sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Pesquisa revela custos de R$ 254,5 milhões em internações com partos em adolescentes

gravidez é um evento significativo na vida de uma mulher e de sua família, mas quando ocorre na adolescência, ela pode trazer desafios ainda maiores. A condição de vulnerabilidade da adolescente, somada à necessidade de conciliar uma fase de transformações naturais com a responsabilidade de cuidar de um bebê, provoca mudanças profundas que impactarão a vida de ambos de forma definitiva. De 1° a 8 de fevereiro, a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência é marcada pela conscientização dos impactos da gestação precoce, que traz implicações para a vida das jovens mães, de suas famílias, para o desenvolvimento dos filhos e o sistema de saúde como um todo.

Um estudo inédito realizado pela Planisa (líder em soluções para gestão de custos na saúde na América Latina) e pelo DRG Brasil, com dados de 442 hospitais brasileiros, públicos e privados, e 633.705 altas hospitalares no período de 2022 a 2024, concluiu que 5,32% dos casos envolveram adolescentes de 12 a 18 anos, gerando um custo aproximado de R$ 254,5 milhões em internações. O levantamento revela, ainda, um aumento constante no número de partos em adolescentes: em 2022, a taxa foi de 4,66%; em 2023, subiu para 5,32%; e em 2024, atingiu 5,75%.

·        Alerta para IST’s e eventos adversos

Outro dado da pesquisa é a alta incidência de sífilis em gestantes adolescentes: 3,36%, contra 1,61% entre gestantes adultas.

Além disso, os índices de eventos adversos e eventos adversos graves são significativamente mais elevados entre as mães adolescentes. O estudo apontou 21,63% de eventos adversos e 6,21% de eventos adversos graves nas adolescentes, comparado a 13,38% e 4,31%, respectivamente, entre as mães adultas. Os eventos adversos são complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes, não atribuídas à evolução natural da doença de base. Já os eventos adversos graves incluem qualquer ocorrência médica que resulte em morte, ameace a vida, exija hospitalização ou prolongamento da internação, cause incapacidade persistente ou significativa, anomalias congênitas, ou efeitos clinicamente importantes.

 “Esses fatores resultam em maior tempo de internação e, consequentemente, aumentam os custos hospitalares para o sistema de saúde”, explica o diretor de Serviços da Planisa e especialista em custos hospitalares, Marcelo Tadeu Carnielo.

·        Índice de prematuridade

O levantamento mostra um índice de prematuridade de 12,55% entre mães adolescentes, contra 11,43% entre mães adultas. A permanência hospitalar dos recém-nascidos prematuros também foi maior: 4,6 dias para os bebês de mães adolescentes, contra 3,9 dias para os bebês de mães adultas. “Esses fatores agravam ainda mais os custos hospitalares, pois a maior incidência e a maior permanência de recém-nascidos prematuros aumentam os custos e pressionam o sistema de saúde”, salienta Carnielo.

De acordo com relatório publicado em 2018 pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a taxa mundial de gravidez na adolescência é estimada em 46 nascimentos para cada mil jovens entre 15 e 19 anos. Na América Latina e no Caribe, essa taxa sobe para 65,5 nascimentos por mil adolescentes. No Brasil, um estudo de 2020 do Ministério da Saúde indicou que 14% de todos os nascimentos ocorreram em mães com até 19 anos.

Dentre essas mães adolescentes, 69% são negras ou pardas, e 66% das gestações são indesejadas. A gravidez precoce eleva o risco de morte tanto para a mãe quanto para o bebê, além de aumentar as chances de prematuridade.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano passado, mostram que, em 2023 (período da análise), 23,1% das dos jovens de 14 a 29 anos abandonaram os estudos por conta da gravidez.

“Programas de prevenção à gravidez, com acesso a informações, educação e serviços de saúde, são essenciais para promover uma gestação consciente. Além disso, é fundamental adotar uma abordagem acolhedora e livre de preconceitos para as mães adolescentes, pois esses fatores são primordiais para o enfrentamento dos desafios da maternidade na adolescência”, conclui Carnielo.

 

¨      Só 23% dos brasileiros recorrem ao SUS para cuidados odontológicos

Uma pesquisa inédita da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos) com o apoio do CFO (Conselho Federal de Odontologia) e executada pela consultoria italiana Key-Stone, revelou que apenas 23% dos brasileiros buscam atendimento odontológico pelo SUS. O levantamento, realizado entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, destacou que a maioria desses pacientes está em faixas de renda mais baixas e possui menor escolaridade.

Enquanto isso, 74% dos atendimentos são realizados na rede privada, evidenciando a predominância do setor particular na odontologia brasileira. Para Paulo Henrique Fraccaro, CEO da ABIMO, fatores como a infraestrutura deficiente nos municípios e a falta de integração entre médicos e dentistas impactam diretamente a utilização do SUS. “A maioria das cidades não tem estrutura odontológica adequada no SUS e, quando há, o atendimento é limitado, especialmente para casos complexos. Além disso, problemas dentários diagnosticados durante consultas médicas raramente resultam em orientação para buscar um dentista”, explica Fraccaro.

Claudio Miyake, presidente do CFO, enfatiza a relevância da Política Nacional de Saúde Bucal, que, desde 2023, incorporou o Programa Brasil Sorridente ao SUS. Segundo Miyake, a medida é um marco, mas depende de esforço conjunto entre União, estados e municípios para ampliar o acesso aos serviços odontológicos. “A nova política é um avanço importante, mas precisa ser efetivamente implementada para garantir que brasileiros, especialmente os mais vulneráveis, tenham acesso desde a atenção primária até tratamentos especializados”, ressalta.

 

Fonte: Medicinasa

 

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