Le Monde
usa Bolsonaro para alertar franceses sobre o perigo da extrema direita no poder
O
jornal Le Monde, um dos principais da França, publicou nesta quinta-feira (4)
uma análise sobre o pleito francês onde usa o ex-presidente Jair Bolsonaro
(2019-22) e sua gestão no Brasil como forma de alertar para o perigo de eleger
a extrema direita.
No
texto, o articulista afirma que a França de 2024 é muito semelhante ao Brasil
de 2018, quando Bolsonaro venceu o pleito presidencial. "Em muitos
aspectos, a França de 2024 se assemelha ao Brasil de 2018, ano da vitória
esmagadora de Jair Bolsonaro na eleição presidencial com 55,1% dos votos.
Vários fenômenos semelhantes estão em ação nesses dois países muito distantes,
que compartilham 730 quilômetros de fronteira na Guiana Francesa", diz o
texto.
Além
disso, a análise também afirma que o discurso antissistema, tanto usado por
Bolsonaro quanto pela Reunião Nacional (RN), a sigla que abriga Marine Le Pen,
é falso. "O capitão Bolsonaro, então, teve facilidade em se apresentar
como um novo homem, como um justiceiro, como um candidato antissistema, apesar
de seus sete mandatos consecutivos como deputado."
Em
seguida, o texto afirma que "a primeira lição útil para os franceses
aprenderem com essa transição da extrema direita para o poder político nos
trópicos é que, uma vez no poder, a extrema direita não se modera. Muito pelo
contrário: no Brasil, ela aplicou o programa ponto a ponto."
"Pior
ainda: uma vez no poder, a extrema direita está se tornando ainda mais radical
e radicalizando a sociedade com ela. Esmagado por sua própria incompetência,
diante de uma realidade complexa e da resistência das instituições, Jair
Bolsonaro jogou descaradamente o povo contra o 'sistema', assumindo o papel de
defensor da democracia contra a 'ditadura' dos juízes ou da esquerda",
segue o texto do Le Monde.
Por
fim, o texto do Le Monde afirma que uma vez no poder, ninguém garante que o RN
o deixará de maneira voluntária: "A experiência brasileira mostra que a
vitória da extrema direita nunca é insignificante e não pode ser resumida como
um simples 'teste' de uma nova política ainda não experimentada. Sua transição
do poder deixa feridas que levarão muitos anos para cicatrizar-se, se é que
serão cicatrizadas. Como Jair Bolsonaro, não há garantia de que o RN entregará
voluntariamente as chaves do Estado."
Os
franceses voltam às urnas neste domingo (7). O resultado é incerto, mas a
extrema direita segue como favorita para vencer o pleito e colocar em xeque o
governo do presidente Macron.
• Indiciado em dois casos, Bolsonaro
aguarda conclusão da PF sobre tentativa de golpe
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado, até o momento, em dois dos
três inquéritos em que é alvo da Polícia Federal (PF).
Agora,
Bolsonaro aguarda a decisão sobre o suposto plano golpista para se manter no
poder após ser derrotado nas urnas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). Esse inquérito tem previsão de finalização em setembro.
A
questão envolve ex-ministros do governo e ex-chefes do Exército que teriam
supostamente planejado uma minuta de golpe para instaurar um estado de sítio no
Brasil e impedir a posse de Lula, que derrotou o ex-presidente nas urnas em
2022.
Os
ex-comandantes do Exército general Marco Antonio Freire Gomes e da Força Aérea
Brasileira (FAB) tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior relataram à PF
a pressão do ex-chefe do Executivo por um golpe de Estado para se manter no
poder.
Nesses
encontros, o ex-presidente teria apresentado uma “hipótese de Garantia da Lei e
da Ordem (GLO) e outros instrumentos jurídicos como estado de defesa ou estado
de sítio” para permanecer no poder.
O
ex-presidente nega as acusações.
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Caso das joias
Na
quinta-feira (4), a PF indiciou Bolsonaro por associação criminosa, lavagem de
dinheiro e apropriação de bens públicos pela venda de joias da Arábia Saudita
presenteadas ao governo brasileiro e, posteriormente, negociadas nos Estados
Unidos.
