quinta-feira, 2 de maio de 2024

General alemão adverte para 'erro fatal' que OTAN fará se guerra por procuração na Ucrânia continuar

As forças que nos países ocidentais estão por trás do prolongamento da crise ucraniana estão "fatalmente" equivocadas em sua suposição de que Kiev poderia se beneficiar de alguma maneira por a crise com a Rússia ser arrastada por mais tempo, alerta o general alemão Harald Kujat, ex-presidente do Comitê Militar da OTAN.

"Seria um erro fatal acreditar que as perspectivas da Ucrânia melhorarão quanto mais a guerra continuar. Pelo contrário: as consequências catastróficas deste erro só podem ser evitadas se for possível impedir uma derrota militar através de uma cessação antecipada das hostilidades e [início] das negociações de paz entre os dois países beligerantes", disse Kujat em entrevista à revista alemã Overton Magazin.

"A situação militar tornou-se muito crítica para a Ucrânia após o fracasso da ofensiva no ano passado, e está se tornando mais difícil a cada dia que passa. As Forças Armadas ucranianas perderam a capacidade de realizar operações ofensivas e, por conselho dos americanos, estão tentando reduzir suas altas perdas em pessoal por meio de defesa estratégica e mantendo o território que ainda controlam", explicou o general.

Ao mesmo tempo, o general alemão observou que Kiev está agora em uma posição "extremamente vulnerável" em áreas cruciais para uma defesa estratégica bem-sucedida – falta de defesas aéreas suficientes, de munição para artilharia e sofrendo um "grande déficit de soldados treinados", com essas deficiências "reforçando umas às outras em seus efeitos negativos".

"Por mais amargo que seja admitir, apesar do amplo apoio financeiro e material que recebeu dos Estados Unidos e da Europa, a Ucrânia não conseguiu transformar a situação estratégica em seu favor. Pelo contrário, no ano passado, 12 brigadas ucranianas foram treinadas por países da OTAN e equipadas com armamento moderno para romper as defesas russas em uma grande ofensiva que começou com altas expectativas. A ofensiva falhou com grandes perdas", lembrou Kujat.

A crise ucraniana poderia ter sido totalmente evitada se os EUA e a OTAN estivessem dispostos a "negociar seriamente" os projetos de tratados de segurança russos propostos por Moscou no final de 2021, lembrou o general, acrescentando que outra oportunidade para acabar com o conflito – através de negociações em Belarus e na Turquia, em março de 2022 – foi jogada por água abaixo pelo Ocidente.

¨      OTAN encara problemas de comunicação e compatibilidade de armas em exercícios na Letônia, diz mídia

Lançados no início de 2024, os maiores exercícios militares da OTAN desde a Guerra Fria se estenderam pela Alemanha, Polônia e Países Bálticos. Conduzidos sob o pretexto de repelir a "agressão" de Moscou contra aliados na vizinhança direta da Rússia, eles foram criticados pelo Kremlin como prejudiciais para a segurança na Europa.

Tropas da OTAN de 14 países realizaram exercícios contra invasores simulados na floresta nos arredores da capital da Letônia, Riga, em março, informou o The Wall Street Journal.

No entanto, o exercício maciço para repelir o inimigo fictício Occasus foi atormentado por barreiras linguísticas, problemas de comunicação e dificuldades de compatibilidade de armas da OTAN. É fácil de adivinhar que implícito sob a "nação invasora" foi a Rússia, mesmo que nunca tenha sido mencionada abertamente.

Um batalhão liderado pelo tenente-coronel do Exército letão Gaidis Landratovs operou ao lado das tropas dos EUA durante o exercício. De acordo com o cenário simulado, as forças inimigas cruzaram a fronteira da Letônia com a Rússia e estavam se dirigindo para a capital. As forças inimigas identificaram marcas vermelhas de X em seus equipamentos.

"O mais importante é demonstrar prontidão para agir rapidamente e se posicionar para defender as fronteiras da Letônia e da OTAN", disse o coronel do Exército da Letônia Oskars Kudlis.

