MAIS UMA
ARMAÇÃO: Lira recua e retira PEC da Anistia da pauta após tentativa de votá-la
às pressas antes do recesso
O
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), recuou e tirou de
pauta a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia após o sumiço de
líderes partidários para discursar em defesa da proposta e da queixa de
parlamentares do PSOL e do Novo, contrários ao texto. Segundo ele, a PEC será
discutida apenas em agosto, após o recesso parlamentar.
Todos
os demais partidos, que vão do PT ao PL, apoiam a medida, que visa conceder um
autoperdão pela dívida contraída por irregularidades cometidas por eles mesmos.
Os contrários argumentaram que o novo texto apenas veio a público na noite
desta quarta-feira, 3, enquanto a votação acontecia, e que a comissão especial
que tratou da proposição sequer aprovou o relatório final.
Lira
disse que relutou em colocar em pauta e que a PEC entrou em votação após o
pedido dos partidos políticos. "Todos os partidos, os presidentes e as
lideranças partidárias, com exceção do Novo e PSOL, se posicionaram a favor da
PEC", afirmou Lira.
Ele
então convocou as lideranças partidárias a participarem da sessão, já que eles
sumiram do plenário, e tentou compartilhar a responsabilidade com o presidente
do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Nos bastidores, líderes dizem que o
projeto só avançará na Câmara quando houver a anuência de Pacheco para tramitar
a PEC no Senado.
"O
presidente do Senado se comprometeu em pautar essa PEC para apreciação nessa
Casa. Compareçam no plenário para não ficar parecendo o que não é", disse
Lira, dizendo não ter nenhuma vontade pessoal em aprovar o texto.
O
líder do PT na Câmara, Odair Cunha (PT-MG), argumentou que o texto protocolado
era diferente do que eles tinham conhecimento. Lira, então, disse que ele
voltará a colocar a matéria na pauta quando todos os partidos políticos
apoiarem.
Já
na noite da terça-feira, líderes projetavam nos bastidores que votariam o texto
antes do recesso parlamentar, que começa no dia 18 de julho, porque, segundo
eles, seria fácil convencer o Senado da importância da aprovação da PEC.
A
proposta oferecia um perdão às multas eleitorais, mas um novo relatório mudou
as regras e passou a estipular o pagamento dessas dívidas, com um parcelamento
em até 180 meses.
No
caso de descumprimento das cotas raciais, o texto segue com a previsão de
perdão das multas eleitorais.
"Este
programa visa a facilitar a regularização de débitos tributários e não
tributários, excluindo juros e multas acumulados e permitindo o pagamento dos
valores originários com correção monetária em até 180 meses", diz o
parecer.
"É
garantido aos partidos políticos, seus institutos ou fundações, o uso de
recursos do Fundo Partidário para o parcelamento de sanções e penalidades de
multas eleitorais, outras sanções, débitos de natureza não eleitoral, devolução
de recursos ao erário, e devolução de recursos públicos ou privados imputados
pela Justiça Eleitoral, inclusive os de origem não identificada, excetuados os
recursos de fontes vedadas", afirma outro trecho do relatório.
Os
defensores da proposta argumentam que a matéria institui um percentual mínimo
de 20% de repasses do fundo eleitoral para candidaturas de pessoas pretas e
pardas, medida confirmada no novo parecer divulgado nesta quarta-feira.
Atualmente, a obrigação dos partidos é de apenas assegurar que a quantidade dos
recursos seja proporcional ao número de candidaturas de negros.
Organizações
da sociedade civil apontam que o texto abre brechas para que as siglas
transfiram o valor para apenas um candidato, sem obedecer à proporcionalidade
das candidaturas de políticos pretos. Os diretórios nacionais das legendas
também vão poder escolher uma determinada região para qual vai enviar as verbas
de campanha.
Em
2020, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que a divisão dos recursos do
fundo eleitoral e do tempo de propaganda eleitoral gratuita deve ser
proporcional ao total de candidatos negros que o partido apresentar para a
disputa eleitoral. Ou seja, se 50% dos postulantes forem negros, as siglas são
obrigadas a mandar a mesma proporção das verbas para as campanhas deles.
