Aumento da
inflação força países a abandonar o dólar dos EUA, alerta congressista
Os
países estão ficando cansados do dólar estadunidense e podem abandonar a moeda
devido à inflação, disse o congressista norte-americano Thomas Massie nesta
segunda-feira (20).
"O
mundo inteiro possui dólares, então quando desvalorizamos o dólar, não estamos
apenas taxando nosso próprio povo, estamos taxando o mundo inteiro", disse
Massie em uma entrevista com Glenn Beck.
"Todo
o mundo está ficando cansado de ser usado dessa maneira […] e quando eles
começarem a usar formas alternativas de dinheiro para fazer suas transações, ou
manter diferentes ativos em seus próprios fundos soberanos, então não seremos
capazes de aplicar esse truque em ninguém, exceto nos cidadãos dos EUA",
observou o congressista.
Na
semana passada, Massie apresentou projetos de lei para auditar e dissolver o
Sistema de Reserva Federal (Fed) que desempenha no país funções de Banco
Central, citando sua contribuição para a inflação. A Reserva Federal
desvalorizou o dólar e permitiu políticas monetárias que causaram alta
inflação, disse Massie.
A
legislação para acabar com a Reserva Federal conta agora com mais de 20
apoiadores na Câmara dos Representantes, concluiu o congressista.
Em
dezembro passado, o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, disse que a
Rússia e a China praticamente alcançaram a desdolarização completa de suas
transações bilaterais.
·
Federal Reserve:
sanções à Rússia e ao yuan chinês podem afetar dólar americano
As
sanções impostas à Rússia e aos esforços chineses no reforço do uso do yuan
podem afetar o uso internacional do dólar americano como reserva de valor.
É o
que disse nesta segunda-feira (20) o membro do conselho do Federal Reserve
(Fed), autoridade monetária estadunidense, Christopher Waller.
"O
aumento das tensões geopolíticas, as sanções contra a Rússia, os esforços da
China para reforçar a utilização do renminbi [yuan] e a fragmentação econômica
podem afetar a utilização internacional do dólar, mais visivelmente como
reserva de valor e refletida na sua utilização em reservas cambiais
oficiais", cravou Waller.
Os
fatores listados também podem ter um impacto no papel do dólar americano como
meio de troca, incluindo a sua utilização no comércio, na banca global e nas
transações cambiais, acrescentou o membro do Fed.
De
acordo com dados compilados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), quase 59%
das reservas cambiais globais são mantidas em dólares americanos, enquanto
quase 88% de todas as transações cambiais ocorrem em dólares americanos. Apenas
pouco mais de 2% das reservas cambiais globais estão em yuan.
¨
Arma econômica dos
EUA: chegou a hora de o Brasil criar seu próprio SWIFT?
Especialistas
na mídia ocidental ressaltaram nos últimos dias a resistência da economia russa
às sanções impostas pelo Ocidente. Um dos motivos para isso, ignoram os
jornais, é a criação de seu próprio operador de mensagens bancárias
internacionais: o SPFS.
Especialistas
ouvidos pela Sputnik Brasil destacaram o uso político do sistema de pagamentos
internacional SWIFT (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias
Internacionais, em tradução livre) e a importância de criar alternativas a esse
comunicador financeiro.
·
O que é o SWIFT?
Criado
em 1973 na Bélgica — onde ainda mantêm sua sede —, o SWIFT é um sistema de
comunicação usado por instituições financeiras, como bancos e operadoras de
crédito, para "enviar e receber informações sobre transações de maneira
segura e padronizada", explica Allan Alcântara, engenheiro de computação e
sócio-proprietário na FrankFox Informática.
"O
SWIFT é um sistema complexo que combina uma rede segura, centros de dados
globais e software padronizado para permitir que instituições financeiras
troquem informações de maneira segura e eficiente."
O
sistema foi adotado ao redor do mundo e funcionou bem durante alguns anos. No
entanto, em 2012 o primeiro uso político da ferramenta foi feito, aponta
Adriano Vilela, professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal
Fluminense (UFF).
"Desde
as sanções contra o Irã", disse o acadêmico, "o SWIFT vem sendo usado
como um instrumento político e econômico".
Contudo,
foi em 2022 que o SWIFT se viu frente a frente com um adversário à altura: a
Rússia.
