sexta-feira, 5 de julho de 2024

O que pesa dentro do Partido Democrata sobre uma possível substituição de Joe Biden como candidato

Após uma performance que foi descrita como "desastrosa" em um debate presidencial na televisão, o presidente dos EUA, Joe Biden, passou a enfrentar mais questionamentos sobre se deve continuar a sua candidatura à reeleição.

Na quarta-feira (3/7), uma reportagem do jornal The New York Times (NYT) disse que Biden afirmou a um aliado próximo que estava "avaliando suas opções" e que sabia que sua candidatura está em risco caso não consiga convencer o público de que tem condições de saúde de dar conta do trabalho em um próximo mandato.

Segundo o NYT, esse aliado disse que Biden ainda está "profundamente dedicado" à reeleição, mas entende que suas próximas aparições públicas precisam ir muito bem.

Na mesma tarde, a Casa Branca emitiu um comunicado dizendo que as especulações publicadas pelo NYT são "absolutamente falsas".

Biden se reuniu nesta quarta com a vice-presidente, Kamala Harris, e outros aliados importantes, incluindo um grupo de governadores democratas.

O presidente insiste há dias que continuará lutando pela vitória até a eleição, em novembro, dizendo que acredita de "coração e alma" que poderá cumprir outro mandato.

·        Democratas preocupados

Uma nova pesquisa da CBS News na quarta mostrou uma mudança a favor de Trump após o debate, inclusive nos chamados "Estados pêndulo", considerados decisivos porque os resultados se alternam entre favorecer os democratas ou os republicanos em eleições diferentes.

Nos outros Estados, o resultado das eleições costuma ser o mesmo todas as eleições: ou votam sempre nos republicanos ou sempre nos democratas.

Tanto essa pesquisa da CBS quanto outras pesquisas recentes publicadas após o debate no qual Biden foi mal alimentaram as preocupações democratas sobre a candidatura do presidente.

Mas substituí-lo não é tão simples: os democratas precisariam de um candidato forte, conhecido do público e capaz de vencer Trump nas eleições.

·        Quem poderia substituir Biden?

Diversos nomes já foram levantados para substituí-lo como candidato: estão na lista a vice-presidente, Kamala Harris, e governadores como Gavin Newsom, da Califórnia; Gretchen Whitmer, de Michigan; e Josh Shapiro, da Pensilvânia, entre outros.

No entanto, uma pesquisa Ipsos encomendada pela Reuters, mostrou que a ex-primeira-dama Michelle Obama, formada em direito pelas universidades de Princeton e Harvard, seria a única candidata capaz de vencer Trump nas eleições deste ano.

Seu nome já era levantado como uma possível candidata democrata desde o segundo mandato de Obama, e sua popularidade só cresceu desde então.

No entanto, Michelle disse em março deste ano que não iria concorrer.

Os outros cenários levantados pela pesquisa Ipsos/Reuters mostraram uma situação desanimadora para os democratas. Veja abaixo:

  • Joe Biden 40% x 40% Donald Trump
  • Michelle Obama 50% x 39% Donald Trump
  • Kamala Harris 42% x 43% Donald Trump
  • Gavin Newsom 39% x 42% Donald Trump
  • Gretchen Whitmer 36% x 41% Donald Trump
  • Andy Beshear 36% x 40% Donald Trump
  • J. B. Pritzker 34% x 40% Donald Trump

Os democratas não perdem no voto popular (em número total de votos) nos EUA há mais de 20 anos.

Tanto George W. Bush (2001-2004) Jr. quanto Donald Trump (2017-2021) foram eleitos pelos colégios eleitorais e se tornaram presidentes sem ganhar a maioria dos votos dos americanos.

Isso é possível no país pois o presidente é eleito pelos votos dos colégios eleitorais dos Estados, não pelo voto popular.

A situação atual tem gerado disputas internas entre os democratas. Um membro do partido disse à BBC News que as duas únicas opções são "Biden ou Harris".

"Abrir a indicação para qualquer outra pessoa, incluindo uma briga nas prévias, prejudicaria o partido", disse à fonte, que pediu para não ser identificada.

¨      Trump lidera e amplia diferença para Biden após debate eleitoral, diz pesquisa

O ex-presidente dos EUA Donald Trump ainda lidera as intenções de votos para as eleições presidenciais, e a diferença percentual para o presidente Joe Biden aumentou após a realização do primeiro debate entre os dois, de acordo com uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (3) pelo instituto Siena e o jornal "The New York Times".

De acordo com a pesquisa, Trump lidera agora a corrida eleitoral com 49% dos votos, ante 43% de Biden. Em relação à semana passada, antes do debate, Trump aumentou a vantagem, segundo o jornal americano: de três para seis pontos de dianteira.

Antes do debate, Trump aparecia com 48% das intenções de voto na mesma pesquisa, contra 44% de Biden. Por uma questão de arredondamento, o jornal considerou a diferença entre os dois de três pontos percentuais.

Biden e Trump concorrem às próximas eleições dos EUA, em 5 de novembro.

Na comparação com eleitores já registrados para votar, o desempenho de Biden é pior, com 41% dos votos. Trump permanece com 49% nesse caso.

A sondagem ouviu 1.532 eleitores registrados -- nos EUA, é preciso fazer um registro para votar -- entre os dias 28 de junho e 2 de junho. O debate entre Biden e Trump, o primeiro da corrida presidencial de 2024, aconteceu em 27 de junho.

Outra pesquisa divulgada na terça-feira (2), no entanto, pelo Instituto Ipsos e a agência de notícias Reuters, mostrou que os dois seguem empatados na disputa mesmo após o debate eleitoral. A sondagem, feita também após o debate, mostrou que Biden tinha 40% das intenções de votos e Trump, outros 40% entre os entrevistados.

A sondagem da Reuters e do Instituto Ipsos ouviu 1.070 eleitores nos EUA também após o debate.

Pressionado a desistir, Biden disse nesta quarta-feira (3) que não está pensando em abandonar a candidatura.

"Eu estou concorrendo. Eu sou o líder do Partido Democrata. Ninguém vai me forçar a sair”, disse Biden, de acordo com um assessor seu.

A Casa Branca também afirmou que o presidente "não está pensando em desistir". Questionada em uma entrevista à imprensa na Casa Branca sobre se o presidente estava considerando a possibilidade de abandonar a corrida eleitoral, a porta-voz do governo Biden, Karine Jean-Pierre, respondeu: "Absolutamente, não!".

Mais cedo, uma reportagem do jornal norte-americano "The New York Times" afirmou que Biden disse a aliados políticos que tem dúvidas sobre se deve continuar a disputar a reeleição. Jean-Pierre negou a informação.

Segundo fontes próximas a Biden ouvidas pelo jornal, o presidente tem dúvidas sobre se poderá se reerguer após o desempenho ruim no primeiro debate eleitoral contra o candidato republicano, o ex-presidente Donald Trump, na semana passada. Biden disse que quase adormeceu durante o enfrentamento.

Foi a primeira vez que fontes próximas ao candidato democrata revelam dúvidas por parte de Joe Biden sobre seguir ou não com sua candidatura.

Desde o debate, membros do Partido Democrata têm pressionado para que a sigla susbtitua Biden por outro candidato, segundo a imprensa dos EUA -- pelas normas do partido, o próprio candidato deve retirar sua candidatura.

No entanto, Biden tem indicado que não desistirá da corrida à Casa Branca, embora já tenha admitido não ter ido bem no debate.

Os aliados do presidente ouvidos pelo The New York Times disseram também que Biden continua fortemente empenhado em tentar a reeleição, ainda segundo o jornal, mas sabe que pode ser difícil se recuperar após o debate.

Segundo outra reportagem, da agência de notícias Bloomberg, também publicada nesta quarta-feira, um grupo de deputados do Partido Democrata está considerando fazer uma carta conjunta pedindo que Biden desista da disputa. O presidente terá uma reunião nesta tarde com deputados democratas em Washington.

Na terça-feira (2), pela primeira vez, um deputado democrata defendeu abertamente a retirada do candidato do partido. Também na terça, uma sondagem feita pela agência de notícias Reuters em parceria com o instituto de pesquisas Ipsos revelou que um em cada três eleitores democratas acha que Joe Biden deveria desistir de concorrer à presidência dos EUA.

A sondagem, que ouviu 1.070 pessoas em todo os EUA durante dois dias após o debate, também mostrou que a ex-primeira-dama Michelle Obama seria a única a vencer Donald Trump em um hipotético confronto, entre os nomes levantados para substituir Biden como candidato democrata.

¨      Biden diz que seguirá na disputa pelas eleições

O presidente dos Estados UnidosJoe Biden, respondeu nesta quarta-feira (3) às pressões para que desista de concorrer às eleições presidenciais e disse que não está pensando em desistir.

"Eu estou concorrendo. Eu sou o líder do Partido Democrata. Ninguém vai me forçar a sair”, disse Biden, de acordo com um assessor seu.