Além
disso, outra vantagem seria a garantia expressa de imunidade tributária às
legendas. Estava em discussão um dispositivo que estabelecia uma cota de 20% de
vagas legislativas para mulheres, porém, esse trecho deve ficar de fora por
falta de acordo.
¨
Verdade em crise: problemas da confiança cega de Lula em um certo ministro
Na
última segunda-feira, 1º de julho, na Bahia, o presidente Lula surpreendeu ao
fazer uma defesa inusitada do ministro Rui Costa, chefe da Casa Civil. Durante
a inauguração da duplicação de uma estrada, federal em Feira de Santana, Lula
afirmou que alguns de seus ministros mentem para ele, mas que Rui Costa e
Miriam Belchior sempre desmentem essas mentiras.
Como
é? Essa declaração levanta várias questões — entre elas algumas perguntas: Quem
são esses ministros mentirosos? Não é assustador que chefes de ministérios
estejam falando inverdades ao presidente?
Assim,
agora, leitor, quero falar sobre a confiança cega de Lula em um ministro
envolvido em várias controvérsias, por assim dizer.
Ao
contrário do que Lula pensa, Rui Costa tem sido frequentemente apontado como
articulador de intrigas no governo, criando um ambiente de desunião semelhante
ao visto durante o governo de Jair Bolsonaro.
O
episódio mais grave foi a demissão de Jean Paul Prates da Petrobras, que também
afetou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Aliás, Haddad, frequentemente
contrariado por Rui Costa, tem enfrentado dificuldades para manter a coesão na
área econômica e até a segurança no cargo dentro do governo.
Além
disso, Costa tem se envolvido em outras disputas internas, como o
contingenciamento de R$ 20 bilhões do PAC, defendido por Alexandre Padilha, e
na disputa por vagas no STJ, quando foi derrotado.
E
Rui Costa ainda está envolvido em algumas investigações em curso.
Esses
episódios destacam os riscos da confiança cega de Lula em um ministro que, ao
invés de promover a unidade, parece alimentar desavenças e instabilidades
dentro do governo.
¨
Lula abre o cofre e acelera pagamento das emendas do PT e
da base aliada
Mesmo
não sendo a maior bancada do Congresso, o PT está no topo entre os partidos
mais contemplados com emendas parlamentares individuais pagas pelo governo às
vésperas das eleições municipais. Indicações de deputados e senadores da
legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberam R$ 1,2 bilhão em
recursos em 2024, movimento que se acentuou nas últimas semanas. A sigla reúne
menos congressistas que o PL, que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro e
aparece em quarto lugar no ranking.
As
emendas individuais são distribuídas de forma equânime entre os parlamentares:
cada deputado tem direito a R$ 37,8 milhões e, cada senador, R$ 69,8 milhões. O
pagamento é obrigatório, mas é o Executivo que determina o ritmo de repasses.
As
emendas de parlamentares do PL, principal opositor do governo, já repassadas
somam R$ 1,04 bilhão, o que coloca a sigla atrás também de PSD e MDB. O partido
tem a maior bancada da Câmara, com 95 deputados, e a segunda do Senado, com 13
representantes.
Recentemente,
o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), disse que a gestão petista está
represando a liberação de recursos de emendas impositivas individuais de
deputados do partido na área da Saúde.
Em
nota, a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela relação
com os parlamentares, disse que o calendário de emendas prevê o empenho de R$
26,9 milhões e o pagamento de R$ 21,5 milhões até o próximo dia 5, sexta-feira.
De acordo com a pasta, os repasses têm o “objetivo de viabilizar obras e
acelerar o atendimento à população nos municípios”.
Em
caráter reservado, líderes afirmam que “passam para a frente da fila”
parlamentares que votam mais com o governo, mas que eles acreditam que o
Executivo vai ainda acelerar os pagamentos ao longo da semana e corrigir
possíveis distorções para não arranhar ainda mais sua relação com o Congresso.
— É
notado que o governo acelerou muito o pagamento e os empenhos. Foi feito um
acordo com o colégio de líderes para a execução dentro do cronograma
preestabelecido pela própria SRI. Acredito que a SRI não vai em momento algum
cair na gafe ou no erro de não honrar o seu compromisso. E no compromisso, não
tinha nenhuma priorização por partido — afirmou o deputado Danilo Forte
(União-CE), relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024.
