terça-feira, 9 de julho de 2024

Desembarcando? Ex-ministro manda "recado" para Bolsonaro após vitória da esquerda na França

Alçado à Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL) para selar a cooptação do Centrão pela ultradireita fascista, o presidente do PP, Ciro Nogueira, mandou um recado ao ex-presidente após a vitória da esquerda nas eleições na França neste domingo (7).

Em longo texto na rede X, o presidente do PP, mesmo partido do presidente da Câmara Arthur Lira (AL), Nogueira sinalizou que o Centrão pode saltar, de vez, do barco bolsonarista, caso o ex-presidente decida se radicalizar ainda mais diante dos indiciamentos pela Justiça.

Ao dizer que "as eleições para a (SIC) França deixam uma lição pedagógica para todo o mundo e o Brasil", Nogueira parte para cima dos "setores extremistas, que possuem tentações majoritárias e dominantes".

"No Brasil não é diferente. Os setores mais vigorosos da Direita ainda imaginam que podem, sozinhos, ser referendados pela vontade popular. Mas o povo brasileiro não é de extremismos", emenda.

Nogueira, então, se junta aos setores da direita que vêm sendo criticados - especialmente por Carlos Bolsonaro (PL-RJ) - por caminharem em direção à "terceira via", articulada pelo sistema financeiro e a mídia neoliberal, que querem distância do ex-presidente nas eleições de 2026.

"Para aqueles da Direita brasileira que entendem que ela é o começo, o meio e o fim, fica o alerta da França: a democracia não possui um único caminho quando o extremismo se apresenta como a direção inevitável", diz.

•        Radicalismo inacreditável: Eduardo Bolsonaro quer sanções contra o Brasil

Durante um discurso no CPAC 2024, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defendeu a imposição de sanções econômicas contra o Brasil e autoridades brasileiras. E se diz PATRIOTA!!!!

Na palestra, que defendia abertamente a soltura dos bolsonaristas presos no 8 de janeiro, o filho de Bolsonaro afirmou que está esperançoso por uma vitória trumpista. A ideia? Impor sanções contra o próprio país.

Ele citou negociações que tem tido com o deputado republicano Chris Smith.

"Esse deputado, ele está, na verdade, fazendo a costura, criando o arcabouço, para aprovar uma lei nos Estados Unidos que trará consequências para as autoridades brasileiras. E quando o Trump for eleito, ele terá mais conforto ainda para corrigir essa injustiça aqui do Brasil", afirmou Eduardo Bolsonaro.

"Já existe lei nos Estados Unidos para fazer esse tipo de coisa. A Venezuela, por exemplo, tem vários ativos congelados nos Estados Unidos devido ao seu envolvimento com o narcotráfico, devido a todas as questões de violações à liberdade. E esse deputado, Chris Smith, ele já aprovou uma lei nesse sentido contra a Bielorrússia", disse.

"Com a eleição do Trump, a gente pode ter um grande reviravolta. E nós teremos, se Deus quiser. Porque essas pessoas não estão pagando preço à toa", completou.

A defesa aqui é que o Brasil se torne um dos países com instituições ou autoridades sancionadas pelos EUA, uma medida que busca desestabilizar regimes desafetos de Washington.

Duvida? Tem vídeo.

<><> Não é a primeira vez

Em abril, filho de Bolsonaro foi aos EUA com outros deputados para tentar articular sanções de Washington contra o Brasil sob a alegação de  "ditadura".

Ricardo Cappelli, figura crucial para a manutenção do estado democrático de direito após a tentativa de golpe do 8 de janeiro, fez uma dura crítica à atitude de Eduardo Bolsonaro.

"Alta traição nacional. Procurar nações estrangeiras para pedir sanções comerciais às empresas brasileiras é crime de lesa pátria", afirmou.

"O presidente @LulaOficial  viajando para abrir mercados e patriotas de araque sabotando o BRASIL. Inaceitável", completou o ex-secretário do MJ.

 

¨      No Brasil atual, todos bolsonaristas terão seus quinze minutos de fama. Por Francisco Fernandes Ladeira

Na década de 1960, Andy Warhol profetizou: “no futuro, todos terão seus quinze minutos de fama”. Parafraseando o artista visual estadunidense, podemos dizer que, no Brasil contemporâneo, onde o fascismo saiu da coleira, todo bolsonarista terá seus quinze minutos de fama. Via de regra, pelos motivos mais toscos, grotescos e constrangedores. Tratam-se de pessoas anônimas (pelo menos para o grande público), responsáveis por frases e/ou atitudes deploráveis, que posteriormente viralizam nas principais redes sociais. 

O fenômeno dos “quinze minutos de fama bolsonarista” ganhou força após a derrota eleitoral do “mito” em 2022 (concebida pelo gado como “fraude”). Nesse contexto, bolsonaristas fecharam rodovias em todo o Brasil, em protesto contra a vitória eleitoral do “comunista” Luiz Inácio Lula da Silva. Entre eles estava um indivíduo que subiu no para-brisa de um caminhão para impedir que o veículo ultrapassasse o bloqueio dos manifestantes. No entanto, o motorista não parou e o bolsonarista ficou por alguns quilômetros pendurado. Com as imagens inspirando inúmeros memes na internet, surgiu o primeiro personagem de nossa lista: o “patriota do caminhão”.  

Por outro lado, um dos caminhos mais certeiros para um bolsonarista alcançar os quinze minutos de fama é demonstrar seus preconceitos em público, sem máscaras. Pode até render candidatura para cargo legislativo. Nesse sentido, temos a “homofóbica da padaria”, alçada ao estrelato efêmero quando foi flagrada insultando um casal de homossexuais em uma padaria paulistana. No repertório de xingamentos, clássicos do léxico bolsonarista: “mimimi”, “eu sou de família tradicional” e “os valores estão sendo invertidos”. Para não fugir da cartilha “cidadão de bem”, a “homofóbica da padaria” tem em seu currículo acusações de extorsão e ameaças.

Do mesmo modo, um casal evangélico, dono de uma gráfica em São Paulo, teve seus quinze minutos de fama ao declarar que não faz convites para uniões homoafetivas. Com a repercussão do caso, os proprietários da empresa publicaram um vídeo, se dizendo vítimas de “heterofobia” (como se sabe, inventar preconceitos que não existem é uma das principais especialidades da extrema direita brasileira). 

Por falar em religião, uma das marcas registradas do bolsonarismo é a intolerância em relação às crenças de matrizes africanas. Sendo assim, uma influencier cristã se tornou conhecida nacionalmente por publicar um vídeo em suas redes sociais que associava as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul à ira divina (por causa da grande presença de terreiros de “macumba” no estado). 

Mas não basta insultar minorias sociais, é preciso ir às vias de fato. Em Fortaleza, um bolsonarista ganhou seus quinze minutos de fama por ter apalpado as partes íntimas de uma mulher, sem consentimento, enquanto ela deixava o elevador de um edifício comercial. Como sua atitude, evidentemente, não foi bem-vista (rendeu até demissão do emprego), o “assediador do elevador” recorreu à uma das máximas bolsonaristas: alegou ter “problemas psiquiátricos”. 

Além do conservadorismo nos costumes, o bolsonarismo tem como slogan ser “liberal na economia” (aliás, a sua face mais cruel). Isso significa privatizações, sucateamento de serviços públicos e perdas de direitos trabalhistas, entre outras mazelas. Nessa lógica, o fundador do grupo G4 Educação é o mais recente bolsonarista agraciado com os quinze minutos de fama. O motivo: defender a superexploração do trabalhador. Como todo “cidadão de bem” respeitável, seguindo o lema “imposto é roubo”, ele tem em seu histórico uma dívida de 10,5 milhões de reais em impostos à União. 

Também são dignos de uma menção honrosa os bolsonaristas que comemoraram a falsa prisão de Alexandre de Moraes (confirmando a “fraude” na eleição presidencial de 2022), os adoradores do pneu de caminhão, os patriotas que acamparam em frente a quartéis e os golpistas de 8 de janeiro. 

