Luigi Sandri: ‘As cruzadas em nome de Deus,
ontem e hoje’
"Deus lo
vult": lançando esse grito - Deus o quer - há 925 anos, como hoje, os
cruzados, fazendo um massacre de muçulmanos e judeus, conquistaram Jerusalém.
este lema, em outras línguas, em outras religiões e em outros contextos
geopolíticos, atravessou os séculos até os nossos dias sendo relançado toda vez
que um Poder (Igreja, Estado, partido político), ou um único presunçoso
justiceiro, instrumentalizaram o Altíssimo para cobrir, com o Seu nome, suas
próprias ambições, iniciativas e violências. O rapaz que atirou em Donald Trump
terá invocado Deus?
O que aconteceu em
15-07-1099 foi o resultado final de um apelo lançado por Urbano II no Sínodo de
Clermont, na França, no outono de 1095: aquele pontífice, preocupado com a
crescente presença árabe muçulmana na Terra Santa, estimulou os príncipes
cristãos europeus a se mobilizarem para a reconquista dos Lugares Santos
cristãos da Palestina, que os árabes haviam tomado dos bizantinos três séculos
antes. Assim começou, pouco a pouco, a grande empreitada militar ocidental para
correr até lá em defesa dos monumentos sagrados à cristandade e, também, dos
cristãos autóctones. Finalmente, após acordos, tensões e rivalidades, a
empreitada partiu e, naquele fatídico mês de julho, Jerusalém voltou às
"nossas" mãos.
As Cruzadas - sete no
total - foram em parte bem-sucedidas e em parte fracassaram: finalmente, em
1291, os cruzados tiveram que abandonar São João de Acre (hoje Akko, em
Israel), o último resquício de sua presença na Terra Santa; e, desde então,
todo aquele território permaneceu em mãos muçulmanas: primeiro em mãos árabes,
depois, a partir de 1516, em mãos turcas, até 1917, quando caiu em mãos
inglesas (a propósito: em 1947, a ONU sancionará a divisão daquela terra em um
estado judeu, que depois foi criado, e um estado árabe, que não foi criado).
Em sentido estrito,
portanto, as Cruzadas designaram o desafio entre cristãos e muçulmanos pela
posse de Jerusalém e de toda a Terra Santa. Mas, em um sentido metafórico, o
termo designa toda iniciativa militar que usa o nome de Deus como patrocinador
de seus esforços bélicos. Assim, "Gott mit uns" (Deus conosco) estava
escrito no cinto dos soldados nazistas.
Hoje, em muitas
religiões persiste o desejo de invocar o nome de Deus para justificar
conflitos; mas, nelas, há também uma consciência crescente de que essa
apropriação é sacrílega, porque somente "Paz" pode ser o nome de
Deus. Portanto, é proibido implicar o Altíssimo em violências decididas pelos
seres humanos; quem escolhe matar outras pessoas deve assumir suas
responsabilidades - laicas e não delegáveis - sem implicar Deus. E assim é
hoje, diante de quem atentou contra a vida do ex-presidente dos Estados Unidos
(ainda não sabemos se ele se considerava um mensageiro escolhido pelo Céu para
eliminar um candidato à Casa Branca) e das guerras em andamento - entre o Hamas
e Israel, entre a Rússia e a Ucrânia e as guerras internas em Mianmar ou no
Sudão - em que se tenta implicar o Altíssimo.
De qualquer forma,
Deus está sempre do lado das vítimas.
• Será que Donald Trump confunde Deus com
a sorte? Por Vito Mancuso
Donald Trump não se
desequilibrou ao escolher o poder graças ao qual ele ainda está entre os vivos:
a sorte ou Deus. Um momento antes, ele não teria dúvidas em declarar qual
deveria ter sido o seu destino: "Eu não deveria estar aqui, eu deveria
estar morto", mas logo depois deixou prudentemente em suspenso a quem
atribuir o mérito de ainda estar vivo: "Por sorte ou por Deus eu ainda
estou aqui. Em inglês: “By luck or by God”. A alternativa, que na linguagem
coloquial passa quase despercebida, torna-se decisiva assim que se começa a
pensar: Desculpe, por sorte “ou” por Deus?
