Lula anuncia novas medidas para combater crime organizado
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), apresentou nesta quarta-feira (1º) , junto dos chefes das Forças
Armadas e ministros, uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio de
Janeiro, afetado por uma crise de segurança, e também em outros estados e as
fronteiras.
“Esse decreto estabelece uma operação de combate ao
crime organizado. A atuação das Forças Armadas ocorrerá em articulação com a PF
e os ministros [Flávio] Dino [Justiça] e [José] Mucio [Defesa]”, anunciou Lula
no Palácio do Planalto.
A GLO foi lançada 10 dias depois de que grupos de
milicianos paramilitares queimaram 35 ônibus e um trem no Rio, o que gerou um
grande caos na capital fluminense.
O mandatário explicou que o objetivo é enfraquecer
o crime organizado para o qual a “Marinha atuará na Baía de Guanabara e em
Sepetiba (RJ), e no porto de Santos (SP) e no Lago de Itaipú (PR)”. A Força
Aérea, por sua vez, atuará nos aeroportos do Galeão (RJ) e Guarulhos (SP).
• Como
vai funcionar a GLO
Em alguns portos e aeroportos do Brasil as Forças
Armadas atuarão dentro dos locais, tendo força de polícia.
A medida tem como meta combater o crime organizado.
Além disso, também ocorrerão reforços em operações nas fronteiras. Ao todo,
serão 3.700 agentes, até maio de 2024, para reforçar o patrulhamento, com apoio
de Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Força Nacional.
Na prática, as Forças Armadas poderão patrulhar
internamente os aeroportos do Galeão (RJ) e Guarulhos (SP), conforme disse José
Múcio, ministro da Defesa. Ele ressaltou que os agentes terão função de polícia
e poderão, inclusive, revistar bagagens.
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Exército e Aeronáutica, em ações conjuntas com PF,
PRF e Força Nacional, cuidarão também das fronteiras do Paraná, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul. Já a Marinha ampliará as operações da PF na Baía de
Guanabara (RJ), Baía de Sepetiba (RJ), porto de Santos (SP) e Lago de Itaipu
(RJ).
A Polícia Federal deverá reforçar ações de
inteligência, prisões e apreensões focadas nas milícias do Rio de Janeiro.
As polícias Federal, Rodoviária Federal e a Força
Nacional terão o efetivo aumentado nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro,
de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do Paraná. Também serão mantidos os
agentes já cedidos pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para atuação
no Rio de Janeiro.
Será criado ainda o Comitê Integrado de
Investigação Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra) para enfraquecer o
enriquecimento do crime organizado. O grupo é uma iniciativa do Ministério da
Justiça e Segurança Pública com o governo do Rio de Janeiro.
Os ministérios da Justiça e Segurança Pública e da
Defesa coordenarão um acompanhamento integrado do Exército, Aeronáutica e
Marinha com a PF. As duas pastas também deverão apresentar, em 90 dias, um
plano de modernização tecnológica na cobertura de fronteiras terrestres e
marítimas.
O que é a GLO
A GLO pode ser implementada apenas pelo Executivo
em situações de anormalidade, após o entendimento de que as forças de segurança
pública não conseguem enfrentar uma crise.
Lula e Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança
Pública, descartaram uma intervenção federal no Rio de Janeiro e acionaram a
Garantia de Lei e Ordem como alternativa para auxiliar na nova escalada de
violência no estado.
Na semana passada, o próprio Lula tinha negado a
intenção de aplicar GLO no país. No entanto, nesta quarta, Dino argumentou que
a proposta assinada por Lula se refere apenas a áreas sob influência direta do
governo federal.
GLO de
Lula contra crime organizado não vai dar certo, cravam auditores da Receita
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) de decretar Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio
de Janeiro e São Paulo, até maio de 2024, não foi bem recebida entre auditores
da Receita Federal.
Horas após a assinatura do decreto, a Associação
Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco),
principal entidade de fiscais, divulgou uma nota criticando a medida. A associação
afirma que a decisão causa "perplexidade" e será "inócua"
sem uma integração com a Receita para garantir a fiscalização dos terminais.
