sábado, 6 de julho de 2024

Le Monde usa Bolsonaro para alertar franceses sobre o perigo da extrema direita no poder

O jornal Le Monde, um dos principais da França, publicou nesta quinta-feira (4) uma análise sobre o pleito francês onde usa o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-22) e sua gestão no Brasil como forma de alertar para o perigo de eleger a extrema direita.

No texto, o articulista afirma que a França de 2024 é muito semelhante ao Brasil de 2018, quando Bolsonaro venceu o pleito presidencial. "Em muitos aspectos, a França de 2024 se assemelha ao Brasil de 2018, ano da vitória esmagadora de Jair Bolsonaro na eleição presidencial com 55,1% dos votos. Vários fenômenos semelhantes estão em ação nesses dois países muito distantes, que compartilham 730 quilômetros de fronteira na Guiana Francesa", diz o texto.

Além disso, a análise também afirma que o discurso antissistema, tanto usado por Bolsonaro quanto pela Reunião Nacional (RN), a sigla que abriga Marine Le Pen, é falso. "O capitão Bolsonaro, então, teve facilidade em se apresentar como um novo homem, como um justiceiro, como um candidato antissistema, apesar de seus sete mandatos consecutivos como deputado."

Em seguida, o texto afirma que "a primeira lição útil para os franceses aprenderem com essa transição da extrema direita para o poder político nos trópicos é que, uma vez no poder, a extrema direita não se modera. Muito pelo contrário: no Brasil, ela aplicou o programa ponto a ponto."

"Pior ainda: uma vez no poder, a extrema direita está se tornando ainda mais radical e radicalizando a sociedade com ela. Esmagado por sua própria incompetência, diante de uma realidade complexa e da resistência das instituições, Jair Bolsonaro jogou descaradamente o povo contra o 'sistema', assumindo o papel de defensor da democracia contra a 'ditadura' dos juízes ou da esquerda", segue o texto do Le Monde.

Por fim, o texto do Le Monde afirma que uma vez no poder, ninguém garante que o RN o deixará de maneira voluntária: "A experiência brasileira mostra que a vitória da extrema direita nunca é insignificante e não pode ser resumida como um simples 'teste' de uma nova política ainda não experimentada. Sua transição do poder deixa feridas que levarão muitos anos para cicatrizar-se, se é que serão cicatrizadas. Como Jair Bolsonaro, não há garantia de que o RN entregará voluntariamente as chaves do Estado."

Os franceses voltam às urnas neste domingo (7). O resultado é incerto, mas a extrema direita segue como favorita para vencer o pleito e colocar em xeque o governo do presidente Macron.

•           Indiciado em dois casos, Bolsonaro aguarda conclusão da PF sobre tentativa de golpe

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado, até o momento, em dois dos três inquéritos em que é alvo da Polícia Federal (PF).

Agora, Bolsonaro aguarda a decisão sobre o suposto plano golpista para se manter no poder após ser derrotado nas urnas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esse inquérito tem previsão de finalização em setembro.

A questão envolve ex-ministros do governo e ex-chefes do Exército que teriam supostamente planejado uma minuta de golpe para instaurar um estado de sítio no Brasil e impedir a posse de Lula, que derrotou o ex-presidente nas urnas em 2022.

Os ex-comandantes do Exército general Marco Antonio Freire Gomes e da Força Aérea Brasileira (FAB) tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior relataram à PF a pressão do ex-chefe do Executivo por um golpe de Estado para se manter no poder.

Nesses encontros, o ex-presidente teria apresentado uma “hipótese de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e outros instrumentos jurídicos como estado de defesa ou estado de sítio” para permanecer no poder.

O ex-presidente nega as acusações.

<><> Caso das joias

Na quinta-feira (4), a PF indiciou Bolsonaro por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos pela venda de joias da Arábia Saudita presenteadas ao governo brasileiro e, posteriormente, negociadas nos Estados Unidos.

Sua defesa diz que ainda não teve acesso ao inquérito.

Além de Bolsonaro, a PF indiciou outras 11 pessoas.

Com a conclusão, a PF deve enviar o inquérito ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito na Corte. Moraes precisa pedir que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o caso.

No fim de maio, a CNN revelou que a investigação sobre as joias era prioridade da PF entre outras apurações que envolve Bolsonaro e a previsão, de fato, era finalizar o inquérito em julho.

<><> Carteira de vacinação

O outro indiciamento de Bolsonaro aconteceu em março deste ano, junto ao tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, por supostamente participar em um esquema de fraude no cartão de vacinação contra Covid-19.

Segundo investigação da PF, os registros falsificados foram feitos por uma organização criminosa que teria incluído os dados falsificados no sistema do Ministério da Saúde.

O projeto teria sido iniciado por Cid e abrangia outras pessoas, inserindo “dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em benefício do então presidente da República Jair Messias Bolsonaro”.

Uma nova operação da PF foi realizada em 4 de julho de 2024 no âmbito da investigação. Na ocasião, os investigadores da corporação afirmaram que Bolsonaro se beneficiou do esquema.

Como as investigações ainda estão em andamento, ainda não houve encaminhamento do inquérito ao STF.

De acordo com apuração da CNN, o esquema se dava a partir da Prefeitura de Duque de Caxias (RJ), que tinha como prefeito Washington Reis, que foi alvo de busca e apreensão, e tinha apoio da Secretaria Municipal.

Bolsonaro também nega as acusações de fraude.

•           Bolsonaro desfila no Pará sob gritos: “cadê o dinheiro das joias?”

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, tem tomado um banho de baixa autoestima por onde tem passado. Em sua visita ao Pará,  onde fez um comício flopado no domingo dia 30, ele tem sido afrontado em todas as cidades.

Ao passar pendurado em um carro por São João do Araguaia, ele foi recebido com gritos de “cadê o dinheiro das joias?”. O ex-presidente teve o indiciamento pedido pela Polícia Federal (PF) no inquérito que apura a venda ilegal de joias no exterior. Ele também foi indiciado no processo que investiga a falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19.

No domingo, ainda em Belém, uma mulher, ao notar que uma motociata de apoiadores de Bolsonaro estava passando na porta de sua casa, foi à rua e estendeu uma enorme toalha com a estampa do presidente Lula.

O gesto de afronta da mulher frente aos bolsonaristas tem chamado atenção, pois, eram dezenas de pessoas e ela estava apenas acompanhada de uma amiga. Confira a cena de coragem e afronta no vídeo abaixo:

<><> Ato de Bolsonaro em Belém tem público abaixo do esperado

Jair Bolsonaro esteve em Belém, capital do Pará, para um comício, em parte de sua agenda como cabo para as eleições municipais de 2024.

O ato bolsonarista tinha como finalidade emplacar a candidatura de Eder Mauro (PL) para a prefeitura de Belém. Mas vídeos revelam um evento esvaziado com baixa mobilização.

No X, antigo Twitter, as imagens foram compartilhadas e mostram a realidade do ato bolsonarista:

•           Bolsonaro auxiliou Ronnie Lessa, assassino de Marielle, em 2009, mostra prontuário

Relatório médico de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL), mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o responsável por indicá-lo para atendimento na ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação) em 2009, quando o ex-policial militar foi alvo de um atentado.

O documento integra os autos da investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre a morte da vereadora e seu motorista Anderson Gomes.

Em depoimento dado em 2019, Lessa confirmou que foi indicado por Bolsonaro para o atendimento, mas disse que obteve o apoio por meio de um outro policial, cujo nome não soube indicar.

O prontuário é um documento da época do atendimento que confirma as declarações do ex-PM em entrevista à revista Veja, em 2022, na qual apontou Bolsonaro como meio para obtenção do atendimento. Na ocasião, ele afirmou que não tinha proximidade com o ex-presidente e que nem sequer agradeceu pelo encaminhamento.

A reportagem ligou e enviou mensagens para Fábio Wajngarten, assessor do ex-presidente, mas não obteve retorno.

Lessa foi atendido na ABBR após sofrer um atentado a bomba, em outubro de 2009. Ele perdeu parte da perna esquerda e iniciou tratamento em dezembro do mesmo ano. Na ocasião, Bolsonaro era deputado federal.

A explosão foi apontada como indício da participação de Lessa como segurança do bicheiro Rogério Andrade, vítima de atentado semelhante no ano seguinte. O ex-PM, porém, nega que tivesse relação com o contraventor à época.

Lessa foi preso em março de 2019 sob acusação de matar Marielle. Ele foi detido onde vivia, no Condomínio Vivendas da Barra, onde Bolsonaro também tem residência e viveu desde ao menos 2008 até 2018, quando foi eleito presidente.

A possível relação entre os dois passou a ser alvo de interesse da polícia em outubro de 2019, após a apreensão da planilha de controle de entrada e saída de visitantes do condomínio.

A tabela mostrava que o ex-PM Élcio Queiroz, outro réu confesso na participação do homicídio, foi autorizado a entrar no local no dia do crime por uma pessoa da casa de Bolsonaro. Segundo as investigações, ele e Lessa partiram dali para matar Marielle.

Em depoimento, um porteiro do condomínio afirmou que a liberação foi feita pelo próprio ex-presidente.

Investigação posterior mostrou que o porteiro errou ao indicar a casa de Bolsonaro como a responsável pela liberação da entrada de Élcio. Em novo depoimento, ele disse que se equivocou por nervosismo ao falar aos policiais sobre o suposto envolvimento do ex-presidente.

O inquérito mostra que a possível relação entre Lessa e Bolsonaro continuou sendo investigada mesmo após o esclarecimento da confusão.

Em dezembro de 2019, o delegado Daniel Rosa, que havia assumido o caso em março daquele ano, chegou a pedir busca e apreensão na ABBR para obter os documentos originais a entidade havia enviado cópias dos prontuários. A medida acabou não sendo decretada.

A médica responsável pelo atendimento também foi ouvida. Ela afirmou que não se lembrava de Lessa, mas disse que a menção ao então deputado no documento se deveu a uma informação dada pelo ex-PM em seu primeiro atendimento.

Ela afirmou à polícia que Lessa não concluiu o tratamento na ABBR. O ex-PM também disse o mesmo em depoimento e na entrevista à revista Veja.

"Bolsonaro era patrono da ABBR. Quando soube o que aconteceu, interferiu. Ele gosta de ajudar a polícia porque é quem o botou no poder. Podia ser qualquer outro policial", disse ele à revista.

Uma das linhas de investigação da polícia no caso Marielle na época era a possível participação de Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, no homicídio. O motivo seria uma briga entre o vereador e um assessor da vereadora nos corredores da Câmara. A hipótese foi descartada após diligências.

Testemunhas afirmaram que, apesar de a discussão ter sido ríspida, Carlos e Marielle não se desentenderam diretamente.

Em março deste ano, a Polícia Federal prendeu o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão e o deputado Chiquinho Brazão (sem partido), sob acusação de serem os mandantes do crime. Eles são réus em ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal).

Lessa e Queiroz firmaram acordo de delação premiada e confessaram a participação no homicídio.

 

Fonte: Fórum/FolhaPress

 

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