Porém, em um futuro distópico, esses bravos cidadãos de bem não terão apenas quinze minutos de fama; serão eternizados e representados como heróis nacionais nos livros de História produzidos pela Brasil Paralelo. Nada é tão ruim que não possa piorar! 

 

¨      Milei diz que Bolsonaro é “perseguido pela Justiça”, insinua crítica contra Lula e agrava crise com o Brasil. Por Marcia Carmo

O presidente da Argentina, Javier Milei, disse, neste domingo, que o ex-presidente Jair Bolsonaro é vítima da Justiça. “Um perseguido judicial”, afirmou Milei. “Olhem a perseguição judicial que nosso amigo Jair Bolsonaro está sofrendo no Brasil”, disse. As declarações do argentino de extrema-direita foram realizadas na Conferência Política da Ação Conservadora (CPAC), no Balneário Camboriú, no estado de Santa Catarina, três dias após Bolsonaro ter sido indiciado pela Polícia Federal no inquérito que investiga um esquema ilegal de joias dadas por delegações estrangeiras à Presidência da República. O ex-presidente foi indiciado por organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato (apropriação de bem público), como foi publicado na imprensa brasileira e internacional.

A presença de Milei no evento em Camboriú aumentou a tensão para níveis inéditos na relação bilateral. Na sexta-feira, fontes do Itamaraty disseram ao  Brasil 247 que não se descartava convocar o embaixador do Brasil na Argentina, Julio Bitelli, num sinal de insatisfação, dependendo do tom das palavras de Milei. A reação poderia incluir até a retirada do embaixador do Brasil, disseram.“Não podemos agir como se nada estivesse acontecendo. Um presidente falar mal do nosso Chefe de Estado no território brasileiro será inadmissível”, disseram as fontes, sob a condição do anonimato.

No discurso de dez páginas, Milei não citou o nome do presidente Lula. A imprensa argentina publicou, no início da noite deste domingo, manchete em seus portais indicando que esta frase seria um recado ao Chefe de Estado brasileiro. “Se vocês têm alguma dúvida (do que ele entende serem os males do socialismo), observem como vivem as famílias destes líderes do socialismo do Século XXI. Vejam como vive a família de Maduro (da Venezuela), vejam como vivem os filhos de alguns de seu próprio país. São todos multimilionários que vivem como se tivessem fundado o Google”. Logo depois, esta frase foi associada pela imprensa argentina, especificamente ao presidente da Venezuela e líderes da esquerda em geral, sem associação direta ao presidente Lula. E a frase mais interpretada como crítica ao presidente do Brasil foi a de Milei condenando o Foro de São Paulo, já que ele surgiu a partir da iniciativa do PT.Neste domingo, voltamos a consultar fontes do Itamaraty. Uma delas disse que o discurso foi “mais ameno do que se esperava”. A outra, porém, avaliou que o nível de tensão não diminuiu e a situação bilateral continuará sendo “estudada”. 

Em seu longo discurso em Camboriú, Milei voltou a criticar o socialismo, a esquerda em geral e o Fórum de São Paulo, enfatizando sua rejeição aos governos progressistas da América Latina. Milei tem demostrado desprezo pela integração regional. Ele não comparecerá à reunião dos presidentes do Mercosul, nesta segunda-feira, em Assunção, no Paraguai. O Brasil é o primeiro país da América do Sul que ele visita após quase sete meses de governo, mas, neste caso, não para visitar o presidente eleito através das urnas e sim seu par ideológico, o ex-presidente Bolsonaro. O Brasil é o principal sócio comercial da Argentina e a Argentina o principal destino das exportações industriais brasileiras. A opção de Milei por Bolsonaro levou políticos argentinos de peso no país a declararem que a Argentina pode acabar sendo prejudicada em seus resultados reais. O governador de Córdoba, Martín Llayora, disse que teme que o setor automotivo seja afetado – a província tem forte relação com este setor no Brasil. E este é um dos pilares do setor comercial e econômico entre os dois países. A ex-deputada federal Elisa Carrió, admiradora de Lula, disse que Milei está “ameaçando a paz” da região, ao criticar o presidente do Brasil.

•        Milei recua em ataque a Lula após Itamaraty sinalizar ruptura diplomática

Ao melhor estilo Jair Bolsonaro (PL), o presidente da Argentina, Javier Milei, recuou dos ataques diretos a Lula durante sua incursão entre os fascistas do Brasil em sua viagem a Camboriú (SC) para participar da Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC), cópia do evento da extrema-direita nos EUA trazida ao país por Eduardo Bolsonaro (PL).

Antes de sua primeira viagem ao Brasil, em que deixou de lado a diplomacia para adular Bolsonaro, Milei reiterou os ataques feitos a Lula durante a campanha eleitoral.

Em publicação na rede X no dia 2 de julho, o presidente argentino disse que o brasileiro "reclama porque eu lhe respondo com sinceridade (ele foi preso por corrupção e é comunista)".

Em pronta resposta, o Itamaraty emitiu um comunicado à Casa Rosada em que o governo brasileiro diz que "esperamos que não haja repetição da ofensa ao presidente Lula".

“Seria uma situação grave que poderia ter consequências diplomáticas profundas, como a retirada do embaixador em Buenos Aires, e que complicaria muito a relação bilateral até levar a uma ruptura virtual das relações, como aconteceu com a Espanha”, disse o Itamaraty.

Em maio, o presidente do Governo da Espanha, Pedro Sanchez convocou o embaixador após Milei chamar a esposa dele, Bergoña Gomez, de corrupta em um evento do partido de extrema-direita Vox, em Madri.

Alertado pelo Itamaraty, Milei recuou e sequer citou Lula em seu discurso no Brasil, concentrando-se a repetir velhos chavões contra o "socialismo" e fortalecer o discurso vitimista de Bolsonaro.

"Olhem o que aconteceu na Venezuela, olha o que aconteceu na Bolívia quando Evo Morales ganhou pela terceira vez, olhem a perseguição que o nosso amigo Bolsonaro sofre aqui no Brasil, e olhem o que está acontecendo na Bolívia, um falso golpe de estado", afirmou Milei aos fascistas apoiadores de Bolsonaro em Santa Catarina.

Com 57% da população argentina vivendo na pobreza após o desmonte neoliberal na economia argentina, Milei tentou se defender atacando os "socialistas".

"Quero dizer que vamos sair da miséria gostem ou não os socialistas, porque a grande maioria dos argentinos escolheu uma mudança profunda de regime que prometemos na campanha, e nós temos o compromisso de cumprir com a maioria, ainda que os beneficiários desse sistema corrupto, parasitário e empobrecedor movam céus e terras para nos boicotar. Não passarão", afirmou.

•        Mauro Vieira

Em evento que antecede a participação de Lula, nesta segunda-feira (8), na sessão Plenária dos Presidentes do Mercosul, o chanceler brasileiro Mauro Vieira alfinetou Milei, que não deve participar da reunião, lembrando as tentativas de golpe na Bolívia e no Brasil.

"Não posso começar esse meu pronunciamento sem me referir, logo de início, à tentativa de golpe de estado ocorrida, há pouco mais de 10 dias, na república da Bolívia. Quero aqui me solidarizar com minha contraparte e amiga Celinda Sosa. No Brasil também tivemos de enfrentar, ainda nos primeiros dias deste terceiro mandato do presidente Lula, uma tentativa de reverter, por meio da violência, a vontade soberana do povo, expressa nas urnas. No Brasil, assim como na Bolívia, a democracia venceu – e tenho certeza de que sairá mais forte", discursou Vieira.

Ao final de sua fala, o chanceler brasileiro voltou a falar da importância da "democracia" e da "paz" para integração da região, em novo recado à ultradireita fascista.

"Para enfrentar os desafios globais e fortalecer a nossa região, devemos, primeiramente, fortalecer nosso bloco, com instituições robustas, maior integração de nossas cadeias produtivas, mais cooperação e, acima de tudo, com a constante defesa dos nossos princípios fundadores: a paz e a democracia como elementos-chave do processo de integração", concluiu.

 

Fonte: Fórum/Brasil 247

 

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