O “rosto Ozempic” é real? Veja o que a
perda repentina de peso faz com seu corpo
Nos últimos meses, os
medicamentos Ozempic, Wegovy e outros no mesmo estilo, têm recebido grande
atenção por ajudarem as pessoas a perder quantidades significativas de peso
rapidamente. Ao perderem quilos e tamanhos de roupas, algumas pessoas notaram
mudanças surpreendentes em sua aparência, especialmente o que agora está sendo
chamado de “rosto Ozempic”.
Outra mudança
inesperada é conhecida como o “bumbum Ozempic”. Esses não são termos ou
diagnósticos médicos formais. Esses fenômenos, que se tornaram virais nas redes
sociais, foram associados à rápida perda de peso durante o uso desses
medicamentos agonistas do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (como Ozempic e
Wegovy).
As pessoas afetadas
podem ficar com o rosto magro, flácido e mais enrugado (devido à perda de
volume e de gordura facial) ou com o bumbum flácido e com uma aparência de pele
solta (devido à perda de gordura nesse local).
“Isso não é exclusivo
da Ozempic, de forma alguma – é uma consequência da perda de muito peso. Se
você fizer uma cirurgia bariátrica seu rosto também pode ficar dessa
forma", explica Lawrence Cheskin, professor e ex-presidente imediato de
nutrição e estudos alimentares da George Mason University e professor adjunto
de medicina da Johns Hopkins School of Medicine, nos Estados Unidos. “Não há
nenhuma perda de peso especial que ocorra no rosto. Ela é apenas mais
perceptível no rosto porque é um local que está sempre visível.”
O Ozempic e o Wegovy
são o mesmo medicamento: o semaglutide (um agonista do GLP-1), mas são comercializados de forma diferente.
Nos Estados Unidos, o FDA (U.S. Food and Drug Administration) aprovou o Ozempic
para tratar o diabetes tipo 2; o Wegovy é para perda de peso. Ambos exigem
prescrição médica.
“Esses medicamentos
são revolucionários porque são muito eficazes na perda de peso”, diz Cheskin.
De fato, a pesquisa constatou que, quando adultos com índice de massa corporal
de 30 ou mais tomavam uma injeção semanal de 2,4 miligramas de semaglutide e faziam
mudanças no estilo de vida, eles perdiam uma média de 15% do peso corporal ao
longo do tempo.
Mas aqui está o
problema: “Quando você perde peso rapidamente, é mais provável que sofra
consequências indesejáveis”, observa Cheskin.
• O que acontece com o corpo em caso de
perda rápida de peso
“Com qualquer tipo de
perda de peso, você perderá gordura visceral (ao redor dos órgãos abdominais),
gordura subcutânea (sob a pele) e músculos”, afirma Caroline M. Apovian,
especialista em medicina da obesidade e co-diretora do Center for Weight
Management and Wellness do Brigham and Women's Hospital, em Boston, também nos
Estados Unidos. “A gordura sai por toda parte. Há uma predisposição genética
para onde você vai perdê-la primeiro.”
Pesquisas mostram que
os fatores genéticos determinam até 60% de onde a gordura corporal é
distribuída, independentemente de a pessoa ter um peso normal ou carregar
quilos a mais.
E, como inúmeras
pessoas decepcionadas com dietas descobriram ao longo dos anos, não é possível
controlar onde o corpo elimina o excesso de gordura com intervenções para perda
de peso.
“Não podemos saber o
ponto de origem da perda de peso”, diz Robert Kushner, especialista em medicina
da obesidade e professor do departamento de medicina e educação médica da
Northwestern University Feinberg School of Medicine, em Chicago.
O local onde é
provável que você perca gordura subcutânea dependerá, pelo menos em parte, de
fatores genéticos e da qualidade da sua dieta do dia a dia. A boa notícia é
que, se você perder uma grande quantidade de peso, a gordura visceral ao redor
dos órgãos – incluindo o fígado, os rins e o coração – será reduzida, o que
pode ajudar esses órgãos a funcionar melhor, explica Apovian. “Não há dúvida:
você ficará metabolicamente mais saudável.”
Além disso, a
inflamação diminuirá nas articulações, acrescenta ela, assim como a pressão
exercida sobre elas. “Se você perder 5 quilos, é como se estivesse tirando 30
quilos das articulações”, comenta Cheskin. Além de aliviar o desgaste das
articulações, chegar a um peso mais leve pode melhorar a mobilidade da pessoa,
pois ela estará movimentando menos peso.
• O que acontece com o corpo em caso de
perda rápida de peso
A má notícia: perder
peso rapidamente está associado a uma perda de massa muscular, diz Kushner.
“Isso não é bom porque pode levar à fraqueza, fadiga e sarcopenia” – uma perda
gradual de massa muscular e força que ocorre normalmente com o envelhecimento.
O objetivo é evitar ou retardar essa queda o máximo possível, e é por isso que
a ingestão suficiente de proteínas e o treinamento de força regular são
essenciais durante a perda de peso.
Além disso, mudanças
na pele e queda de cabelo podem ocorrer com grandes reduções de peso. “Quanto
mais rápida for a perda de peso e quanto maior for o déficit calórico, mais o
corpo começa a desregular os sistemas que não são essenciais (para a sobrevivência)”,
explica Kushner. Isso pode levar a pausas na proliferação de células no cabelo,
nas unhas e na pele, resultando em perda de cabelo, unhas quebradiças e perda
de elasticidade na pele. Essas funções acabarão se recuperando, mas é provável
que leve tempo.
