Igreja Bola de Neve: ex-membros acusam
igreja comandada por bolsonarista de estelionato em SC
A Igreja Bola de Neve
em Balneário Camboriú vem sendo alvo de diversas acusações por ex-fiéis nas
redes sociais nos últimos dias. As denúncias feitas pelos ex-membros da
congregação, Marcio Bieda Junior e Thiago Santana em seus perfis, rapidamente
se espalharam e apontam para diversas irregularidades e suspeitas por parte da
instituição.
Entre as principais,
está o desvio de recursos de doações feitas por membros da igreja para o
Instituto para Empreendedora (IPE), uma organização supostamente ligada à Bola
de Neve. Segundo os denunciantes, os recursos doados foram desviados para
beneficiar as famílias dos pastores Ana e Natanael.
“As pessoas que doaram
R$15.000, R$10.000, R$5.000 começaram a nos procurar denunciando que foram
enganadas pelos pastores”, disse Bieda. Uma matéria da Fórum já havia mostrado
outra acusação contra os líderes da igreja pelo ex-vocalista do Raimundos, Rodolfo
Abrantes, também em relação às doações.
O IPE funciona como
uma extensão do projeto Casa das Anas. É um abrigo para mulheres vítimas de
violência, mantido com verbas públicas da prefeitura e dirigido por uma pastora
da igreja. No entanto, os recursos foram usados na montagem do salão de beleza
dos filhos dos pastores, o Ipê Beauty, e não destinados para a instituição de
acolhimento às mulheres, de acordo com os ex-membros.
Além dessas acusações,
ex-fiéis da congregação ainda expõem novas irregularidades que configuram
possível exploração de trabalhadores, desvio de verbas e crimes trabalhistas,
visto que os trabalhadores das cantinas atuariam de forma voluntária. Até o momento,
os pastores da Bola de Neve em Balneário Camboriú não se manifestaram sobre as
denúncias. Marcio Bieda utilizou o Instagram para compartilhar as prints de
mensagens e desabafos de outros ex-membros, além de gravar uma live com Thiago
Santana em seu perfil.
Em outra publicação,
Bieda diz que “os pastores (Ana e Natanael) usam as cozinheiras da Casa das
Anas para que façam seus almoços diariamente e ainda alguém tem que levar no
apartamento deles, ainda comem coisas que as mulheres da casa não comem, ou
seja, nem o almoço é o mesmo”, acusa.
“Queremos ouvir o
posicionamento do Rina sobre isso. Queremos ouvir do líder deste ministério,
desta igreja”, afirmou ele. Ao término da live, Bieda e Santana disseram que
não contentarão com o silêncio. Eles exigiram um posicionamento oficial do
apóstolo Rina, fundador da Bola de Neve, e dos líderes da congregação local
sobre as denúncias apresentadas.
• Bolsonarista está entre os envolvidos no
estelionato
As denúncias emergem
durante a pré-campanha eleitoral do pastor Peeter Lee Grando (PL), auxiliar do
Bola de Neve e ainda pouco conhecido na política, que se lança como
pré-candidato a prefeito em Balneário Camboriú, pelo Partido Liberal. Ele
defende os dois líderes religiosos acusados e diz em nota que é “tudo
orquestrado”.
“Tudo muito articulado
no tempo e no conteúdo. Contudo não acredito que o objetivo dessas pessoas será
alcançado, pois pauto minha conduta pelos mais sólidos valores morais e éticos,
o que me deixa a consciência tranquila. Agora, conheço a idoneidade dos meus
pastores e da igreja que congrego há 20 anos. A tentativa de os atacarem para
me atingir é covarde e dá claros sinais da velha política que me posiciono
totalmente contra”, declara.
De acordo com
informações do Folha Gospel, o Ministério Público de Balneário Camboriú (MPSC)
abriu uma investigação para apurar denúncias de supostas irregularidades
envolvendo a igreja Bola de Neve nesta quinta-feira (23). Jean Michel Forest é
o promotor de moralidade administrativa em Balneário Camboriú, e declarou que
seu gabinete analisará as denúncias veiculadas na imprensa local.
• Rodolfo Abrantes e esposa denunciam
abuso após relato de ex-fiéis
Após 13 anos, o músico
Rodolfo Abrantes e sua esposa, Alexandra Abrantes, relataram experiências
abusivas que sofreram enquanto membros da Igreja Bola de Neve em Balneário
Camboriú, Santa Catarina. As denúncias foram feitas nas redes sociais na última
quarta-feira (22). Abrantes, que liderou a banda Raimundos até 2001, relatou
ter sido "cancelado" pela congregação, com suas músicas banidas dos
cultos.
