Pesquisa revela
custos de R$ 254,5 milhões em internações com partos em adolescentes
A gravidez é um evento significativo na vida de uma mulher e de sua família, mas
quando ocorre na adolescência, ela pode trazer desafios ainda maiores. A
condição de vulnerabilidade da adolescente, somada à necessidade de conciliar
uma fase de transformações naturais com a responsabilidade de cuidar de um
bebê, provoca mudanças profundas que impactarão a vida de ambos de forma
definitiva. De 1° a 8 de fevereiro, a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez
na Adolescência é marcada pela conscientização dos impactos da gestação
precoce, que traz implicações para a vida das jovens mães, de suas famílias,
para o desenvolvimento dos filhos e o sistema de saúde como um todo.
Um estudo inédito
realizado pela Planisa (líder em soluções para gestão de custos na saúde na América Latina) e
pelo DRG Brasil, com dados de 442 hospitais brasileiros, públicos e privados, e 633.705
altas hospitalares no período de 2022 a 2024, concluiu que 5,32% dos casos
envolveram adolescentes de 12 a 18 anos, gerando um custo aproximado de R$
254,5 milhões em internações. O levantamento revela, ainda, um aumento
constante no número de partos em adolescentes: em 2022, a taxa foi de 4,66%; em
2023, subiu para 5,32%; e em 2024, atingiu 5,75%.
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Alerta para IST’s e eventos adversos
Outro dado da pesquisa é a
alta incidência de sífilis em gestantes adolescentes: 3,36%, contra 1,61% entre
gestantes adultas.
Além disso, os índices de
eventos adversos e eventos adversos graves são significativamente mais elevados
entre as mães adolescentes. O estudo apontou 21,63% de eventos adversos e 6,21%
de eventos adversos graves nas adolescentes, comparado a 13,38% e 4,31%,
respectivamente, entre as mães adultas. Os eventos adversos são complicações
indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes, não atribuídas à
evolução natural da doença de base. Já os eventos adversos graves incluem
qualquer ocorrência médica que resulte em morte, ameace a vida, exija
hospitalização ou prolongamento da internação, cause incapacidade persistente
ou significativa, anomalias congênitas, ou efeitos clinicamente importantes.
“Esses fatores resultam em maior tempo de
internação e, consequentemente, aumentam os custos hospitalares para o sistema
de saúde”, explica o diretor de Serviços da Planisa e especialista em custos hospitalares,
Marcelo Tadeu Carnielo.
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Índice de prematuridade
O levantamento mostra um
índice de prematuridade de 12,55% entre mães adolescentes, contra 11,43% entre
mães adultas. A permanência hospitalar dos recém-nascidos prematuros também foi
maior: 4,6 dias para os bebês de mães adolescentes, contra 3,9 dias para os
bebês de mães adultas. “Esses fatores agravam ainda mais os custos
hospitalares, pois a maior incidência e a maior permanência de recém-nascidos
prematuros aumentam os custos e pressionam o sistema de saúde”, salienta
Carnielo.
De acordo com relatório
publicado em 2018 pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial
da Saúde (OPAS/OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e
pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a taxa mundial de gravidez
na adolescência é estimada em 46 nascimentos para cada mil jovens entre 15 e 19
anos. Na América Latina e no Caribe, essa taxa sobe para 65,5 nascimentos por
mil adolescentes. No Brasil, um estudo de 2020 do Ministério da Saúde indicou
que 14% de todos os nascimentos ocorreram em mães com até 19 anos.
Dentre essas mães
adolescentes, 69% são negras ou pardas, e 66% das gestações são indesejadas. A
gravidez precoce eleva o risco de morte tanto para a mãe quanto para o bebê,
além de aumentar as chances de prematuridade.
Dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílio (PNAD), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) no ano passado, mostram que, em 2023 (período da
análise), 23,1% das dos jovens de 14 a 29 anos abandonaram os estudos por conta
da gravidez.
“Programas de prevenção à
gravidez, com acesso a informações, educação e serviços de saúde, são
essenciais para promover uma gestação consciente. Além disso, é fundamental
adotar uma abordagem acolhedora e livre de preconceitos para as mães
adolescentes, pois esses fatores são primordiais para o enfrentamento dos
desafios da maternidade na adolescência”, conclui Carnielo.
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Só 23% dos brasileiros recorrem ao SUS para cuidados
odontológicos
Uma pesquisa inédita
da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos) com o apoio
do CFO (Conselho
Federal de Odontologia) e executada pela consultoria italiana Key-Stone,
revelou que apenas 23% dos brasileiros buscam atendimento odontológico pelo SUS. O levantamento, realizado entre dezembro de 2023 e dezembro de
2024, destacou que a maioria desses pacientes está em faixas de renda mais
baixas e possui menor escolaridade.
Enquanto isso, 74% dos
atendimentos são realizados na rede privada, evidenciando a predominância do
setor particular na odontologia brasileira. Para Paulo Henrique Fraccaro, CEO
da ABIMO, fatores como a infraestrutura deficiente nos municípios e a falta de
integração entre médicos e dentistas impactam diretamente a utilização do SUS.
“A maioria das cidades não tem estrutura odontológica adequada no SUS e, quando
há, o atendimento é limitado, especialmente para casos complexos. Além disso,
problemas dentários diagnosticados durante consultas médicas raramente resultam
em orientação para buscar um dentista”, explica Fraccaro.
Claudio Miyake, presidente
do CFO, enfatiza a relevância da Política Nacional de Saúde Bucal, que, desde
2023, incorporou o Programa Brasil Sorridente ao SUS. Segundo Miyake, a medida
é um marco, mas depende de esforço conjunto entre União, estados e municípios
para ampliar o acesso aos serviços odontológicos. “A nova política é um avanço
importante, mas precisa ser efetivamente implementada para garantir que
brasileiros, especialmente os mais vulneráveis, tenham acesso desde a atenção
primária até tratamentos especializados”, ressalta.
Fonte: Medicinasa
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