sábado, 4 de maio de 2024

Guerra na Ucrânia provavelmente não terminará tão cedo, diz inteligência dos EUA

As táticas agressivas da Rússia na Ucrânia devem continuar, sendo improvável que a guerra termine em breve, disse a principal funcionária da inteligência dos Estados Unidos nesta quinta-feira (2).

A Diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Avril Haines, pontuou ainda que desenvolvimentos nacionais e internacionais tendem a favor do presidente da Rússia, Vladimir Putin.

A fala aconteceu ao Comitê de Serviços Armados do Senado americano, onde ela destacou ainda que a Rússia intensificou os ataques à infraestrutura da Ucrânia para dificultar a movimentação de armas e tropas, desacelerar a produção da indústria de Defesa e forçar o país a considerar negociações.

As táticas cada vez mais agressivas de Putin contra a Ucrânia, tais como os ataques à infraestrutura elétrica, têm como objetivo mostrar à Ucrânia que continuar lutando apenas aumentará os danos e não oferecerá nenhum caminho plausível para a vitória”, avaliou ela.

“Essas táticas agressivas provavelmente continuarão e é improvável que a guerra termine tão cedo”, comentou Haines.

·        Reunião sobre ameaças contra os EUA

Avril Haines e o tenente-general Jeffrey Kruse, diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, testemunharam perante o comitê sobre a avaliação de 2024 da comunidade de inteligência sobre as ameaças que os Estados Unidos enfrentam.

Sobre a China, considerada pelos EUA seu principal rival global, Haines ressaltou que o presidente chinês, Xi Jinping, e os seus principais líderes esperam alguma instabilidade nas relações com Washington no futuro.

Mas, continuou ela, vão procurar projetar estabilidade nesses laços diplomáticos, uma vez que sua principal prioridade é lidar com a conturbada economia da China.

Em vez de prosseguir políticas para estimular os gastos dos consumidores ou encorajar o investimento, parecem estar “duplicando” uma estratégia de longo prazo impulsionada pela indústria transformadora e pela inovação tecnológica, avaliou.

Essa abordagem, no entanto, “quase certamente aprofundará o pessimismo público e de investimento no curto prazo”, adicionou.

A China está enfrentando dificuldades econômicas adversas, incluindo a fraca procura interna, o elevado desemprego juvenil e uma crise imobiliária.

Pequim intensificou o investimento em infraestruturas e passou a investir na indústria transformadora de alta tecnologia, mas alguns economistas alertam que isso poderá aumentar os desequilíbrios a longo prazo.

Xi e os seus principais líderes estão cada vez mais preocupados com a capacidade dos EUA de impactar os objetivos tecnológicos da China e “modificaram a sua abordagem à retaliação econômica contra os Estados Unidos” ao “impor pelo menos alguns custos tangíveis às empresas norte-americanas”, disse Haines.

Aparentemente, Haines estava se referindo aos ataques a empresas dos EUA que esfriaram o ambiente de negócios estrangeiros da China, e à expansão das restrições de Pequim às aplicações de tecnologia dos EUA por questões de segurança nacional.

No entanto, as agências de inteligência americanas avaliam que, nos próximos meses, a China provavelmente limitará essa retaliação econômica para evitar danos à sua economia interna, ponderou.

“Em particular, o declínio significativo no investimento direto estrangeiro na China, uma queda de 77% em 2023, provavelmente levará a RPC (República Popular da China) a ser mais comedida nas suas respostas, na ausência de uma escalada inesperada por parte dos Estados Unidos”, concluiu.

¨      'Estavam despreparados': mídia aponta como a Rússia está superando as forças ucranianas

Manobras competentes permitiram que a Rússia pegasse as Forças Armadas da Ucrânia despreparadas para repelir uma ofensiva, escreve Patrick Drennan, colunista do jornal norte-americano The Hill.

A Ucrânia foi superada na arte da manobra. Eles [as Forças Armadas da Ucrânia] não estavam preparados para poderosos […] contra-ataques da Rússia [após do fracasso da ofensiva ucraniana em 2023], e suas posições defensivas podem entrar em colapso", escreveu ele.

O jornalista observou que o Exército russo se distingue por uma estrutura de comando desenvolvida e boa logística na zona da operação militar especial. Além disso, as Forças Armadas da Rússia mostraram que são capazes de resistir de forma muito eficaz aos drones ucranianos no campo de batalha, acrescentou ele.

"A Ucrânia foi superada em número [de tropas], armamento e arte operacional. Em geral, a Rússia tem uma grande vantagem estratégica e logística", concluiu o colunista.

Anteriormente, o comandante-chefe das forças ucranianas, Aleksandr Syrsky, falou sobre a situação complicada das tropas da Ucrânia na linha de frente. Segundo ele, a Rússia tem uma vantagem significativa e ataca ativamente ao longo de toda a linha de contato, o que leva a sucessos táticos.

¨      Kiev terá que negociar com Rússia porque não poderá vencer sozinha, diz inteligência da Ucrânia

Além de sinalizar que "é questão de tempo" para cidade de Chasov Yar cair, o vice-chefe da Diretoria Principal de Inteligência da Ucrânia, Vadim Skibitsky, afirmou que Kiev terá que entrar em negociações com a Rússia para pôr fim ao conflito, visto que "não vê uma maneira de a Ucrânia vencer a guerra sozinha".