Ele e Alexandra também
foram acusados de dívidas inexistentes e sofreram ataques psicológicos. A
polêmica surgiu após denúncias de ex-fiéis sobre desvio de recursos pela Igreja
Bola de Neve, nas redes sociais. As acusações dos internautas apontam para o desvio
de dízimos e outras doações para o benefício pessoal dos pastores.
A esposa de Rodolfo
fez o relato nos comentários de um dos acusadores: "Que vergonha dessa
Bola de Neve. Queria poder mencionar o ‘@’, mas estou bloqueada. Talvez esteja
bloqueada para não expôr (mais ainda) os abusos e manipulações que sofri quando
era ‘membra’". Ela continua: "Se tem UMA COISA QUE EU ME ARREPENDO
nessa vida, foi ter sido 'parte' da Bola de neve Balneário Camboriú".
Ela afirma que a
pastora local teria deixado "feridas na alma" que carrega até hoje:
"Pastora só por título, pois nunca cuidou de ninguém a não ser de si
mesma. As feridas não foram só em mim. E há 13 anos me desvinculei desse
sistema podre de manipulação e controle de pessoas. Que nada tem a ver com o
reino de Deus. Vergonha! É o que eu sinto, além de muito arrependimento.
Gostaria de pedir perdão, pra todas as pessoas, que diretamente ou
indiretamente eu influenciei a frequentar essa suposta igreja, que nada tem de
Cristo", disse.
Após o depoimento da
esposa, Rodolfo também apresentou sua versão dos fatos e declarou: "em
razão de não ter anunciado à época a nossa saída, muitas pessoas,
principalmente na nossa cidade, ainda acham que estamos lá. Eu e minha esposa
não temos conhecimento, nem compactuamos de absolutamente nada que tenha sido
feito por meio da liderança desde 2011, quando saímos".
Segundo ele, após a
esposa ter feito as denúncias de abuso, ele e sua família foram vítimas de
cancelamento dentro da comunidade. "Fomos cancelados por pastores que
tínhamos como amigos", relata Rodolfo. "Minha esposa foi chamada de
Jezabel pra baixo, fui acusado de uma dívida com o selo musical da igreja (o
que através de uma prestação de contas foi comprovado que eu não devia
nada),"
Ele acredita que essas
ações visavam silenciá-lo. "Tudo isso , talvez com o intuito de se
preservar e manter esse sistema funcionando. Fico muito triste com tudo que
está acontecendo pois, mais uma vez, homens em nome de Jesus, O representam
mal. Oro pelas pessoas que de alguma forma foram feridas", declarou.
O integrante da banda
Raimundos também conta por que não comentou o caso na época.
• “Unção da sacanagem”: O que era o ritual
praticado por pastor preso no DF
A Polícia Civil do
Distrito Federal prendeu nesta quarta-feira (22) um pastor evangélico que há
tempos vinha exigindo condutas sexuais de seus fiéis sob coação, alegando a
esses seguidores que era profeta e previa a morte de seus parentes num futuro
próximo, ocasião em que pedia para abusá-los sob a promessa de que impediria o
óbito dessas pessoas com seus poderes.
Sinval Ferreira, de 41
anos, muito popular nas redes sociais, onde acumula mais de 30 mil seguidores,
é uma figura bastante conhecida no universo dessas igrejas neopentecostais do
DF. Alvo da Operação Jeremias 23, numa referência bíblica que faz alusão aos
falsos profetas que se aproveitam das pessoas, o pastor acumulava dezenas de
denúncias por condutas sexuais inapropriadas, sempre com homens.
Apelidada jocosamente
de “unção da sacanagem”, o ritual realizado por Sinval, segundo as
investigações, era sempre repetitivo. Ele se aproximava de um fiel de sua
igreja, dizia que tinha tido uma visão e que nela um parente do alvo estaria
prestes a morrer, ou ainda, de ficar paraplégico. Diante de um seguidor
assustado, o clérigo dizia, então, que isso se resolveria fazendo um
procedimento que ele chamava de “sete unções”. A primeira delas era sempre
praticar masturbação e sexo oral nesse fiel, o que evoluía e invariavelmente
culminava em um ato sexual completo.
Na argumentação
apresentada por Sinval às vítimas, para que elas aceitassem seus pedidos nada
cristãos, o pastor insistia que “Deus” teria o incumbido de fazer a tal
“revelação” da morte iminente de seu parente, e que o próprio Todo-Poderoso o
ordenava que dissesse a esses fiéis como seriam as “sete unções” sexuais. Os
homens que foram induzidos a transar com o acusado disseram às autoridades que
o faziam por se sentirem desesperados e ameaçados.
