Perfil violento: Quem são o pai e o filho que comandam milícia no Rio
presos pela PF
Preso nesta terça-feira (31) pela Polícia Federal,
o ex-sargento da PM Dalmir Pereira Barbosa é apontado em diversas investigações
como um dos chefes da milícia de Rio das Pedras, pioneira no Rio de Janeiro.
Dalmir também atua em outras favelas próximas, como Tijuquinha e Muzema.
Seu filho, Taillon Alcântara Pereira Barbosa,
também foi preso na mesma ação da PF. Tanto o pai quanto o filho são conhecidos
pelo perfil violento na atuação à frente organização criminosa.
Segundo investigações das polícias Civil e Federal,
Taillon foi o pivô da morte de três médicos na Barra da Tijuca, no início do
mês.
A principal linha de investigação é que executores,
ligados ao Comando Vermelho, confundiram um dos médicos com Taillon. Perseu
Ribeiro Almeida aparece com a camisa do Bahia na última foto tirada pelo grupo
de colegas. O médico morreu na hora.
Dalmir, também conhecido como Barriga, foi citado
na CPI das Milícias em 2008 como um dos chefes de Rio das Pedras. Ele foi
denunciado pelo MPRJ em 2009 por integrar a milícia.
Em 2020, ele também foi denunciado com outras 44
pessoas por organização criminosa.
As investigações tratavam do domínio do criminoso
sobre a comunidade na exploração de serviços como transporte alternativo, venda
ilegal de gás e internet e serviços de "segurança".
Dalmir foi investigado em diversos inquéritos
policiais de crimes como tentativa de homicídio, lavagem de dinheiro e extorsão
qualificada.
Em 2011, a PM publicou no boletim da corporação a
sua expulsão, por violar a ética e o dever policial.
O texto citava um inquérito da Polícia Federal que
investigava Dalmir "por envolvimento com a milícia na Comunidade do Rio
das Pedras e por possuir bens incompatíveis com os vencimentos de policial
militar reformado."
Na denúncia da Operação Intocáveis, de 2019, Dalmir
foi diversas vezes citado em ligações no Disque Denúncia como uma das
lideranças da organização criminosa. Seu irmão, Dalcemir, também já foi acusado
de integrar o mesmo grupo. Ambos negam as acusações.
Dalmir é ainda réu pelo assassinato do ex-chefe de
gabinete da extinta Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU),
Paulo Roberto da Costa Paiva, em 2003.
• Prisão
e condenação de Taillon
Taillon já havia sido preso em dezembro de 2020,
numa operação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado
(Gaeco) do Ministério Público do Rio.
Em julho do ano passado, foi condenado a 8 anos e 4
meses de prisão por organização criminosa, devido à sua participação em uma
milícia na Zona Oeste.
“Há o registro de uma série de recentes
‘disque-denúncias’ que indicam que Taillon apresenta comportamento extremamente
violento e exerce proeminente função de comando na organização criminosa”, diz
um trecho da sentença.
Taillon ficou preso até março deste ano, quando foi
colocado em prisão domiciliar. Em setembro deste ano, ele conseguiu liberdade
condicional, que permitia que o restante da pena fosse cumprida em liberdade.
Agora, foi preso novamente.
CNJ
apura se servidores de tribunal facilitaram soltura de miliciano
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) abriu
auditoria para apurar como o miliciano Peterson Luiz de Almeida, o Pet, foi
solto no último domingo (29) mesmo com mandado de prisão contra ele.
Como mostrou o Estúdio i, Pet foi libertado após a
Polícia Civil ter informado a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária)
do Rio de Janeiro não ter nenhum pedido de prisão em aberto. O TJRJ (Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro) afirma ter seguido as normas e ter inserido
"adequadamente" o documento no BNMP (Banco Nacional de Mandados de
Prisão). Mas mesmo na segunda-feira (30), um dia após a soltura, a ordem não
constava no sistema.
Integrantes do CNJ suspeitam de falha humana de
servidores do TJRJ no episódio. A investigação quer descobrir se o erro foi
intencional e se há corrupção. Será apurado quem registrou o documento no
sistema e em qual dia ou horário.
A auditoria não se restringirá ao caso de Peterson
de Almeida. Como erros semelhantes têm sido frequentes no TJRJ, outras decisões
devem ser escrutinadas.
Conselheiros do CNJ garantem, de forma reservada,
que o BNMP é seguro e não apresenta vulnerabilidades e que não há suspeita de
invasão hacker ao sistema. Afirmam ainda que a nota divulgada pelo TJRJ pegou
muito mal no conselho, porque, nela, o tribunal se isenta completamente de
responsabilidades.
Na noite desta terça-feira (31), o MPRJ (Ministério
Público do Rio de Janeiro) soltou nota na qual afirma ter aberto um inquérito
civil para apurar as responsabilidades envolvendo a soltura de Peterson
Almeida. "Diligências iniciais da PJTSP apontam falha no funcionamento do
Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) administrado pelo Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) referente ao registro de mandados de prisão, além de
restrições de acesso ao banco por parte dos órgãos de segurança pública do
Estado do Rio de Janeiro", diz a nota.
O MPRJ diz ainda que não há um protocolo
institucional que estabeleça um fluxo adequado de comunicação entre os órgãos
do Judiciário e a Seap. "Na ausência de protocolos de comunicação, a
investigação observa a adoção de práticas informais que geram inconsistências,
insegurança jurídica e até mesmo espaço para práticas ilícitas por serem
apuradas, ora promovendo a soltura indevida, ora acarretando retenção
injustificada de pessoas privadas de liberdade", completa.
Saída
de miliciano da cadeia: secretaria mentiu sobre endereço de e-mail
Um miliciano deixa a cadeia pela porta da frente,
mesmo havendo contra ele um mandado de prisão preventiva. O escândalo vem à
tona e a Secretaria de Assuntos Penitenciários do governo do estado do Rio de
Janeiro emite uma nota com duas explicações.
Uma delas é a de que o Tribunal de Justiça enviou o
comunicado para um endereço de e-mail desativado há cinco anos. Fontes do
Tribunal de Justiça exibiram ao blog provas de que a alegação da secretaria é
falsa.
Em primeiro lugar, a Justiça não enviou o
comunicado para um único e-mail, mas para quatro endereços diferentes. Todos os
quatro endereços são oficiais e foram informados pela próprio governo do estado
ao Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de
Justiça. Aos fatos:
No dia 26 de outubro, às 17h43, o juiz Richard
Roberto insere no Banco Nacional de Mandados e Busca o mandado de prisão do
miliciano Peterson Luiz de Almeida, o Pet. Esta comunicação oficial bastaria
para manter o bandido preso. Mesmo assim, por excesso de zelo, por cautela, por
um cuidado a mais, o cartório do TJ manda às 18h06 do mesmo dia um mail para o
endereço: seapfredericomarques@gmail.com, informando sobre a prorrogação da
prisão.
Frederico Marques não é uma pessoa. É o nome da
cadeia pública em que o miliciano se encontrava. Este é o mail informado pela
Secretaria de Assuntos Penitenciários à Justiça para troca de informações.
Ou seja, às 18h06 do dia 26, uma quinta-feira,
havia o comunicado oficial (o mandado de prisão no Banco Nacional de Mandados
de Prisão) e um email para unidade prisional, avisando que o bandido deveria
ficar preso.
Como se não bastasse, no dia seguinte, na
sexta-feira, dia 27, por volta de 13 horas, um novo e-mail é enviado pelo
gabinete do juiz responsável pela prisão para mais três endereços com o título
"URGENTE", assim mesmo, com letras maiúsculas. Os endereços desta vez
foram:
• seapfm@seap.rj.gov.br
• seapco@seap.rj.gov.br
• cedr@seap.rj.gov.br
Para deixar bem claro: o mail é apenas um reforço
para não haver dúvidas. Pois o procedimento oficial é pesquisar no Banco de
Mandados de Prisão.
Curiosamente, o bandido é solto dia 29 de outubro,
um domingo, e a justificativa do governo do Estado é a de que o endereço de
e-mail estava desativado há cinco anos. A resposta do governo levanta muitas
dúvidas. Qual dos quatro endereços estava desativado? Por que a secretaria não
atualizou o endereço junto ao Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema
Carcerário do Tribunal de Justiça? Se o problema fosse endereço desativado, por
que a Corregedoria acusou o recebimento do mail do Tribunal? Mas só o fez na
segunda, dia 30, quando o bandido já havia saído?
Ou seja. O Tribunal de Justiça tem provas que
destroçam a versão do governo estadual. Mas o leitor lembra que no início do
texto a Secretaria havia dado duas explicações, uma delas a do suposto e-mail
desativado? Pois bem. A segunda explicação é a de que a secretaria não havia
sido comunicada da prorrogação da prisão do miliciano por meios oficiais, ou
seja, não havia a informação no Banco Nacional de Mandados de Prisão. É fato
que o próprio Conselho Nacional de Justiça admite que a ordem de prisão não
constava no banco de dados.
>> Opinião:
É claro que há falhas no sistema de informática do
Conselho Nacional de Justiça. O que precisa se apurado é se há quadrilhas de
servidores operando dentro destas falhas para favorecer bandidos. Problema de
mail desativado é pura cortina de fumaça.
Veja o
que se sabe sobre miliciano solto mesmo com mandado de prisão
Acusado de integrar a maior milícia do Rio de
Janeiro, Peterson Luiz de Almeida, vulgo Pet ou Flamengo, foi liberado da
prisão no último dia 29, um domingo, mesmo com um mandado de prisão preventiva
aberto contra ele.
Pet, que atua na quadrilha do miliciano mais
procurado do Rio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, ficou apenas 59 dias
preso na unidade prisional José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte.
A milicia em que Pet atua foi responsável por
ordenar o maior ataque ao transporte público da cidade, quando 35 ônibus e a
cabine de um trem foram queimados, depois de o sobrinho de Zinho ser morto numa
operação da Polícia Civil.
Atualmente, Peterson Luiz de Almeida é considerado
foragido da Justiça.
• Cronograma
da liberação irregular
O comparsa de Zinho foi preso no dia 30 de agosto,
na Rodovia Presidente Dutra, na altura do município de Paracambi, Região
Metropolitana do Rio. Pet responde pelos crimes de milícia privada e comércio
ilegal de arma de fogo. Se somadas, as penas máximas podem atingir os 20 anos
de reclusão.
A prisão temporária de Peterson valia até o dia 27
deste mês. Contudo, no dia 25, ele foi denunciado pelo Ministério Público do
Rio pelos crimes de milícia privada e comércio ilegal de arma de fogo.
No dia seguinte - um dia antes do vencimento da
temporária - o juiz aceitou a denúncia do MP.
O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) então converteu
a prisão temporária em preventiva. O processo foi assinado eletronicamente às
16h40 do dia 26 de outubro.
Pouco mais de uma hora depois, a Justiça inseriu o
nome de Peterson no Banco Nacional de Monitoramento de prisões. Ainda no dia
26, às 18h06, o TJRJ encaminhou por e-mail - para a unidade prisional - o
decreto da preventiva de Peterson.
Na última segunda-feira (30), um oficial de justiça
foi ao presídio avisar que o preso permaneceria na cadeia. Foi aí que se
descobriu que Pet havia sido solto cerca de 24 horas antes.
• Seap
diz não ter sido informada
O Tribunal de Justiça explicou ao RJ2 que o sistema
notifica automaticamente a Polinter, que é a Central de Capturas da Polícia
Civil do Rio, sobre a conversão da prisão temporária em preventiva.
Contudo, a Polícia Civil alegou que só foi
comunicada do mandado de prisão em aberto na segunda-feira.
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap)
disse que autorizou a saída do preso por não ter sido informada da conversão da
prisão temporária em preventiva.
Ainda segundo a Seap, o comunicado da Justiça foi
enviado para um e-mail desativado há cinco anos.
A secretaria informou que no dia 25 de setembro
enviou um alerta à Justiça sinalizando a importância da decretação de uma
prisão preventiva do custodiado. Essa mensagem enviada pelo endereço de e-mail
de uso regular entre os órgãos.
A Seap também alegou que uma pesquisa feita na
segunda-feira à noite no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, não mostrava
mandados de prisão pendentes contra Peterson.
O Tribunal de Justiça deu 48 horas para que a
Secretaria da Administração Penitenciária dê explicações sobre o que ocorreu. O
caso foi encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro para investigação.
Fonte: g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário