Reações sobre Gaza e Ucrânia mostram que
Ocidente já não é o centro dos assuntos globais
Estamos vivendo um
período de transição nos assuntos globais. O poder e a unidade dos países
ocidentais para agir como árbitros finais dos assuntos mundiais não estão
entrando em colapso, mas em claro declínio, escreve a Samir Puri em sua coluna
no Nikkei Asia.
O colunista abre o
artigo com uma questão: a maioria de nós pode concordar com esse ponto – o
declínio ocidental – mas qual é o melhor lugar para assistir a essa era de
transição, de dentro do Ocidente ou de fora? Indaga o autor.
Na Ásia, a mudança no
equilíbrio econômico mundial é evidente na ascensão da China e da Índia, com
países como a Indonésia também preparados para um crescimento significativo no
futuro.
Mas o reequilíbrio do
mundo não se limita à "ascensão da Ásia", ressalta Puri. A autonomia
estratégica demonstrada por países como Arábia Saudita, Turquia e até mesmo
África do Sul para traçar seus próprios caminhos nos assuntos globais cresce a
cada mês.
Em sua visão, a
autonomia estratégica para países não ocidentais é impulsionada pelo
crescimento econômico, mas também se conecta a outras frentes.
Essas frentes incluem
a expansão de clubes não ocidentais como o BRICS. Outro ponto de evidência foi
o o caso da Corte Internacional de Justiça (CIJ) movido pela África do Sul
contra Israel, apoiado pelo Ocidente, por sua conduta na guerra contra o Hamas.
Posições inicialmente
tomadas por países ocidentais após 7 de outubro apoiando Tel Aviv agora podem
ser desafiadas de forma credível usando a "ordem internacional baseada em
regras", já que países não ocidentais ajudam a mudar a opinião global.
"Os principais
centros de poder emergentes do mundo não ocidental estão rapidamente
desenvolvendo seu próprio ímpeto. Pela primeira vez em séculos, o Ocidente nem
sempre está em um papel de liderança. Quando se pensa nas eras anteriores do
império colonial marítimo liderado pela Europa, seguido pela era da
globalização liderada pelos Estados Unidos, a era que se desenrola nos assuntos
mundiais se mostrará muito diferente, de fato", escreve o colunista.
Ao mesmo tempo, o
autor destaca que, se analisarmos do ponto de vista do produto interno bruto
(PIB) de países ocidentais, como os EUA, ou concluir que as principais nações
desenvolvidas geralmente permanecem léguas à frente dos outros como os
porta-estandartes da modernização, a ideia de enfraquecimento ocidental não
parece encaixar tão bem dessa perspectiva.
Porém, "essas são
conclusões reducionistas a serem tiradas. Sim, desempenho econômico, padrões de
vida e poder monetário, todos importam muito. Mas, tomados em conjunto com
outros desenvolvimentos, o Ocidente está em declínio", reafirma.
"Algumas das
tendências são mensuráveis, como na demografia. Outras tendências estão
relacionadas ao poder de resolver disputas globais e ao poder moral. O
reequilíbrio global envolve não apenas hard power e economia, mas também a
capacidade de definir padrões, comandar a atenção e resolver crises",
sublinha Puri.
Um grande exemplo é o
conflito na Ucrânia. O Ocidente, trabalhando por meio do G7, apoiou
louvavelmente a Ucrânia. Mas, mesmo tendo gasto bilhões armando Kiev, ainda não
é nem de longe poderoso o suficiente para expulsar as tropas russas, escreve o
autor.
Agora, dois
desenvolvimentos relacionados ao reequilíbrio global estão mais claramente
afetando a situação na Ucrânia: primeiro, as sanções são insuficientes para
obrigar Moscou a abandonar a operação. invasão. Mudanças estruturais na
economia mundial demonstram que a Rússia continua a negociar com diversos
países.
Segundo, diz o autor,
esses países não ocidentais têm defendido de uma forma ou de outra um fim
negociado para o conflito, enquanto o Ocidente e o G7 têm defendido o oposto.
Diante de todo esse
cenário, Puri ressalta que "não estamos apenas observando o fim do
Ocidente mais triunfalista do pós-Guerra Fria, mas também o início de um mundo
menos dominado pelo Ocidente".
¨ Putin diz que ninguém terá sucesso em tentativas de intimidar e
dividir a sociedade russa
Aqueles que tentam
intimidar e dividir a sociedade russa, e abusar de sentimentos religiosos ou
nacionais não terão sucesso, e uma retribuição inevitável os aguardará.
É o que disse, nesta
quarta-feira (24), o presidente russo, Vladimir Putin.
"Enfatizo que
aqueles que tentam intimidar as pessoas, dividir nossa sociedade e puxar as
cordas do sentimento religioso ou nacional nunca terão sucesso — uma
retribuição inevitável e justa os aguarda", afirmou o presidente russo, em
uma mensagem de vídeo para o Dia dos Oficiais de Investigação, um feriado
profissional celebrado na Rússia em 25 de julho.
O líder russo também
disse que os investigadores contribuem significativamente para o combate à
corrupção, ao terrorismo e ao extremismo e defendem os interesses da sociedade
e do Estado.
Putin apelou aos
investigadores para melhorarem as técnicas de investigação e introduzirem
abordagens avançadas para responder de forma competente e rápida aos novos
desafios e riscos.
O presidente disse
ainda que novos riscos surgem no contexto de mudanças dinâmicas no mundo, da
revolução tecnológica, dos fluxos migratórios, dos conflitos locais e do
estabelecimento de mercados futuros. Esses riscos, segundo Putin, envolvem
ameaças cibernéticas, tráfico de drogas, grupos criminosos transnacionais e
sindicatos criminosos em domínios virtuais e financeiros, entre outros.
¨ Alemanha e outros Estados europeus carecem de sabedoria política
nas relações com a Rússia
A Alemanha e outros
países europeus carecem de sabedoria política em termos de manutenção de
relações com a Rússia, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta
quarta-feira (24).
Reino Unido e Alemanha
assinaram uma declaração de defesa conjunta hoje (24), prometendo trabalhar
mais estreitamente para fortalecer suas indústrias de defesa, reforçar a
segurança europeia e apoiar a Ucrânia em sua luta para repelir as forças
russas.
"É claro que
gostaríamos de receber mais sabedoria política em termos de não abandonar a
continuação das boas relações russo-alemãs. Até agora, acreditamos que essa
sabedoria política na Alemanha, de fato, como em outros países europeus, é
extremamente escassa", disse Peskov a repórteres.
O porta-voz dá a
declaração em meio a um momento em que a aliança militar da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN) avalia o enorme custo de consertar as defesas
precárias da Europa.
Ainda falando sobre
países europeus, Peskov comentou a decisão da França de recusar fornecer credenciamento
para os Jogos Olímpicos de Paris a jornalistas russos.
"Isso só pode ser
condenado. Condenamos com muita severidade", afirmou o porta-voz.
¨ Estratégia de Biden na Ucrânia levou a 'longa e trágica guerra
de desgaste', diz colunista americano
De acordo com Jakub
Grygiel, que escreve na Foreign Affairs, "a estratégia de Biden de
fornecer ajuda gradual" a Kiev provou ser errada.
A estratégia de Joe
Biden em relação à Ucrânia não evitará sua derrota, disse um colunista da
revista norte-americana Foreign Affairs e professor de ciência política da
Universidade Católica da América, EUA.
"A estratégia de
Biden de fornecer ajuda gradual [a Kiev] não impedirá a destruição eventual da
Ucrânia, e deixará os EUA atolados em uma guerra sem caminho para a
vitória", escreve Jakub Grygiel sobre o presidente dos EUA.
O analista político
observa que, após décadas de "guerras perpétuas", os líderes dos EUA
não podem mais prometer financiamento e fornecimento de armas sem fim para seus
aliados.
"Os EUA bateram
em um muro na Ucrânia. A abordagem incremental de Joe Biden não está
funcionando. Em vez disso, ela levou a uma longa e trágica guerra de
desgaste", opina o acadêmico.
O colunista acredita
que os resultados decepcionantes de Kiev no front nos últimos 12 meses abriram
a perspectiva de uma vitória russa.
¨ UE recusa apoio a Hungria e Eslováquia na disputa de trânsito de
petróleo da Rússia com a Ucrânia
A União Europeia (UE)
negou seu apoio à Hungria e à Eslováquia depois de os membros terem tentado
forçar a Ucrânia a restaurar o trânsito de petróleo russo para o bloco,
informou a mídia britânica, citando fontes.
O comissário de
Comércio da UE, Valdis Dombrovskis, disse ao Financial Times (FT) que Bruxelas
precisaria de mais tempo para reunir provas e avaliar a situação jurídica que
envolve a disputa. Onze dos países da UE que participaram de uma reunião de
responsáveis comerciais na quarta-feira (24) apoiaram a sua posição e nenhum
ficou ao lado de Budapeste e Bratislava, segundo diplomatas disseram à
apuração.
O ministro das
Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto, disse na segunda-feira (22) que a
Hungria e a Eslováquia pediram para a Comissão Europeia iniciar consultas com a
Ucrânia depois de o país ter interrompido o trânsito de petróleo através do oleoduto
Druzhba. Szijjarto também disse que a Hungria não aprovaria a atribuição de €
6,5 bilhões (cerca de R$ 39,9 bilhões) para armas enviadas à Ucrânia através do
Mecanismo Europeu para a Paz até que a questão fosse resolvida.
O acordo comercial da
Ucrânia contém alegadamente uma cláusula que prevê a possibilidade de suspensão
do trânsito de petróleo. Um diplomata da EU, citado pela apuração, afirmou que
a interrupção no fornecimento de petróleo russo teria um "enorme impacto"
na nação da Europa Central.
Na semana passada,
Szijjarto disse que a Ucrânia interrompeu o trânsito do petróleo da empresa
petrolífera russa Lukoil. O Ministério da Economia eslovaco confirmou que o
país já não recebia petróleo da gigante petrolífera russa, que foi sancionada
pela Ucrânia. A refinaria Slovnaft da Eslováquia importa petróleo russo de
outro fornecedor, mas o país está discutindo a situação atual com a Ucrânia.
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Com déficit de eletricidade, ucranianos usam baterias de carros Tesla para
abastecimento
Em uma pequena garagem
nos arredores de Kiev, um grupo de mecânicos se debruçava sobre a carcaça de um
velho Tesla destruído, retirando suas peças. Mas, em vez de tentar consertar o
carro, os homens estavam ocupados extraindo sua bateria, esperando usá-la para
abastecer empresas e residências locais, relata o Financial Times.
O trabalho desses
mecânicos — que pode transformar um único Tesla descartado em uma dúzia de
sistemas de baterias residenciais — é uma das inúmeras maneiras pelas quais as
empresas ucranianas estão respondendo aos apagões regulares que o país enfrenta
desde que a Rússia lançou uma série de ataques à sua rede elétrica no início
deste ano.
As empresas, ressalta
a mídia, foram forçadas a se adaptar. Em Kiev, geradores a diesel estacionados
do lado de fora de lojas e cafés entram em ação assim que a energia acaba, e
muitas famílias na capital conectam seus aparelhos a sistemas de bateria recarregável
em casa.
O ucraniano Aleksandr
Bentsa percebeu que tinha uma solução potencial em mãos. Durante anos, o
empresário vinha comprando Teslas batidos em leilões de seguros nos EUA e
importando-os para a Ucrânia, onde seus mecânicos restauravam e revendiam os
carros.
Quando os apagões mais
severos começaram na primavera europeia, ele entendeu que havia um novo uso
para seu ofício. Bentsa encontrou eletricistas capazes de fazer o trabalho
perigoso de esculpir baterias Tesla recuperadas em múltiplos sistemas
recarregáveis.
"Um Tesla antigo,
incluindo o custo de entrega, custará quase US$ 10 mil [R$ 56,4 mil]. E você
pode transformar isso em 12 baterias e também vender as peças", disse o
ucraniano que batizou sua marca de Ukrainian Autonomous Systems.
Cada sistema assim
produzido tem uma capacidade de 5 quilowatts-hora, o suficiente para fazer
funcionar as luzes e equipamentos elétricos — mas não o aquecimento elétrico
que consome muita energia — em um apartamento normal de Kiev por dez horas.
Alguns ele vende sem
margem para o Exército, mas a maioria de seus clientes são civis, escreve a
mídia. A demanda foi de quase zero para as alturas nos últimos dois meses, e
Bentsa espera que ela aumente conforme o inverno se aproxima.
"O que vemos
agora é apenas um pedacinho do pedacinho. O que veremos no inverno será um
problema muito grande", disse.
O pai de Bentsa foi um
passo além do filho e conectou toda a sua casa nos subúrbios de Kiev
diretamente a um Tesla estacionado no quintal. É um carro com capacidade de
bateria de 100 kwh. "Você pode manter uma casa inteira funcionando com
isso por uma semana", disse Bentsa.
Antes do começo da
operação, a Ucrânia podia produzir cerca de 55 gigawatts de eletricidade. Essa
capacidade agora caiu abaixo de 20 GW, diz o Financial Times.
Moscou começou a
bombardear com mais intensidade a rede elétrica da Ucrânia após seguidos
ataques ucranianos a refinarias russas.
Fonte: Sputnik Brasil
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