No entanto, as tropas tiveram que se comunicar em uma série de idiomas diferentes em diferentes tipos de rádios, bem como coordenar sistemas de armas diferentes e práticas de campo de batalha, observou o jornal.

As diferenças de linguagem, sistemas de comunicação e armamento dentro da OTAN supostamente se tornaram um desafio já que "a preparação para a guerra de coalizão é mais uma vez a prioridade da OTAN".

Os exercícios na Letônia estavam entre os vários realizados perto da fronteira da União Europeia com a Rússia, juntamente com exercícios na Polônia, Lituânia e Estônia.

¨      Polônia implantará armas perto da fronteira russa de 4 a 6 de maio para exercícios da OTAN

Equipamento militar polonês será implantado perto da fronteira entre a Polônia e a Rússia na província do nordeste polonês, Vármia-Masúria, como parte dos exercícios Steadfast Defender (Defensor Inabalável) da OTAN, disse o Comando Geral das Forças Armadas polonesas.

​​A OTAN deu início ao Steadfast Defender  24 em janeiro. Os exercícios militares decorrem até maio e incluem mais de 90 mil soldados de todos os 32 Estados-membros.

"Tenha especial cuidado no futuro próximo, pois você poderá encontrar numerosos comboios militares na rota. O ponto culminante dos exercícios ocorrerá de 4 a 6 de maio nas regiões das províncias da Pomerânia Ocidental, Pomerânia e Vármia-Masúria", disse o comunicado.

A segunda fase dos exercícios centra-se na movimentação de tropas por toda a Europa. Durante o treinamento, os aliados planejam testar um cenário de conflito contra um "adversário quase igual", de acordo com o Artigo 5 da Aliança Atlântica.

Em janeiro, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Aleksandr Grushko, disse à Sputnik que a escala da interação de 2024 do Steadfast Defender marca o retorno final e irrevogável da aliança aos esquemas da Guerra Fria para combater a Rússia. Estes exercícios são outro elemento da guerra híbrida desencadeada pelo Ocidente contra Moscou, acrescentou Grushko.

¨      Pentágono enfrenta problemas para expandir produção norte-americana de armas para a Ucrânia

Desde a aprovação pelo Congresso do financiamento adicional à Ucrânia de US$ 61 bilhões (R$ 316,9 bilhões), o Departamento de Defesa dos Estados Unidos busca novos contratos plurianuais com a indústria nacional para fornecer armas ao país. Porém, funcionários do Pentágono citam desafios para expandir a produção dos itens militares.

É o que apontou relatório do Escritório de Responsabilidade do Governo (GAO, na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira (30). "Os departamentos militares concederam ou planejam conceder contratos de aquisição plurianuais para ajudar a substituir cinco tipos de armas fornecidas à Ucrânia. No entanto, funcionários do Departamento de Defesa e representantes de contratadas disseram ao GAO que enfrentam desafios para implementar essa medida", aponta o texto.

Um dos principais motivos, segundo o relatório, é a rejeição de fornecedores em firmar acordos de longo prazo. Isso por prender as empresas a "certos preços" por vários anos.

"Os longos prazos associados à entrega de peças e matérias-primas de fornecedores estão afetando muitos programas de armas. Um programa de mísseis que o GAO revisou relatou um aumento no tempo de espera de 19 para 34 meses nos últimos dois anos para peças eletrônicas, como placas de circuito," informou o texto.

·        'Porta para a destruição da nação'

O novo pacote de ajuda à Ucrânia é um convite para o desastre e resultará em desperdício de dinheiro e, ainda mais preocupante, perda de mais vidas ucranianas, de acordo com George Beebe, colaborador do Quincy Institute for Responsible Statecraft e ex-analista da CIA, em artigo divulgado no último fim de semana.

O analista apontou que do total anunciado, apenas US$ 14 bilhões serão gastos na aquisição de armas para a Ucrânia, enquanto US$ 8 bilhões em apoio financeiro serão usados para manter o governo ucraniano à tona.

No entanto, a maioria do pacote será destinada ao reabastecimento dos estoques militares esgotados dos EUA, "o que levará anos para ser concluído", e para financiar as operações mais amplas dos EUA na região.

"O pacote não vai fechar a enorme lacuna entre a produção de artilharia, bombas e mísseis da Rússia e a da Ucrânia e de seus apoiadores ocidentais, porque o Ocidente simplesmente não possui capacidade de fabricação para atender às enormes necessidades da Ucrânia, e isso será o caso por muitos anos", declarou Beebe, acrescentando que os EUA têm falta de mecânicos e outros funcionários qualificados para novas fábricas.

¨      De 'ponto de virada' a 'tanque chacota': EUA ordenam que Abrams seja removido da linha de frente

Os Abrams, aqueles que foram chamados de "imbatíveis" e "divisores de águas" do conflito, ao custo de US$ 10 milhões cada, acabaram derrotados por drones de US$ 500. Para analista, falta de "nova doutrina de camadas" ucraniana no uso dos tanques também colaborou para o fracasso no campo de batalha.

A vulnerabilidade dos tanques Abrams M1A1, cujo preço chega a US$ 10 milhões (R$ 51,7 milhões) cada, finalmente encontrou o seu lugar no conflito na Ucrânia: escondidos na retaguarda, fora do campo de visão de drones de US$ 500 dólares (R$ 2,58 mil), que até agora abateram sete deles, incluindo um tanque de desminagem.

Tal fato foi confirmado por responsáveis ​​militares dos Estados Unidos à agência Associated Press (AP), a qual detalhou que "o campo de batalha mudou substancialmente".

Os tanques foram transferidos para fora das linhas de frente, onde especialistas norte-americanos trabalharão com os ucranianos para redefinir as táticas, segundo duas autoridades citadas pela mídia.

De acordo com o diretor do Instituto Espanhol de Geopolítica, Juan Aguilar, "há uma coisa que a AP não tem muito conhecimento do assunto, é [quando diz] que o campo de batalha mudou. Vejamos, sim, os campos de batalha mudam: surgem novos sistemas de armas e isso logicamente obriga a adaptar-se. Mas os russos estão usando tanques, e os ucranianos também: tanques soviéticos", explicou.

"O que aconteceu aqui é que os tanques ocidentais muito caros e 'muito preciosos', e estamos nos referindo aos Leopard alemães, aos Challenger britânicos e aos Abrams norte-americanos. [Eles] foram lançados para a linha de frente, para a batalha, sem seguir a doutrina, não a doutrina do novo campo de batalha, [mas] a das unidades blindadas que tem sido clássica praticamente desde a Segunda Guerra Mundial", analisou Aguilar.

Em sua visão, "não é possível lançar unidades blindadas sem ter uma doutrina de operações que seja uma ofensiva em camadas".

"Ou seja, você tem os tanques no solo, mas precisa ter helicópteros de ataque e a aviação na próxima camada. Além disso, é necessário ter artilharia de proteção, unidades de defesa aérea e um sistema de guerra eletrônica usando drones."

No entanto, "nada disso foi enviado", diz o analista, e por consequência "o resultado é que tanques muito caros, como o Leopard, Challenger e o Abrams, foram destruídos no campo de batalha com absoluta facilidade", explicou.

Nesta terça-feira (30), o Ministério da Defesa da Rússia anunciou que seis mísseis tático-operacionais ATACMS e duas bombas guiadas Hammer de fabricação francesa, foram abatidos pelas forças russas, conforme noticiado.

"Os Abrams deram resultados ainda piores do que os Leopard alemães: assim que colocaram o nariz na linha de frente, começaram a ser destruídos. Os Challanger, assim que os destruíram, tiraram-nos do caminho. Os Abrams lançaram um esquadrão, suponho que uns dez, seguindo os padrões da OTAN. Já [foram] destruídos sete deles, e [do] Leopard ainda restam 50% dos que foram enviados […]. É um desastre completo", disse o especialista.

Aguilar sublinha que "se a isso somarmos o descrédito que estes sistemas de armas têm devido à sua baixa rentabilidade na linha da frente, logicamente os verdadeiros proprietários destes tanques, que são os países da OTAN, decidem retirá-los, e retiram-nos".

Em uma entrevista ao canal do jornal Die Welt na segunda-feira (29), o jornalista Christoph Wanner disse que as Forças Armadas ucranianas estão se recusando a usar tanques Abrams fabricados nos EUA devido às expectativas superestimadas.

Wanner, assim como Aguilar, observou que o uso dos tanques é dificultado pelos drones com visão em primeira pessoa e kamikaze operados pelas Forças Armadas russas. Portanto, as expectativas ucranianas e norte-americanas enfrentaram uma dura realidade: drones russos baratos podem facilmente transformar caros tanques ocidentais em sucata.

¨      Nova fragata russa Admiral Golovko pode se tornar um 'pesadelo hipersônico', diz revista

A fragata recém-comissionada à Marinha da Rússia Admiral Golovko, do projeto 22350, incorpora os requisitos para uma nova geração de navios de guerra, escreve o colunista Peter Suciu em um artigo para The National Interest.

"Sendo parte de uma nova geração de fragatas multipropósito, ele [Admiral Golovko] marca uma notável mudança [...] para plataformas de mísseis avançadas", destacou ele.

De acordo com Suciu, as fragatas do projeto 22350 são capazes de realizar uma gama extremamente ampla de tarefas, incluindo defesa antissubmarino, escolta de navios maiores e condução de ataques ao território inimigo.

O artigo destaca em particular o armamento da referida fragata, que consiste não só de mísseis de cruzeiro Kalibr e sistemas antinavio Oniks, mas também dos mais recentes mísseis hipersônicos Tsirkon.

"Essas fragatas [do projeto 22350] estão se transformando em poderosos portadores flutuantes de mísseis, refletindo as demandas cada vez maiores da guerra moderna no mar", concluiu Suciu.

Destaca-se que a fragata Admiral Golovko se tornou o primeiro navio portador permanente de armamento hipersônico de baseamento naval.

Vale observar que os mísseis Tsirkon conseguem atingir velocidades de Mach 9, enquanto o alcance ultrapassa os 1.000 km, sendo os primeiros no mundo a conseguir essas marcas.

¨      Vários países ocidentais propõem cortes nas transferências de armas e tecnologia para Israel

Ante o novo risco de escalada na crise em Gaza com a eminente operação de Israel em Rafah, diversos países ocidentais falam em cortes na ajuda a Tel Aviv enquanto nos EUA crescem os atos pró-Palestina.

Vários países ocidentais propuseram a introdução de cortes nas vendas de armas e a imposição de restrições ao fornecimento de tecnologias a Israel em um pacote de medidas discutidas durante uma reunião de dois dias na capital da Arábia Saudita, Riad, informou o jornal turco Hurriyet nesta terça-feira (30), citando fontes.

A Organização para a Cooperação Islâmica, a Liga dos Estados Árabes e vários países europeus discutiram medidas que podem ser aplicadas contra Israel e os países que apoiam o Estado judeu no conflito de Gaza na reunião em Riad à margem do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), noticiou o jornal.

A discussão pretendia envolver o maior número possível de países no pacote de "elementos de pressão" que contém uma proposta sobre restrições do espaço aéreo, entre outras coisas, afirma o relatório.

Nesta terça-feira (30), o jornal Politico informou que um grupo de mais de 90 advogados dos Estados Unidos, incluindo pelo menos 20 da administração presidencial, apelou ao presidente norte-americano Joe Biden para interromper a ajuda militar a Israel por causa de suas ações na Faixa de Gaza, que eles disseram contradizer o direito humanitário internacional e dos EUA.

Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou um ataque com foguetes em grande escala contra Israel rompendo a fronteira de Gaza, atacando bairros civis e bases militares. Quase 1.200 pessoas em Israel foram mortas e cerca de 240 foram sequestradas durante o ataque. Israel lançou ataques retaliatórios, ordenou um bloqueio total de Gaza e iniciou uma incursão terrestre no enclave palestino com o objetivo declarado de eliminar os combatentes do Hamas e resgatar os reféns. Mais de 34.400 pessoas foram mortas até agora pelos ataques israelenses na Faixa de Gaza, segundo as autoridades locais.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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