Segundo a Associated Press, a fala do presidente ocorreu em aparição surpresa em chamada virtual do Comitê Nacional Democrata na tarde desta quarta. Fontes disseram que a conversa foi em tom de união. De acordo com o "The New York Times", Biden afirmou: "Estou nesta corrida até o fim". Então, foi defendido pela vice-presidente, Kamala Harris: "Não vamos recuar. Seguiremos a liderança do nosso presidente. Vamos lutar e vamos vencer", disse Harris.

A Casa Branca também afirmou que o presidente "não está pensando em desistir". Questionada em uma entrevista à imprensa na Casa Branca sobre se o presidente estava considerando a possibilidade de abandonar a corrida eleitoral, a porta-voz do governo Biden, Karine Jean-Pierre, respondeu: "Absolutamente, não!".

Mais cedo, uma reportagem do jornal norte-americano "The New York Times" afirmou que Biden disse a aliados políticos que tem dúvidas sobre se deve continuar a disputar a reeleição. Jean-Pierre negou a informação.

Segundo fontes próximas a Biden ouvidas pelo jornal, o presidente tem dúvidas sobre se poderá se reerguer após o desempenho ruim no primeiro debate eleitoral contra o candidato republicano, o ex-presidente Donald Trump, na semana passada. Biden disse que quase adormeceu durante o enfrentamento.

Foi a primeira vez que fontes próximas ao candidato democrata revelam dúvidas por parte de Joe Biden sobre seguir ou não com sua candidatura.

Desde o debate, membros do Partido Democrata têm pressionado para que a sigla susbtitua Biden por outro candidato, segundo a imprensa dos EUA -- pelas normas do partido, o próprio candidato deve retirar sua candidatura.

No entanto, Biden tem indicado que não desistirá da corrida à Casa Branca, embora já tenha admitido não ter ido bem no debate.

Os aliados do presidente ouvidos pelo The New York Times disseram também que Biden continua fortemente empenhado em tentar a reeleição, ainda segundo o jornal, mas sabe que pode ser difícil se recuperar após o debate.

Segundo outra reportagem, da agência de notícias Bloomberg, também publicada nesta quarta-feira, um grupo de deputados do Partido Democrata está considerando fazer uma carta conjunta pedindo que Biden desista da disputa. O presidente terá uma reunião nesta tarde com deputados democratas em Washington.

Na terça-feira (2), pela primeira vez, um deputado democrata defendeu abertamente a retirada do candidato do partido. Também na terça, uma sondagem feita pela agência de notícias Reuters em parceria com o instituto de pesquisas Ipsos revelou que um em cada três eleitores democratas acha que Joe Biden deveria desistir de concorrer à presidência dos EUA.

A sondagem, que ouviu 1.070 pessoas em todo os EUA durante dois dias após o debate, também mostrou que a ex-primeira-dama Michelle Obama seria a única a vencer Donald Trump em um hipotético confronto, entre os nomes levantados para substituir Biden como candidato democrata.

Na tarde desta quarta, o presidente dos EUA se reunirá em Washington com uma série de deputados e governadores do Partido Democrata.

·        Jet lag

Na noite de terça-feira, Biden atribuiu ao jet lag -- como é chamado o distúrbio que costuma acometer quem faz viagens longas com diferenças de fuso horário -- o mau desempenho no debate.

Dias antes do enfrentar Trump diante das câmaras, o presidente havia feito duas viagens internacionais, para a França e para a Itália. Em um evento de campanha no estado da Virgínia, ele disse que ignorou apelos de sua equipe para que evitasse viagens e, como consequência, "quase adormeceu no palco" do debate.

"Decidi viajar pelo mundo algumas vezes, passando por cerca de cem fusos horários antes do debate", disse o presidente dos EUA. “Não dei ouvidos à minha equipe e voltei e quase adormeci no palco. Isso não é desculpa, mas é uma explicação".

·        Debate

Com voz rouca —atribuída a um resfriado—, pouco entusiasmo e hesitante, Biden, de 81 anos, perdeu o debate da semana passada para Donald Trump, de 78 anos, apontam quase todos os analistas políticos e o próprio Partido Democrata.

Trump, candidato do Partido Republicano à Casa Branca, despejou uma série de mentiras com calma e de forma assertiva, sem ser corrigido por Biden, que se confundiu algumas vezes e se mostrou pouco reativo na maioria delas.

O criticado desempenho fez crescer uma questão de se é possível substituí-lo como candidato do Partido Democrata à presidência?

As eleições dos EUA acontecem em 5 de novembro. A convenção dos democratas, que vai confirmar Biden como candidato à reeleição, será entre 19 de agosto e 22 de agosto —daqui a menos de dois meses.

 

Fonte: BBC News Mundo/g1

 

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