terça-feira, 9 de julho de 2024

O que esperar das negociações entre Putin e Modi em Moscou

A Rússia aguarda com expectativa uma "visita muito importante e em grande escala, significativa para as relações russo-indianas", sublinhou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista antes da chegada do primeiro-ministro Narendra Modi a Moscou.

A última vez que o chefe do governo indiano esteve na Rússia foi em 2019, quando foi para a cidade de Vladivostok, no Extremo Oriente. A última viagem de Modi a Moscou foi em 2015. A 21ª Cúpula Índia-Rússia foi realizada em 2021.

A Rússia é um país que continua a ser muito importante para o envolvimento da Índia na Eurásia, para além da relação estratégica bilateral abrangente que os dois lados estão desenvolvendo, disse à Sputnik o dr. Raj Kumar Sharma, pesquisador sênior do NatStrat, um think tank com sede em Nova Deli.

Em um cenário geopolítico em que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) continua alimentando o conflito na Ucrânia, o conflito israelo-palestino continua inabalável e as eleições se aproximam nos EUA, Modi "escolheu corretamente visitar a Rússia, destacando a resiliência dos laços Índia-Rússia no meio de muitas mudanças geopolíticas", notou o especialista.

Na verdade, para Modi, a viagem a Moscou é uma demonstração da autonomia estratégica da Índia e das suas próprias ambições como líder do mundo não ocidental. Para Putin, as conversações estão em linha com uma sucessão de reuniões recentes com líderes do Sul Global, simbolizando o pivô em direção a uma nova ordem mundial.

Modi chega a Moscou na tarde desta segunda-feira (8) e será recebido com um jantar privado oferecido pelo presidente russo e, na sequência, tomam lugar as discussões formais da cúpula, seguida de reunião com a comunidade indiana em Moscou na terça-feira (9) e visitas oficiais a parques e monumentos russos. Ao final, como de praxe, serão anunciados os documentos resultantes da visita, sendo um deles um acordo há muito esperado no setor de defesa.

Segundo as assessorias dos líderes, Modi e Putin devem rever toda a gama de laços multifacetados entre os seus países, "incluindo defesa, comércio, investimento, cooperação energética, ciência e tecnologia, educação, cultura e intercâmbios interpessoais, entre outros", observou o secretário de Relações Exteriores da Índia, Vinay Kwatra, saudando o fato de a "parceria estratégica privilegiada especial" entre os dois países ter permanecido "resiliente na sequência de múltiplos desafios geopolíticos".

"O comércio bilateral Índia-Rússia registrou um aumento acentuado em 2023-2024. Desde então, atingiu perto de US$ 65 bilhões [cerca de R$ 354,9 bilhões], principalmente devido à forte cooperação energética entre os países", ressaltou o alto diplomata indiano.

Para além da parceria em segurança e defesa energética no setor nuclear, o secretário indiano afirmou que o reforço da cooperação em projetos como o Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul, o Corredor Marítimo Chennai-Vladivostok e o porto de Chabahar, deverá figurar com destaque nas conversações entre Modi e Putin em um cenário em que as trocas em moedas nacionais se ampliam diante da desdolarização.

Em junho deste ano, a Rússia enviou pela primeira vez, já como parte de sua mudança dos fluxos comerciais da Europa para a Ásia e o Oriente Médio, dois trens de carga com carvão para a Índia através do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul — que se estende por 7.200 quilômetros de São Petersburgo até o porto de Mumbai, na Índia, lembrou o dr. Raj Kumar Sharma.

Quando questionado sobre as sanções do Ocidente contra a Rússia, ele observou que Nova Deli tem tido o cuidado de aderir às sanções da ONU, mas no que diz respeito às sanções do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), "temos mantido contatos muito regulares com o G7, essencialmente para proteger e fazer progredir nosso interesse nacional e as nossas necessidades quando se trata dos nossos interesses econômicos e políticos".

Após o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, os países ocidentais reduziram enormemente as suas compras de petróleo e gás russos, em uma medida que pretendia, mas falhou, paralisar a economia russa. A Índia, no entanto, viu as suas importações de petróleo russo dispararem. As importações de petróleo russo pelo país cresceram dez vezes em apenas 2023.

No setor de defesa, a Rússia continua a ser o principal fornecedor de armas da Índia, sendo responsável por 36% das suas importações de armas. Os dois lados continuam a implementar projetos da indústria de defesa focados na cooperação tecnológica. Além disso, na cúpula de Moscou, é provável que as partes assinem um Acordo de Troca Recíproca de Logística entre a Rússia e a Índia que melhore a cooperação militar entre eles.

Aplicável durante missões em tempos de guerra e em tempos de paz, o acordo vai:

Facilitar a reposição de abastecimentos essenciais (combustível, comida e peças sobressalentes) para permitir uma presença militar contínua em regiões cruciais;

Fornecer instalações de atracação (para tropas, navios de guerra e aeronaves);

Oferecer à Índia um alcance marítimo mais alargado, incluindo o Ártico;

Equilibrar os acordos logísticos da Índia com os países do Quad, reforçando ao mesmo tempo a presença da Rússia no Indo-Pacífico.

A Rússia e a Índia também esperam implementar viagens mútuas sem visto até o final de 2024, além do anúncio da abertura de mais dois consulados indianos na Rússia.

¨      Lula exige participação de 'ambas as partes' na solução do conflito Rússia-Ucrânia

Na cúpula de chefes de Estado do Mercosul, realizada em Assunção, no Paraguai, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que a solução para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia só pode ser alcançada com a participação de ambos os lados.

"Precisamos de um mundo de paz. Essa é a razão do nosso engajamento em prol de uma solução para o conflito entre Rússia e Ucrânia que efetivamente envolva as duas partes."

Em uma breve análise do cenário internacional, Lula também destacou que o Brasil apoia a petição da África do Sul perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) para "pôr fim à matança de mulheres e crianças em Gaza".

Os confrontos na região da Faixa de Gaza se intensificaram em 7 de outubro de 2023 e, desde então, Israel matou mais de 35 mil palestinos, em resposta aos ataques do grupo Hamas.

Além disso, o petista celebrou os resultados das eleições recentes no Reino Unido e na França, com suas coalizões de esquerda saindo triunfantes nos respectivos pleitos.

"São fundamentais para a defesa da democracia e da justiça social frente às ameaças do extremismo", afirmou o presidente brasileiro.

Ele enfatizou que os desafios enfrentados pela humanidade exigem, mais do que nunca, esforços coletivos e propostas inovadoras, defendendo que o Mercosul seja um agente que promove soluções.

¨      Jornalista irlandês: há quem queira evitar a paz na Ucrânia a todo o custo

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não permitirá que a paz seja alcançada na Ucrânia porque isso não é do interesse da aliança, escreveu na rede social X o jornalista irlandês Chay Bowes.

"A paz assusta mais a OTAN do que a guerra. É por isso que a aliança continua existindo 33 anos após o desaparecimento da União Soviética, que foi a razão de sua existência e criação. E é por isso que a paz na Ucrânia será evitada [na OTAN] a todo o custo", escreveu ele.

Anteriormente, o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, observou que os países da OTAN estão deliberadamente entrando em uma nova rodada de tensão, provocando a Ucrânia "a continuar a guerra sem sentido". Segundo ele, isso terá inevitavelmente suas consequências e acabará sendo muito prejudicial aos interesses dos países que optaram por escalar o conflito.

Moscou tem repetidamente enfatizado que não representa ameaça para nenhum dos países da Aliança Atlântica, mas não ignorará ações potencialmente perigosas para seus interesses.

¨      'Abordagem realpolitik' de Orbán às conversações com Putin enfurece belicistas da EU, diz analista

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, teria irritado os falcões da União Europeia (UE) porque contrariou a sua afirmação de que "não se pode negociar com Putin", disse Ulrich Reitz, correspondente-chefe da FOCUS Online.

Houve um clamor de críticas na liderança da UE depois que o primeiro-ministro húngaro visitou a Rússia para falar com o presidente Vladimir Putin.

Ao voar para a Rússia em uma missão pessoal para se encontrar com o presidente Vladimir Putin, Orbán provou que é apenas "natural e óbvio que se possa falar com Putin", observou o jornalista Ulrich Reitz na sua coluna "Reitz-Thema".

De acordo com o jornalista, pessoas como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ou o chanceler alemão, Olaf Scholz, estão furiosas, depois de a UE ter laboriosamente costurado "uma estratégia única, que afirma que não há alternativa ao apoio militar à Ucrânia". A estratégia da UE surge após pressão dos EUA, como líder da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), continuou.

No entanto, a viagem espontânea de Orbán constituiu um obstáculo aos trabalhos da UE. A posição do governo alemão ou de von der Leyen "não nos aproximou nem um milímetro da paz até agora", destacou Reitz, acrescentando em sua análise que o esforço de Orbán "valeu a pena tentar".

A UE e Scholz enfatizaram que o líder húngaro não tinha mandato para a viagem, mas Orbán nunca afirmou que estava em outra coisa que não fosse uma missão pessoal, observou Reitz.

"Ele só está fazendo o que anunciou há dois anos. Naquela época, Viktor Orbán se ofereceu como mediador da União Europeia", disse Reitz, acrescentando que a Hungria está mais próxima da Rússia do que os países da Europa Ocidental.

Reitz considera incompreensíveis as críticas da UE à viagem de Orbán, sublinhando que um chefe de governo europeu experiente no seu quinto mandato, que também é "ouvido na Rússia", poderia "nos trazer um passo para mais perto da paz".

Orbán, que é visto como "a ovelha negra da UE", segue uma "abordagem realpolitik com a sua missão de paz", observou Reitz, acrescentando que ao "tentar se aproximar da paz [...] não é algo que eu possa considerar repreensível".

A viagem de Orbán à Rússia teria desencadeado protestos entre os líderes do bloco europeu, que alertaram contra o "apaziguamento" de Moscou e afirmaram que o primeiro-ministro húngaro não falava em nome do bloco.

"O Conselho Europeu é representado por Charles Michel em termos de política externa — e não pela Hungria", disse Scholz, se referindo ao presidente do Conselho Europeu.

Orbán, cujo país acaba de assumir a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, foi o primeiro líder da UE a visitar Moscou desde abril de 2022. O líder húngaro descreveu a sua visita a Moscou para falar com o presidente da Rússia na sexta-feira (5) como uma continuação da sua "missão de paz" depois de uma visita a Kiev, que teve lugar na terça-feira (2). Os dois líderes discutiram a cooperação bilateral em diversas áreas, bem como questões internacionais importantes, incluindo o conflito na Ucrânia.

Orbán afirmou que pediu a opinião de Putin sobre as propostas de paz de outros países, a possibilidade de um cessar-fogo antes das conversações de paz e como poderá ser a arquitetura de segurança da Europa no futuro.

"Ele [Putin] disse que é óbvio que negociações reais não podem acontecer sem o envolvimento de ambas as partes. Portanto, o que quer que estejam a fazer sem ele, não significa nada. O que é bastante lógico, de qualquer forma", disse Orbán.

Após as recentes conversações com Putin, o primeiro-ministro húngaro afirmou que terá várias outras reuniões na próxima semana, que seriam "igualmente surpreendentes".

·        Rússia reagirá ao envolvimento dos EUA no uso de mísseis na Crimeia, diz MRE

Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, sublinhou que Moscou está a par do "envolvimento direto dos Estados Unidos na seleção de alvos" na Crimeia.

Os mísseis das Forças Armadas da Ucrânia não teriam atingido Sevastopol e outras cidades russas sem o envolvimento direto dos EUA na sua orientação, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia em comentários sobre o bombardeio da Crimeia e outras regiões russas por Kiev.

"Sem o envolvimento direto dos Estados Unidos na seleção de alvos, na preparação de dados de satélite, esses mísseis não teriam voado para lado algum", declarou Sergei Lavrov em uma entrevista para o canal russo Rossiya 1.

"Quanto à nossa reação, o presidente [russo Vladimir Putin] disse que reagiremos, e estou convencido de que, em um futuro próximo, vocês saberão disso", garantiu Lavrov.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia notou que a OTAN e os EUA continuam declarando que não estão participando do conflito com a Rússia. "Eles nem sequer disfarçam e entendem isso perfeitamente bem", deixou claro o ministro.

·        Ministério da Defesa russo explica tática de 'carrossel' aplicada contra as forças de Kiev

Os lançadores múltiplos de foguetes Grad do 1º Exército de Tanques do agrupamento Zapad (Oeste) estão usando com sucesso a tática de "carrossel" na zona da operação especial, anunciou o Ministério da Defesa da Rússia.

"As baterias do agrupamento de tropas Zapad estão disparando contra alvos usando a tática do 'carrossel’: quando uma bateria se posiciona, outra já está recarregando e uma terceira se move para uma nova posição de tiro", disse o ministério.

Ele explicou que a mudança frequente de posições permite infligir o máximo de danos ao inimigo e ficar fora da zona de alcance de seu fogo de artilharia.

"A eficácia do sistema de lançadores múltiplos de foguetes foi comprovada mais de uma vez. Uma instalação desse tipo permite cobrir uma área equivalente a vários campos de futebol e destruir tudo – fortificações, soldados e equipamento militar do inimigo", detalhou o órgão militar russo.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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