sexta-feira, 19 de julho de 2024

Com 'posição ainda mais radical sobre a Ucrânia', vice de Trump não vê Putin como ameaça

A Europa está preocupada com o fato de o ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017–2021) ter escolhido James Vance como candidato à vice-presidência dos EUA porque ele não adota uma posição radical em relação a Vladimir Putin, presidente da Rússia, escreve na terça-feira (16) a agência britânica Reuters.

"Na Conferência de Segurança de Munique, Vance disse que Putin não representa uma ameaça existencial para a Europa", destacou a agência.

Vance também teria afirmado que a Europa e os EUA não seriam capazes de fornecer à Ucrânia munição necessária para derrotar a Rússia. Tudo isso gera sérias preocupações na Europa, indica.

"Ele adota uma posição ainda mais radical sobre a Ucrânia do que Trump e quer acabar com o apoio militar", disse Nils Schmid, porta-voz do Partido Social Democrata alemão, do chanceler Olaf Scholz, à agência.

Durante a convenção do Partido Republicano em 9 de julho, o candidato presidencial Trump anunciou que havia oferecido a Vance, senador de Ohio, a indicação para a vice-presidência se ele vencesse a eleição de novembro. Um pouco mais tarde, a convenção do Partido Republicano nomeou Vance como candidato a vice.

<><> Não haverá 'carona grátis' para aliados dos EUA na garantia da paz mundial, diz vice de Trump

Caso o candidato Donald Trump ganhe as eleições presidenciais, aliados dos EUA não terão "caronas grátis" na partilha de garantir a paz mundial, afirmou nesta quarta-feira (17) o candidato republicano à vice-presidência e senador por Ohio, James David Vance, na Convenção Nacional Republicana 2024 em Milwaukee, Wisconsin (EUA).

"Juntos, garantiremos que nossos aliados compartilhem o fardo de garantir a paz mundial. Chega de caronas grátis para nações que traem a generosidade do contribuinte americano. Juntos, enviaremos nossos filhos para a guerra somente quando necessário. Quando dermos um soco, daremos um soco forte", declarou ele em seu discurso.

Na segunda-feira (15), Trump anunciou Vance como seu companheiro de chapa para a corrida presidencial de 2024.

Durante o evento do RNC, Vance aceitou oficialmente a nomeação republicana para ser o próximo vice-presidente dos EUA. A convenção termina nesta quinta-feira (18), quando está previsto um discurso do próprio Trump.

Conhecido por criticar a ajuda militar multibilionária dos EUA à Ucrânia e por pedir negociações com a Rússia, ele também pede que o governo dos EUA mude a atenção para a competição com a China.

Em política interna, ele apoia a proibição do aborto e o endurecimento da legislação migratória. A eleição presidencial dos EUA está marcada para 5 de novembro. Os principais concorrentes esperados na cédula são o atual presidente Joe Biden e seu antecessor Trump.

J.D. Vance inicialmente criticou fortemente Donald Trump, mas mudou de opinião em 2018, alegando que Trump "reconhece a frustração que existe" nas partes pós-industriais de Ohio e em outros estados do Centro-Oeste dos EUA. Na campanha de reeleição de Trump em 2020, Vance foi um dos principais apoiadores e defendeu que o magnata do setor imobiliário perdeu devido a uma vasta fraude eleitoral.

¨      Próximos 2-3 meses poderão ser os mais complicados para Kiev, diz mídia norte-americana

Uma avaliação da Associated Press revelou as dificuldades sofridas pelas tropas ucranianas para se defender ou atacar as forças russas, não obstante a ajuda ocidental.

Os próximos meses podem se tornar os mais difíceis deste ano para as tropas ucranianas, em meio aos avanços graduais do Exército russo e aos atrasos na ajuda ocidental, informa na quarta-feira (17) a agência norte-americana Associated Press (AP), citando especialistas ocidentais.

"Os próximos dois ou três meses provavelmente serão os mais difíceis deste ano para a Ucrânia", disse Michael Kofman, analista do Fundo Carnegie para a Paz Internacional (reconhecido como agente estrangeiro na Rússia), citado pela AP.

A mídia também destaca que as dificuldades da Ucrânia no campo de batalha estão aumentando, mesmo com a aprovação da ajuda dos EUA.

"O Exército de Kiev precisará de tempo para repor totalmente os estoques esgotados. A Ucrânia não poderá organizar uma contraofensiva até o final deste ano, no mínimo."

Antes disso, observa a agência, o atraso de seis meses na ajuda dos EUA "abriu a porta" para uma ofensiva das forças russas, que estão mais bem equipadas, apesar da entrega da ajuda ocidental a Kiev.

