quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Perfil violento: Quem são o pai e o filho que comandam milícia no Rio presos pela PF

Preso nesta terça-feira (31) pela Polícia Federal, o ex-sargento da PM Dalmir Pereira Barbosa é apontado em diversas investigações como um dos chefes da milícia de Rio das Pedras, pioneira no Rio de Janeiro. Dalmir também atua em outras favelas próximas, como Tijuquinha e Muzema.

Seu filho, Taillon Alcântara Pereira Barbosa, também foi preso na mesma ação da PF. Tanto o pai quanto o filho são conhecidos pelo perfil violento na atuação à frente organização criminosa.

Segundo investigações das polícias Civil e Federal, Taillon foi o pivô da morte de três médicos na Barra da Tijuca, no início do mês.

A principal linha de investigação é que executores, ligados ao Comando Vermelho, confundiram um dos médicos com Taillon. Perseu Ribeiro Almeida aparece com a camisa do Bahia na última foto tirada pelo grupo de colegas. O médico morreu na hora.

Dalmir, também conhecido como Barriga, foi citado na CPI das Milícias em 2008 como um dos chefes de Rio das Pedras. Ele foi denunciado pelo MPRJ em 2009 por integrar a milícia.

Em 2020, ele também foi denunciado com outras 44 pessoas por organização criminosa.

As investigações tratavam do domínio do criminoso sobre a comunidade na exploração de serviços como transporte alternativo, venda ilegal de gás e internet e serviços de "segurança".

Dalmir foi investigado em diversos inquéritos policiais de crimes como tentativa de homicídio, lavagem de dinheiro e extorsão qualificada.

Em 2011, a PM publicou no boletim da corporação a sua expulsão, por violar a ética e o dever policial.

O texto citava um inquérito da Polícia Federal que investigava Dalmir "por envolvimento com a milícia na Comunidade do Rio das Pedras e por possuir bens incompatíveis com os vencimentos de policial militar reformado."

Na denúncia da Operação Intocáveis, de 2019, Dalmir foi diversas vezes citado em ligações no Disque Denúncia como uma das lideranças da organização criminosa. Seu irmão, Dalcemir, também já foi acusado de integrar o mesmo grupo. Ambos negam as acusações.

Dalmir é ainda réu pelo assassinato do ex-chefe de gabinete da extinta Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), Paulo Roberto da Costa Paiva, em 2003.

•        Prisão e condenação de Taillon

Taillon já havia sido preso em dezembro de 2020, numa operação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio.

Em julho do ano passado, foi condenado a 8 anos e 4 meses de prisão por organização criminosa, devido à sua participação em uma milícia na Zona Oeste.

“Há o registro de uma série de recentes ‘disque-denúncias’ que indicam que Taillon apresenta comportamento extremamente violento e exerce proeminente função de comando na organização criminosa”, diz um trecho da sentença.

Taillon ficou preso até março deste ano, quando foi colocado em prisão domiciliar. Em setembro deste ano, ele conseguiu liberdade condicional, que permitia que o restante da pena fosse cumprida em liberdade. Agora, foi preso novamente.

 

       CNJ apura se servidores de tribunal facilitaram soltura de miliciano

 

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) abriu auditoria para apurar como o miliciano Peterson Luiz de Almeida, o Pet, foi solto no último domingo (29) mesmo com mandado de prisão contra ele.

Como mostrou o Estúdio i, Pet foi libertado após a Polícia Civil ter informado a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) do Rio de Janeiro não ter nenhum pedido de prisão em aberto. O TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) afirma ter seguido as normas e ter inserido "adequadamente" o documento no BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão). Mas mesmo na segunda-feira (30), um dia após a soltura, a ordem não constava no sistema.

Integrantes do CNJ suspeitam de falha humana de servidores do TJRJ no episódio. A investigação quer descobrir se o erro foi intencional e se há corrupção. Será apurado quem registrou o documento no sistema e em qual dia ou horário.

A auditoria não se restringirá ao caso de Peterson de Almeida. Como erros semelhantes têm sido frequentes no TJRJ, outras decisões devem ser escrutinadas.