Sua
defesa diz que ainda não teve acesso ao inquérito.
Além
de Bolsonaro, a PF indiciou outras 11 pessoas.
Com
a conclusão, a PF deve enviar o inquérito ao ministro Alexandre de Moraes,
relator do inquérito na Corte. Moraes precisa pedir que a Procuradoria-Geral da
República (PGR) se manifeste sobre o caso.
No
fim de maio, a CNN revelou que a investigação sobre as joias era prioridade da
PF entre outras apurações que envolve Bolsonaro e a previsão, de fato, era
finalizar o inquérito em julho.
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Carteira de vacinação
O
outro indiciamento de Bolsonaro aconteceu em março deste ano, junto ao
tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, por supostamente
participar em um esquema de fraude no cartão de vacinação contra Covid-19.
Segundo
investigação da PF, os registros falsificados foram feitos por uma organização
criminosa que teria incluído os dados falsificados no sistema do Ministério da
Saúde.
O
projeto teria sido iniciado por Cid e abrangia outras pessoas, inserindo “dados
falsos de vacinação contra a Covid-19 em benefício do então presidente da
República Jair Messias Bolsonaro”.
Uma
nova operação da PF foi realizada em 4 de julho de 2024 no âmbito da
investigação. Na ocasião, os investigadores da corporação afirmaram que
Bolsonaro se beneficiou do esquema.
Como
as investigações ainda estão em andamento, ainda não houve encaminhamento do
inquérito ao STF.
De
acordo com apuração da CNN, o esquema se dava a partir da Prefeitura de Duque
de Caxias (RJ), que tinha como prefeito Washington Reis, que foi alvo de busca
e apreensão, e tinha apoio da Secretaria Municipal.
Bolsonaro
também nega as acusações de fraude.
• Bolsonaro desfila no Pará sob gritos:
“cadê o dinheiro das joias?”
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, tem tomado um banho de
baixa autoestima por onde tem passado. Em sua visita ao Pará, onde fez um comício flopado no domingo dia
30, ele tem sido afrontado em todas as cidades.
Ao
passar pendurado em um carro por São João do Araguaia, ele foi recebido com
gritos de “cadê o dinheiro das joias?”. O ex-presidente teve o indiciamento
pedido pela Polícia Federal (PF) no inquérito que apura a venda ilegal de joias
no exterior. Ele também foi indiciado no processo que investiga a falsificação
de cartões de vacinação contra a Covid-19.
No
domingo, ainda em Belém, uma mulher, ao notar que uma motociata de apoiadores
de Bolsonaro estava passando na porta de sua casa, foi à rua e estendeu uma
enorme toalha com a estampa do presidente Lula.
O
gesto de afronta da mulher frente aos bolsonaristas tem chamado atenção, pois,
eram dezenas de pessoas e ela estava apenas acompanhada de uma amiga. Confira a
cena de coragem e afronta no vídeo abaixo:
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Ato de Bolsonaro em Belém tem público abaixo do esperado
Jair
Bolsonaro esteve em Belém, capital do Pará, para um comício, em parte de sua
agenda como cabo para as eleições municipais de 2024.
O
ato bolsonarista tinha como finalidade emplacar a candidatura de Eder Mauro
(PL) para a prefeitura de Belém. Mas vídeos revelam um evento esvaziado com
baixa mobilização.
No
X, antigo Twitter, as imagens foram compartilhadas e mostram a realidade do ato
bolsonarista:
• Bolsonaro auxiliou Ronnie Lessa,
assassino de Marielle, em 2009, mostra prontuário
Relatório
médico de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL),
mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o responsável por indicá-lo
para atendimento na ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação) em
2009, quando o ex-policial militar foi alvo de um atentado.
O
documento integra os autos da investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro
sobre a morte da vereadora e seu motorista Anderson Gomes.
Em
depoimento dado em 2019, Lessa confirmou que foi indicado por Bolsonaro para o
atendimento, mas disse que obteve o apoio por meio de um outro policial, cujo
nome não soube indicar.
O
prontuário é um documento da época do atendimento que confirma as declarações
do ex-PM em entrevista à revista Veja, em 2022, na qual apontou Bolsonaro como
meio para obtenção do atendimento. Na ocasião, ele afirmou que não tinha
proximidade com o ex-presidente e que nem sequer agradeceu pelo encaminhamento.
A
reportagem ligou e enviou mensagens para Fábio Wajngarten, assessor do
ex-presidente, mas não obteve retorno.
Lessa
foi atendido na ABBR após sofrer um atentado a bomba, em outubro de 2009. Ele
perdeu parte da perna esquerda e iniciou tratamento em dezembro do mesmo ano.
Na ocasião, Bolsonaro era deputado federal.
A
explosão foi apontada como indício da participação de Lessa como segurança do
bicheiro Rogério Andrade, vítima de atentado semelhante no ano seguinte. O
ex-PM, porém, nega que tivesse relação com o contraventor à época.
Lessa
foi preso em março de 2019 sob acusação de matar Marielle. Ele foi detido onde
vivia, no Condomínio Vivendas da Barra, onde Bolsonaro também tem residência e
viveu desde ao menos 2008 até 2018, quando foi eleito presidente.
A
possível relação entre os dois passou a ser alvo de interesse da polícia em
outubro de 2019, após a apreensão da planilha de controle de entrada e saída de
visitantes do condomínio.
A
tabela mostrava que o ex-PM Élcio Queiroz, outro réu confesso na participação
do homicídio, foi autorizado a entrar no local no dia do crime por uma pessoa
da casa de Bolsonaro. Segundo as investigações, ele e Lessa partiram dali para
matar Marielle.
Em
depoimento, um porteiro do condomínio afirmou que a liberação foi feita pelo
próprio ex-presidente.
Investigação
posterior mostrou que o porteiro errou ao indicar a casa de Bolsonaro como a
responsável pela liberação da entrada de Élcio. Em novo depoimento, ele disse
que se equivocou por nervosismo ao falar aos policiais sobre o suposto
envolvimento do ex-presidente.
O
inquérito mostra que a possível relação entre Lessa e Bolsonaro continuou sendo
investigada mesmo após o esclarecimento da confusão.
Em
dezembro de 2019, o delegado Daniel Rosa, que havia assumido o caso em março
daquele ano, chegou a pedir busca e apreensão na ABBR para obter os documentos
originais a entidade havia
enviado cópias dos prontuários. A medida acabou não sendo decretada.
A
médica responsável pelo atendimento também foi ouvida. Ela afirmou que não se
lembrava de Lessa, mas disse que a menção ao então deputado no documento se
deveu a uma informação dada pelo ex-PM em seu primeiro atendimento.
Ela
afirmou à polícia que Lessa não concluiu o tratamento na ABBR. O ex-PM também
disse o mesmo em depoimento e na entrevista à revista Veja.
"Bolsonaro
era patrono da ABBR. Quando soube o que aconteceu, interferiu. Ele gosta de
ajudar a polícia porque é quem o botou no poder. Podia ser qualquer outro
policial", disse ele à revista.
Uma
das linhas de investigação da polícia no caso Marielle na época era a possível
participação de Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, no homicídio. O
motivo seria uma briga entre o vereador e um assessor da vereadora nos
corredores da Câmara. A hipótese foi descartada após diligências.
Testemunhas
afirmaram que, apesar de a discussão ter sido ríspida, Carlos e Marielle não se
desentenderam diretamente.
Em
março deste ano, a Polícia Federal prendeu o conselheiro do Tribunal de Contas
do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão e o deputado Chiquinho Brazão (sem
partido), sob acusação de serem os mandantes do crime. Eles são réus em ação
penal no STF (Supremo Tribunal Federal).
Lessa
e Queiroz firmaram acordo de delação premiada e confessaram a participação no
homicídio.
Fonte:
Fórum/FolhaPress
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