quinta-feira, 2 de novembro de 2023

ONG aciona TPI para denunciar crimes de guerra contra jornalistas

Em denúncia ao Tribunal Penal Internacional, Repórteres Sem Fronteiras detalhou mortes de nove jornalistas desde o início da guerra entre Hamas e Israel – sendo oito palestinos e um israelense.A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anunciou nesta quarta-feira (01/11) que apresentou ao Tribunal Penal Internacional (TPI) uma denúncia por crimes de guerra cometidos contra meios de comunicação e jornalistas na Faixa de Gaza e em Israel.

Na denúncia, a RSF aborda a morte de oito jornalistas palestinos em bombardeios israelenses contra Gaza desde o início da ofensiva no enclave em resposta aos ataques terroristas do Hamas contra Israel. A RSF também menciona

o assassinato de um jornalista israelense pelo Hamas que cobria o ataque de terroristas do Hamas a uma comunidade agrícola israelense em 7 de outubro.

Há também referência à “destruição intencional, total ou parcial”, das sedes de mais de 50 meios de comunicação em Gaza, detalhou a RSF.

A organização indica que tem conhecimento de que 34 jornalistas morreram desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, sendo que pelo menos 12 no exercício da sua atividade (10 em Gaza, um em Israel e outro no Líbano).

A RSF insiste que mesmo que os jornalistas palestinos mortos em Gaza fossem considerados vítimas de alvos militares, como afirmam as autoridades israelenses, “estes ataques causaram, em qualquer caso, danos manifestamente excessivos e desproporcionais entre os civis”.

Por esta razão, a RSF entende que a ação israelense se enquadra na classificação de crimes de guerra.

No seu processo perante a procuradoria do TPI, a organização também atribui ao grupo fundamentalista palestino Hamas uma ação que merece a mesma qualificação: o assassinato do jornalista israelense Roee Idan, do portal Ynet, que filmava os primeiros momentos do ataque terrorista ao kibutz Kfar Azza, onde morava.

Idan, que havia saído de casa na madrugada do dia 7 de outubro, registrou a chegada dos invasores de parapente e enviou o vídeo para o site em que trabalhava antes de ser assassinado.

Gravidade

O TPI, em princípio,tem competência sobre os casos porque os episódios ocorreram na Palestina ou porque os perpetradores são palestinos, mesmo que os alegados crimes de guerra tenham sido cometidos por palestinos fora do seu território, neste caso em Israel.

A razão é que a Palestina é parte na convenção deste órgão judicial internacional (assinou-a e ratificou-a), ao contrário de Israel, que se recusou a entrar no sistema de controle.

O secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, declarou que “a amplitude, a gravidade e a repetição dos crimes internacionais contra jornalistas, em particular em Gaza, necessitam de uma investigação prioritária por parte do procurador do TPI”.

“Temos pedido isso desde 2018. Os trágicos acontecimentos atuais demonstram a extrema urgência da sua mobilização”, acrescentou.

Deloire referia-se assim ao fato de esta ser a terceira denúncia de supostos crimes de guerra cometidos contra jornalistas palestinos em Gaza.

A primeira foi formalizada em 2018 motivada pela morte de vários jornalistas durante a chamada “Marcha do Grande Retorno”; e a segunda em maio de 2021, após o bombardeio de cerca de 20 sedes de meios de comunicação pelas forças israelenses.

Além disso, a Repórteres Sem Fronteiras também apoiou a denúncia apresentada pela emissora Al Jazeera pelo assassinato da sua jornalista palestina Shirin Abu Akleh na Cisjordânia em maio de 2022.

A procuradoria do TPI não informou durante todo esse tempo o que fez com essas denúncias.

O procurador da corte internacional, que tem investigações ativas sobre os ataques do Hamas de 7 de outubro e a ofensiva israelense em Gaza lançada em represália, pode conduzir estas investigações sigilosamente e nem sequer tem de apresentar relatórios no caso de emitir mandados de detenção contra pessoas potencialmente culpadas.