"É inacreditável que ninguém tenha informado o
presidente de que a Receita Federal é o órgão que mais apreende drogas no País,
é a responsável pela fiscalização aduaneira, e não poderia jamais ter ficado de
fora da GLO", diz Mauro Silva, presidente da Unafisco.
A GLO abrange os portos de Itaguaí (RJ), Rio de
Janeiro e Santos (SP) e os aeroportos de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ). Para
a Unafisco, a estratégia pode ter como efeito colateral a mudança nas rotas do
tráfico de drogas. "O narcotráfico buscará outros pontos de menor
policiamento e mais vulneráveis", alerta a entidade.
Com o decreto assinado por Lula, as Forças Armadas
vão atuar nos portos e aeroportos. A expectativa é que 3,7 mil militares do
Exército, Marinha e Aeronáutica sejam mobilizados.
Os auditores também afirmam que os militares não
têm a experiência necessária para as tarefas de fiscalização, como leitura de
escâneres e monitoramento de contêineres.
"A chance de deixarem passar carregamentos de
entorpecentes e armas aumentará", diz a Unafisco. "Uma GLO com a
intenção séria de combater o crime organizado deveria prever a participação de
todas as diferentes agências capazes de contribuir com suas competências e
experiências específicas para alcançar os objetivos de segurança."
GLO de
Lula sozinha não é solução para segurança, dizem especialistas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou
um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que autoriza o uso das Forças
Armadas dentro dos portos e aeroportos no Rio de Janeiro e São Paulo. O
Metrópoles conversou com especialistas em segurança pública que analisaram a
nova GLO e ponderaram quais resultados ela poderá trazer para o combate ao
tráfico de armas e drogas no Brasil. Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal e Força Nacional atuarão no apoio às Forças.
Segundo o decreto, os militares da Marinha irão
atuar nos portos do Rio de Janeiro (RJ), Itaguaí (RJ) e Santos (SP). A
Aeronáutica deverá enviar militares para o Aeroporto Internacional de
Guarulhos, em São Paulo, e para o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro,
mais conhecido como Galeão. Será montado um comitê para acompanhar as ações de
segurança que será coordenado pelos ministros da Justiça, Flávio Dino (PSB), e
da Defesa, José Múcio Monteiro.
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles não veem
garantia de efetividade nas ações propostas pelo governo federal para combate
ao crime organizado. Para eles, o problema não se resume apenas a produtos
ilegais que dão entrada no Brasil via portos, aeroportos e fronteiras. A
avaliação é que o problema é muito mais complexo e tem de incluir também uma
ação direta, inclusive educativas e afirmativas, nas comunidades, onde as
milícias e o tráfico atuam diretamente. Também são necessárias, segundo eles,
ações de inteligência nas fronteiras.
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O pesquisador Leonardo Ostronoff, do Núcleo de
Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP), explica que a
GLO é um mecanismo previsto na Constituição Federal e que permite o uso das
Forças Armadas na segurança pública dos Estados.
A pesquisadora Adriana Marques, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca que essa nova GLO apenas atribui mais
uma atividade para as Forças Armadas e a expectativa é que ela não tenha um
efeito significativo na segurança pública.
“Enquanto as
Forças Armadas forem utilizadas para tarefas que não são militares, elas perdem
capacidade. Enquanto os militares estão fazendo isso, eles perdem nas
atividades que não são prioritárias para as Forças Armadas”, afirma Adriana
Marques.
• Rio
de Janeiro
A segurança pública do Rio de Janeiro é uma
preocupação tanto para o governo estadual como para o federal. A situação tem
se agravado devido à atuação das milícias na capital fluminense e ganhou ainda
mais holofotes neste ano com as mortes de três médicos em um quiosque na Barra
da Tijuca, no início de outubro.
O aumento da criminalidade no Rio de Janeiro também
foi uma questão para o governo de Michel Temer. Em 2018, o ex-presidente
assinou um decreto de GLO que autorizou o uso das Forças Armadas no estado
fluminense.
A justificativa do governo Temer foi que a
permanência do Exército no Complexo da Maré trouxe resultados positivos, uma
vez que o crime organizado voltou a dominar as comunidades após a saída dos
militares.
Agora, o governo Lula também justifica o uso das
Forças Armadas devido ao avanço do crime organizado no Rio de Janeiro. No
entanto, o pesquisador Leonardo Ostronoff ressalta que o problema da capital
fluminense é a atuação das organizações criminosas dentro do governo, e não nos
portos e aeroportos.
“Os militares têm treinamento para a guerra, e essa
não é uma situação de guerra. Então, usar desse mecanismo para tentar resolver
uma situação como essa só agrava mais o problema, porque aí você entra numa
arbitrariedade, você entra em usos da violência, num ciclo de violência, em que
só vão causar mais problemas”, enfatiza o pesquisador do NEV.
Apesar da GLO, os governos do Rio de Janeiro e
federal têm realizado ações de combate ao avanço da milícia e do crime
organizado no estado, com o apoio da Polícia Civil e da Polícia Federal.
No fim de outubro, o miliciano Matheus da Silva
Rezende, o “Faustão”, sobrinho de Luís Antônio da Silva Braga, o “Zinho”,
morreu em confronto com policiais civis na comunidade Três Pontes, na zona
oeste do Rio. Essa ação faz parte de uma tentativa de reprimir a ação da
milícia na região.
O que o governo não poderia prever é que a morte de
Faustão desencadearia em uma ataque a ônibus no Rio de Janeiro. A ação dos
criminosos afetou milhares de cariocas que tentavam voltar para casa após um
dia longo de trabalho.
Agora, no começo de novembro, a PF prendeu o
miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa. Ele era o alvo de criminosos
que o confundiram com o médico Perseu Ribeiro Almeida. Perseu e outros três
médicos foram alvejados por criminosos na Barra da Tijuca; três morreram e um
ficou ferido.
• São
Paulo
Diferentemente do que ocorre no Rio de Janeiro, em
São Paulo o governo federal tem se preocupado com a ação de organizações
criminosas nos aeroportos. Os grupos utilizam o grande número de pessoas
entrando e saindo do país para o envio de drogas para o exterior, em especial
para a Europa.
As goianas Kátyna Baía e Jeanne Paollini ficaram 38
dias presas na Alemanha após terem as suas bagagens trocadas por malas cheias
de drogas. O caso chamou a atenção de todo o país, principalmente pela
fragilidade da segurança no Aeroporto de Guarulhos, um dos principais do
Brasil. De acordo com informações da PF, a troca das bagagens teria sido
ordenada por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC).
O pesquisador Leonardo Ostronoff esclarece que
grupos criminosos de São Paulo são responsáveis por grande parte das drogas que
entram e saem do país, mas que, para isso, as organizações contam com o apoio
de envio de mercadorias por meio de portos e rodovias.
“Para se fazer o tráfico de drogas, como qualquer
produto, você tem uma logística, então você precisa trazer isso dos países
produtores, Bolívia, Peru, Colômbia. Isso passa pelo Paraguai, portanto o
controle da fronteira do Paraguai é fundamental, sobretudo com o Mato Grosso do
Sul e Paraná, e é o PCC que controla essa fronteira já há alguns anos”, expõe
Leonardo Ostronoff.
• Inteligência
Para o pesquisador do Núcleo de Estudos da
Violência da USP, o governo federal precisa investir em ações de inteligência
nas fronteiras e rodovias para controlar a entrada e saída de drogas.
“Melhorar o policiamento nas rodovias, dar mais
estrutura para essas polícias – e a estrutura não é a arma, é estrutura em
termos de inteligência, é estrutura em termos de profissionais melhores
remunerados, melhores condições de trabalho para essas polícias. Então, melhorar
a fiscalização nas rodovias, trabalhar com mais inteligência e com mais
estrutura no sentido dos recursos humanos, numa melhor situação, seria um
caminho melhor”, pontua Leonardo Ostronoff, sobre como o governo poderia
combater o avanço do tráfico.
Adriana Marques, da UFRJ, afirma que as Forças
Armadas já atuam nas fronteiras brasileiras e que a presença delas não trouxe
um resultado significativo para a diminuição do tráfico de armas e drogas no
país. “O fato de ter atribuído o poder de polícia para as Forças Armadas na
área de fronteira não fez com que a entrada de armas e drogas diminuísse
significativamente no Brasil”, acrescenta.
Ações afirmativas
A pesquisadora da UFRJ enfatiza que para combater a
entrada de drogas no Brasil por meio dos portos, o governo federal tem que
começar a estudar a necessidade de criação de uma Guarda Costeira.
“O que não temos no Brasil são organizações que
tradicionalmente fazem esse papel. Nós temos que ter uma guarda nacional, uma
guarda costeira. Em algum momento, o país vai ter que discutir isso, o que são
atribuições das Forças Armadas e de segurança pública”, afirmou Adriana
Marques.
O pesquisador Leonardo Ostronoff acrescenta que, em
vez de mais uma GLO, o governo federal precisa intervir em ações integradas para
evitar o avanço do crime organizado, tanto no Rio como em São Paulo.
“Deixar a população participar e opinar, e parar de
pensar a segurança pública apenas como algo militar, como algo apenas policial.
Fazer como foi feito em outras instâncias, saúde e educação, democratizar o
debate, chamar conselhos e a sociedade civil”, defende o pesquisador.
Combate
ao crime organizado será com inteligência e controle dos portos, diz comandante
da Marinha
O comandante da Marinha, almirante de esquadra
Marcos Sampaio Olsen, disse em entrevista à coluna que o uso de informações de
inteligência integradas somado às fiscalizações e operações dentro dos portos
serão o principal ativo para a Marinha cumprir as ordens do presidente Lula
(PT) de combate ao crime organizado até maio de 2024.
“Vamos
contar muito com dados de inteligência sobre embarcações, monitorando desde
antes de chegarem ao porto, características, origem, destino. A GLO assegura a
estrutura adequada de comando e controle para atuação da Marinha”, afirmou
Olsen.
Na prática, a GLO (Garantia da Lei e da Ordem)
assinada por Lula nesta quarta, 1º, dá a Marinha controle operacional sobre
três portos: Rio de Janeiro, Santos (SP) e Itaguaí (RJ).
Para exemplificar, a atuação da Marinha sem a GLO
fica restrita à fiscalização e ao monitoramento de embarcações nas vias
navegáveis e de acesso aos portos, com apoio de inteligência, logística e
comunicação. Se uma embarcação atracar no porto, há um impedimento para que os
militares deem continuidade às ações ou acompanhamento. Com a GLO, os
marinheiros podem transitar e operar em toda área do porto.
“Aliado às
informações de inteligência complementares de órgãos do Brasil e do exterior
teremos emprego de tropas de fuzileiros navais para fiscalização de entrada e
saída de cargas”, disse Olsen.
Ele avaliou que a GLO dá segurança jurídica para os
militares para além da atuação em fiscalização e revistas de cargas, como
também em eventuais situações de confronto armado.
Olsen disse que o comando das ações integradas da
Polícia Federal e demais órgãos de segurança estaduais nos portos ficará sob
responsabilidade da Marinha.
Ao todo serão utilizados 3,7 mil militares, sendo 2
mil do Exército, 1,1 mil da Marinha e 600 da Aeronáutica.
Além do controle dos portos, a Marinha ampliará a
atuação, em ação conjunta com a PF na Baía de Guanabara (RJ), Baía de Sepetiba
(RJ), nos acessos marítimos ao Porto de Santos e ao Lago de Itaipu.
Perguntado se a operação que dá poder aos militares
melhora a relação política das Forças Armadas com Lula, disse que não vê
mudança, porque a relação sempre foi boa e sem atritos.
Chanceler
do Uruguai renuncia por áudios sobre concessão de passaporte a narcotraficante
O chanceler do Uruguai, Francisco Bustillo,
renunciou nesta quarta-feira (1º), após a divulgação de áudios em que
supostamente tenta ocultar uma comunicação sobre a periculosidade do
narcotraficante uruguaio Sebastián Marset no contexto da tramitação do seu
passaporte.
“As coisas não são como foram apresentadas, mas são
suficientemente sensíveis para que eu apresentasse minha renúncia imediata ao
presidente”, Luis Lacalle Pou, diz Bustillo em um comunicado ao qual a AFP teve
acesso.
Segundo fontes da Chancelaria, Bustillo comunicou
sua renúncia em um telefonema a Lacalle Pou, que está nos Estados Unidos. Ele
anunciou sua decisão depois que a ex-vice-chanceler Carolina Ache prestou
declaração nesta manhã no caso aberto pelo Ministério Público sobre supostas
irregularidades na entrega do passaporte uruguaio a Marset em novembro de 2021.
Marset, hoje foragido da Justiça, solicitou o
passaporte uruguaio em outubro de 2021 e o obteve no mês seguinte, quando
estava detido nos Emirados Árabes por tentar deixar o país com um passaporte
paraguaio falso.
Ao deixar a promotoria hoje, Carolina disse que foi
“colaborar com a investigação para que os fatos sejam esclarecidos de uma vez
por todas e para que toda a verdade seja conhecida”. “Fui a única política
deste governo que renunciou e foi para casa. E, paradoxalmente, não foi por ter
feito algo incorreto ou ilegal, pelo contrário. Foi por não estar disposta a
esconder comunicações da Justiça e por ter me negado a cometer um crime”,
afirmou.
Carolina apresentou sua renúncia em 19 de dezembro
de 2022, em meio ao escândalo causado pela divulgação de uma conversa de
WhatsApp de 3 de novembro de 2021 em que o número dois do Ministério do
Interior, Guillermo Maciel, descrevia Marset como “um narcotraficante muito
perigoso”, contradizendo as palavras de Francisco Bustillo. Questionado sobre o
assunto no Senado em 22 de agosto de 2022, Bustillo havia declarado: “Em
novembro de 2021, quem de nós sabia quem era Marset?”.
– Perda de celular –
Carolina Ache reiterou hoje que não teve
participação nem interferiu na concessão do passaporte a Marset. No entanto,
disse que comunicou ao órgão encarregado da tramitação “que se tratava de
alguém perigoso” assim que Maciel o informou.
“O que percebi depois foi que todos já sabiam do
que se tratava muito antes de mim”, acrescentou Carolina em entrevista
coletiva, sem dar detalhes de sua declaração.
Áudios de conversas telefônicas e chats que ela
apresentou como provas, divulgados pelo semanário Búsqueda e confirmados por
diversos veículos, mostram que Francisco Bustillo tentou esconder da Justiça as
conversas entre Carolina e Maciel sobre Marset.
Em um dos áudios, que, segundo o Búsqueda, é de 14
de novembro de 2022, Bustillo recomenda a Carolina que diga que perdeu o
celular. Em outro trecho da conversa, Bustillo chama diversas vezes Maciel de
“idiota”, advertindo que, se ele divulgasse os chats, “daria um tiro no próprio
pé”.
Bustillo também menciona uma reunião de coordenação
da estratégia para a interpelação no Senado, da qual participou o assessor de
comunicação da Presidência, Roberto Lafluf. Segundo o Búsqueda, Carolina também
disse que Lafluf lhe pediu que apagasse as mensagens.
No comunicado sobre sua renúncia, Bustillo nega
qualquer ilegalidade na tramitação do passaporte de Marset. “Tampouco menti na
interpelação parlamentar. A doutora Ache tirou conversas de contexto e agiu de
má-fé.”
Bustillo deve prestar declaração na próxima
sexta-feira perante a promotoria, no mesmo caso em que depôs Carolina.
Fonte: Ansa/Metrópoles/Portal Terra/AFP
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