De acordo com a entrevista do general da inteligência ucraniana publicada pelo The Economist na quinta-feira (2), a "Ucrânia está no seu limite", e com a "velocidade do avanço" russo, Moscou prosseguirá com o seu plano libertar todo o território das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.

"Nosso problema é muito simples: não temos armas. Eles sempre souberam que abril e maio seriam tempos difíceis para nós", afirmou Skibitsky.

Ele também disse que, em algum momento, Kiev terá que entrar em negociações com a Rússia.

O presidente ucraniano Vladimir Zelensky descartou repetidamente qualquer negociação com Moscou, e emitiu um decreto em 2022 no qual sublinhou que as tratativas "eram impossíveis". No entanto, as declarações feitas ontem (2) pelo general da inteligência vão em direção contrária.

"O general Skibitsky diz que não vê uma maneira de a Ucrânia vencer a guerra sozinha no campo de batalha. Mesmo que fosse capaz de empurrar as forças russas de volta às fronteiras – uma perspectiva cada vez mais distante – não acabaria com a guerra", escreveu o The Economist.

"Essas guerras só podem terminar com tratados. Neste momento, ambos os lados estão competindo pela 'posição mais favorável' antes de potenciais diálogos. Mas negociações significativas só podem começar no segundo semestre de 2025, no mínimo", disse o militar ucraniano.

A Reuters também reportou a entrevista acrescentando que o chanceler ucraniano, Dmitry Kuleba, pareceu ecoar os pensamentos de Skibitsky em uma entrevista separada nesta semana na qual disse que o objetivo da cúpula de junho na Suíça era "unir países que compartilham princípios e abordagens sobre os quais construirão futuras ações".

"Depois disso, a comunicação com a Rússia poderá ocorrer e a Rússia poderá fazer parte das negociações. Porque você está certo: no final, você não pode pôr fim à guerra sem ambas as partes", declarou o ministro, citado pela mídia.

Moscou se posicionou sobre a cúpula, relembrado que a Suíça não tem cumprido seu princípio de neutralidade, visto que aplicou sanções contra o Estado russo, o que a descarta de ser um mediador neutro.

Ao mesmo tempo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na quinta-feira (2) que a reunião de junho não poderia ser uma "conferência séria com sérias expectativas de algum tipo de resultado sem a presença da Rússia".

¨      MRE do Reino Unido expressa oposição à ideia de Macron de enviar tropas à Ucrânia

David Cameron comentou as declarações do líder francês, deixando claro que seria errado "os soldados da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] matarem militares russos".

David Cameron, ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, disse em uma entrevista à emissora britânica Sky News que não acredita que a ideia do presidente francês Emmanuel Macron de enviar tropas para a Ucrânia seja correta.

Anteriormente, o presidente francês falou sobre essa possibilidade, detalhando que isso aconteceria se o Exército russo rompesse a linha do front e houvesse uma solicitação correspondente de Kiev para o apoio militar estrangeiro. O presidente francês afirma que "muitos países da União Europeia" concordaram com essa abordagem de Paris.

"Ele [Cameron] advertiu contra a implementação da ideia de Macron de considerar o envio de tropas da OTAN para a Ucrânia para participar dos combates se o Exército do [presidente russo] Vladimir Putin fizer um avanço, dizendo que tal medida seria uma 'escalada perigosa'", disse o ministro britânico, segundo a Sky News.

O ministro das Relações Exteriores britânico acrescentou que "seria errado os soldados da OTAN matarem militares russos", crendo não haver necessidade disso, dado o programa de treinamento para os soldados ucranianos enviados ao Ocidente.

¨      Alemanha diz que Rússia sofrerá consequências de suposto ataque de hackers

A Rússia enfrentará consequências por um ataque cibernético supostamente orquestrado por um grupo ligado à sua inteligência militar, disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, nesta sexta-feira (3).

A Alemanha tem estado entre as nações ocidentais que prestam apoio militar à Ucrânia na sua guerra com a Rússia, com o presidente Vladimir Putin afirmando em dezembro que os laços entre os dois países permanecem em grande parte congelados.

Desde dezembro de 2022, os social-democratas no poder na Alemanha e as empresas dos setores de logística, defesa, aeroespacial e TI foram alvo de hackers russos, de acordo com o Ministério do Interior.

“Podemos agora atribuir claramente o ataque ao grupo russo APT28, que é controlado pelo serviço de inteligência militar russo GRU”, disse Baerbock numa conferência de imprensa em Adelaide.

“Por outras palavras, os hackers estatais russos atacaram a Alemanha no ciberespaço”, acrescentou Baerbock, que está de visita à Austrália para se encontrar com a sua homóloga Penny Wong. “Isso é completamente inaceitável e não ficará sem consequências.”

Em março, a agência de segurança cibernética da Alemanha e investigadores que trabalham para a Alphabet, proprietária do Google, disseram que um grupo semelhante, chamado APT29, foi pego atacando vários partidos políticos alemães, com o objetivo de se infiltrar nas suas redes e roubar dados.

 

Fonte: CNN Brasil/Sputnik Brasil

 

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