 

Ø  Israel já perdeu 16 militares desde início de invasão de Gaza

 

Episódio com maior número de baixas envolveu veículo blindado atingido por um míssil antitanque do Hamas, matando 11 soldados israelenses. Netanyahu lamenta perdas, mas afirma que ofensiva terrestre vai continuar.Dezesseis soldados israelenses já morreram após o início das operações terrestres das Forças de Defesa de Israel (FDI) na Faixa de Gaza, segundo informações divulgadas por Tel Aviv nesta quarta-feira (01/11).

O episódio com maior número de baixas ocorreu na terça-feira, quando um veículo blindado de transporte de pessoal foi atingido por um míssil guiado antitanque, matando 11 soldados e deixando vários feridos. Em um incidente separado, vários soldados foram mortos quando o veículo em que estavam atingiu uma mina. Em outro episódio, dois soldados foram mortos quando uma granada atingiu o prédio em que estavam.

Apesar do número de baixas crescentes, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que as forças do país devem continuar com a ofensiva terrestre em Gaza. Ele também rejeitou a possibilidade de um cessar-fogo com o Hamas, apesar de apelos internacionais e alertas de agências da ONU sobre uma catástrofe iminente para a população sitiada do enclave palestino.

“Estamos em uma guerra difícil. Será também uma longa guerra. Temos conquistas importantes, mas também perdas dolorosas”, disse Netanyahu em um comunicado divulgado por seu gabinete na noite de quarta-feira.

As últimas baixas elevam para 320 o número de soldados das FDI que foram mortos desde que o grupo palestino Hamas, que comanda Gaza, lançou uma ofensiva terrorista contra Israel em 7 de outubro. Além de quase três centenas de militares mortos durante a ofensiva terrorista do Hamas, confrontos com membros do grupo Hisbolá ao longo da fronteira norte de Israel com o Líbano provocaram a morte de outros oito soldados.

Comentando sobre as baixas israelenses na manhã de quarta-feira, o ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant, disse na rede X: “A perda de soldados das FDI em batalhas com terroristas do Hamas em Gaza é um golpe severo e doloroso”.

“Nossas conquistas significativas nos combates poderosos nas profundezas da Faixa de Gaza estão cobrando, para nossa tristeza, um preço alto”, acrescentou.

A fase de operações terrestres em Gaza teve início na última sexta-feira, quase três semanas após o Hamas ter massacrado 1.400 israelenses. Em represália, Israel passou a lançar pesados ataques aéreos contra Gaza, além de ter iniciado uma ofensiva terrestre. Do lado palestino as baixas também têm sido alta. Autoridades de saúde de Gaza ligadas ao Hamas afirmam que 8.796 pessoas foram mortas no enclave palestino.

Passados cinco dias, em vez de partir para uma invasão total, os israelenses parecem ter adotado uma estratégia de avanço fracionado por setores. Netanyahu falou no último sábado de maneira vaga de uma “segunda fase” da guerra enquanto militares citaram uma “expansão das operações terrestres”.

Segundo a imprensa americana, os Estados Unidos, principal aliado de Israel, aconselharam o país a evitar por enquanto uma ofensiva terrestre total em Gaza. Outros fatores também parecem pesar: Israel tem que lidar com a fronteira com o Líbano, no norte, onde opera o grupo fundamentalista Hisbolá, muito maior do que o Hamas. A tomada de mais de 200 reféns pelo Hamas parece ser outro complicador para uma ofensiva total.

Na terça-feira, tropas israelenses avançaram sobre a Faixa de Gaza com tanques e buldôzeres blindados. Imagens divulgadas pelo Exército israelense mostram soldados avançando num cenário de desolação, entre edifícios reduzidos a pilhas de destroços pelos incessantes bombardeios efetuados por Israel desde 7 de outubro.

A incursão terrestre das tropas israelenses permitiu por enquanto o resgate de Ori Megidish, uma soldado israelense que havia sido sequestrada pelo Hamas. O Exército israelense celebrou a libertação na segunda-feira, afirmando que a militar apresentou informações de inteligência que poderão ser utilizadas em futuras operações.

 

Fonte: Deutsche Welle

 

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