Enquanto isso, as
alterações faciais podem incluir a flacidez da pele, especialmente nas
têmporas, nas cavidades lacrimais e na linha da mandíbula, bem como rugas mais
proeminentes, observa Elizabeth O'Neill, residente de cirurgia plástica e
reconstrutiva do Rush University Medical Center, em Chicago. “As pessoas querem
perder gordura, mas não percebem que a gordura é o que nos faz parecer mais
jovens.”
Pesquisas descobriram
que as pessoas que perdem muito peso podem parecer até cinco anos mais velhas
em seus rostos do que seus pares com a mesma idade.
Por outro lado, “se
você perder peso lentamente, poderá evitar essas mudanças drásticas na pele e
no cabelo até certo ponto”, diz Cheskin. “Isso dá à sua pele mais tempo para se
adaptar e contrair.”
• Proteção contra mudanças indesejadas
Para evitar a perda
rápida de peso, os médicos podem prescrever uma dose menor desses medicamentos
como o Ozempic e aumentá-la lentamente, se necessário. “Se estiver tomando
esses medicamentos, você precisa estar sob os cuidados de um médico para
monitorar a dose e a taxa adequada de perda de peso”, afirma Kushner.
Outra opção pode ser
trocar de medicamento: “Se estiver perdendo peso muito rapidamente com o
Ozempic, você pode mudar para o Mounjaro (um medicamento que é uma combinação
de um agonista de GLP-1 e um polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose
já aprovado no Brasil pela Anvisa mas ainda não comercializado no país) ou
vice-versa", diz Cheskin. “As pessoas têm respostas diferentes a
medicamentos diferentes, mesmo que sejam da mesma classe.”
Além dos medicamentos,
é importante consumir uma dieta bem equilibrada, com muitas frutas e vegetais
ricos em nutrientes, laticínios com baixo teor de gordura, grãos integrais e
proteína magra, e beber bastante água para manter a pele e outros tecidos hidratados.
É melhor distribuir a ingestão de proteínas uniformemente ao longo do dia para
preservar a massa muscular durante a perda de peso, segundo pesquisas.
Para a manutenção dos
músculos durante a perda de peso, Apovian recomenda consumir de 1 a 1,5 gramas
de proteína por quilo de peso corporal. Para uma pessoa que pesa 60 quilos,
isso equivale a 73 a 109 gramas de proteína magra por dia.
Outra medida
obrigatória: praticar bastante atividade física, uma combinação de treinamento
de resistência ou musculação de duas a três vezes por semana para ajudá-lo a
manter a massa muscular; e exercícios aeróbicos regulares para o bem de sua
saúde cardiovascular e manutenção da perda de peso, explica Apovian.
Se, apesar de tomar
essas precauções, você acabar ficando com o “rosto Ozempic”, pode considerar a
possibilidade de fazer preenchimentos dérmicos injetáveis (como os feitos com
ácido hialurônico) para restaurar o volume do rosto que foi perdido com a redução
de peso. Os resultados desses procedimentos cosméticos não são permanentes, mas
podem ser repetidos, observa O'Neill.
A cirurgia plástica –
incluindo lifting facial, lifting de pescoço, lifting de sobrancelha e
procedimentos de contorno corporal, como abdominoplastia ou aumento de bumbum –
também pode ser uma opção no futuro. Mas os médicos querem que as pessoas
mantenham um peso estável por 12 a 18 meses antes de se submeterem a esses
procedimentos cirúrgicos, pois a perda ou recuperação de peso pode comprometer
os resultados.
• Metformina: o que é, para que serve e
como funciona para o diabetes?
A metformina é um
medicamento usado para tratar níveis elevados de açúcar no sangue causados por
um tipo de diabetes mellitus chamado diabetes tipo 2, como explica a Mayo
Clinic, uma organização sem fins lucrativos de pesquisa e educação médica dos
Estados Unidos.
O diabetes tipo 2 é
uma “condição na qual o corpo não usa a insulina normalmente e, portanto, não
consegue controlar a quantidade de açúcar no sangue”, conforme define o Medline
Plus, um serviço de informações produzido pela Biblioteca Nacional de Medicina
dos Estados Unidos (NLM).
A metformina pertence
a uma classe de medicamentos chamados biguanidas, explica a fonte, o que faz
com que, especificamente, ele ajude a controlar a quantidade de glicose
(açúcar) no sangue e a diminuir o quanto dessa substância o corpo absorve dos
alimentos. O medicamento ainda auxilia na redução da quantidade de glicose
produzida pelo fígado (a partir do glicogênio).
Além disso, a
metformina aumenta a resposta do corpo à insulina, uma substância que
naturalmente controla a quantidade de glicose no sangue.
• Quem pode tomar metformina?
De acordo com a Mayo
Clinic, é possível usar somente a metformina esse mesmo medicamento combinado a
um outro tipo de antidiabético (ou também com a própria insulina), com
indicação para tratar pessoas que sofrem com diabetes tipo 2.
Porém, a metformina
não é indicada aos pacientes com diabetes tipo 1, pois eles não conseguem
produzir insulina a partir da glândula pancreática.
É importante observar
que a quantidade de metformina que um paciente toma deve ser equilibrada e
levar em conta fatores como a prescrição exata feita pelo médico e o tipo de
alimentação que ele tem no dia a dia, e ainda se faz atividade física
regularmente.
Além disso, como
qualquer outro medicamento, seu uso deve ser prescrito por um profissional de
saúde, e as recomendações dos médicos devem ser rigorosamente seguidas durante
o uso.
Fonte: National Geographic Brasil
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