segunda-feira, 22 de julho de 2024

Hepatites virais: conheça os diferentes tipos e saiba como se proteger

As hepatites virais, infecções inflamatórias do fígado causadas por diferentes tipos de vírus, podem levar a complicações graves como cirrose e câncer hepático.

“Esses vírus podem levar a quadros agudos ou crônicos, afetando a função do fígado”, detalha Carolina Augusta Matos de Oliveira, hepatologista do Hospital Sírio-Libanês.

Segundo a médica, essa condição é uma preocupação de saúde pública devido ao risco de evolução para doenças mais graves.

<><> Quais são os tipos de hepatites virais

Conheça abaixo os diferentes tipos de hepatites virais.

•        Hepatite A

A hepatite A é transmitida principalmente por alimentos ou água contaminados. “Embora a hepatite A geralmente cause apenas uma infecção aguda, em casos raros pode resultar em formas fulminantes”, afirma Oliveira.

Igor Marinho, infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, adiciona que essa forma também pode ser transmitida por contato anal-oral durante relações sexuais. A prevenção é fortemente ligada à higiene e à vacinação.

•        Hepatite B

A hepatite B pode se manifestar tanto de forma aguda quanto crônica. “É transmitida pelo contato com sangue contaminado, relações sexuais desprotegidas e de mãe para filho durante o parto”, explica Oliveira.

No Brasil, cerca de 1,1 milhão de pessoas vivem com infecção crônica por HBV. Marinho destaca que, em casos mais graves, a hepatite B pode levar a cirrose e câncer de fígado.

•        Hepatite C

A hepatite C é predominantemente crônica e se espalha por meio do contato sanguíneo. “Cerca de 700 mil brasileiros são afetados pela hepatite C. Em muitos casos, a doença pode evoluir para cirrose e câncer hepático”, destaca a infectologista. A hepatite C é tratável com medicamentos específicos que podem levar a uma cura efetiva.

•        Hepatite D

A hepatite D, ou delta, só ocorre em indivíduos já infectados com hepatite B. “Esse vírus necessita do vírus B para se replicar e é mais comum na região Norte do Brasil”, explica a especialista.

•        Hepatite E

A hepatite E é semelhante à hepatite A em termos de transmissão fecal-oral. “Pode se tornar crônica em pessoas com sistema imunológico comprometido, e é especialmente grave para gestantes”, adverte Marinho.

<><> Sintomas das hepatites virais

Os sintomas variam de acordo com a gravidade da infecção. Os especialistas destacam que muitas vezes as hepatites virais não apresentam sintomas visíveis.

“Quando presentes, os sintomas podem incluir febre, cansaço, náuseas, vômitos, dor abdominal e icterícia”, explica Marinho.

O infectologista complementa que, em casos agudos, pode haver diarreia e mal-estar, enquanto casos crônicos podem levar a insuficiência hepática, acúmulo de líquido abdominal e sangramentos.

<><> Tratamentos para as hepatites virais

O tratamento varia conforme o tipo de hepatite. Para a hepatite A, não há tratamento específico além de suporte clínico.

“Para a hepatite B, medicamentos específicos podem ser necessários para controlar a infecção em casos crônicos”, afirma Marinho.

“Já para a hepatite C, temos tratamentos altamente eficazes que podem curar a infecção”, acrescenta Oliveira.

<><> Vacinas disponíveis contra hepatites virais

•        Hepatite A

A vacina contra a hepatite A está disponível em clínicas particulares e nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) pelo SUS.

Oliveira explica que o imunizante faz parte do calendário infantil do Programa Nacional de Imunizações e é recomendada a partir dos 15 meses de idade. “Para grupos de risco, a vacina é oferecida em centros especializados e em clínicas privadas”, destaca.

•        Hepatite B

A vacina contra a hepatite B é amplamente disponível pelo SUS e recomendada para toda a população. “A vacinação é realizada em três doses, com intervalos de 30 dias entre a primeira e a segunda dose e seis meses entre a primeira e a terceira dose”, explica Oliveira.

•        Hepatite C

Não há vacina disponível ainda.

<><> Como se proteger das hepatites virais

A prevenção das hepatites virais inclui a vacinação, boas práticas de higiene e evitar comportamentos de risco, como o compartilhamento de seringas e relações sexuais desprotegidas.

“Testar-se regularmente e manter o cartão de vacinação atualizado são medidas essenciais para evitar a propagação das hepatites”, conclui Marinho.

 

¨      Você sabe diferenciar as hepatites A, B, C, D e E?

A hepatite é uma inflamação do fígado e pode ser causada por vírus, uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. Diagnosticar a hepatite precocemente é a melhor forma de obter maiores chances de eficácia com o tratamento.

