segunda-feira, 8 de julho de 2024

Guilherme Mazieiro: A pior semana da família Bolsonaro - joias, mansão e rachadinha

A semana passou como um furacão sobre a família Bolsonaro. Inelegível, o patriarca Jair já esperava o indiciamento no caso das joias sauditas. Ao contrário de outras investigações como o gabinete do ódio, fraude no cartão de vacina ou tentativa de golpe de Estado, a das joias não exige muito mais do que uma frase para o eleitor entender e formar juízo.

O caso das joias é aquele em que a defesa gastará mais saliva para convencer o eleitor do que a acusação. A Polícia Federal é didática: a investigação concluiu que Bolsonaro e mais 11 pessoas próximas a ele venderam ilegalmente joias do acervo Presidencial. É impossível você ler isso sem lembrar da imagem daqueles colares luxuosos brilhando. Ao longo da investigação, o ex-presidente sempre negou irregularidades.

A PF está convencida por provas de que foram  praticados os seguintes crimes: peculato (se apropriar de valor ou bem público), associação criminosa, e lavagem de dinheiro. A notícia continuará quente pelos próximos dias conforme forem se tornando públicas as provas coletadas pela PF.

As notícias ruins se estenderam ao filho preferido do capitão, o vereador Carlos Bolsonaro (PL). Ele também é investigado pelos mesmo crimes, mas em outra situação. A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada apura prática de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa em mais um clássico suposto esquema de rachadinha - quando assessores devolvem parte do salário que receberam ao vereador.

Essa investigação contra Carlos, como no caso das joias, já era conhecida. A novidade está em uma série de reportagens publicadas pelo ICL Notícias detalhando relatórios sobre a movimentação do dinheiro.  A defesa de Carluxo, como é chamado entre os familiares, não se manifestou dizendo que o caso corre em sigilo.

Rachadinha, aliás, foi uma palavra que perseguiu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por muito tempo até que as provas fossem anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A notícia sobre ele nesta semana veio em outra frente.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou que o filho 01 do capitão quitou em seis parcelas o financiamento de R$ 3,4 milhões feito para comprar uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília. Os pagamentos foram de R$ 198 mil a R$ 997 mil. A princípio não há crime nessa movimentação. Mas a notícia detalhando a vida a financeira do senador não deixa de ser incômoda. Sobre esses pagamentos, ele disse em nota, que "para a decepção de quem torce contra, todos os recursos, como sempre, são lícitos e fruto do suor de meu trabalho”.

Como se vê, para a família que nos últimos 30 anos enriqueceu ocupando cargos públicos e empregando amigos, aliados e milicianos, dinheiro não é uma questão. O problema mesmo é a origem e o uso desse dinheiro, nos informam as investigações do Ministério Público e da Polícia Federal.

Após o indiciamento no caso das joias, o clã correu para as redes sociais para dizer que está sendo perseguida por policiais “escalados a dedo” por Lula (PT). A afirmação é vazia, sem indícios que a sustentem. O que sabemos quando o assunto é interferência de um presidente sobre a Polícia Federal foi dito por Bolsonaro na fatídica reunião de 22 de abril de 2020. Na ocasião, o mandatário esbravejou para o então ministro da Justiça, Sergio Moro, e qualquer um ouvir:

“Eu não vou esperar f*der minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe. Troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse.

Tirado do poder pelo povo e sem poder trocar ninguém, resta ao ex-presidente Bolsonaro explicar à Polícia Federal e ao eleitor outras investigações em curso:

# inquérito das fake news

# interferência na Polícia Federal

# existência de milícia digital que atua para minar o Estado Democrático de Direito

# possível vazamento de dados de investigação sigilosa da PF

# atos do feriado de 7 de setembro de 2021

# fake news que relacionava a vacina contra a Covid-19 à Aids

# adulteração de cartões de vacina (nessa, ele está para ser indiciado também)

# tentativa de golpe de Estado e atentado ao Estado democrático de direito.

 

•        Bolsonaro perde força política com indiciamentos? Por Thaís Heredia

A três meses das eleições municipais, os embates prováveis vão ficando mais claros. Assim como o perfil das candidaturas, que vem sendo forjado pelas alianças políticas e partidárias, com suas composições às vezes até contraditórias.

A diferença do pleito de 2024 é a polarização política já enraizada entre Lula e o PT de um lado, e Jair Bolsonaro do outro.

Há quatro anos, a gestão caótica da pandemia do coronavírus cobrou um preço alto de Bolsonaro, que colecionou fracassos nas candidaturas que apoiou. Dos 13 postulantes a prefeito que ele endossou, apenas 2 se elegeram.

Agora, o bolsonarismo está consolidado como uma força política nacional e o ex-presidente está novamente no papel de fiador de campanhas, algumas peso-pesado, como é o caso de São Paulo.

Há quatro anos, Bolsonaro não tinha partido. Hoje está no PL, maior agremiação do Congresso, e, portanto, com a maior fatia do fundo eleitoral, quase R$ 900 milhões para garantir vitórias.

Em 2020, a crise da Covid-19 enfraqueceu Bolsonaro como cabo eleitoral. Hoje, a dúvida é se os indiciamentos, como este mais recente do caso das joias sauditas, e o envolvimento nos processos da tentativa de golpe de Estado, afetam ou não a capacidade dele – Bolsonaro – de decidir, influenciar e ganhar prefeituras pelo Brasil.

 

•        Indiciamento de Bolsonaro não é divisor de águas para definir eleições, diz cientista político

O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias não será um divisor de águas para definir as eleições municipais, avaliou ao WW o cientista político Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice, nesta sexta-feira (5).

Na quinta-feira (4), a PF indiciou Bolsonaro e outras 11 pessoas por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos pela venda de joias da Arábia Saudita presenteadas ao governo brasileiro e, posteriormente, negociadas nos Estados Unidos.

“Então, eu acho que esse indiciamento é uma parte da questão, mas ele não é, vamos dizer assim, o divisor de águas para definir as eleições nos municípios brasileiros”, disse Noronha.

De acordo com o cientista político, o tema será apontado pelos adversários dos candidatos apoiados por Bolsonaro, e eles terão que responder sobre.

“O ex-presidente Jair Bolsonaro ainda permanece com capital político muito expressivo. Vale dizer que essa questão das joias, por exemplo, que é de fácil compreensão do eleitorado. Mas tudo isso já foi muito abordado, isso já foi muito tratado pela imprensa”, prosseguiu.

“A gente continua percebendo que alguns institutos, inclusive em simulações para voto para um presidente da República, inclusive mostra um ex-presidente Jair Bolsonaro liderando as pesquisas. Então, isso deve ter um efeito limitado. O prestígio de Bolsonaro ainda continua muito alto”, explicou.

Integrantes da Polícia Federal (PF) estiveram na tarde desta sexta no Supremo Tribunal Federal para protocolar o relatório final do inquérito.

O material será digitalizado e enviado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Moraes deve pedir a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o relatório da PF.

 

¨      Por que Moraes ficou furioso com a PF no caso do indiciamento de Bolsonaro

indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) pela acusação de ter furtado joias e objetos de valor do acervo da Presidência da República para vendê-los no exterior foi notícia no mundo inteiro, na quinta-feira (4). No entanto, o relator do caso no Supremo Tribunal Federal, ministro Alexandre de Moraes, teria ficado furioso com a Polícia Federal.

Nas primeiras horas do dia do indiciamento a informação já corria em inúmeros veículos de comunicação, entre eles a Fórum. Só que o gabinete de Moraes não havia recebido nada oficialmente até então. Ao que consta, não teria sido apenas uma questão de vazamento, mas um problema classificado pela PF como “técnico”.

O relatório, que seria encaminhado de forma física e digital, ia no segundo formato inicialmente. Entretanto, devido ao tamanho do arquivo, o e-mail teria apresentado problemas o que fez com que a mensagem não chegasse ao ministro, que ficou sabendo do fato pela imprensa. Apenas no dia seguinte, sexta (5), é que o processo físico, composto por milhares de páginas, teria sido protocolado no STF e direcionado para o gabinete de “Xandão”, como ele é chamado pelos bolsonaristas.

Na sequência, um nove e-mail, desta vez sem apresentar problemas técnicos, teria sido enviado e chegado normalmente para o relator da ação que, se resultar numa condenação do antigo ocupante do Palácio do Planalto, pode resultar numa sentença de até 32 anos de prisão contra ele.

¨      PGR admite possibilidade de novas investigações contra Bolsonaro

Ministério Público Federal (MPF) avalia os próximos passos na investigação do caso das joias sauditas após a Polícia Federal (PF) indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 11 pessoas pelo roubo na época enquanto presidente. Até o momento, a Procuradoria-Geral da República (PGR) está examinando se aceita o indiciamento e apresenta a denúncia ou se precisa de mais informações para prosseguir. 

Ao mesmo tempo, não está descartada a possibilidade de novas investigações serem conduzidas pelo próprio MP. A expectativa é que a denúncia contra Jair Bolsonaro e os outros indiciados pela Polícia Federal ocorra somente após as eleições de 2024, segundo informações do Blog do Noblat, do Metrópoles

Há um entendimento de que uma denúncia antecipada poderia influenciar o pleito de outubro das eleições municipais. Entretanto, entende-se que mais investigações na PGR dariam aos advogados do ex-presidente mais tempo para preparar a defesa. Os crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro, pelos quais Bolsonaro foi indiciado essa semana, possuem penas diferentes, que poderiam levá-lo a mais de 30 anos de prisão, somente no caso das joias.

Para peculato, a punição varia entre 2 a 12 anos de reclusão, além de multa. Já a associação criminosa pode levar a uma pena de 1 a 3 anos de reclusão. No caso de lavagem de dinheiro, a reclusão varia de 3 a 10 anos, também acompanhada de multa. Se for condenado às penas máximas, o tempo na cadeia pode ir a 32 anos.

 

Fonte: Peneira Política/CNN Brasil/Fórum

 

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