quarta-feira, 22 de maio de 2024

Luis Nassif: O desastre da Alvarez & Marsal, a consultoria contratada pela prefeitura de POA

O fracasso da Alvarez & Marsal na reconstrução de Nova Orleans, nos Estados Unidos, virou um caso clássico de capitalização em cima da destruição. Hoje há uma avaliação negativa unânime sobre o que consultoria fez na cidade americana.

E mesmo com um histórico controverso, a A&M é anunciada agora como parceria de Porto Alegre na reconstrução da capital após a tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

E o mais intrigante: não se sabe, ainda, a que custo para os cofres públicos.

As ações da Alvarez & Marsal na “reconstrução” de cidades inclui:

— demissões em massa – 7 mil funcionários da educação de Nova Orleans foram dispensados imediatamente após o furacão Katrina –, privatização de serviços públicos;

— priorização de interesses comerciais em detrimento dos investimentos sociais;

— marginalização das comunidades afroamericanas e pobres;

— falta de transparência e de prestação de contas;

— falta de comunicação com as comunidades locais, entre outros problemas que foram relatados pelo GGN.

Não à toa, três sistemas de inteligência artificial – o ChatGPT, o Gemini e o Camel – resumem assim a passagem da A&M por Nova Orleans:

<><> Do ChatGPT

Alvarez & Marsal foi uma empresa de consultoria contratada para auxiliar na reconstrução pós-furacão Katrina em Nova Orleans. Embora tenha havido alguns sucessos, houve também críticas e problemas associados à gestão e implementação de certos aspectos do processo de reconstrução:

1. Falta de transparência e participação comunitária: Críticos argumentam que o processo de reconstrução liderado pela Alvarez & Marsal carecia de transparência e participação significativa da comunidade. As decisões importantes muitas vezes eram tomadas sem a devida consulta ou envolvimento dos residentes locais, especialmente aqueles das comunidades mais afetadas.

2. Priorização de interesses comerciais em detrimento das necessidades locais: Houve preocupações de que a abordagem da Alvarez & Marsal estivesse muito voltada para interesses comerciais e desenvolvimento econômico em detrimento das necessidades imediatas e de longo prazo das comunidades locais, especialmente as mais pobres e marginalizadas.

3. Falta de atenção às questões sociais e de habitação: Alguns críticos apontaram que a reconstrução liderada pela Alvarez & Marsal falhou em abordar adequadamente questões sociais cruciais, como a falta de moradia e desigualdades raciais e econômicas. Muitas comunidades de baixa renda e minorias continuaram a enfrentar dificuldades significativas mesmo após os esforços de reconstrução.

4. Atrasos e despesas excessivas: Em alguns casos, os projetos de reconstrução supervisionados pela Alvarez & Marsal enfrentaram atrasos significativos e custos excessivos. Isso levou a críticas sobre a eficiência e eficácia da gestão desses projetos.

5. Falta de prestação de contas: Houve críticas à falta de prestação de contas e supervisão adequada dos fundos e recursos destinados à reconstrução. Alguns argumentaram que houve má gestão financeira e falta de transparência na utilização dos fundos de ajuda.

Embora a Alvarez & Marsal tenha desempenhado um papel significativo na reconstrução pós-Katrina, esses problemas e críticas destacam a complexidade e os desafios envolvidos na gestão de uma operação de reconstrução em larga escala após uma catástrofe natural.

<><> Do Gemini

### Algumas das principais problemáticas apontadas incluem:

Privatização de serviços públicos: A A&M pressionou pela privatização de diversos serviços públicos essenciais, como o sistema de educação e o transporte público. Essa medida gerou cortes de custos e demissões em massa, impactando negativamente a qualidade dos serviços e o acesso da população.

Falta de transparência: O processo de tomada de decisões pela A&M foi considerado pouco transparente, com pouca participação da comunidade local. Isso gerou desconfiança e ressentimento entre os moradores de Nova Orleans.

Foco na eficiência em detrimento da justiça social: A A&M priorizou a eficiência e a austeridade na gestão dos recursos, o que levou a decisões que marginalizaram grupos vulneráveis, como afro-americanos e pessoas de baixa renda.

Falta de experiência em gestão de desastres: A A&M não tinha experiência prévia em lidar com desastres da magnitude do Katrina, o que levou a erros e atrasos na resposta à crise.

Benefícios questionáveis: Há questionamentos sobre os reais benefícios da atuação da A&M para a população de Nova Orleans. Alguns argumentam que a empresa se beneficiou da tragédia, obtendo lucros através de contratos milionários, enquanto a cidade ainda luta para se recuperar completamente.

É importante ressaltar que estas são apenas algumas das críticas feitas à A&M. A empresa também defende suas ações, argumentando que tomou as decisões necessárias para garantir a rápida reconstrução da cidade e que sempre agiu com o melhor interesse da população.

O legado da A&M na reconstrução de Nova Orleans é complexo e controverso. É importante analisar as diferentes perspectivas e considerar os diversos fatores que influenciaram o processo de reconstrução antes de formular uma opinião definitiva.

<><> Camel

A Alvarez & Marsal foi contratada pelo governo dos Estados Unidos para auxiliar na reconstrução pós-furacão Katrina em 2005.

A empresa de consultoria focou principalmente em questões financeiras e de reestruturação, buscando cortar custos e otimizar processos.

Suas ações incluíram a redução de gastos públicos, privatização de serviços e demissões em massa de funcionários públicos.

No entanto, a abordagem da Alvarez & Marsal foi criticada por falta de transparência, falta de consideração pelas comunidades locais e impactos negativos na qualidade de vida dos residentes de New Orleans.