Para além disso, a
Polícia Civil informou que durante as investigações também ficou configurado
que o pastor, assim como uma mulher, que seria pastora e de sua confiança,
ameaçava as vítimas que porventura se negassem a fazer sexo com o líder
evangélico, sempre por meio de supostos “castigos de Deus”. Essa mulher, cuja
identidade não foi revelada, também transava com fiéis homens da igreja, muitas
vezes na presença do pastor “profeta”.
Uma fiel contou aos
policiais que Sinval também exigia vultosas contribuições à igreja, usando a
mesma tática de coagir por meio de “castigos divinos” se a doação generosa não
fosse feita. Ela contou que chegou até emprestar uma pequena propriedade rural
para o pastor realizar uma orgia com vários rapazes da igreja e que comprou uma
passagem de avião para ele ir ao Rio de Janeiro.
Sinval está preso e,
segundo o delegado que chefiou a Operação Jeremias 23, responderá pelos crimes
de violação sexual mediante fraude e extorsão, o que pode render-lhe até 17
anos de cadeia.
• Marido de cantora gospel brasileira é
preso nos EUA acusado de molestar criança
A polícia da Flórida,
no Sul dos EUA, prendeu na terça-feira (21) o brasileiro Marcus Martin Grubert,
marido da afamada cantora gospel Heloísa Rosa, que tem quase meio milhão de
seguidores nas redes sociais e é uma das figuras mais conhecidas do público evangélico
no Brasil e na comunidade brasileira que vive em território norte-americano.
Ele é acusado de ter molestado uma menina então com cinco anos, filha de uma
assessora de sua esposa, no ano passado. Marcus é filho do conhecido pastor
evangélico brasileiro Irineo Grubert, fundador de um ministério que leva seu
nome, em Santa Catarina, que atua também como formador de novos clérigos,
escritor e conferencista.
O caso, que não é
novo, vinha sendo mantido sigilo e as investigações por parte das autoridades
estadunidenses seguiam de forma discreta, até que o perfil da Fundação Hope
& Justice Foundation, dirigida pela advogada Anna Paula Moreira
Alves-Lazaro, que luta pelo fim da impunidade em casos de tráfico humano,
contrabando de pessoas, violência doméstica e abuso e exploração sexual
infantil, com sede na Flórida, denunciou o episódio recentemente.
Com a grande
repercussão, a Justiça do estado norte-americano, a pedido da polícia local,
atendeu a um pedido de prisão e determinou a captura de Marcus, que já havia
prestado depoimento anteriormente num tribunal, assim como outras pessoas
arroladas no processo.
De acordo com a mãe da
criança, que à época do suposto crime trabalhava com Heloísa e tinha um contato
muito íntimo com ela e sua família, o mencionado abuso teria ocorrido quando a
filha dormiu um dia na casa da cantora gospel, pois a menina era muito amiga da
filha da artista, que tem quase a mesma idade. Ela deu entrevista nesta quarta
(22) ao programa Encontro, da TV Globo, esclarecendo o que teria se passado.
“Naquela noite, achei
que não teria problema [a menina dormir na casa da amiguinha]. Quando cheguei,
eu percebi que ela [a cantora Heloísa] estava bem tensa, nervosa. E daí fomos
embora... Ao chegar em casa, ela relatou para mim que algo de estranho havia
acontecido”, contou a mãe da criança.
A mulher, que não foi
identificada, e que não deu mais detalhes sobre o episódio pelo fato de tudo
estar sob sigilo de justiça nos EUA, relatou ainda que Heloísa teria se
prontificado a ajudar na denúncia contra o próprio marido, mas recuou após mais
de um mês, faltando ao depoimento que daria na polícia. Desde então ela sumiu e
jamais respondeu às tentativas de contato dela.
O portal Uol reporta
que conseguiu contato com o pai de Marcus, o pastor Irineo Grubert, que se
manifestou dizendo estar vivendo um drama familiar, e que seu filho provará na
Justiça que é inocente.
“Em primeiro lugar,
meu nome e honra não deveriam entrar em julgamento. Tenho 65 anos, 37 de
ministério sem manchas ou desvios de conduta. Meu filho Marcus está sendo
acusado de um crime ao qual se declara inocente. A sua prisão não é sua
condenação, mas uma prevenção da justiça para averiguação dos fatos
denunciados. Confiamos na justiça, pois a mesma dará a resposta de quem está
com a verdade... Por outro lado, é um momento muito triste e doloroso que
estamos passando como família. Pois, como homem público, sei que as denúncias
são colocadas em holofotes e a verdade sobre os fatos retratadas com letras
minúsculas. Como pastor e ser humano também não compactuo com nenhum tipo de
maldade contra um inocente ou crianças. Mas meu filho se diz inocente e provará
isto na justiça, que é o canal competente”, disse o pastor ao Uol.
Fonte: Fórum
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