A última contraofensiva ucraniana começou em 4 de junho do ano passado e, três meses depois, Vladimir Putin, presidente da Rússia, declarou que ela tinha fracassado completamente. Em janeiro de 2024, Putin reiterou a mensagem, declarando que a iniciativa estava então nas mãos das Forças Armadas russas, e que, se isso continuasse, a existência da Ucrânia como Estado estaria em questão.

¨      Conselheiro de Trump adverte sobre perigos de provocar a Rússia a partir do apoio à Ucrânia

Washington provoca de forma constante Moscou e ainda arrisca a possibilidade de uma nova guerra mundial ao permitir que a Ucrânia lance mísseis fabricados nos Estados Unidos em direção ao território russo, disse nesta terça-feira (16) o conselheiro de campanha do ex-presidente Donald Trump.

"Estamos à beira da Terceira Guerra Mundial. Acabamos de autorizar os ucranianos a lançarem mísseis fabricados nos EUA em direção à Rússia", alertou o conselheiro do candidato republicano, Chris LaCivita.

O especialista acrescentou que este é "um assunto sério". LaCivita fez as declarações durante a convenção nacional do Partido Republicano, que na última segunda (15) escolheu Trump como seu candidato para as eleições nacionais de novembro.

Para além do conselheiro, o candidato a vice-presidente escolhido por Trump, o senador republicano por Ohio James David Vance, também tem sido fortemente crítico da continuidade da ajuda militar norte-americana ao regime de Kiev, e chegou a escrever um editorial no The New York Times em que defende que "a matemática sobre a Ucrânia não fecha". Para Vance, os EUA não têm "a capacidade de fabricar a quantidade de armas que a Ucrânia precisa que forneçamos para vencer o conflito".

Vance ainda considerou os planos de confiscar ativos russos para cobrir os custos do conflito por procuração na Ucrânia "perigosos". No final do ano passado, ele alegou que Vladimir Zelensky deveria abrir mão das reivindicações sobre territórios recentemente reintegrados à Rússia e negociar um acordo para encerrar o conflito do país com Moscou.

¨      Kremlin: transformação da UE em um bloco de defesa força Rússia a adaptar sua política externa

Após a fala da presidente da Comissão Europeia de que o bloco europeu pode se transformar em uma união de defesa, a Rússia se vê forçada a adaptar as suas abordagens de política externa em conformidade, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quinta-feira (18).

"Mas de qualquer forma, isso o confirma de qualquer maneira [...] a atitude geral dos Estados europeus em relação à militarização, à escalada de tensões, ao confronto e à confiança em métodos de confronto da sua política externa. [...] Estas são as realidades em que temos de viver. E é claro que tudo isto nos obriga a adaptar a nossa abordagem de política externa em conformidade", disse Peskov aos jornalistas.

O trabalho no âmbito da união de defesa da União Europeia (UE) irá se sobrepor ao trabalho dos países europeus no âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), acrescentou o porta-voz.

No início do dia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu transformar o bloco europeu em uma União Europeia de defesa no caso da sua reeleição. A responsável disse ainda que será introduzido um cargo de comissário europeu para a Defesa, bem como será implementado o projeto European Air Shield (Escudo Aéreo Europeu).

A ideia da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre uma união de defesa na UE significa uma mudança nas prioridades do bloco e está dando conotações militares à UE, acrescentou Dmitry Peskov.

"Aparentemente, a senhora [Ursula] von der Leyen falou sobre uma mudança nas prioridades e a transformação da UE, dando conotações militares a esta união", disse Peskov.

"A Federação da Rússia não representou nem representa qualquer ameaça a ninguém na União Europeia. Está defendendo os seus interesses na Ucrânia em condições em que os países da União Europeia excluíram qualquer possibilidade de diálogo ou de ter em conta as preocupações da Rússia. Estas são as realidades em que temos de viver e, claro, tudo isto nos obriga a configurar a nossa abordagem política externa em conformidade", disse Peskov.

Quando questionado sobre a presença de navios da OTAN na região do mar Negro, Peskov afirmou que a Rússia tomará medidas para garantir a sua segurança.

"É claro que a Rússia tomará todas as medidas necessárias para garantir a sua própria segurança", disse o porta-voz do Kremlin, ressaltando que a grande presença de navios da OTAN na região do mar Negro — sobretudo na Bulgária e na Romênia, representa uma ameaça adicional para Moscou considerando o contexto atual.

Peskov lembrou ainda que a Turquia cumpre perfeitamente suas funções como administradora na regulação do transporte marítimo na região.

