quarta-feira, 3 de julho de 2024

Stefano Feltri: A voz frágil da democracia

O primeiro debate entre Joe Biden e Donald Trump, organizado pela CNN na Geórgia, foi decidido nos primeiros minutos. Quando o presidente em exercício começou a falar, todo espectador pôde sentir o peso de seus 81 anos, da vida que lhe foi dada e da carreira de político de profissão que escolheu.

Quem quer que tivesse dúvidas sobre a saúde física de Joe Biden, sua capacidade de suportar mais quatro anos na Casa Branca, viu confirmados os receios sobre sua inadequação. Para mim, porém, aquele falar vacilante e quase aflito me fez pensar não na voz de um velho, mas na frágil voz da democracia e dos direitos em uma era marcada pela violência verbal e física.

·        Assim como nossas democracias

Joe Biden está velho e cansado, assim como nossas democracias após vinte anos de raiva, para citar o fundamental livro de Carlo Invernizzi Accetti, do qual falaremos em breve. No fundo, não há um candidato melhor para encarnar as ideias e políticas que se opõem a Donald Trump. O debate não foi um confronto entre dois candidatos, mas a representação da verdadeira natureza do conflito: o cerco do tirano ao forte desprotegido da democracia.

Um candidato mais jovem, vital, com a resposta mais rápida teria simplesmente tornado mais difícil perceber qual é o verdadeiro enredo das eleições de 5 de novembro. Não se trata da escolha entre Biden e Trump, mas entre a imperfeita democracia liberal dos direitos, das políticas redistributivas, do internacionalismo e uma loucura predatória, gananciosa e violenta na política interna, e um cinismo masoquista na política externa.

Biden tropeça, não se entende o que diz, sempre confunde – sempre – milhões (millions) com bilhões (billions). Não tem uma resposta pronta quando perguntado sobre sua idade, começa a listar os sucessos da política industrial. Como dizer: vejam o que eu faço, não como eu conto.

É a tentativa, mal sucedida, de lembrar que já em 2019 Biden era considerado idoso, pouco lúcido, inadequado, mas então ele fez mais coisas relevantes em quatro anos do que Barack Obama em oito.

Trump revela apenas sua natureza e suas ambições: é inútil verificar suas declarações, toda a narrativa de Trump é construída sobre uma premissa que ele considera incontestável e óbvia. Ou seja, que os Estados Unidos estavam no auge de seu sucesso – econômico e político – quando ele foi forçado a deixar a Casa Branca em 2021 por uma eleição cuja legitimidade nunca reconheceu. E que com Biden, a América afundou em um abismo econômico, moral, geopolítico.

Nenhum dado – entre os milhares que poderiam ser citados – pode abalar essa convicção trumpiana.

·        A verdadeira questão

Diante de uma pergunta direta, Trump se recusa a se comprometer a reconhecer o resultado eleitoral de novembro de 2024, seja qual for.

Diz estar pronto apenas para respeitar o resultado de um processo justo e honesto, o que equivale a dizer que não reconhecerá outro resultado além de sua vitória, pois há quatro anos ele repete que as eleições de 2020 foram fraudadas a favor de Biden (nenhum tribunal jamais encontrou um único elemento a favor das teorias trumpistas, lembra o presidente Democrata, além disso, Trump está sendo processado por tentar reverter o resultado na Geórgia).

A crônica do debate seria deprimente, especialmente nos momentos em que dois senhores idosos tentam afirmar sua virilidade restante, reivindicando seus sucessos no golfe ou (no caso de Trump) nos testes de capacidade cognitiva, aos quais Biden se recusa a se submeter.

Não há dúvida de que Biden está cansado, frágil, confuso. Mas sua falta de clareza já me chamava a atenção em 2019. E Biden cometeu gafes e tropeçou mesmo quando era vice-presidente – já idoso naquela época – de Obama de 2008 a 2016. E então ele venceu, superou candidatos mais jovens e contemporâneos como Cory Booker ou Pete Buttigieg, e mostrou-se mais capaz de construir não apenas uma coalizão vitoriosa, mas também uma agenda política eficaz em comparação com os radicais Bernie Sanders ou Elizabeth Warren.

Talvez consciente de sua incipiente senescência, ele escolheu uma vice-presidente como Kamala Harris, inatacável em termos de biografia (filha de imigrantes, mulher, negra, progressista mas dura contra o crime), todavia impalpável politicamente. Até agora, ninguém levou a sério a ideia de uma sucessão, com Kamala desafiando Trump.

·        Cada vez mais frágil e incerto

Biden perdeu um debate que não poderia vencer, porque a única maneira de derrotar Trump em seu terreno é se tornar pior do que ele: mais mentiras, mais violência, mais absurdos (como denunciar a inflação e anunciar tarifas alfandegárias sobre todos os bens, o que faria os preços de cada produto ou serviço nos Estados Unidos dispararem).

Em 2020, a democracia americana conteve Trump – com dificuldade – através do voto e da repressão à tentativa de golpe de Estado em 06-01-2021. Quatro anos depois, está claro que a democracia se tornou mais frágil e incerta, assim como seu improvável campeão, Joe Biden.

A verdadeira questão levantada pelo debate desta noite não é quem ganhará as eleições, mas em que terreno se desenrola a competição entre democracia e autoritarismo. A de Trump é um ataque ao Estado e suas prerrogativas, que incluem estabelecer as regras para o acesso ao poder e o monopólio do uso legítimo da força.

Por enquanto, Biden escolheu manter a competição no campo do consenso, enquanto o restante do sistema americano tenta conter o ataque de Trump em outras frentes, começando pelo judiciário. Discutir a sua fragilidade, portanto, desvia a atenção do verdadeiro problema, que é a fragilidade da democracia liberal. Não apenas a americana.]

¨      Retirada de Joe Biden da corrida presidencial é uma questão de tempo, diz Tucker Carlson

Membros do Partido Democrata dos EUA devem remover o atual presidente Joe Biden da corrida presidencial, sendo isso apenas uma questão de tempo, acredita o jornalista norte-americano Tucker Carlson.

Em sua postagem na rede social X, Carlson observou que muitos democratas proeminentes sugeriram que ele tem "problemas cerebrais", e agora eles têm que removê-lo.

"Biden está acabado. Apostaria nisso […]. Eles têm que removê-lo, e eles vão. A única pergunta é quando. Se forem espertos, fá-lo-ão imediatamente", escreveu o jornalista.

Em sua opinião, a frase de que "apenas Biden pode decidir se retirar" da corrida presidencial é "absurda" e não reflete como o Partido Democrata funciona. O jornalista observou que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, não é mais apenas um candidato do Partido Republicano, mas também o "presidente mais provável".

Anteriormente, a agência Bloomberg informou que o Partido Democrata poderia nomear Biden como candidato para a presidência já em 21 de julho.

A mídia dos EUA concorda que Biden fracassou no primeiro debate com o ex-líder Donald Trump que ocorreu na noite de 28 de junho em Atlanta.

  • Lula diz que debate presidencial nos EUA expôs fragilidade de Biden 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista concedida nesta segunda-feira (1º), ressaltou a importância da eleição presidencial nos EUA para o mundo e afirmou ter uma preferência entre os principais candidatos, Donald Trump e Joe Biden.

"É muito difícil a gente dar palpite num processo eleitoral de outro país, muito difícil, porque depois do resultado eleitoral a gente tem que conviver com quem ganhou as eleições, então você tem que tomar cuidado para não criar animosidades. Eu pessoalmente gosto do Biden. Já encontrei com o Biden várias vezes", disse Lula à rádio Princesa, em Feira de Santana (BA).

O presidente ainda afirmou que seu homólogo norte-americano "tem um problema" e apontou algumas debilidades. "Ele está andando mais lentamente, está demorando mais para responder as coisas", disse, ressaltando que, por outro lado, quem sabe da condição de Biden é o próprio Biden.

Em relação ao debate, Lula criticou a repercussão negativa do desempenho do presidente norte-americano. "O que foi chato é que no debate expuseram muito a fragilidade do Biden", disse.

Já sobre Trump, Lula o chamou de "mentiroso" e pontuou que o jornal The New York Times contabilizou 101 informações falsas ditas pelo republicano durante o debate. "De um lado, um cidadão mentiroso, de outro lado, Biden com uma certa morosidade para responder as coisas."

Lula também chamou a atenção para a importância da eleição presidencial dos EUA para o mundo, levando em conta a política externa proposta por quem comandará o país, e disse que, se for o caso, "o Partido Democrata pode indicar outra pessoa".

Os candidatos à presidência dos EUA Donald Trump e Joe Biden, atual mandatário, travaram na última quinta-feira (27) o primeiro de dois debates televisivos acordados entre eles no âmbito da corrida eleitoral.

A repercussão após o embate apontou uma péssima atuação de Biden, o que levou a clamores de substituição do nome do democrata por outro candidato do partido.

¨      Família de Biden culpa conselheiros do presidente pelo fracasso no debate com Trump, diz mídia

Informações do portal Politico revelaram no último domingo (30) que a família do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou em conversa privada os conselheiros de alto escalão do democrata pelo fracasso no último debate televisivo. Além disso, tentaram incentivar Biden a demiti-los ou rebaixá-los.

Segundo fontes, a família de Biden responsabiliza os conselheiros por três principais falhas nos debates: a incapacidade do presidente dos EUA de "atacar", a concentração na defesa do trabalho realizado em vez de destacar planos para um segundo mandato presidencial e a demonstração geral de cansaço.

A publicação observa que, no momento, não se sabe se Biden vai ouvir os membros de sua família e tomar medidas contra os conselheiros.

A mídia norte-americana também está unida na opinião de que Biden teve um desempenho ruim no primeiro debate com Trump, que ocorreu na noite da última sexta-feira (28) em Atlanta. O atual presidente hesitou e fez diversas pausas, nem sempre articulando os pensamentos, e depois do evento, as câmeras capturaram um momento em que a esposa de Biden, Jill, o ajudou a descer as escadas.

Agora, políticos e jornalistas estão discutindo a possibilidade de os democratas desistirem de Biden e lançarem um novo nome na disputa presidencial. Essa possibilidade existirá na convenção de agosto do partido, no entanto, na prática, será difícil retirar Biden da corrida eleitoral, já que ele venceu as primárias, a menos que ele mesmo decida deixar o pleito.

Enquanto isso, a equipe de Biden afirma que o próprio presidente não tem planos de desistir ou abandonar a corrida. O segundo debate entre Biden e Trump está agendado para 10 de setembro e a votação eleitoral dos EUA acontecerá em 5 de novembro.

¨      Democratas perdem votos latinos nos EUA, diz presidente de organização civil

Os votos latinos nos Estados Unidos não são mais prerrogativa exclusiva dos democratas, afirmou o presidente da Liga dos Cidadãos Latino-Americanos Unidos (LULAC), Domingos Garcia, à Sputnik.

Segundo ele, o partido Republicano conseguiu uma mudança significativa nas "simpatias políticas" desse grupo.

Eleitores latinos e de outros grupos étnicos desempenharam um papel crucial na vitória eleitoral do democrata Joe Biden, em 2020.

No entanto, Garcia destaca que "o voto latino não é mais o monólito que já foi", ao comentar os preparativos para as próximas eleições presidenciais em novembro.

De acordo com ele, embora a maioria dos latino-americanos nos EUA continue a apoiar Biden, recentemente seu oponente e antecessor, Donald Trump, conseguiu efetivamente conquistar a simpatia de parte desse grupo populacional.

"Trump obteve alguns ganhos, especialmente em estados como Arizona e Nevada, onde Biden venceu há quatro anos", afirmou.

¨      Biden sobre decisão da Suprema Corte: significa que não há limite para o que o presidente pode fazer

O presidente dos EUA, Joe Biden, fez um pronunciamento na noite desta segunda-feira (1º) e criticou a decisão da Suprema Corte dos EUA sobre a imunidade do ex-presidente Donald Trump.

Em sua fala, Biden afirmou que a decisão do judiciário estabelece um precedente perigoso que não impõe limites às ações de um presidente dos EUA.

"A decisão de hoje quase certamente significa que não há virtualmente limites para o que o presidente pode fazer, este é um princípio fundamentalmente novo e é um precedente perigoso", disse Biden.

Biden falou também de um momento conturbado para democracia e afirmou que crimes como a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 pode virar um caso "sem solução".

"O público tem o direito de saber a resposta sobre o que aconteceu em 6 de janeiro, antes de ser convidado a votar novamente este ano. Agora, por causa da decisão de hoje, isso é muito improvável", disse Biden.

Mais cedo, a Suprema Corte decidiu que Trump poderia alegar imunidade contra acusações de subversão eleitoral relacionadas a atos oficiais como presidente, embora ele ainda pudesse ser processado por atos não oficiais.

 

Fonte: Settimana News/Sputnik Brasil

 

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