Quando
as primeiras pressões para a exclusão da Rússia do SWIFT surgiram na Europa, em
2014, o país iniciou a criação de sua alternativa própria ao sistema de
comunicação financeira, o Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras
(SPFS, na sigla em inglês).
Com
o início da operação especial, o SPFS foi alçado de plano B para o principal
protocolo de informações usadas pelas instituições financeiras da Rússia.
Para
Vilela, isso reforça a importância do desenvolvimento do SPFS e de sistemas
similares, como o da China, que criou o Sistema de Pagamentos Interbancários
Transfronteiriços (CIPS, na sigla em inglês) em 2015.
"Porque
você não fica sujeito a sistemas que dependem de outros países, principalmente
países que tenham atitudes hostis contra você."
"Não
deixa de ser uma forma de ganhar mais espaço de atuação na economia
internacional", destaca o economista.
·
Chegou a hora de o Brasil criar seu SWIFT?
Durante
seus muitos anos de uso neutro, o SWIFT "facilita a troca de informações
financeiras entre bancos e instituições financeiras", diz Lucas Galvão,
CEO da Open Cybersecurity, especialista em proteção de dados e compliance
regulatório.
"Ele
possui sua própria infraestrutura física robusta e opera como uma rede privada
de comunicação financeira, garantindo segurança e padronização nas transações
internacionais", ressalta Alcântara.
Além
das versões russas e chinesas do SWIFT, há ainda a versão indiana (Sistema
Estruturado de Mensagens Financeiras, SFMS na sigla em inglês) e uma versão nos
estágios iniciais sendo debatida pelo BRICS, o BRICS Pay.
Para
que esses sistemas existam, tanto as alternativas que já existem quanto as que
estão sendo pensadas precisam garantir alguns requisitos básicos, afirmou
Alcântara.
"Criar
e operar um sistema de pagamentos global como o SWIFT é uma tarefa monumental
que exige um alto nível de segurança, escalabilidade, interoperabilidade,
conformidade regulatória e um grande investimento em infraestrutura e
desenvolvimento."
No
caso do BRICS Pay, diz Galvão, seria preciso ainda rodar o sistema "em
cima de uma infraestrutura física que seja acordada entre esse bloco
econômico". "Tem que se chegar a um consenso para definir onde esses
dados realmente vão ficar alocados do sistema fonte."
Por
conta desses esforços, diz Vilela, é muito mais fácil ter um único sistema onde
todas as instituições financeiras já estão do que manter vários separados.
"Isso reduz custo, tempo e aumenta a eficácia."
Entretanto,
sublinha o economista, "há o lado negativo de ter pouca concorrência e
eventualmente depender do gerenciamento desse sistema por outros países que
podem ser rivais geopolíticos".
Este
felizmente não é o caso do Brasil, atesta Vilela. "O Brasil é um país que
não tem nada no horizonte que indique algum tipo de sanção a ser imposta ao
país."
"O
Brasil tem essa característica de ser um país com boas relações econômicas e
políticas, mesmo com países que sejam rivais entre si. […] Isso é algo que o
Brasil não quer e nem pode abrir mão."
Para
o economista, mesmo que fique enquanto plano B, como foi o caso inicial do SPFS
e hoje é o do CIPS — a China não abandonou o SWIFT —, o custo para o Brasil
seria muito alto, ainda mais pensando que sanções "não estão no
horizonte".
"O
custo econômico, e até geopolítico, não é algo que se justifique."
¨
UE oficialmente aprova
lei para transformar lucros de ativos russos em ajuda militar à Ucrânia
Nesta
terça-feira (21), os Estados-membros da União Europeia aprovaram formalmente um
plano para usar os lucros dos ativos do Banco Central russo congelados na UE
para a defesa da Ucrânia.
Nos
termos do acordo, 90% das receitas vão para um fundo gerido pela UE para
financiamento militar ucraniano, sendo os outros 10% destinados a apoiar Kiev
de outras formas. A Ucrânia deverá receber a primeira parcela em julho, segundo
a Bloomberg.
"O
Conselho da UE aprovou hoje [21] uma série de atos jurídicos que garantem que o
lucro líquido recebido pelos depositários na UE provenientes de receitas de
emergência [de ativos russos congelados] será utilizado para maior apoio
militar à Ucrânia, bem como à sua potencial industrial de defesa e
reconstrução", indica o documento.
