadas com aprendizado de máquina. A descoberta pode ajudar a definir os melhores tratamentos para a condição no futuro.

trabalho foi realizado visando descobrir como médicos e especialistas em saúde mental podem ser mais certeiros no tratamento da depressão com seus pacientes. Cerca de 30% das pessoas com depressão têm uma condição chamada “depressão resistente ao tratamento”, o que significa que diferentes tipos de medicamentos ou terapias não foram capazes de melhorar os sintomas do transtorno.

Segundo os pesquisadores, isso acontece, em parte, porque ainda não há uma forma eficiente para saber qual antidepressivo ou tipo de terapia poderia ajudar um paciente de forma individualizada. Os medicamentos costumam ser prescritos por meio de um método de “tentativa e erro” e, por isso, pode levar meses ou anos para encontrar um medicamento que funcione totalmente.

“O objetivo do nosso trabalho é descobrir como podemos acertar na primeira vez”, afirma Leanne Williams, diretora do Centro de Saúde Mental e Bem-Estar da Stanford Medicine, nos Estados Unidos, em comunicado à imprensa. “É muito frustrante estar no campo da depressão e não ter uma alternativa melhor para esta abordagem única.”

Para realizar o estudo, os pesquisadores avaliaram 801 pacientes que foram previamente diagnosticados com depressão ou ansiedade, utilizando exames de imagem realizados por ressonância magnética funcional (ou fMRI) para medir a atividade cerebral. Eles examinaram o cérebro dos participantes em repouso e quando estavam envolvidos em diferentes tarefas destinadas a testar o funcionamento cognitivo e emocional.

Em seguida, os pesquisadores utilizaram uma abordagem de aprendizado de máquina chamada “análise de cluster” para agrupar as imagens cerebrais dos pacientes. A partir disso, foi possível identificar seis padrões distintos de atividade nas regiões cerebrais analisadas.

·        Diferentes tratamentos para cada tipo de depressão

Após identificarem os diferentes biotipos de depressão, os cientistas designaram aleatoriamente 250 participantes do estudo para receberem um dos três antidepressivos mais comumente usados no tratamento. Pacientes que apresentaram um padrão da doença caracterizado por hiperatividade nas regiões cognitivas do cérebro experimentaram a melhor resposta ao antidepressivo venlafaxina (popularmente conhecido como Effexor), em comparação com outros biotipos.

Já as pessoas que apresentavam um padrão cujos cérebros em repouso tinham níveis mais elevados de atividade entre três regiões associadas à depressão e à resolução de problemas conseguiram atingir um maior alívio dos sintomas com a psicoterapia comportamental.

Por fim, aqueles com um terceiro subtipo, caracterizado por níveis mais baixos de atividade em repouso no circuito cerebral que controla a atenção, tinham menor probabilidade de melhoria nos sintomas com a psicoterapia em comparação com aqueles com outros padrões de depressão.

Segundo Jun Ma, professor de medicina da Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo, o tipo de terapia utilizada no estudo ensina aos pacientes habilidades para lidar melhor com as questões diárias, de modo que quem tem altos níveis de atividade nessas regiões do cérebro podem adotar mais prontamente essas novas habilidades.

Já aqueles com menor atividade cerebral associada à atenção e ao envolvimento, é possível que o tratamento farmacêutico possa ajudar esses pacientes a obterem mais benefícios com a psicoterapia.

“Até onde sabemos, esta é a primeira vez que conseguimos demonstrar que a depressão pode ser explicada por diferentes perturbações no funcionamento do cérebro”, explica Williams. “Em essência, é uma demonstração de uma abordagem de medicina personalizada para a saúde mental baseada em medidas objetivas da função cerebral.”

·        Diferenças nos sintomas

O estudo também descobriu que os diferentes tipos de depressão se correlacionam com diferenças nos sintomas e no desempenho de tarefas. Aqueles com regiões cognitivas hiperativas no cérebro possuem mais dificuldade de sentir prazer do que o restante dos participantes. Eles também tiveram pior desempenham em tarefas de funções executivas.

Já o subtipo que respondeu melhor à psicoterapia cometeram mais erros nas tarefas de funções executivas, mas tiveram um bom desempenho em tarefas cognitivas.

Por outro lado, um dos seis tipos encontrados no estudo não mostrou diferenças perceptíveis na atividade cerebral nas regiões fotografadas em relação à atividade de pessoas sem depressão.

Agora, a equipe de pesquisadores está expandindo o estudo de imagem para incluir mais participantes e testar mais opções de tratamentos para todos os seis biotipos de depressão, incluindo medicamentos não usados tradicionalmente para a doença.

“Para realmente avançar no campo em direção à psiquiatria de precisão, precisamos identificar os tratamentos com maior probabilidade de serem eficazes para os pacientes e colocá-los nesse tratamento o mais rápido possível”, afirma Ma. “Ter informações sobre a função cerebral, em particular as assinaturas validadas que avaliamos neste estudo, ajudaria a informar tratamentos e prescrições mais precisos para os indivíduos”, finaliza.

 

¨      Alto nível de açúcar no sangue pode elevar risco de depressão e ansiedade

Altos níveis de açúcar e de triglicerídeos no sangue podem estar relacionados a um risco maior de ansiedade, depressão e transtornos relacionados ao estresse, segundo um novo estudo publicado no JAMA Network Open no início deste mês.

Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram dados de mais de 211 mil participantes. Eles descobriram que níveis mais elevados de açúcar e triglicerídeos, um tipo de gordura, no sangue estava associado a um risco aumentado de transtornos mentais 20 anos antes do diagnóstico psiquiátrico.

Por outro lado, a pesquisa mostrou que quem tinha níveis elevados de “colesterol bom” (HDL) no sangue apresenta menor risco de desenvolver doenças psiquiátricas, como depressão e ansiedade.

<><> Como o estudo foi feito?

Os pesquisadores analisaram os dados de 211.200 participantes da coorte Swedish Apolipoprotein-Related Mortality Risk (AMORIS), que foram submetidos a exames de saúde ocupacional entre 1º de janeiro de 1985 e 31 de dezembro de 1996, principalmente na região de Estocolmo, na Suécia. A análise atual foi feita entre 2022 e 2023.

Os participantes não apresentavam nenhum transtorno mental no início do estudo e tiveram pelo menos uma medição dos biomarcadores metabólicos dos quais os autores do estudo atual estavam analisando. A idade média dos participantes na primeira coleta de sangue era de 42 anos.

Os pesquisadores analisaram os níveis de açúcar no sangue e uma série de biomarcadores que medem componentes relacionados à gordura, incluindo colesterol total, o colesterol “ruim” (LDL), o colesterol “bom” e triglicerídeos.

A pesquisa acompanhou os participantes por uma média de 21 anos, observando o desenvolvimento da ansiedadedepressão e transtornos relacionados ao estresse, como transtorno de estresse agudo e transtorno de estresse pós-traumático. A análise contou com covariáveis como status socioeconômico, país de nascimento, idade e estado de jejum no momento da medição do sangue, além de gênero.

Durante o período de estudo, 16.256 participantes receberam o diagnóstico de depressão, ansiedade ou transtorno relacionado ao estresse. A idade média do diagnóstico foi de 60,5 anos. Cerca de 3 mil participantes foram diagnosticados com depressão e ansiedade, ao mesmo tempo.

De acordo com o estudo, níveis mais elevados de açúcar e triglicerídeos no sangue estava associado a um risco maior para todos os três transtornos mentais, enquanto os níveis elevados de colesterol “bom” estavam associados a uma diminuição nesse risco.

Os pesquisadores também descobriram que quem tinha ansiedade, depressão ou transtornos relacionados ao estresse tinham níveis elevados de triglicerídeos, colesterol total e açúcar no sangue durante os 20 anos anteriores ao diagnóstico psiquiátrico.

Apesar das descobertas, o estudo tem limitações, como ter sido realizado em uma população específica, o que significa que os resultados podem não ser generalizáveis para outras populações. Estudos futuros são necessários para confirmar os achados desta pesquisa.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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