Se a moda
pega! Justiça condena pastores de São Luís por fazerem culto em frente a
terreiro de candomblé
A
Justiça do Maranhão condenou os líderes religiosos das igrejas evangélicas
Pentecostal Jeová Nissi e Igreja Ministério de Gideões a pagarem uma multa de
R$ 5 mil por danos morais coletivos.
Além
disso, a decisão também determina que os religiosos se abstenham de promover
manifestações que ameacem ou perturbem a prática de religiões de matriz
africana no Maranhão. A Justiça impôs, ainda, multa de R$2.000 por qualquer
nova tentativa de perturbação.
A
decisão da Justiça, divulgada nesta sexta-feira (28), veio após os membros das
igrejas, sob liderança de Flávia Maria Ferreira dos Santos, Charles Douglas
Santos Lima e Marco Antônio Ferreira, realizarem um “protesto”, em abril de
2022, em frente à Casa Fanti Ashanti, terreiro de matriz africana, em São Luís.
O ato tinha como tentativa a evangelização dos praticantes do candomblé, que
faziam parte da comunidade.
Durante
o ato, os membros das igrejas faziam uma marcha pelos 12 anos de aniversário da
comunidade. A programação previa caminhada com orações ao ar livre pelo bairro,
com parada final em frente a Igreja Pentecostal Jeová Nissi, na Rua Militar.
Entretanto,
no mesmo dia, os integrantes do terreiro estavam se preparando para uma
festividade tradicional dedicada ao orixá Ogum, quando foram surpreendidos
pelos protestos.
• Versão do envolvidos
Os
membros da Casa Fanti Ashanti, que fica no bairro Cruzeiro do Anil e funciona
há mais de 64 anos, afirmam que os membros das igrejas cometeram o crime de
intolerância religiosa. No ato evangelístico, os evangélicos levaram caixas de
sons, faixas com dizeres bíblicos e distribuíram panfletos com palavras de
ordem contra a religião de matriz africana.
De
acordo com uma Ação Civil Pública ajuizada pela Defensoria Pública do Estado do
Maranhão, os manifestantes gritavam palavras como "vamos expulsar os
demônios" e "a palavra de Deus não pode parar", em referência às
práticas religiosas da Casa. Alguns evangélicos chegaram a subir na calçada do
terreiro para distribuir panfletos com mensagens que diziam “Jesus te ama”.
Na
época, a Casa Fanti-Ashanti emitiu uma nota de repúdio pelo ato das igrejas. A
casa afirma ainda que sentiu sua liberdade de culto ser desrespeitada.
O
pastor do Ministério Gideões, Charles Douglas, contrapôs a versão da comunidade
do terreiro, alegando que não houve ofensas em nenhum momento à Casa
Fanti-Ashanti, mas somente os membros da igreja participando do culto ao ar
livre, em frente a outra igreja, também pentecostal, voltado a eles mesmos.
"Nós
completamos 12 anos de ministério e todo ano fazemos uma marcha para Cristo
declarando que o Senhor é a nossa bandeira. Nós percorremos todos os bairros,
Cruzeiro do Anil, Isabel Cafeteira. Em locais estratégicos, nós parávamos,
evangelizávamos, pregávamos o evangelho de Deus, e o último ponto que paramos
foi em frente a uma igreja evangélica. Era o último ponto de parada para fazer
o último clamor voltado para o nosso ministério, para encerrar a marcha!",
afirmou.
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Veja, na íntegra, a nota da Casa Fanti-Ashanti:
"A
Casa Fanti-Ashanti, na pessoa da Ialorixá Mãe Kabeca de Xangô, vem a público
esclarecer que no dia 24 de abril, por volta das 17h, um grupo de pessoas de
designação evangélica parou em frente ao terreiro e realizou gestos e atitudes
desrespeitosas e ofensivas contra a religiosidade de matriz africana e seus
membros, conforme vídeos que circularam amplamente nas redes sociais. Ao tempo
em que repudiamos as condutas discriminatórias praticadas, enfatizamos que
todas as medidas cabíveis referentes a este caso estão sendo providenciadas,
para que atos sejam coibidos e seus autores responsabilizados. Exigimos o
respeito ao nosso direito fundamental à liberdade de culto e de crença, ao
pluralismo e à diversidade religiosa. Agradecemos as inúmeras manifestações de
apoio e solidariedade dirigidas à mãe Kabeca e a toda comunidade Ashantiense,
por diversos setores e segmentos da sociedade e reafirmamos o firme propósito
de dar continuidade aos ritos e celebrações ancestrais que a casa realiza há 64
anos, contribuindo com o fortalecimento das expressões religiosas
afrobrasileiras e com a cultura maranhense de forma geral”.
• Denúncias de intolerância religiosa
aumentaram 56% no Brasil
Há
20 anos, a Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos, conhecida como Mãe Gilda de
Ogum, faleceu em decorrência de um ataque motivado por intolerância religiosa.
O atentado teve como alvo o terreiro de Candomblé, Ilê Axé Abassá de Ogum,
localizado nas imediações da Lagoa do Abaeté, bairro de Itapuã em Salvador
(BA).
O
templo foi invadido e depredado por fundamentalistas da Igreja Universal do
Reino de Deus, que agrediram o marido de Mãe Gilda violentamente. Dois meses
depois, um jornal da mesma igreja publicou uma foto da Ialorixá, com uma tarja
no rosto e a manchete: "Macumbeiros charlatões lesam a vida e o bolso de
clientes". Ao ver a publicação, a idosa de 65 anos teve um ataque cardíaco
fulminante e faleceu no dia 21 de janeiro.
Em
homenagem à Iyalorixá, a data foi instituída como Dia Nacional de Combate à
Intolerância Religiosa, em 2007, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Mais de uma década depois do gesto, os ataques que atingiram Mãe Gilda
ainda fazem parte da realidade dos praticantes das religiões de matriz
africana.
Só
no primeiro semestre de 2019, houve um aumento de 56% no número de denúncias de
intolerância religiosa em comparação ao mesmo período do ano anterior. A maior
parte dos relatos foi feita por praticantes de crenças como a Umbanda e o
Candomblé.
Os
casos são registrados via Disque 100, número de telefone do governo criado em
2011, que funciona 24 horas por dia para receber denúncias de violações de
direitos humanos. Entre 2015 e o primeiro semestre de 2019, foram 2.722 casos
de intolerância religiosa – uma média de 50 por mês.
Os
números podem ser ainda mais expressivos, já que em muitos casos as vítimas não
realizam a denúncia, por medo de que a violência se repita ou de que o Estado
não preste o apoio necessário. A professora de geografia, Jamila Prata, de 31
anos, sofreu um ataque verbal quando passava por uma igreja evangélica em uma
rua na Vila Sônia, na capital paulista, quando ia a padaria. Candomblecista,
ela havia acabado de passar pelo processo de iniciação da religião, que se
caracteriza pelo resguardo, roupas brancas e pano branco cobrindo a cabeça.
“Eu
comprei pão e, na volta, quando eu ia me aproximando ainda na outra calçada, eu
vi que tinha mais gente na porta da Igreja e vi que eles falavam todos juntos
frases como: 'Senhor, protegei-nos do demônio'. Eles estavam se voltando para
mim e algumas pessoas no meio gritavam: 'Queima ela, queima ela, Senhor",
relata Jamila.
O
caso aconteceu em 2017, mas a marca da agressão ainda está presente na memória
da professora, que não conseguiu prestar queixa.
“Machucou
bastante, doeu, porque estava em um momento muito bonito, de muita paz e
plenitude e foi uma violência. Eu me senti muito impotente. Eu pensei em fazer
queixa, mas eu não tinha provas, nem ninguém na rua. E eu também não queria,
naquele momento, entrar em uma delegacia. Lembrar ainda me traz tristeza”,
conta.
Com
o intuito de apurar os casos e dar assistência psicológica e jurídica às casas
e praticantes das religiões de matriz africana, nasceu, no ano passado, o
Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões de Matriz Africana (Idafro).
Entre
advogados, contabilistas, sociólogos (as), sacerdotes e sacerdotisas, a
organização reúne militantes que já estavam articulados em um coletivo da
sociedade civil em ações contra a intolerância religiosa.
A
Iyalorixá Luciana de Oya, líder religiosa do Ilê Oba Axé Obodó, localizado no
Jardim Mata Virgem, em São Paulo (SP), é uma das integrantes do grupo e fala
sobre o apoio prestado pela organização, inclusive em casos de abordagem
policial.
"A gente ouve dizer que a polícia chegou, que a
polícia entrou no terreiro. Então, essas pessoas são orientadas a partir de
atividades do Idafro. Como ela se comporta diante de uma intervenção policial?
A polícia pode ou não pode entrar? Entre outros detalhes”, afirma.
Luciana
lembra que a Constituição garante os direitos de todas as religiões e, para
combater a intolerância religiosa, a comunidade precisa ter conhecimento sobre
a legislação.
“Tem
essa demanda de como eu faço para me defender, porque a intolerância religiosa
ela exige que o tempo todo a gente tenha instrumentos para poder se defender.
Tem uma legislação que normatiza isso e as casas, na maioria das vezes, não
sabem. É essa uma das formas que nos encontramos para amenizar a intolerância
religiosa, porque o outro precisa saber se ele tem direito às religiões de
matriz africana também tem direito”, aponta.
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Avanços
Apesar
do aumento no número de casos no ano passado, a Iyalorixá acredita que o
período representou conquistas, não só pela criação da organização, mas também
pelo marco histórico da representação dos povos de terreiro no Supremo Tribunal
Federal (STF), que, com unanimidade dos votos, garantiu a liberdade de crença e
do abate de animais pela religião.
"Neste
momento em que você está com o poder da igreja, que você tem um presidente que
tem as declarações intolerantes, ganhar essa ação por unanimidade é olhar e
dizer que esta instituição está olhando para o direito, não para a religião,
porque nós estávamos falando do direito constitucional ao abate”, indica.
Além
do avanço na garantia de direitos, ela ressalta que houve uma reação direta na
valorização da população de matriz africana. “Isso reverberou no Brasil e foi
extremamente importante, inclusive do ponto de vista da autoestima. Há séculos
nós somos massacrados, hostilizados. Isso resgatou a autoestima de todo um
povo, que a única coisa que quer é ter o direito de cultuar a sua crença, o seu
orixá”.
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Governo federal
De
acordo com a revista Veja, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos,
Damares Alves, e o ministro da Educação, Abraham Weintraub, atuam juntos para
incluir uma disciplina sobre tolerância religiosa na grade curricular das
escolas. Damares confirmou a informação em uma publicação no Instagram, mas não
deu mais destalhes sobre o tema.
Entretanto,
para a Iyalorixá Luciana de Oya, o governo federal deveria se concentrar na
aplicação das leis que já que existem. “A gente não precisa inventar o novo.
Nós temos uma Lei que é a 10.639, que tem 14 ou 15 anos e que não foi efetivada
nas escolas. São poucas as escolas que se utilizaram daquela lei, por conta da
intolerância religiosa”, indica.
A
afirmação da líder religiosa vem da sua experiência como gestora do Polo
Cultural Lar Maria Sininha, onde atua com educação e direitos da criança e
adolescente. "Tem um dado de que as escolas, no seu corpo diretivo, estão
tomadas por pessoas evangélicas. Por exemplo, eu tenho um sobrinho que a mãe
vem se queixar, porque na creche, antes de comer, ele tinha que ler a Bíblia e
a mãe é de religião de matriz africana", conta.
Luciana
relata ainda casos de estudantes que sofrem perseguição religiosa por parte da
escola e ressalta a importância de um trabalho mais efetivo e estrutural de
combate ao problema.
“Uma
coisa que é diário, ficar atento. Eu não consigo entender como a ministra pensa
em regulamentar isso se não tiver um trabalho anterior. Como a gente vai
discutir isso na diretoria de ensino? Como a gente vai discutir isso no
ministério? Porque já existe uma lei que não está efetivada”, denuncia.
• Rio teve quase 3 mil crimes ligados à
intolerância religiosa em 2023
As
delegacias do estado do Rio de Janeiro registraram, em 2023, aproximadamente 3
mil crimes que podem estar relacionados à intolerância religiosa. Entre eles,
houve 2.021 vítimas de injúria por preconceito e 890 por preconceito de raça,
cor, religião, etnia e procedência nacional. Os números fazem parte de um
levantamento inédito do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP).
No
entanto, apenas 34 vítimas de ultraje a culto religioso procuraram uma
delegacia de polícia para registrar o crime no estado do Rio de Janeiro no ano
passado.
“Eu
atribuo a baixa procura, primeiro, ao descrédito que existe hoje em parte da
comunidade de que nem todos os registros viram inquérito. Uma coisa é registrar
na delegacia, e outra quando os inquéritos são instaurados para que se proceda
uma investigação. Depois, quantos dos inquéritos se tornam denúncia crime pelo
Ministério Público que acompanha para ser julgado no tribunal?”, questionou o
babalaô (pai de santo) Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à
Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR) e doutor e professor em
História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em entrevista à
Agência Brasil.
De
acordo com o Instituto de Segurança Pública, a tipificação criminal é
determinada pela ridicularização pública, pelo impedimento ou pela perturbação
de cerimônia religiosa. “A injúria por preconceito é o ato de discriminar um
indivíduo em razão da raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o preconceito de
raça, cor, religião, etnia e procedência nacional tem por objetivo a
inferiorização de todo um grupo etnicorracial e atinge a dignidade humana”,
explicou o ISP em nota.
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Perfil
Conforme
o levantamento, mulheres e negras são a maioria das vítimas. A maior
concentração dos crimes foi na zona oeste da capital, na região da 35ª
Delegacia de Polícia (DP), no bairro de Campo Grande. Embora este seja o dado
do levantamento, o babalaô afirmou que a região da Baixada Fluminense também
registra muitos casos, além dos municípios de Maricá, na região metropolitana,
e Campos dos Goytacazes no norte do estado.
Segundo
o ISP, a intenção, ao divulgar o levantamento neste domingo (21), Dia Nacional
de Combate à Intolerância Religiosa, foi promover o diálogo, mostrar para a
sociedade que intolerância religiosa é crime e que o estado do Rio de Janeiro
tem mecanismos de denúncia para as vítimas.
Para
a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz, essas informações são fundamentais
para esclarecer a sociedade que intolerância religiosa e preconceito são crimes
que devem ser denunciados.
“Sabemos
que esses números são subnotificados, muitas vezes por falta de informação, mas
o estado do Rio tem a Decradi [Delegacia
de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância], uma delegacia especializada para
o registro desses crimes", disse a presidente do ISP.
É
importante que todos lembrem que a Constituição Federal assegura o livre
exercício de todos os cultos religiosos”, acrescenta ressaltou Marcela na nota
divulgada pelo instituto.
Para
a titular da Decradi, delegada Rita Salim, a intolerância religiosa é um crime
que fere a liberdade e a dignidade humana. Segundo a delegada, combater a
intolerância religiosa depende da conscientização da sociedade de que é preciso
ter respeito à diversidade da crença, além das escolhas e das concepções
religiosas.
“A
Polícia Civil conta com uma unidade especializada na investigação desses crimes
e está preparada para receber a denúncia e confeccionar os registros de
ocorrência”, informou Rita.
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Especializada
A
Decradi funciona na Rua do Lavradio, nº 155, no centro da cidade, mas os crimes
de intolerância religiosa, ultraje a culto, injúria racial e racismo podem ser
denunciados em qualquer delegacia de Polícia Civil. Os registros também podem
ser feitos pela Delegacia Online da Secretaria de Estado de Polícia Civil.
No
entendimento do babalaô Ivanir dos Santos, a Polícia Civil poderia repetir a
experiência da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), que começou com apenas
uma unidade e atualmente funciona também em outras partes do estado. Ele propõe
a instalação de mais unidades da Decradi. De acordo com Santos, isso resolveria
também o problema da dificuldade dos policiais de outras delegacias tipificarem
o crime.
“Nas
próprias delegacias tem um profissional que não está acostumado a tipificar o
crime, tratam como briga de vizinho, mandam voltar para casa dizendo que vai
acalmar”, completou o babalaô, lembrando que alguns casos são registrados
também como homofobia, que está tipificada na mesma legislação.
“E
pode ter também homofobia ligada à intolerância religiosa. A delegacia não
consegue tipificar e fazer uma qualificação sobre isso. Esse é um aspecto
importante”, afirmou.
Ivanir
dos Santos defendeu a necessidade de formulação de políticas públicas para o
combate à intolerância religiosa. Ele disse que é preciso ter dados para haver
políticas. “Não basta os órgãos públicos fazerem como os movimentos sociais,
que fazem denúncias. Os dados têm que servir para a construção de políticas
públicas. Isso a gente está falando desde 2008 no Rio de Janeiro, desde a
primeira Caminhada pela Liberdade Religiosa, e os casos vão se avolumando.”
Santos
reivindica ainda maisr envolvimento do Ministério Público e da Defensoria
Pública.
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Educação
O
babalaô criticou a má interpretação da aplicação da Lei 10.639, que estabelece
a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira entre as
disciplinas incluídas na grade curricular dos ensinos fundamental e médio.
“É
encarado no ambiente escolar que, quando se implementa essa lei, que é federal
e seria uma política de estado, que é como se você estivesse ensinando macumba.
Consequentemente, o pensamento fundamentalista religioso inserido nos ambientes
de escola e mundo do trabalho é um dos impeditivos do avançor em uma política
mais de respeito à diversidade religiosa. Na verdade, a lei está falando de
história e de cultura”, enfatizou.
Fonte:
g1/Brasil de Fato/Agencia Brasil
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