Panela que não gruda funciona? É segura?
Se você tem o hábito
de cozinhar, já deve ter sentido, em algum momento, o incontrolável desejo de
ter uma panela que não gruda (ou promete não grudar nada). Mas por
que os alimentos se fixam em superfícies aquecidas, mesmo com o uso de óleo
e frigideiras antiaderentes?
E, afinal, as panelas que não grudam são seguras? Confira!
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Por que os alimentos grudam nas panelas?
Apesar do uso de frigideiras antiaderentes, os alimentos às vezes ficam grudados em uma
superfície aquecida, mesmo se for usado óleo. A experiência costuma ser
frustrante, e muitas pessoas chegam a acusar as marcas de propaganda enganosa.
Mas a ciência explica por que isso acontece.
Pesquisadores da
Academia de Ciências Tcheca iniciaram uma investigação das propriedades fluidas
do óleo em uma superfície plana, como uma frigideira. O trabalho deles, relatado no periódico científico Physics of Fluids,
mostra que a convecção pode ser a culpada pela comida grudada no fundo da
panela.
A investigação
experimental utilizou um jogo de panelas com revestimento
antiaderente e a superfície composta por partículas de cerâmica. Uma câmera de
vídeo foi colocada acima da panela enquanto era aquecida. Ela foi
usada para medir a velocidade com que um ponto seco se formava e crescia.
Outros experimentos, que utilizaram uma panela revestida
com Teflon, mostraram o mesmo resultado.
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Resultado
Segundo os
pesquisadores, quando a panela é aquecida por baixo, um gradiente de
temperatura é estabelecido no filme de óleo. Para líquidos comuns, como o óleo de girassol usado
no experimento, a tensão superficial diminui com o aumento da temperatura.
Um gradiente de tensão
superficial é estabelecido, direcionado para longe do centro onde a temperatura
é mais alta e em direção à margem da panela. Esse gradiente configura um
tipo de convecção conhecido como convecção termocapilar, que move o óleo para
fora. Quando o filme de óleo no meio se torna mais fino do que um valor
crítico, o filme se rompe.
Para evitar que o
alimento grude na panela, você pode aumentar a espessura da película de
óleo. Ou usar aquecimento moderado, molhar completamente a superfície
da panela com óleo. Ou usar uma panela com fundo grosso ou
mexer os alimentos regularmente durante o cozimento.
O fenômeno também
ocorre em outras situações. Como nos filmes líquidos finos usados em colunas de destilação de fluidos ou outros dispositivos que podem ter componentes
eletrônicos.
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As panelas que não grudam são seguras?
Passar a manhã na pia
da cozinha raspando os restos carbonizados do jantar do dia anterior pode ser a
tarefa mais chata do mundo! Por isso, a panela que não gruda e
a frigideira antiaderente
podem parecer alternativas atraentes enquanto você lava a louça. Mas e quanto à
segurança?
As panelas de
Teflon são o tipo mais popular de utensílio antiaderente. O material,
conhecido como politetrafluoretileno (PTFE), é um plástico transparente usado
para revestir potes e panelas de metal. Tal plástico oferece uma superfície
cerosa e fácil de limpar.
Os especialistas
tendem a concordar que o Teflon em si não é um problema. O revestimento em si é
considerado não tóxico. Mesmo se você ingerir pequenos flocos, ele passa direto
por você. Mas alguns especialistas estão preocupados com o que acontece quando
o Teflon é excessivamente aquecido, porque o revestimento começa a se
desintegrar.
Conforme o Teflon se
decompõe, ele libera uma série de gases tóxicos. A inalação desses químicos
pode levar à febre da fumaça do polímero, também conhecida como febre do
Teflon. Essa condição é caracterizada por sintomas gripais, como calafrios,
febre, dor de cabeça e dores no corpo.
Ela geralmente ocorre
após quatro a dez horas de exposição à fumaça do Teflon e pode durar até 48
horas. Contudo, alguns estudos também
evidenciam que ela pode oferecer outros riscos mais severos à saúde, como danos
nos pulmões.
A FDA,
agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos,
afirma que as panelas de Teflon são seguras. No entanto, muitos
estudos têm analisado os efeitos sobre a saúde dos subprodutos químicos do
Teflon, como o PFOA.
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O uso do PFOA
O uso do Teflon possui
alguns tipos de preocupação, principalmente por um de seus componentes — o
ácido perfluorooctanóico (PFOA).
O PFOA foi associado a
diversos problemas de saúde em animais de laboratório, como um aumento de
tumores do fígado, pâncreas e testículos e redução da fertilidade.
Inicialmente, acreditava-se que o químico era queimado durante o processo de
fabricação de Teflon. Contudo, especialistas ainda conseguiram encontrar
vestígios do ácido nesses materiais.
Além disso, um estudo conduzido durante 1999
e 2000 nos Estados Unidos comprovou que 98% dos participantes possuíam traços
do químico no sangue. A partir da descoberta, a EPA (United States
Environmental Protection Agency) impulsiona a eliminação do PFOA dos
produtos de Teflon.
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Exposição ambiental
Diversos dados sobre
essas toxinas vêm de casos de exposição ambiental, como água potável ou
configurações de fábrica. Nessas situações os níveis de exposição são muito
mais altos do que seriam em panelas antiaderentes. Por isso, é provável que a
panela que você tem em casa não seja de fato perigosa. Até porque as
temperaturas em que são preparados os alimentos não são tão elevadas.