A
estratégia também foi confirmada pelo chanceler da República Tcheca, Jan
Lipavsky, em um post no X (antigo twitter), no qual informa que esta medida
proporcionará à Ucrânia até € 3 bilhões (R$ 16,6 bilhões) neste ano.
Aprovamos
na UE a utilização de receitas provenientes dos ativos congelados do Banco
Central da Rússia para ajudar a Ucrânia. Até 3 bilhões de euros só neste ano,
90% vão para os militares da Ucrânia. A Rússia deve pagar pelos danos de
guerra.
O
bloco europeu espera que os ativos gerem cerca de € 15 bilhões a € 20 bilhões
(R$ 83 bilhões a R$ 110 bilhões) em lucros até 2027.
Nesta
semana, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, está
pressionando outros países do G7 a chegarem a um acordo sobre um plano para
usar os lucros como garantia para apoiar um empréstimo ainda maior para ajudar
Kiev, relata a mídia.
Após
o início da operação russa na Ucrânia, os países da UE e do G7 congelaram quase
metade das reservas cambiais russas, no valor de cerca de € 300 bilhões (R$ 1,6
trilhão). Cerca de € 200 bilhões (R$ 1,1 bilhão) estão na Europa,
principalmente nas contas da Euroclear belga.
Moscou
afirmou que tomar tais decisões "seria mais um passo na violação de todas
as regras e normas do direito internacional". O Ministério das Relações
Exteriores da Rússia chamou o congelamento de ativos russos na Europa de
"roubo", observando que a UE tem como alvo não apenas os fundos de
particulares, mas também os ativos estatais russos.
¨
União Europeia quer
enviar para a Ucrânia US$ 2,2 bilhões de lucros dos ativos russos em julho
Após
os Estados-membros aprovarem formalmente o plano de uso dos lucros dos ativos
do Banco Central da Rússia congelados na região, a União Europeia (UE) anunciou
nesta terça-feira (21) que quer enviar para a defesa da Ucrânia cerca de US$
2,2 bilhões (R$ 11,2 bilhões) em recursos.
É o
que revelou a vice-presidente da Comissão Europeia, Vera Jourova, sobre a
proposta de confisco do valor bilionário que será encaminhado ao regime do
presidente Vladimir Zelensky. Mais cedo, os membros da UE deram o aval oficial
que permite o uso da receita com os lucros dos ativos russos soberanos
congelados desde o início da operação militar especial na Ucrânia.
"O
perpetrador tem que pagar e é uma decisão muito oportuna, que nos permitirá
pagar quase 2 bilhões de euros em pré-financiamento em julho até que os
desembolsos regulares possam começar ainda este ano", disse Jourova em uma
coletiva de imprensa.
A
vice-presidente da comissão acrescentou ainda que a UE trabalha sobre uma nova
rodada de sanções contra a Rússia e Belarus e que elas "devem ser adotadas
o mais rápido possível".
Ao
todo, estão congelados € 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão) de ativos do Banco
Central da Rússia em contas ocidentais, a maior parte na empresa belga
Euroclear. No último mês, o Congresso dos Estados Unidos também aprovou o
confisco dos valores para serem usados em assistência militar e financeira para
a Ucrânia.
Moscou
já afirmou que tomar tais decisões "seria mais um passo na violação de
todas as regras e normas do direito internacional". O Ministério das
Relações Exteriores da Rússia chamou o congelamento de ativos russos na Europa
de "roubo", observando que a UE tem como alvo não apenas os fundos de
particulares, mas também os ativos estatais russos.
O
Banco Central Europeu também chegou a alertar sobre riscos à reputação da moeda
europeia no longo prazo e a necessidade de "olhar além desse conflito
específico", buscando outras formas de financiamento do regime ucraniano.
·
Acordo prevê criação de fundo
O
acordo aprovado pela UE prevê que 90% das receitas vão para um fundo gerido
pelo bloco europeu para financiamento militar ucraniano, sendo os outros 10%
destinados a apoiar Kiev de outras formas.
"O
Conselho da UE aprovou hoje [21] uma série de atos jurídicos que garantem que o
lucro líquido recebido pelos depositários na UE provenientes de receitas de
emergência [de ativos russos congelados] será utilizado para maior apoio
militar à Ucrânia, bem como à sua potencial industrial de defesa e
reconstrução", indica o documento.
Fonte:
Sputnik Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário