quinta-feira, 23 de maio de 2024

Aumento da inflação força países a abandonar o dólar dos EUA, alerta congressista

Os países estão ficando cansados do dólar estadunidense e podem abandonar a moeda devido à inflação, disse o congressista norte-americano Thomas Massie nesta segunda-feira (20).

"O mundo inteiro possui dólares, então quando desvalorizamos o dólar, não estamos apenas taxando nosso próprio povo, estamos taxando o mundo inteiro", disse Massie em uma entrevista com Glenn Beck.

"Todo o mundo está ficando cansado de ser usado dessa maneira […] e quando eles começarem a usar formas alternativas de dinheiro para fazer suas transações, ou manter diferentes ativos em seus próprios fundos soberanos, então não seremos capazes de aplicar esse truque em ninguém, exceto nos cidadãos dos EUA", observou o congressista.

Na semana passada, Massie apresentou projetos de lei para auditar e dissolver o Sistema de Reserva Federal (Fed) que desempenha no país funções de Banco Central, citando sua contribuição para a inflação. A Reserva Federal desvalorizou o dólar e permitiu políticas monetárias que causaram alta inflação, disse Massie.

A legislação para acabar com a Reserva Federal conta agora com mais de 20 apoiadores na Câmara dos Representantes, concluiu o congressista.

Em dezembro passado, o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, disse que a Rússia e a China praticamente alcançaram a desdolarização completa de suas transações bilaterais.

·        Federal Reserve: sanções à Rússia e ao yuan chinês podem afetar dólar americano

As sanções impostas à Rússia e aos esforços chineses no reforço do uso do yuan podem afetar o uso internacional do dólar americano como reserva de valor.

É o que disse nesta segunda-feira (20) o membro do conselho do Federal Reserve (Fed), autoridade monetária estadunidense, Christopher Waller.

"O aumento das tensões geopolíticas, as sanções contra a Rússia, os esforços da China para reforçar a utilização do renminbi [yuan] e a fragmentação econômica podem afetar a utilização internacional do dólar, mais visivelmente como reserva de valor e refletida na sua utilização em reservas cambiais oficiais", cravou Waller.

Os fatores listados também podem ter um impacto no papel do dólar americano como meio de troca, incluindo a sua utilização no comércio, na banca global e nas transações cambiais, acrescentou o membro do Fed.

De acordo com dados compilados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), quase 59% das reservas cambiais globais são mantidas em dólares americanos, enquanto quase 88% de todas as transações cambiais ocorrem em dólares americanos. Apenas pouco mais de 2% das reservas cambiais globais estão em yuan.

¨      Arma econômica dos EUA: chegou a hora de o Brasil criar seu próprio SWIFT?

Especialistas na mídia ocidental ressaltaram nos últimos dias a resistência da economia russa às sanções impostas pelo Ocidente. Um dos motivos para isso, ignoram os jornais, é a criação de seu próprio operador de mensagens bancárias internacionais: o SPFS.

Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil destacaram o uso político do sistema de pagamentos internacional SWIFT (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Internacionais, em tradução livre) e a importância de criar alternativas a esse comunicador financeiro.

·        O que é o SWIFT?

Criado em 1973 na Bélgica — onde ainda mantêm sua sede —, o SWIFT é um sistema de comunicação usado por instituições financeiras, como bancos e operadoras de crédito, para "enviar e receber informações sobre transações de maneira segura e padronizada", explica Allan Alcântara, engenheiro de computação e sócio-proprietário na FrankFox Informática.

"O SWIFT é um sistema complexo que combina uma rede segura, centros de dados globais e software padronizado para permitir que instituições financeiras troquem informações de maneira segura e eficiente."

O sistema foi adotado ao redor do mundo e funcionou bem durante alguns anos. No entanto, em 2012 o primeiro uso político da ferramenta foi feito, aponta Adriano Vilela, professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

"Desde as sanções contra o Irã", disse o acadêmico, "o SWIFT vem sendo usado como um instrumento político e econômico".

Contudo, foi em 2022 que o SWIFT se viu frente a frente com um adversário à altura: a Rússia.

Quando as primeiras pressões para a exclusão da Rússia do SWIFT surgiram na Europa, em 2014, o país iniciou a criação de sua alternativa própria ao sistema de comunicação financeira, o Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras (SPFS, na sigla em inglês).

Com o início da operação especial, o SPFS foi alçado de plano B para o principal protocolo de informações usadas pelas instituições financeiras da Rússia.

Para Vilela, isso reforça a importância do desenvolvimento do SPFS e de sistemas similares, como o da China, que criou o Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços (CIPS, na sigla em inglês) em 2015.

"Porque você não fica sujeito a sistemas que dependem de outros países, principalmente países que tenham atitudes hostis contra você."

"Não deixa de ser uma forma de ganhar mais espaço de atuação na economia internacional", destaca o economista.

·        Chegou a hora de o Brasil criar seu SWIFT?

Durante seus muitos anos de uso neutro, o SWIFT "facilita a troca de informações financeiras entre bancos e instituições financeiras", diz Lucas Galvão, CEO da Open Cybersecurity, especialista em proteção de dados e compliance regulatório.

"Ele possui sua própria infraestrutura física robusta e opera como uma rede privada de comunicação financeira, garantindo segurança e padronização nas transações internacionais", ressalta Alcântara.

Além das versões russas e chinesas do SWIFT, há ainda a versão indiana (Sistema Estruturado de Mensagens Financeiras, SFMS na sigla em inglês) e uma versão nos estágios iniciais sendo debatida pelo BRICS, o BRICS Pay.

Para que esses sistemas existam, tanto as alternativas que já existem quanto as que estão sendo pensadas precisam garantir alguns requisitos básicos, afirmou Alcântara.

"Criar e operar um sistema de pagamentos global como o SWIFT é uma tarefa monumental que exige um alto nível de segurança, escalabilidade, interoperabilidade, conformidade regulatória e um grande investimento em infraestrutura e desenvolvimento."

No caso do BRICS Pay, diz Galvão, seria preciso ainda rodar o sistema "em cima de uma infraestrutura física que seja acordada entre esse bloco econômico". "Tem que se chegar a um consenso para definir onde esses dados realmente vão ficar alocados do sistema fonte."

Por conta desses esforços, diz Vilela, é muito mais fácil ter um único sistema onde todas as instituições financeiras já estão do que manter vários separados. "Isso reduz custo, tempo e aumenta a eficácia."

Entretanto, sublinha o economista, "há o lado negativo de ter pouca concorrência e eventualmente depender do gerenciamento desse sistema por outros países que podem ser rivais geopolíticos".

Este felizmente não é o caso do Brasil, atesta Vilela. "O Brasil é um país que não tem nada no horizonte que indique algum tipo de sanção a ser imposta ao país."

"O Brasil tem essa característica de ser um país com boas relações econômicas e políticas, mesmo com países que sejam rivais entre si. […] Isso é algo que o Brasil não quer e nem pode abrir mão."

Para o economista, mesmo que fique enquanto plano B, como foi o caso inicial do SPFS e hoje é o do CIPS — a China não abandonou o SWIFT —, o custo para o Brasil seria muito alto, ainda mais pensando que sanções "não estão no horizonte".

"O custo econômico, e até geopolítico, não é algo que se justifique."

¨      UE oficialmente aprova lei para transformar lucros de ativos russos em ajuda militar à Ucrânia

Nesta terça-feira (21), os Estados-membros da União Europeia aprovaram formalmente um plano para usar os lucros dos ativos do Banco Central russo congelados na UE para a defesa da Ucrânia.

Nos termos do acordo, 90% das receitas vão para um fundo gerido pela UE para financiamento militar ucraniano, sendo os outros 10% destinados a apoiar Kiev de outras formas. A Ucrânia deverá receber a primeira parcela em julho, segundo a Bloomberg.

"O Conselho da UE aprovou hoje [21] uma série de atos jurídicos que garantem que o lucro líquido recebido pelos depositários na UE provenientes de receitas de emergência [de ativos russos congelados] será utilizado para maior apoio militar à Ucrânia, bem como à sua potencial industrial de defesa e reconstrução", indica o documento.

A estratégia também foi confirmada pelo chanceler da República Tcheca, Jan Lipavsky, em um post no X (antigo twitter), no qual informa que esta medida proporcionará à Ucrânia até € 3 bilhões (R$ 16,6 bilhões) neste ano.

Aprovamos na UE a utilização de receitas provenientes dos ativos congelados do Banco Central da Rússia para ajudar a Ucrânia. Até 3 bilhões de euros só neste ano, 90% vão para os militares da Ucrânia. A Rússia deve pagar pelos danos de guerra.

O bloco europeu espera que os ativos gerem cerca de € 15 bilhões a € 20 bilhões (R$ 83 bilhões a R$ 110 bilhões) em lucros até 2027.

Nesta semana, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, está pressionando outros países do G7 a chegarem a um acordo sobre um plano para usar os lucros como garantia para apoiar um empréstimo ainda maior para ajudar Kiev, relata a mídia.

Após o início da operação russa na Ucrânia, os países da UE e do G7 congelaram quase metade das reservas cambiais russas, no valor de cerca de € 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão). Cerca de € 200 bilhões (R$ 1,1 bilhão) estão na Europa, principalmente nas contas da Euroclear belga.

Moscou afirmou que tomar tais decisões "seria mais um passo na violação de todas as regras e normas do direito internacional". O Ministério das Relações Exteriores da Rússia chamou o congelamento de ativos russos na Europa de "roubo", observando que a UE tem como alvo não apenas os fundos de particulares, mas também os ativos estatais russos.

¨      União Europeia quer enviar para a Ucrânia US$ 2,2 bilhões de lucros dos ativos russos em julho

Após os Estados-membros aprovarem formalmente o plano de uso dos lucros dos ativos do Banco Central da Rússia congelados na região, a União Europeia (UE) anunciou nesta terça-feira (21) que quer enviar para a defesa da Ucrânia cerca de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,2 bilhões) em recursos.

É o que revelou a vice-presidente da Comissão Europeia, Vera Jourova, sobre a proposta de confisco do valor bilionário que será encaminhado ao regime do presidente Vladimir Zelensky. Mais cedo, os membros da UE deram o aval oficial que permite o uso da receita com os lucros dos ativos russos soberanos congelados desde o início da operação militar especial na Ucrânia.

"O perpetrador tem que pagar e é uma decisão muito oportuna, que nos permitirá pagar quase 2 bilhões de euros em pré-financiamento em julho até que os desembolsos regulares possam começar ainda este ano", disse Jourova em uma coletiva de imprensa.

A vice-presidente da comissão acrescentou ainda que a UE trabalha sobre uma nova rodada de sanções contra a Rússia e Belarus e que elas "devem ser adotadas o mais rápido possível".

Ao todo, estão congelados € 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão) de ativos do Banco Central da Rússia em contas ocidentais, a maior parte na empresa belga Euroclear. No último mês, o Congresso dos Estados Unidos também aprovou o confisco dos valores para serem usados em assistência militar e financeira para a Ucrânia.

Moscou já afirmou que tomar tais decisões "seria mais um passo na violação de todas as regras e normas do direito internacional". O Ministério das Relações Exteriores da Rússia chamou o congelamento de ativos russos na Europa de "roubo", observando que a UE tem como alvo não apenas os fundos de particulares, mas também os ativos estatais russos.

O Banco Central Europeu também chegou a alertar sobre riscos à reputação da moeda europeia no longo prazo e a necessidade de "olhar além desse conflito específico", buscando outras formas de financiamento do regime ucraniano.

·        Acordo prevê criação de fundo

O acordo aprovado pela UE prevê que 90% das receitas vão para um fundo gerido pelo bloco europeu para financiamento militar ucraniano, sendo os outros 10% destinados a apoiar Kiev de outras formas.

"O Conselho da UE aprovou hoje [21] uma série de atos jurídicos que garantem que o lucro líquido recebido pelos depositários na UE provenientes de receitas de emergência [de ativos russos congelados] será utilizado para maior apoio militar à Ucrânia, bem como à sua potencial industrial de defesa e reconstrução", indica o documento.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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