Os principais obstáculos enfrentados pela comunidade de New Orleans devido às ações da Alvarez & Marsal durante a reconstrução pós-furacão Katrina incluem:

1. Demissões em massa de funcionários públicos, resultando em perda de empregos e impacto nas famílias locais.

2. Privatização de serviços essenciais, levando a aumentos de preços e redução da qualidade dos serviços prestados.

3. Falta de transparência nas decisões financeiras e de reestruturação, gerando desconfiança e insatisfação na comunidade.

4. Redução de investimentos em infraestrutura e programas sociais, prejudicando a recuperação e o desenvolvimento sustentável da região.

5. Aumento das desigualdades socioeconômicas, com a concentração de benefícios em determinados grupos e a marginalização de outros.

Esses obstáculos contribuíram para prolongar o sofrimento e dificultar a reconstrução efetiva de New Orleans após o furacão Katrina.

A falta de consideração pelas comunidades locais por parte da Alvarez & Marsal teve um impacto significativo e negativo na reconstrução de New Orleans após o furacão Katrina.

Ao priorizar cortes de custos e reestruturação financeira sem levar em conta as necessidades e realidades locais, a empresa de consultoria falhou em entender a complexidade e a sensibilidade da situação pós-desastre.

Isso resultou em:

1. Decisões que não levaram em consideração a cultura, história e identidade das comunidades locais, causando alienação e ressentimento.

2. Redução de investimentos em programas sociais e infraestrutura essenciais para a recuperação das comunidades afetadas, prejudicando a qualidade de vida dos residentes.

3. Falta de diálogo e participação das comunidades locais nas decisões que impactavam diretamente em suas vidas, minando a confiança e a colaboração necessárias para uma reconstrução eficaz e sustentável.

Essa falta de consideração pelas comunidades locais contribuiu para a perpetuação dos desafios enfrentados por New Orleans após o furacão Katrina e dificultou o processo de reconstrução e recuperação da cidade.

As ações da Alvarez & Marsal durante a reconstrução pós-furacão Katrina tiveram um impacto significativo na confiança da população de New Orleans nas autoridades e nas empresas de consultoria.

A falta de transparência, a falta de consideração pelas comunidades locais e as decisões unilaterais tomadas pela empresa contribuíram para a deterioração da confiança dos residentes.

Isso resultou em:

1. Desconfiança nas autoridades locais e no governo dos Estados Unidos por terem contratado uma empresa cujas ações prejudicaram a comunidade em vez de ajudá-la.

2. Ceticismo em relação a futuras parcerias com empresas de consultoria, devido ao histórico negativo deixado pela Alvarez & Marsal.

3. Sentimento de abandono e negligência por parte das empresas contratadas para auxiliar na reconstrução, o que gerou ressentimento e descrença nas intenções por trás dessas parcerias.

Essa perda de confiança teve um impacto duradouro na relação entre a população de New Orleans, as autoridades e as empresas de consultoria, dificultando a colaboração e a eficácia de futuros esforços de reconstrução e recuperação.

 

•                                           Deputada do PT aciona Ministério Público questionando parceria do governo do RS com empresa Alvarez & Marsal

 

A deputada estadual Laura Sito (PT) acionou o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) para seja investigada a cooperação entre o governo gaúcho e a empresa estadunidense Alvarez & Marsal. 

O governo de Eduardo Leite (PSDB), seguindo a iniciativa tomada pouco antes pelo prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), anunciou uma parceria para que a consultora atue na reconstrução do estado, devastado pelas chuvas. 

Segundo informou à imprensa o secretário estadual extraordinário de apoio à reconstrução, Pedro Capeluppi, a Alvarez & Marsal deverá contribuir no mapeamento de moradias, escolas, hospitais e infraestrutura que precisarão ser refeitos. De acordo com o anúncio, a empresa trabalhará pelos próximos 30 dias “sem ônus”. 

Entre consultorias já vendidas pela Alvarez & Marsal para a gestão pública após catástrofes, estão os serviços prestados para o estado de Louisiana, nos Estados Unidos, depois da passagem do furacão Katrina. 

A gentrificação da região central e a privatização da educação pública na capital Nova Orleans, com a demissão de sete mil professores de escolas públicas, é um dos legados deste processo de reconstrução na cidade estadunidense.

Em documento protocolado neste domingo (19), Sito alega que a parceria entre os entes públicos e privados não consta no Diário Oficial. 

A deputada, que preside a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, questiona por qual motivo que, por estar prestando um serviço público, ainda que de forma não onerosa, a empresa não deve estar sujeita ao controle externo da administração pública.

“A Lei 14.133/2021, em seu art. 72, coloca o rol de documentos exigíveis para a contratação direta pela administração, em casos de inexigibilidade e de dispensa de licitação. Não conseguimos localizar essa documentação por parte da empresa, que já estaria atuando em solo gaúcho”, diz o documento entregue ao Ministério Público.

A deputada argumenta, ainda, que a única exceção para que contratações diretas não constem no Portal Nacional de Contratações Públicas no prazo de 10 dias, é quando se trata de urgência. “Porém, como desconhecemos o conteúdo do contrato e a prefeitura referiu ser para ‘reconstrução’, não se pressupõe a urgência, tendo em vista que sequer baixou a água das enchentes”, diz Laura Sito, no documento.

“Sabemos que são em momentos delicados como o que estamos vivendo que muitas empresas e instituições aproveitam para lucrar. São bilhões que estão sendo anunciados, por isso é preciso estarmos atentos. Queremos transparência”, afirmou Sito.

 

Fonte: Jornal GGN/Brasil de Fato

 

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