sexta-feira, 19 de julho de 2024

Pesadelos na meia-idade podem aumentar risco de demência, diz estudo

Pessoas na meia-idade que têm pesados com frequência podem ter um risco maior de desenvolver demência, segundo um novo estudo. O trabalho foi apresentado na reunião anual do Congresso da Academia Europeia de Neurologia de 2024, que aconteceu entre os dias 29 de junho e 2 de julho em Helsinque, na Finlândia.

Pesquisadores do Imperial College London, em Londres, já tinham descoberto em um estudo anterior que adultos saudáveis de meia-idade que tinham pesadelos frequentes — pelo menos, uma vez por semana — tinham um risco quatro vezes maior de sofrer declínio cognitivo na próxima década, em comparação com aqueles que não tinham esse tipo de sonho.

Além disso, adultos mais velhos que relataram episódios de pesadelos tinham um risco duas vezes maior de demência.

Agora, o novo estudo analisa um subconjunto de participantes do trabalho anterior que tinham dados genéticos disponíveis. Eles analisaram exames de sangue, amostras de saliva e histórico familiar para determinar se essas informações tinham algum impacto nas descobertas anteriores.

Segundo os pesquisadores, após controlar esses fatores genéticos, a associação entre pesadelos e o declínio cognitivo permaneceu robusto. Além disso, eles descobriram que não houve relação entre a frequência dos sonhos angustiantes e fatores genéticos em nenhuma das faixas etárias.

Para os cientistas, ainda são necessários mais estudos para entender se o tratamento de pesadelos poderia ajudar a retardar o declínio cognitivo ou prevenir a demência.

•        Qual é a possível relação entre pesadelos e demência?

A demência é a diminuição, lenta e progressiva, da função mental, afetando a memória, o pensamento e a capacidade de aprender. Além disso, o declínio cognitivo pode causar alterações de personalidade e de comportamento e desorientação.

A causa mais comum de demência é o Alzheimer, representando cerca de 60% a 80% dos casos, segundo o Manual MSD. Outros tipos de demência incluem a demência vascular, demência por corpos de Lewy, demência frontotemporal e demência relacionada ao vírus HIV. O Parkinson também pode causar o declínio cognitivo, mas ocorre conforme a evolução da doença.

Pesadelos já foram associados a um declínio cognitivo mais acelerado e um risco aumentado de demência em pacientes com Parkinson, em estudos anteriores. Porém, o estudo do Imperial College London foi o primeiro a observar a associação na população em geral sem a doença.

Uma das hipóteses para a possível relação entre pesadelos e o maior risco de demência é o sono de má qualidade causado por esse tipo de sonho. Um estudo recente mostrou que pessoas que têm interrupção do sono na faixa dos 30 e 40 anos têm duas vezes mais chances de ter problemas de memória e pensamento uma década depois.

Além disso, em entrevista ao portal médico Medscape Medical News, Sebastiaan Engelborghs, professor e chefe de neurologia da Vrije Universiteit Brussel, em Bruxelas, Bélgica, diz que uma das hipóteses é que “os sujeitos com ‘sonhos angustiantes’ têm transtorno de comportamento do sono REM (movimento rápido dos olhos)”.

“É bem-sabido que o transtorno comportamental do sono REM pode preceder a demência em muitos anos. Um dos principais sintomas do transtorno comportamental do sono REM são pesadelos, ou ‘sonhos angustiantes’… e é por isso que sempre perguntamos sobre sono e pesadelos durante as consultas na clínica de memória”, afirma.

Porém, a relação entre sono REM, pesadelos e maior risco de demência só poderia ser descartada por um exame do sono, o que não foi realizado pelo atual estudo. Por isso, mais pesquisas devem ser realizadas para aprofundar os achados.

•        Ansiedade pode dobrar risco de desenvolver Parkinson, diz estudo

Pessoas com ansiedade podem apresentar um risco duas vezes maior de desenvolver Parkinson, segundo novo estudo publicado no British Journal of General Practice na segunda-feira (24). O trabalho também observou que sintomas como depressão, distúrbios do sono, fadiga, comprometimento cognitivo, hipotensão, tremor, rigidez, comprometimento de equilíbrio e constipação eram fatores de risco para a doença em pessoas com o transtorno.

O Parkinson é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela perda de função motora, diminuição da velocidade e amplitude dos movimentos, e tremores nas mãos ou nos dedos. Pesquisadores da University College London (UCL), no Reino Unido, investigaram a ligação entre pessoas com mais de 50 anos que desenvolveram ansiedade e, posteriormente, foram diagnosticadas com Parkinson.

Para isso, a equipe utilizou dados de cuidados primários do Reino Unido entre 2008 e 2018 e avaliou 109.435 pacientes que desenvolveram ansiedade após os 50 anos e os comparou com 878.256 pacientes que não apresentavam o transtorno psiquiátrico.

A partir disso, os pesquisadores rastrearam a presença de sintomas associados ao Parkinson — como problemas de sono, depressão, tremores e comprometimento do equilíbrio — desde o diagnóstico de ansiedade até um ano antes do diagnóstico de Parkinson. O objetivo era compreender o risco de cada grupo desenvolver a doença neurodegenerativa ao longo do tempo e quais poderiam ser os fatores de risco relacionados.

Os pesquisadores descobriram que o risco de desenvolver Parkinson aumentou duas vezes em pessoas com ansiedade, em comparação com o grupo de controle. A descoberta foi feita após a equipe ajustar os resultados para levar em conta idade, sexo, privação social, fatores de estilo de vida, doença mental grave, traumatismo cranioencefálico e demência, fatores que podem afetar a probabilidade de desenvolver a doença em pessoas com ansiedade.

Eles também confirmaram que sintomas como depressão, distúrbios do sono, fadiga, comprometimento cognitivo, hipotensão, tremor, rigidez, comprometimento do equilíbrio e constipação eram fatores de risco para o desenvolvimento de Parkinson em pessoas com ansiedade.

“A ansiedade é conhecida por ser uma característica dos estágios iniciais da doença de Parkinson, mas antes do nosso estudo, o risco prospectivo de Parkinson em pessoas com mais de 50 anos com ansiedade de início recente era desconhecido”, afirma Juan Bazo Alvarez, coautor principal do estudo e pesquisador da UCL Epidemiology & Health, em comunicado à imprensa.

“Ao compreender que a ansiedade e as características mencionadas estão ligadas a um maior risco de desenvolver a doença de Parkinson acima dos 50 anos, esperamos poder detectar a doença mais cedo e ajudar os pacientes a obter o tratamento de que necessitam”, diz.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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