Os dois conceitos têm
uma longa história no pensamento humano. Ambos se reportam a um poder superior
e imponderável do qual dependem os nossos destinos: a deusa Fortuna do
paganismo e o Deus pessoal dos monoteísmos, ou seja, de um lado o acaso cego,
do outro o olho vigilante do qual nada escapa e tudo ordena. Acho que a
incerteza de Trump reflete à perfeição a incerteza de grande parte de nós
mesmos. Disse "grande parte" porque estou ciente de que entre nós
também há aqueles que não são de forma alguma inseguros: aqueles que atribuem
tudo apenas ao acaso e aqueles que atribuem tudo apenas a Deus.
Os primeiros não têm
dúvida de que tudo depende do acaso, para eles tudo na vida é aleatório, a
começar pelo fato de que existe vida no universo e que dentro dele somos nós
que a vivemos. O acaso dominante é chamado de sorte quando traz um resultado
positivo, e de azar quando o resultado é negativo. Os sinônimos são numerosos:
sorte (má sorte, boa sorte), ventura (boa ventura, má ventura), fado,
fatalidade, destino, graça (desgraça), estrela (boa estrela, má estrela), além
de termos mais prosaicos como coincidência, acidente, combinação e outros
termos mais vulgares de uso frequente que não vale a pena mencionar porque são
familiares a todos. No outro lado, nem mesmo os supercrentes, que atribuem tudo
a Deus, têm alguma dúvida, não apenas quanto à criação e à direção do mundo,
mas também de cada evento, por trás do qual sempre vislumbram a mão de Deus à
obra, porque para eles “não cai uma folha da árvore sem que Deus permita",
nada é casual, mas tudo é pensado e desejado por Deus. Quem tem razão? Quem
argumenta que tudo é por acaso, ou quem argumenta que nada é por acaso?
À luz da primeira
alternativa, o que fez a cabeça de Trump se mover o suficiente para evitar que
a bala se alojasse em seu cérebro foi um sortudíssimo acaso, mitologicamente
personificado pela deusa romana Fortuna ou pela grega Tyche. À luz da segunda
alternativa, Trump deve agradecer a Deus, porque foi ele, porque "foi a
mão de Deus", para citar o título do filme de Sorrentino, que o fez mover
a cabeça e, assim, salvou-o da morte. Quem tem razão?
A guerra é
antiquíssima, tem sido travada na alma do Ocidente desde a sua formação, porque
nós, ocidentais, incluindo os estadunidenses, mas, é claro, especialmente os
gregos e os italianos, temos uma dupla raiz: a raiz greco-romana, que nos faz
tender para a sorte, e a raiz judaico-cristã, que nos faz inclinar para Deus.
Hoje não pensamos mais nisso (em quantas verdades antigas não pensamos mais
hoje!) e não apenas Trump, mas também muitos de nós dizem sem pensar "por
sorte ou por Deus".
No passado, no
entanto, quando as consciências eram mais vigiadas, as duas hipóteses estavam
bem longe de ser justapostas de forma tão leviana: Santo Agostinho, por
exemplo, considerava a sorte não uma deusa, mas um dom de Deus e, portanto, não
tolerava que a sorte fosse entendida como uma alternativa a Deus: para ele,
dizer "por sorte" nada mais era do que dizer "pela graça de
Deus". Para Agostinho, a sorte simplesmente não existia: existia a
providência. Quando tal providência se revelava favorável, era o sinal de que
Deus amava, recompensava e protegia o sujeito; da mesma forma, quando se
revelava negativa, era o sinal de que Deus castigava e punia. De qualquer
forma, tudo estava sempre sob seu controle. Jesus também pensava assim:
"Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em
terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão
todos contados" (Mateus 10,29-30).
Os gregos e romanos,
por outro lado, viam o mundo como dominado, se não inteiramente, pelo menos em
grande parte, pelo acaso e pelo capricho. A deusa Fortuna, não por acaso
feminina, apresenta uma iconografia que fala por si só: é feminina, porque os
antigos consideravam a mulher mais volúvel do que o homem ("la donna è
mobile, qual piuma al vento"), está em uma esfera para indicar sua
instabilidade, move uma roda que simboliza o eterno girar da sorte, é careca,
exceto por uma trança no topo da cabeça que só se consegue agarrar com grande
dificuldade, está vendada, talvez cega, e muitas vezes é retratada indo em
direção ao mar, para simbolizar a percepção da vida líquida muitos séculos antes
que Zygmunt Bauman consagrasse essa metáfora no imaginário contemporâneo.
By luck ou by God: a
incerteza de Trump é a incerteza de todos aqueles que refletem e que, ao
refletirem, entendem que o mundo é organizado demais e orientado demais para a
vida e a inteligência para ser apenas o fruto do acaso cego e que, por outro
lado, é repleto demais de fatalidades e de injustiças para ser apenas a obra da
providência de um Deus justo e benévolo (e se é de fato um único Deus que
governa, então ele nem sempre é benévolo, mas também pode ser malévolo,
dependendo de como se sente, exatamente como o Islã pensa Alá).
Portanto, estamos
diante de uma antinomia, como acontece sempre que nos aprofundamos nos chamados
"sistemas máximos". As palavras do físico Niels Bohr, um dos pais da
mecânica quântica, se encaixam perfeitamente: "Há dois tipos de verdades:
as verdades simples, em que os opostos são claramente absurdos, e as verdades
profundas, reconhecíveis pelo fato de que o oposto por sua vez contém uma
verdade profunda". Tanto a impessoal deusa Fortuna quanto o Deus pessoal
dos monoteísmos, que também se opõem entre si, são verdades profundas e devem,
de alguma forma mais profunda, ser reconciliados entre si nas nossas mentes.
Como? Cada um responda por si mesmo pensando em todas as circunstâncias
imponderáveis, tanto afortunadas quanto desafortunadas, que ocorreram em sua
existência, e como elas o levaram a perceber qual é para ele ou para ela o
sentido da vida. Nós nunca saberemos se a bala que saiu da arma do atirador não
atingiu Trump "por sorte" ou "por Deus". O que podemos
verificar cotidianamente é a orientação de sua ação política: se ela é
realizada à insígnia de uma liberdade sem regras, simbolizada pela Fortuna, ou
a serviço do bem e da justiça, simbolizados por Deus.
• O lobo solitário e o dono da floresta.
Por Jorge Majfud
Se existe algo em
comum entre os muitos ataques contra presidentes e candidatos nos Estados
Unidos é que todos são atribuídos a lobos solitários, envolvidos em um véu de
conspiração e poucos esclarecimentos. Não é estranho, considerando que há mais
de um século é uma das potências hegemônicas, representada por uma democracia
política, governada por uma ditadura econômica e tutelada por organismos e
agências ultrassecretos, das confrarias financeiras privadas às máfias
governamentais como a CIA e a NSA, sempre fora das leis e imunes a qualquer
controle popular.
Sem entrar no terreno
mais óbvio de uma cultura paranoica de armas de fogo onde, há três dias e em
cinco estados conservadores, é possível comprar balas em máquinas automáticas,
caso sua inteligência artificial detecte que o atirador é maior de 21 anos. Como
se os criminosos fossem todos menores de idade. Um país onde a maior proporção
de armas por habitantes está nos estados e condados onde havia maior proporção
de escravos.
Quatro presidentes
foram assassinados no cargo: Lincoln, Garfield, McKinley e Kennedy. Muitos
sofreram ataques fracassados, como Theodore Roosevelt que, assim como Trump, em
1912, tentava voltar à Casa Branca. O maço de cinquenta folhas dobradas, com o
seu discurso, impediu que uma bala lhe atravessasse um órgão vital. Teo
prosseguiu com o seu discurso, com o projétil dentro de seu corpo musculoso.
