Stefano
Feltri: A voz frágil da democracia
O
primeiro debate entre Joe Biden e Donald Trump, organizado pela CNN na Geórgia, foi decidido
nos primeiros minutos. Quando o presidente em exercício começou a falar, todo
espectador pôde sentir o peso de seus 81 anos, da vida que lhe foi dada e
da carreira de político de profissão que escolheu.
Quem
quer que tivesse dúvidas sobre a saúde física de Joe Biden, sua capacidade
de suportar mais quatro anos na Casa Branca, viu confirmados os receios
sobre sua inadequação. Para mim, porém, aquele falar vacilante e quase aflito
me fez pensar não na voz de um velho, mas na frágil voz
da democracia e dos direitos em uma era marcada pela
violência verbal e física.
·
Assim como nossas democracias
Joe
Biden está velho e cansado, assim como nossas democracias após
vinte anos de raiva, para citar o fundamental livro de Carlo Invernizzi Accetti, do qual falaremos em breve. No fundo, não há um candidato
melhor para encarnar as ideias e políticas que se opõem a Donald
Trump. O debate não foi um confronto entre dois candidatos, mas a
representação da verdadeira natureza do conflito: o cerco do tirano ao forte
desprotegido da democracia.
Um
candidato mais jovem, vital, com a resposta mais rápida teria simplesmente
tornado mais difícil perceber qual é o verdadeiro enredo das eleições de 5 de
novembro. Não se trata da escolha entre Biden e Trump, mas entre
a imperfeita democracia liberal dos direitos, das políticas redistributivas,
do internacionalismo e uma loucura predatória, gananciosa e violenta na política
interna, e um cinismo masoquista na política externa.
Biden
tropeça, não se entende o que diz, sempre confunde – sempre – milhões (millions)
com bilhões (billions). Não tem uma resposta pronta quando
perguntado sobre sua idade, começa a listar os sucessos da política industrial.
Como dizer: vejam o que eu faço, não como eu conto.
É a
tentativa, mal sucedida, de lembrar que já em 2019 Biden era
considerado idoso, pouco lúcido, inadequado, mas então ele fez mais coisas
relevantes em quatro anos do que Barack Obama em oito.
Trump revela
apenas sua natureza e suas ambições: é inútil verificar suas declarações, toda
a narrativa de Trump é construída sobre uma premissa que ele
considera incontestável e óbvia. Ou seja, que os Estados
Unidos estavam no auge de seu sucesso – econômico e político – quando ele
foi forçado a deixar a Casa Branca em 2021 por uma eleição cuja
legitimidade nunca reconheceu. E que com Biden,
a América afundou em um abismo econômico, moral, geopolítico.
Nenhum
dado – entre os milhares que poderiam ser citados – pode abalar essa convicção
trumpiana.
·
A verdadeira questão
Diante
de uma pergunta direta, Trump se recusa a se comprometer a reconhecer
o resultado eleitoral de novembro de 2024, seja qual for.
Diz
estar pronto apenas para respeitar o resultado de um processo justo e honesto,
o que equivale a dizer que não reconhecerá outro resultado além de sua vitória,
pois há quatro anos ele repete que as eleições de 2020 foram fraudadas a favor
de Biden (nenhum tribunal jamais encontrou um único elemento a favor
das teorias trumpistas, lembra o presidente Democrata, além
disso, Trump está sendo processado por tentar reverter o resultado
na Geórgia).
A
crônica do debate seria deprimente, especialmente nos momentos em que dois
senhores idosos tentam afirmar sua virilidade restante, reivindicando seus
sucessos no golfe ou (no caso de Trump) nos testes de capacidade
cognitiva, aos quais Biden se recusa a se submeter.
Não
há dúvida de que Biden está cansado, frágil, confuso. Mas sua falta
de clareza já me chamava a atenção em 2019. E Biden cometeu gafes e
tropeçou mesmo quando era vice-presidente – já idoso naquela época –
de Obama de 2008 a 2016. E então ele venceu, superou candidatos mais
jovens e contemporâneos como Cory Booker ou Pete Buttigieg, e mostrou-se mais capaz de construir não apenas uma coalizão
vitoriosa, mas também uma agenda política eficaz em comparação com os
radicais Bernie Sanders ou Elizabeth Warren.
Talvez
consciente de sua incipiente senescência, ele escolheu uma vice-presidente
como Kamala Harris, inatacável em termos de biografia (filha de
imigrantes, mulher, negra, progressista mas dura contra o crime), todavia
impalpável politicamente. Até agora, ninguém levou a sério a ideia de uma
sucessão, com Kamala desafiando Trump.