Conselheiros do CNJ garantem, de forma reservada, que o BNMP é seguro e não apresenta vulnerabilidades e que não há suspeita de invasão hacker ao sistema. Afirmam ainda que a nota divulgada pelo TJRJ pegou muito mal no conselho, porque, nela, o tribunal se isenta completamente de responsabilidades.

Na noite desta terça-feira (31), o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) soltou nota na qual afirma ter aberto um inquérito civil para apurar as responsabilidades envolvendo a soltura de Peterson Almeida. "Diligências iniciais da PJTSP apontam falha no funcionamento do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) administrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) referente ao registro de mandados de prisão, além de restrições de acesso ao banco por parte dos órgãos de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro", diz a nota.

O MPRJ diz ainda que não há um protocolo institucional que estabeleça um fluxo adequado de comunicação entre os órgãos do Judiciário e a Seap. "Na ausência de protocolos de comunicação, a investigação observa a adoção de práticas informais que geram inconsistências, insegurança jurídica e até mesmo espaço para práticas ilícitas por serem apuradas, ora promovendo a soltura indevida, ora acarretando retenção injustificada de pessoas privadas de liberdade", completa.

 

       Saída de miliciano da cadeia: secretaria mentiu sobre endereço de e-mail

 

Um miliciano deixa a cadeia pela porta da frente, mesmo havendo contra ele um mandado de prisão preventiva. O escândalo vem à tona e a Secretaria de Assuntos Penitenciários do governo do estado do Rio de Janeiro emite uma nota com duas explicações.

Uma delas é a de que o Tribunal de Justiça enviou o comunicado para um endereço de e-mail desativado há cinco anos. Fontes do Tribunal de Justiça exibiram ao blog provas de que a alegação da secretaria é falsa.

Em primeiro lugar, a Justiça não enviou o comunicado para um único e-mail, mas para quatro endereços diferentes. Todos os quatro endereços são oficiais e foram informados pela próprio governo do estado ao Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça. Aos fatos:

No dia 26 de outubro, às 17h43, o juiz Richard Roberto insere no Banco Nacional de Mandados e Busca o mandado de prisão do miliciano Peterson Luiz de Almeida, o Pet. Esta comunicação oficial bastaria para manter o bandido preso. Mesmo assim, por excesso de zelo, por cautela, por um cuidado a mais, o cartório do TJ manda às 18h06 do mesmo dia um mail para o endereço: seapfredericomarques@gmail.com, informando sobre a prorrogação da prisão.

Frederico Marques não é uma pessoa. É o nome da cadeia pública em que o miliciano se encontrava. Este é o mail informado pela Secretaria de Assuntos Penitenciários à Justiça para troca de informações.

Ou seja, às 18h06 do dia 26, uma quinta-feira, havia o comunicado oficial (o mandado de prisão no Banco Nacional de Mandados de Prisão) e um email para unidade prisional, avisando que o bandido deveria ficar preso.

Como se não bastasse, no dia seguinte, na sexta-feira, dia 27, por volta de 13 horas, um novo e-mail é enviado pelo gabinete do juiz responsável pela prisão para mais três endereços com o título "URGENTE", assim mesmo, com letras maiúsculas. Os endereços desta vez foram:

•        seapfm@seap.rj.gov.br

•        seapco@seap.rj.gov.br

•        cedr@seap.rj.gov.br

Para deixar bem claro: o mail é apenas um reforço para não haver dúvidas. Pois o procedimento oficial é pesquisar no Banco de Mandados de Prisão.

Curiosamente, o bandido é solto dia 29 de outubro, um domingo, e a justificativa do governo do Estado é a de que o endereço de e-mail estava desativado há cinco anos. A resposta do governo levanta muitas dúvidas. Qual dos quatro endereços estava desativado? Por que a secretaria não atualizou o endereço junto ao Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça? Se o problema fosse endereço desativado, por que a Corregedoria acusou o recebimento do mail do Tribunal? Mas só o fez na segunda, dia 30, quando o bandido já havia saído?

Ou seja. O Tribunal de Justiça tem provas que destroçam a versão do governo estadual. Mas o leitor lembra que no início do texto a Secretaria havia dado duas explicações, uma delas a do suposto e-mail desativado? Pois bem. A segunda explicação é a de que a secretaria não havia sido comunicada da prorrogação da prisão do miliciano por meios oficiais, ou seja, não havia a informação no Banco Nacional de Mandados de Prisão. É fato que o próprio Conselho Nacional de Justiça admite que a ordem de prisão não constava no banco de dados.

>> Opinião:

É claro que há falhas no sistema de informática do Conselho Nacional de Justiça. O que precisa se apurado é se há quadrilhas de servidores operando dentro destas falhas para favorecer bandidos. Problema de mail desativado é pura cortina de fumaça.

 

       Veja o que se sabe sobre miliciano solto mesmo com mandado de prisão

 

Acusado de integrar a maior milícia do Rio de Janeiro, Peterson Luiz de Almeida, vulgo Pet ou Flamengo, foi liberado da prisão no último dia 29, um domingo, mesmo com um mandado de prisão preventiva aberto contra ele.

Pet, que atua na quadrilha do miliciano mais procurado do Rio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, ficou apenas 59 dias preso na unidade prisional José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte.

A milicia em que Pet atua foi responsável por ordenar o maior ataque ao transporte público da cidade, quando 35 ônibus e a cabine de um trem foram queimados, depois de o sobrinho de Zinho ser morto numa operação da Polícia Civil.

Atualmente, Peterson Luiz de Almeida é considerado foragido da Justiça.

•        Cronograma da liberação irregular

O comparsa de Zinho foi preso no dia 30 de agosto, na Rodovia Presidente Dutra, na altura do município de Paracambi, Região Metropolitana do Rio. Pet responde pelos crimes de milícia privada e comércio ilegal de arma de fogo. Se somadas, as penas máximas podem atingir os 20 anos de reclusão.

A prisão temporária de Peterson valia até o dia 27 deste mês. Contudo, no dia 25, ele foi denunciado pelo Ministério Público do Rio pelos crimes de milícia privada e comércio ilegal de arma de fogo.

No dia seguinte - um dia antes do vencimento da temporária - o juiz aceitou a denúncia do MP.

O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) então converteu a prisão temporária em preventiva. O processo foi assinado eletronicamente às 16h40 do dia 26 de outubro.

Pouco mais de uma hora depois, a Justiça inseriu o nome de Peterson no Banco Nacional de Monitoramento de prisões. Ainda no dia 26, às 18h06, o TJRJ encaminhou por e-mail - para a unidade prisional - o decreto da preventiva de Peterson.

Na última segunda-feira (30), um oficial de justiça foi ao presídio avisar que o preso permaneceria na cadeia. Foi aí que se descobriu que Pet havia sido solto cerca de 24 horas antes.

•        Seap diz não ter sido informada

O Tribunal de Justiça explicou ao RJ2 que o sistema notifica automaticamente a Polinter, que é a Central de Capturas da Polícia Civil do Rio, sobre a conversão da prisão temporária em preventiva.

Contudo, a Polícia Civil alegou que só foi comunicada do mandado de prisão em aberto na segunda-feira.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) disse que autorizou a saída do preso por não ter sido informada da conversão da prisão temporária em preventiva.

Ainda segundo a Seap, o comunicado da Justiça foi enviado para um e-mail desativado há cinco anos.

A secretaria informou que no dia 25 de setembro enviou um alerta à Justiça sinalizando a importância da decretação de uma prisão preventiva do custodiado. Essa mensagem enviada pelo endereço de e-mail de uso regular entre os órgãos.

A Seap também alegou que uma pesquisa feita na segunda-feira à noite no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, não mostrava mandados de prisão pendentes contra Peterson.

O Tribunal de Justiça deu 48 horas para que a Secretaria da Administração Penitenciária dê explicações sobre o que ocorreu. O caso foi encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro para investigação.

 

Fonte: g1

 

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