Por outro lado,
pesquisas sugerem que as panelas podem facilmente atingir uma temperatura
quente o suficiente para desintegrar o Teflon. Em 2001, um grupo de
pesquisadores no Canadá publicou um estudo na revista Nature. Nele, eles revelam que o
Teflon é capaz de se desintegrar a 360 graus Celsius.
Uma panela revestida
com teflon pode chegar a 399 graus se deixada por oito minutos em alta
temperatura em um fogão. A informação é de um artigo de 2017 publicado na revista científica Environmental
Science and Pollution Research.
Em temperaturas mais
baixas, o revestimento de Teflon ainda se decompõe com o tempo, de acordo com
um estudo. Se você aquecer consistentemente sua frigideira a 260 graus, a sua panela antiaderente deverá durar cerca
de 2,3 anos. Por isso, é melhor limitar o uso.
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Microplásticos
Acredita-se que
a panela que não gruda também pode oferecer riscos ao meio ambiente.
De acordo com uma pesquisa de
2022, apenas uma pequena rachadura na superfície de uma panela que não gruda
pode liberar mais de 9 mil partículas de microplásticos.
Um revestimento
quebrado pode causar um estrago ainda maior. Especialistas observaram ao
simular uma panela com o revestimento quebrado que um processo de cozimento de
até 30 segundos pode liberar até 2,3 milhões de partículas minúsculas durante a
preparação de uma refeição — principalmente quando a panela interage com outros
materiais, como aço inoxidável, plástico e madeira.
Os microplásticos são
categorizados como partículas de plástico cujo diâmetro é inferior a 5
milímetros. E, além de oferecer riscos à saúde quando consumidos, também pode
causar inúmeros impactos ambientais e parte disso se dá ao tamanho dessas
partículas.
Como sugerido pelo
nome e pela categorização, os microplásticos são relativamente pequenos, o que
dificulta a sua remoção do meio ambiente, além de possivelmente facilitar a sua
introdução no corpo humano. A poluição de microplásticos, por exemplo, já é vasta
em todo o mundo. Ele é o principal poluente dos oceanos e sua presença já foi
comprovada nos cantos mais remotos da Terra, chegando até no Monte
Everest.
Evidências científicas
comprovam, também, que esses microplásticos podem contribuir para uma série de
impactos negativos à saúde, incluindo problemas cardíacos, pulmonares, de
desenvolvimento, reprodutivos e de câncer.
Além disso, o Teflon é
pertencente ao grupo de produtos químicos eternos, ou seja, prevalecem no meio
ambiente e no corpo humano. Ao ser quebrado, o revestimento pode acabar
contaminando corpos d’água durante sua limpeza e, também pode ser ingerido por
seres humanos.
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Como minimizar o risco de
contaminação
Ao seguir algumas
dicas, você pode minimizar o risco de contaminação por Teflon, seja por
ingestão ou por proximidade do vapor do material. Confira:
- Não pré-aqueça panelas vazias de Teflon — o calor pode
promover a liberação de vapores de polímero;
- Cozinhe em temperaturas baixas ou médias;
- Use utensílios de plástico, silicone ou madeira, uma vez
que utensílios de metal promovem o desgaste do material;
- Substitua panelas velhas ao observar arranhões ou outros
danos.
No entanto, é
importante notar que, na maioria dos casos, o descarte dessas panelas e outros
dispositivos antiaderentes que possuem Teflon é o recomendado. Mas, se você
ainda almeja aquela famosa panela que não gruda, existem outras opções que
possuem menos impactos ao meio ambiente e à saúde.
O ato de cozinhar, em
geral, é um método de promover a saúde ao se distanciar de alimentos congelados
ou ultraprocessados, que não requerem cozimento. Por isso, que tal estender
esses benefícios até na panela que você usa?
Veja alguns exemplos
no nosso vídeo: “Qual é a melhor panela para cozinhar”, e considere algumas
opções menos agressivas ao meio ambiente, além de seus possíveis benefícios,
contraindicações e outros pontos importantes a serem considerados durante a sua
escolha:
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Panela que não gruda: qual a melhor?
Como mencionado, em
alguns casos, o ideal é descartar as panelas de Teflon, especialmente se você
estiver grávida, amamentando ou tiver filhos pequenos. O PFOA, em particular,
está vinculado a problemas com o desenvolvimento infantil. Isso porque esse produto
químico é considerado um desregulador endócrino, o que significa que interfere
no sistema hormonal do corpo.
Além disso, a
exposição ao PFOA causa estrogênio elevado em ratos machos e atraso no
desenvolvimento da glândula mamária em camundongos fêmeas, segundo estudo. Em humanos, a
substância química está associada à obesidade, diabetes, baixa qualidade do esperma e ciclos
menstruais irregulares.
Se você é uma das
pessoas que sonham em ter uma panela que não gruda, dê preferência
àquelas feitas de alumínio anodizado.
O produto que protege contra corrosão e arranhões pode proporcionar o melhor
custo-benefício.
A cerâmica também é
antiaderente e segura, pois não solta resíduos. Se bem conservada, uma frigideira
de ferro fundido também pode servir como
outra frigideira não
tóxica e antiaderente. Além de enriquecer os alimentos com ferro.
Fonte: eCycle
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