·
Cada vez mais frágil e incerto
Biden perdeu
um debate que não poderia vencer, porque a única maneira de
derrotar Trump em seu terreno é se tornar pior do que ele: mais
mentiras, mais violência, mais absurdos (como denunciar a inflação e anunciar
tarifas alfandegárias sobre todos os bens, o que faria os preços de cada
produto ou serviço nos Estados Unidos dispararem).
Em
2020, a democracia americana conteve Trump – com
dificuldade – através do voto e da repressão à tentativa de golpe de Estado em 06-01-2021. Quatro anos depois, está claro que a democracia se
tornou mais frágil e incerta, assim como seu improvável campeão, Joe
Biden.
A
verdadeira questão levantada pelo debate desta noite não é quem ganhará as
eleições, mas em que terreno se desenrola a competição entre democracia e autoritarismo. A de Trump é um ataque ao Estado e suas
prerrogativas, que incluem estabelecer as regras para o acesso ao poder e o
monopólio do uso legítimo da força.
Por
enquanto, Biden escolheu manter a competição no campo do consenso,
enquanto o restante do sistema americano tenta conter o ataque
de Trump em outras frentes, começando pelo judiciário. Discutir
a sua fragilidade, portanto, desvia a atenção do verdadeiro problema, que é a
fragilidade da democracia liberal. Não apenas a americana.]
¨
Retirada de Joe Biden
da corrida presidencial é uma questão de tempo, diz Tucker Carlson
Membros
do Partido Democrata dos EUA devem remover o atual presidente Joe Biden da
corrida presidencial, sendo isso apenas uma questão de tempo, acredita o
jornalista norte-americano Tucker Carlson.
Em
sua postagem na rede social X, Carlson observou que muitos democratas
proeminentes sugeriram que ele tem "problemas cerebrais", e agora
eles têm que removê-lo.
"Biden
está acabado. Apostaria nisso […]. Eles têm que removê-lo, e eles vão. A única
pergunta é quando. Se forem espertos, fá-lo-ão imediatamente", escreveu o
jornalista.
Em
sua opinião, a frase de que "apenas Biden pode decidir se retirar" da
corrida presidencial é "absurda" e não reflete como o Partido
Democrata funciona. O jornalista observou que o ex-presidente dos EUA, Donald
Trump, não é mais apenas um candidato do Partido Republicano, mas também o
"presidente mais provável".
Anteriormente,
a agência Bloomberg informou que o Partido Democrata poderia nomear Biden como
candidato para a presidência já em 21 de julho.
A
mídia dos EUA concorda que Biden fracassou no primeiro debate com o ex-líder
Donald Trump que ocorreu na noite de 28 de junho em Atlanta.
- Lula diz que debate presidencial nos EUA expôs fragilidade
de Biden
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista concedida nesta
segunda-feira (1º), ressaltou a importância da eleição presidencial nos EUA
para o mundo e afirmou ter uma preferência entre os principais candidatos,
Donald Trump e Joe Biden.
"É
muito difícil a gente dar palpite num processo eleitoral de outro país, muito
difícil, porque depois do resultado eleitoral a gente tem que conviver com quem
ganhou as eleições, então você tem que tomar cuidado para não criar
animosidades. Eu pessoalmente gosto do Biden. Já encontrei com o Biden várias
vezes", disse Lula à rádio Princesa, em Feira de Santana (BA).
O
presidente ainda afirmou que seu homólogo norte-americano "tem um
problema" e apontou algumas debilidades. "Ele está andando mais
lentamente, está demorando mais para responder as coisas", disse,
ressaltando que, por outro lado, quem sabe da condição de Biden é o próprio
Biden.
Em
relação ao debate, Lula criticou a repercussão negativa do desempenho do
presidente norte-americano. "O que foi chato é que no debate expuseram
muito a fragilidade do Biden", disse.
Já
sobre Trump, Lula o chamou de "mentiroso" e pontuou que o jornal The
New York Times contabilizou 101 informações falsas ditas pelo republicano
durante o debate. "De um lado, um cidadão mentiroso, de outro lado, Biden
com uma certa morosidade para responder as coisas."
Lula
também chamou a atenção para a importância da eleição presidencial dos EUA para
o mundo, levando em conta a política externa proposta por quem comandará o
país, e disse que, se for o caso, "o Partido Democrata pode indicar outra
pessoa".