É importante lembrar que toda mulher grávida precisa fazer o pré-natal e os exames para detectar a hepatites, a aids e a sífilis, pois esse cuidado é fundamental para evitar a transmissão de mãe para filho.

HEPATITE A

A hepatite A é uma doença contagiosa, causada pelo vírus A (VHA) e também conhecida como “hepatite infecciosa”.

Transmissão: Fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus.

Sintomas: Geralmente, não apresenta. Porém, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Quando surgem, costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção.

Diagnóstico: É realizado por exame de sangue. Após a confirmação, o profissional de saúde indicará o tratamento mais adequado. A doença é totalmente curável quando o portador segue corretamente as recomendações médicas.

Como se prevenir: Melhorar as condições de higiene e de saneamento básico, lavar sempre as mãos, consumir apenas água tratada, evitar contato com valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto a céu aberto.

HEPATITE B

A hepatite do tipo B é uma doença infecciosa também chamada de soro-homóloga, causada pelo vírus B (HBV).

Transmissão: Como o VHB está presente no sangue, no esperma e no leite materno, a hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível.
Sintomas: A maioria dos casos de hepatite B não apresenta sintomas. Mas, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de um a seis meses após a infecção.

Diagnóstico: É feito por meio de exame de sangue específico.

Como se prevenir: Usar camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.

HEPATITE C

A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV), já tendo sido chamada de “hepatite não A não B”. O vírus C, assim como o vírus causador da hepatite B, está presente no sangue.

Transmissão: Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, entre outros), higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou para confecção de tatuagem e colocação de piercings; de mãe infectada para o filho durante a gravidez; sexo sem camisinha com uma pessoa infectada.

Sintomas: O surgimento de sintomas em pessoas com hepatite C aguda é muito raro. Entretanto, os que mais aparecem são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Quando a infecção pelo HCV persiste por mais de seis meses, o que é comum em até 80% dos casos, caracteriza-se a evolução para a forma crônica.

Diagnóstico: Depende do tipo do vírus (genótipo) e do comprometimento do fígado (fibrose). Para isso, é necessária a realização de exames específicos, como biópsia hepática nos pacientes sem evidências clínicas de cirrose e exames de biologia molecular.

Como se prevenir: Não compartilhar com outras pessoas nada que possa ter entrado em contato com sangue, como seringas, agulhas e objetos cortantes. Entre as vulnerabilidades individuais e sociais, devem ser considerados o uso de álcool e outras drogas e a falta de acesso à informação e aos insumos de prevenção como preservativos, cachimbos, seringas e agulhas descartáveis.

HEPATITE D

A hepatite D, também chamada de Delta, é causada pelo vírus D (VHD). Mas esse vírus depende da presença do vírus do tipo B para infectar uma pessoa.

Transmissão: Assim como a do vírus B, ocorre por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada; de mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação; compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, etc), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings;

Sintomas: Da mesma forma que as outras hepatites, a do tipo D pode não apresentar sintomas ou sinais discretos da doença. Os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Diagnóstico: A gravidade da doença depende do momento da infecção pelo vírus D. Pode ocorrer ao mesmo tempo em que a contaminação pelo vírus B ou atacar portadores de hepatite B crônica (quando a infecção persiste por mais de seis meses). Na infecção simultânea dos vírus D e B, na maioria das vezes, manifesta-se da mesma forma que hepatite aguda B. Já na infecção pelo vírus D em portadores do vírus B, o fígado pode sofrer danos severos, como cirrose ou até mesmo formas fulminantes de hepatite.

Como se prevenir: Como a hepatite D depende da presença do vírus B para se reproduzir, as formas de evitá-la são as mesmas do tipo B da doença.

HEPATITE E

A hepatite do tipo E é uma doença infecciosa viral causada pelo vírus VHE, mas possui ocorrência rara no Brasil, sendo mais comum na Ásia e África.

Transmissão: Sua transmissão é fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus. Como as outras variações da doença, quase não apresenta sintomas. Porém, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de 15 a 60 dias após a infecção.

Diagnóstico: Realizado por exame de sangue, no qual se procura por anticorpos anti-HEV. Na maioria dos casos, a doença não requer tratamento, sendo proibido o consumo de bebidas alcoólicas, recomendado repouso e dieta pobre em gorduras.

Como se prevenir: Melhorar as condições de higiene e de saneamento básico, como lavar sempre as mãos, consumir apenas água tratada, evitar contato com valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto a céu aberto.

As hepatites virais são doenças silenciosas e graves. O diagnóstico precoce amplia a eficácia do tratamento, por isso consulte regularmente um médico e faça o teste.

 

Fonte: CNN Brasil/EBC

 

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