Já
a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) criticou o mecanismo usado pelo Palácio do
Planalto: — O governo manipula o momento da execução das emendas individuais
para priorizar seus aliados e influenciar o resultado das eleições municipais.
No
mês passado, o governo fez o maior empenho (pré-pagamento) de emendas da
história do país, às vésperas das eleições municipais. Foram R$ 14,2 bilhões em
verbas indicadas pelo Congresso. Um valor maior do que foi empenhado durante
todo 2019, ano de criação do extinto “orçamento secreto”, quando foram R$ 12,97
bilhões.
O
ritmo que o governo impôs para o envio dos recursos é resultado da pressão de
parlamentares para abastecer o caixa de prefeituras aliadas a tempo das
eleições municipais de outubro e dentro do prazo permitido por lei.
O
executivo tem até o próximo dia 6 para fazer os empenhos, que depois desse
prazo ficam bloqueados até o final das eleições.
¨
Essa “nova filosofia” de Lula é velha e
antigamente chamava-se “pedalada”
O
governo não consegue reverter benefícios fiscais ineficientes. E cria novos.
Enquanto se tenta levantar novo voo de galinha na economia, autoriza a Fazenda
a pedalar. Não sei o que veio antes, o ovo ou a galinha. Sei que a palavra de
presidente resulta. Em matéria econômica, faz preço. Tanto mais se acumulado o
verbo. Lula sabe.
“O
problema não é que tem que cortar [despesas]. Problema é saber se precisa
efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação.”
Nem
ovo nem galinha. Dane-se a cronologia. Se falou antes ou depois de o dólar
ganhar mais corpo. Fala sempre. Antes e depois. Quando provocado a tratar de
corte de gastos. É como reage. Eleito o presidente do Banco Central (um
exibido) como o adversário. E o dólar a expandir a mordida.
“Isso
vai melhorar quando eu puder indicar o presidente do BC, e vamos construir uma
nova filosofia.”
Qual
a filosofia? “Isso” significa o chefe do BC cumprir as funções do cargo
conforme compreendidas por Lula. Melhoraria para Lula. Já imenso o carrego de
expectativas sobre indivíduo – qualquer que seja o galípolo – nem sequer
indicado. O “vamos construir” a encurtar margem para trabalho autônomo.
Projetado um novo Roberto Campos Neto. Ou ministro de Lula, ou ministro de
Bolsonaro.
“Vamos
parar de olhar a dívida pública brasileira com o medo que se olha. Dívida do
Brasil não é dívida. É troco, de tão pequena se comparada à de outros países”.
Coragem
ante a dívida pública não para controlá-la. Se a dívida não é dívida, por que
medo? Estamos a 75,7% do PIB. E crescendo. Lula fala em troco.
Haddad
fala num Lula que “nunca desautorizou o ministro da Fazenda na busca do
equilíbrio das contas.” Não mente. Autorizado o equilíbrio das contas via
aumento de receita – caminho já cansado – e revisão de gastos tributários,
jornada em que se empilham reveses.
O
governo não consegue reverter benefícios fiscais ineficientes. E cria novos.
Dilma III. Está aí o Mover. Mais um para a indústria automotiva, na gordura do
qual se malocou a taxação das blusinhas, conta (troco?) no lombo dos
remediados. Projeto abraçado por Haddad – que é Lula, que sancionou.
A
principal medida arrecadatória para 2024 tem adesão zero até aqui. A negociação
para contribuintes derrotados pelo voto de desempate no Carf ainda não produziu
um tostão.
Haddad
esperando – previsto no Orçamento – R$ 55 bilhões. Lula autorizou.
Com
suas autorizações, a conta não fecha. Fecharia sob programa estrutural de
desindexações-desvinculações, enfrentada a forma viciada como se compõe
orçamento. Autorizará? Antes, proporia Haddad? Ora, não pode haver
desautorização a plano não apresentado.
O
plano em curso é o velho. Enquanto se tenta levantar novo voo de galinha, vai
autorizada a Fazenda a pedalar – quem sabe uma PEC Kamikaze em 26? – por rolar
o problema até 27.
É a
filosofia. Por Dilma IV.
Fonte:
Agencia Estado/Veja/O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário