segunda-feira, 1 de julho de 2024

10 dicas para identificar sinais de autismo na adolescência

O psiquiatra Caio Abujadi, especialista em transtorno do espectro do autismo (TEA), TDAH e psiquiatria da adolescência e infância, compartilha 10 dicas essenciais para identificar sinais de autismo na adolescência.

Reconhecer esses sinais pode ser crucial para que adolescentes autistas recebam o suporte necessário e entendam melhor suas próprias experiências.

Caio Abujadi é sócio-fundador e atual presidente da Associação Caminho Azul. Ele possui experiência no tratamento de transtornos do desenvolvimento, com ênfase no autismo e no transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

<><> 10 Dicas para Identificar Sinais de Autismo na Adolescência por Caio Abujadi:

1. Dificuldades de comunicação social: Observe se o adolescente tem dificuldades em iniciar e manter conversas, interpretar linguagem corporal ou expressões faciais, inadequação do comportamento, problemas para se manter congruente ao que está ocorrendo (pensar no mesmo contexto).

2. Interesses restritos e intensos: Fique atento a interesses profundos e focados em áreas específicas, que muitas vezes dominam o tempo e a atenção do adolescente. Troca de assunto sempre para um campo do seu interesse.

3. Dificuldade em fazer e manter amizades: Note se o adolescente tem dificuldades em criar e manter relacionamentos sociais, preferindo atividades solitárias. Quando faz amizades, faz poucas e fica muito apegado aos amigos.

4. Comportamentos repetitivos: Identifique comportamentos repetitivos, como movimentos estereotipados, organização excessiva de objetos ou insistência em rotinas específicas. Faz atividades da mesma forma e com pouca flexibilidade.

5. Sensibilidade sensorial: Perceba reações intensas a estímulos sensoriais, como aversão a certos sons, luzes, texturas ou cheiros. Pode ter habilidades perceptivas também - habilidades com sons, cheiros, olfato.

6. Problemas de empatia: Observe se o adolescente tem dificuldades em compreender e responder às emoções dos outros, o que pode afetar suas interações sociais. Pode fazer empatia exagerada e ter excesso de estímulos perceptivos sociais que incomodam e geram muita ansiedade social.

7. Resistência a mudanças: Verifique se o adolescente apresenta resistência a mudanças na rotina ou no ambiente, demonstrando ansiedade ou irritação com alterações inesperadas.

8. Dificuldade na compreensão de normas sociais: Note se o adolescente tem dificuldades em entender regras sociais implícitas, como comportamento adequado em diferentes contextos. Abstrações de contextos mais complexos podem ser também mal interpretados.

9. Problemas com habilidades motoras: Identifique dificuldades em habilidades motoras finas e grossas, como escrever, praticar esportes ou coordenação motora geral.

10. Compulsões por recompensas baseadas em seus interesses: Precisa ter aquilo que gosta de forma compulsiva para sentir alívio e tranquilidade.

 

•           Graus de autismo existem? Veja como funciona o novo diagnóstico do espectro

Compreender o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é fundamental para reconhecer a diversidade e complexidade das experiências individuais dentro deste espectro. A data foi eleita pela ONU em 2007, visando levar informação para a população e diminuir a discriminação e o preconceito com as pessoas autistas.

Jaqueline Bifano, médica psiquiatra da infância e adolescência e especialista em autismo, explica ao Terra que o diagnóstico do espectro é clínico, sempre realizado durante uma consulta médica.

"Não existe exame laboratorial ou exame de imagem que diagnostique o autismo. É através da avaliação do paciente no consultório e de uma conversa com os pais." - Jaqueline Bifano, médica psiquiatra

A psiquiatra conta que o autismo é caracterizado pelo comportamento repetitivo, estereotipado e seletivo, com prejuízo na comunicação e na interação social, podendo também ter uma alteração sensorial, rigidez de comportamento, de pensamento e um comportamento bastante seletivo restritivo.

O Terra também conversou com o médico psiquiatra Diego Tinoco, da clínica Prazer em Viver, que explicou como funciona o diagnóstico sobre os graus de autismo.

O profissional diz que em vez de categorizar o autismo em termos de "leve", "moderado" ou "grave", a abordagem moderna enfoca o nível de apoio que cada pessoa necessita.

"Isso reflete uma compreensão mais respeitosa das variadas necessidades das pessoas com autismo. O transtorno do espectro do autismo é classificado conforme o grau de apoio requerido pela pessoa." - Diego Tinoco, médico psiquiatra

De acordo com Tinoco, o grau de autismo pode ser determinado levando em consideração dois aspectos principais:

Prejuízos na Comunicação Social: refere-se às dificuldades que a pessoa pode enfrentar na comunicação verbal e não verbal, assim como na interação social.

Padrões de Comportamento Restritos e Repetitivos: inclui comportamentos, interesses ou atividades que são limitados, repetitivos e inflexíveis.

Estes aspectos são avaliados para identificar se a pessoa necessita de:

•           Apoio

Outro fator crucial na compreensão do autismo é a determinação da presença ou ausência de comprometimento intelectual associado ao quadro. Isso significa avaliar se o indivíduo apresenta desafios adicionais no funcionamento intelectual juntamente com o autismo.

O médico destaca que o autismo pode ocorrer com ou sem comprometimento intelectual. Além disso, a avaliação do funcionamento da linguagem é essencial.

simplificação excessiva e a estigmatização que podem vir com os termos "leve", "moderado" ou "grave”, explica Tinoco.

O psiquiatra considera que essa classificação em termos de apoio reflete uma compreensão de que, mesmo as pessoas que podem parecer ter desafios menos significativos (leve), enfrentam obstáculos substanciais em seu dia a dia.

Sendo assim, é  possível entender que cada indivíduo com autismo possui um conjunto único de habilidades e desafios, e o que pode ser considerado "leve" em um aspecto pode ser profundamente desafiador em outro.

“Isso é muito importante, porque reconhecer a necessidade de apoio individualizado é fundamental para promover a inclusão e o bem-estar das pessoas com TEA. Isso permite que sejam atendidas de maneira respeitosa e eficaz, considerando suas necessidades e potencialidades”, conclui o especialista.

 

Fonte: Sou Mais Bem Estar/Terra

 

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