"O regime de permanência dos Estados não pertencentes ao mar Negro no mar Negro é estritamente regulamentado pela Convenção de Montreux. A Turquia, neste caso, é o administrador e desempenha as suas funções de forma bastante suave", disse Peskov aos repórteres.

¨      Eslováquia diz ser contrária à punição de Orbán pela UE após visita do premiê à Rússia

Após o anúncio de possíveis punições ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, por conta das visitas de Estado à Rússia e à China, representantes da Eslováquia não vão apoiar as medidas contra o líder húngaro. A informação foi divulgada pelo homólogo do país europeu, Robert Fico, nesta quarta-feira (17).

Na última sexta-feira (12), o jornal Politico informou que ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) planejam boicotar a cúpula de assuntos externos em Budapeste no próximo mês ao organizar sua própria reunião, em resposta às visitas de Orbán à Rússia e à China.

"Instruí o Ministério das Relações Exteriores para que nossos representantes nos órgãos da UE não concordem de forma alguma com ideias literalmente loucas de punir a Hungria na presidência da UE, pelo fato de o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, ter visitado Moscou e Pequim, além de Kiev e Washington com uma iniciativa pela paz", disse Fico nas redes sociais.

O primeiro-ministro defendeu que os líderes não devem temer a defesa de realizar diálogos abertos não só com a China, mas também com a Rússia. Além disso, Fico declarou que planeja visitar a China para discutir a paz e o papel decisivo de Pequim em sua conquista. A viagem foi adiada após uma tentativa de assassinato contra o político em maio.

Já o presidente eslovaco, Peter Pellegrini, programa uma viagem a Budapeste na próxima quinta (18) para se reunir com o seu homólogo húngaro, Tamas Sulyok, e o presidente do Parlamento, Laszlo Kover.

Orbán realizou uma turnê de "missão de paz" neste mês quando visitou Rússia, Ucrânia e China e se encontrou com os seus presidentes para esboçar a visão de um processo de paz. Mais tarde, ele também se encontrou com o candidato presidencial dos EUA e ex-presidente Donald Trump. Alguns líderes da UE criticaram o que veem como o uso inadequado da presidência rotativa do bloco por Orbán.

¨      MRE húngaro: 'Ucranianos vão decidir' se ilegitimidade de Zelensky é obstáculo às negociações de paz

São os ucranianos que devem decidir se o mandato expirado de Vladimir Zelensky é um obstáculo às negociações com a Rússia sobre a resolução do conflito, disse o ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto, à Sputnik.

"São os ucranianos que devem decidir. Zelensky não é o presidente da Hungria. Portanto, graças a Deus, esta questão não deveria estar na nossa agenda", declarou o chanceler.

O mandato de Zelensky como presidente eleito da Ucrânia se encerrou no dia 20 de maio. As eleições presidenciais deveriam ter sido realizadas no dia 31 de março, mas foram suspensas sob o pretexto da lei marcial. Com isso, a Constituição do país estipula claramente que o mandato de um presidente só pode durar cinco anos, após os quais devem ser realizadas eleições sem possibilidade de prorrogação do seu mandato presidencial.

No dia 14 de julho, o presidente russo, Vladimir Putin, formulou várias condições-chave para iniciar negociações de paz, em particular, que a Ucrânia retirasse as tropas dos quatro novos territórios russos (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhie), desistisse de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e mantivesse a posição neutra e não alinhada e o status de Estado não nuclear; e que todas as sanções contra a Rússia fossem suspensas.

<><> Impacto das eleições dos EUA na Ucrânia

Em entrevista à Sputnik, Szijjarto acrescentou ainda que as próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos representarão um momento decisivo para a solução diplomática da situação na Ucrânia.

"Penso que as eleições presidenciais dos EUA serão um momento decisivo nesse sentido", disse o chanceler.

Ele explicou ainda que, se o ex-presidente e candidato republicano Donald Trump vencer, "haverá uma boa oportunidade para lançar negociações de paz neste ano", dado que neste caso a posição dos EUA sobre a situação mudará.

O próprio Trump declarou em mais de uma ocasião que, se eleito novamente presidente dos Estados Unidos, poria fim ao conflito ucraniano em 24 horas.

A esse respeito, a Rússia observou que o problema é complexo demais para uma solução tão simples.

Desde 24 de fevereiro de 2022, a Rússia realiza uma operação militar especial na Ucrânia, cujos objetivos são proteger a população do genocídio de Kiev e enfrentar os riscos de segurança nacional representados pelo avanço da OTAN para o Leste Europeu. Em dezembro de 2023, o presidente russo afirmou que a operação continuará até que a Rússia consiga a desnazificação, a desmilitarização e a neutralidade da Ucrânia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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