Em outros casos, os
francoatiradores falharam ou as conspirações foram desarticuladas a tempo. Três
anos após o atentado contra Ronald Reagan, em outubro de 1984, o assistente da
Missão Cubana na ONU, Néstor García Iturbe, informou ao chefe de segurança da
delegação dos Estados Unidos, Robert Muller, sobre um plano para matar o
presidente em Carolina do Norte. Dias depois, Muller telefonou para García,
convidando-o para um almoço, com a notícia de que o serviço de segurança do
presidente havia prendido os conspiradores.
A espionagem cubana em
Miami havia evitado alguns dos diversos atentados terroristas contra a ilha,
obra dos exilados empregados pela CIA e por outros grupos terroristas de Miami
liberados do controle da Agência. A eficácia do serviço secreto de Cuba trazia
preocupação a Washington, razão pela qual nem Reagan e nem os presidentes
posteriores retribuíram este favor, pelo contrário, permitiram que os grupos
terroristas que “lutavam pela liberdade” se reorganizassem. Quando foram
condenados por sua fixação em explosivos C4, foram perdoados pelas autoridades
políticas de plantão ou fugiram para alguma ditadura amiga (tema de meu último
livro, há meses no longo purgatório das editoras).
Em outros casos, foram
assassinados líderes sociais, como Martin Luther King, Malcolm X e Robert
Kennedy. Todos seguiram o mesmo padrão do assassinato de John Kennedy: um
atirador aparentemente solitário, possivelmente membro de algum grupo que sirva
como distração ou propaganda contra um adversário ideológico, com o assassino
assassinado por sua vez por algum patriota, tudo com a estranha e sistemática
ineficiência da polícia e dos serviços secretos mais poderosos do mundo. Este
padrão foi aplicado a outros assassinatos da CIA pelo mundo e foi vazado sem
querer nas memórias de alguns agentes, como foi o caso do atentado fracassado
contra Fidel Castro, no Chile, um entre 638 tentativas.
A consistência do
padrão abona as teorias da conspiração. Algumas são provadas com o tempo. Não
poucas são ruídos conspiratórios para desacreditar as teorias sobre as
conspirações reais. Muitas permanecerão sem provar, não por falta de provas,
mas pela falta de desclassificação de documentos. Depois sobrarão indícios,
como agora o vídeo que mostra dois francoatiradores da guarda de Trump
apontando para o assassino e disparando somente quando o jovem de 20 anos,
filiado ao Partido Republicano, começou a atirar com o rifle de seu pai.
Resta a coisa mais
importante e mais difícil de provar. Resta desvendar a motivação por trás do
“lobo solitário”.
Por um lado, o
incidente funcionará como aconteceu com o atentado contra o candidato
brasileiro Jair Bolsonaro, em 2018. Trump se tornará um mártir vivo aos olhos
de seus seguidores. Ainda mais considerando que tanto os muitos seguidores de
Trump quanto os de Bolsonaro são movidos basicamente por impulsos de fé. Se as
evidências os contradizem, pior para as evidências. Qual é a melhor prova de fé
do que sustentar o impossível? Um milagre que possa ser explicado deixa de ser.
Assim como nas
histórias medievais, Trump se converterá no cavaleiro da cicatriz, no cruzado
mata-mouros que exagerava suas matanças de infiéis e até cortava o próprio
rosto para exibir as provas da sua valentia. Sobreviver à batalha não torna o
cavaleiro santo, nem mártir. Torna-o um herói, um semideus escolhido por Zeus
ou pela divindade protestante.
Por outro lado, é
lícito vê-lo de um ponto de vista do poder simples e puro, ou seja, do poder
econômico, financeiro e militar. A partir daí, é necessário questionar (1) se
este poder queria um mártir ou um herói de seu maior aliado, a direita
política, ou (2) se o homem específico, Trump, havia dado algum sinal que tocou
em seus interesses.
Como devemos descartar
que algum candidato possa questionar o poder real das seitas capitalistas que
controlam o poder, será necessário revisar a diferença entre os dois candidatos
aprovados por estas seitas. No momento, a única coisa que vejo é uma aparente
contradição: embora Trump seja o candidato dos milionários, por outro, deu
sinais de querer mexer na estrutura da OTAN da mesma forma como John Kennedy
procedeu quando tentou dissolver a CIA. O paradoxo consiste em que a estrutura
da OTAN faz parte dos interesses financeiros das maiores corporações
estadunidenses.
Tudo isto nos lembra
que para além dos grandes milionários que se beneficiam da ditadura econômica,
há um poder ainda maior e ainda mais sombrio que opera como máfia global: o
poder internacional dos criadores do dinheiro, os promotores das guerras de todos
os tipos, em especial as três mais importantes no atual terremoto geopolítico:
Ucrânia, Palestina e Taiwan. Duas das três já estão em curso.
É impossível ignorar
outra coincidência: este atentado serviu para uma nova “cobertura midiática”
(do verbo cobrir, encobrir) da brutalidade decidida para esse mesmo dia, 13 de
julho, em Gaza. Nesse dia, cem pessoas morreram misteriosamente no campo de refugiados
da ONU, em Al-Mawasi, por uma chuva de bombas. Nesse mesmo campo de refugiados,
dezenas de outras pessoas morreram em 28 de maio e outras dezenas mais em 21 de
junho, pelas mesmas razões misteriosas.
Naturalmente, a
imprensa pouco informou sobre esses mistérios, embora tenham sido realizados
com armas e munições estadunidenses. O mundo se comoveu por uma bala que roçou
a orelha de Trump e que poderia tê-lo matado. Porque alguns são seres humanos
VIP e outros números e variáveis de uma equação.
• EUA e Trump: 'O sonho americano
acabou. Por Cesar Benjamin
Todos estamos
acompanhando a evolução da crise política americana, que teve ontem um novo
evento grave, com o atentado contra Donald Trump. O candidato ficou levemente
ferido, mas correu risco de vida, pois um dos disparos transpassou sua orelha,
a um centímetro do cérebro. Duas pessoas morreram – uma delas, o próprio
atirador – e uma está gravemente ferida.
Especula-se, cada vez
mais, sobre o crescimento de movimentos separatistas e até mesmo sobre a
possibilidade de uma guerra civil nos Estados Unidos, dado o grau de
deterioração de sua sociedade e de suas instituições. Espero que esta última
hipótese não se concretize, numa sociedade cada vez mais polarizada, dividida
em seitas, inundada pelo ódio, o racismo e a ignorância, em que dezenas de
milhões de pessoas guardam arsenais de guerra nas despensas de suas cozinhas.
Seria uma tragédia.
Seja como for, o sonho
americano acabou. Dali, não vem mais nenhuma veleidade civilizatória, nem como
farsa. Para manter girando uma economia assentada em uma pirâmide financeira,
com um endividamento galopante e impagável, os Estados Unidos dependem, cada
vez mais, de fomentar guerras e tensões pelo mundo. Quando lemos que eles (ou
seus capachos europeus) vão enviar mais dezenas de bilhões de dólares para a
Ucrânia, devemos entender que vão injetar esses bilhões na sua própria
indústria de armamentos, fornecedora dos uranianos.
A guerra na Ucrânia já
perdeu todo o sentido. O plano americano – de usar o país como ponta de lança
de uma desestabilização profunda da Rússia, necessária para desafiar a China em
seguida – deu errado. A Federação Russa soube se defender. Resta uma fulminante
escalada da confrontação, em direção ao apocalipse. Os defensores desta
alternativa existem e podem prevalecer.
Passou o tempo em que
os Estados Unidos redesenhavam soberanamente o mapa-múndi, desagregando
sociedades, fabricando vilões universais, criando e desmontando países em nome
da liberdade. Para a potência em declínio, trata-se agora, apenas, de prolongar
um morticínio muito lucrativo e, se possível, criar outros. Tudo acobertado, no
Ocidente, por um controle absoluto dos meios de comunicação, que criam a
cobertura ideológica necessária para a marcha da insensatez.
Uma economia
decadente, uma sociedade cada vez mais fraturada e um sistema político podre –
mas ainda muito poderosos – estão projetando, no mundo, um caos crescente que
ameaça toda a vida.
Fonte: L'Adige/La
Stampa - tradução de Luisa Rabolini, em
IHU
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