Os
candidatos à presidência dos EUA Donald Trump e Joe Biden, atual mandatário,
travaram na última quinta-feira (27) o primeiro de dois debates televisivos
acordados entre eles no âmbito da corrida eleitoral.
A
repercussão após o embate apontou uma péssima atuação de Biden, o que levou a
clamores de substituição do nome do democrata por outro candidato do partido.
¨
Família de Biden culpa
conselheiros do presidente pelo fracasso no debate com Trump, diz mídia
Informações
do portal Politico revelaram no último domingo (30) que a família do atual
presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou em conversa privada os
conselheiros de alto escalão do democrata pelo fracasso no último debate
televisivo. Além disso, tentaram incentivar Biden a demiti-los ou rebaixá-los.
Segundo
fontes, a família de Biden responsabiliza os conselheiros por três principais
falhas nos debates: a incapacidade do presidente dos EUA de "atacar",
a concentração na defesa do trabalho realizado em vez de destacar planos para
um segundo mandato presidencial e a demonstração geral de cansaço.
A
publicação observa que, no momento, não se sabe se Biden vai ouvir os membros
de sua família e tomar medidas contra os conselheiros.
A
mídia norte-americana também está unida na opinião de que Biden teve um
desempenho ruim no primeiro debate com Trump, que ocorreu na noite da última
sexta-feira (28) em Atlanta. O atual presidente hesitou e fez diversas pausas,
nem sempre articulando os pensamentos, e depois do evento, as câmeras
capturaram um momento em que a esposa de Biden, Jill, o ajudou a descer as
escadas.
Agora,
políticos e jornalistas estão discutindo a possibilidade de os democratas
desistirem de Biden e lançarem um novo nome na disputa presidencial. Essa
possibilidade existirá na convenção de agosto do partido, no entanto, na
prática, será difícil retirar Biden da corrida eleitoral, já que ele venceu as
primárias, a menos que ele mesmo decida deixar o pleito.
Enquanto
isso, a equipe de Biden afirma que o próprio presidente não tem planos de
desistir ou abandonar a corrida. O segundo debate entre Biden e Trump está
agendado para 10 de setembro e a votação eleitoral dos EUA acontecerá em 5 de
novembro.
¨
Democratas perdem
votos latinos nos EUA, diz presidente de organização civil
Os
votos latinos nos Estados Unidos não são mais prerrogativa exclusiva dos
democratas, afirmou o presidente da Liga dos Cidadãos Latino-Americanos Unidos
(LULAC), Domingos Garcia, à Sputnik.
Segundo
ele, o partido Republicano conseguiu uma mudança significativa nas
"simpatias políticas" desse grupo.
Eleitores
latinos e de outros grupos étnicos desempenharam um papel crucial na vitória
eleitoral do democrata Joe Biden, em 2020.
No
entanto, Garcia destaca que "o voto latino não é mais o monólito que já
foi", ao comentar os preparativos para as próximas eleições presidenciais
em novembro.
De
acordo com ele, embora a maioria dos latino-americanos nos EUA continue a
apoiar Biden, recentemente seu oponente e antecessor, Donald Trump, conseguiu
efetivamente conquistar a simpatia de parte desse grupo populacional.
"Trump
obteve alguns ganhos, especialmente em estados como Arizona e Nevada, onde
Biden venceu há quatro anos", afirmou.
¨
Biden sobre decisão da
Suprema Corte: significa que não há limite para o que o presidente pode fazer
O
presidente dos EUA, Joe Biden, fez um pronunciamento na noite desta
segunda-feira (1º) e criticou a decisão da Suprema Corte dos EUA sobre a
imunidade do ex-presidente Donald Trump.
Em
sua fala, Biden afirmou que a decisão do judiciário estabelece um precedente
perigoso que não impõe limites às ações de um presidente dos EUA.
"A
decisão de hoje quase certamente significa que não há virtualmente limites para
o que o presidente pode fazer, este é um princípio fundamentalmente novo e é um
precedente perigoso", disse Biden.
Biden
falou também de um momento conturbado para democracia e afirmou que crimes como
a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 pode virar um caso "sem
solução".
"O
público tem o direito de saber a resposta sobre o que aconteceu em 6 de
janeiro, antes de ser convidado a votar novamente este ano. Agora, por causa da
decisão de hoje, isso é muito improvável", disse Biden.
Mais
cedo, a Suprema Corte decidiu que Trump poderia alegar imunidade contra
acusações de subversão eleitoral relacionadas a atos oficiais como presidente,
embora ele ainda pudesse ser processado por atos não oficiais.
Fonte:
Settimana News/Sputnik Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário