Guilherme Mazieiro: A pior semana da
família Bolsonaro - joias, mansão e rachadinha
A semana passou como
um furacão sobre a família Bolsonaro. Inelegível, o patriarca Jair já esperava
o indiciamento no caso das joias sauditas. Ao contrário de outras investigações
como o gabinete do ódio, fraude no cartão de vacina ou tentativa de golpe de
Estado, a das joias não exige muito mais do que uma frase para o eleitor
entender e formar juízo.
O caso das joias é
aquele em que a defesa gastará mais saliva para convencer o eleitor do que a
acusação. A Polícia Federal é didática: a investigação concluiu que Bolsonaro e
mais 11 pessoas próximas a ele venderam ilegalmente joias do acervo Presidencial.
É impossível você ler isso sem lembrar da imagem daqueles colares luxuosos
brilhando. Ao longo da investigação, o ex-presidente sempre negou
irregularidades.
A PF está convencida
por provas de que foram praticados os
seguintes crimes: peculato (se apropriar de valor ou bem público), associação
criminosa, e lavagem de dinheiro. A notícia continuará quente pelos próximos dias
conforme forem se tornando públicas as provas coletadas pela PF.
As notícias ruins se
estenderam ao filho preferido do capitão, o vereador Carlos Bolsonaro (PL). Ele
também é investigado pelos mesmo crimes, mas em outra situação. A 3ª Promotoria
de Justiça de Investigação Penal Especializada apura prática de peculato,
lavagem de dinheiro e organização criminosa em mais um clássico suposto esquema
de rachadinha - quando assessores devolvem parte do salário que receberam ao
vereador.
Essa investigação
contra Carlos, como no caso das joias, já era conhecida. A novidade está em uma
série de reportagens publicadas pelo ICL Notícias detalhando relatórios sobre a
movimentação do dinheiro. A defesa de
Carluxo, como é chamado entre os familiares, não se manifestou dizendo que o
caso corre em sigilo.
Rachadinha, aliás, foi
uma palavra que perseguiu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por muito tempo
até que as provas fossem anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A
notícia sobre ele nesta semana veio em outra frente.
O jornal O Estado de
S. Paulo revelou que o filho 01 do capitão quitou em seis parcelas o
financiamento de R$ 3,4 milhões feito para comprar uma mansão de R$ 6 milhões
em Brasília. Os pagamentos foram de R$ 198 mil a R$ 997 mil. A princípio não há
crime nessa movimentação. Mas a notícia detalhando a vida a financeira do
senador não deixa de ser incômoda. Sobre esses pagamentos, ele disse em nota,
que "para a decepção de quem torce contra, todos os recursos, como sempre,
são lícitos e fruto do suor de meu trabalho”.
Como se vê, para a
família que nos últimos 30 anos enriqueceu ocupando cargos públicos e
empregando amigos, aliados e milicianos, dinheiro não é uma questão. O problema
mesmo é a origem e o uso desse dinheiro, nos informam as investigações do
Ministério Público e da Polícia Federal.
Após o indiciamento no
caso das joias, o clã correu para as redes sociais para dizer que está sendo
perseguida por policiais “escalados a dedo” por Lula (PT). A afirmação é vazia,
sem indícios que a sustentem. O que sabemos quando o assunto é interferência de
um presidente sobre a Polícia Federal foi dito por Bolsonaro na fatídica
reunião de 22 de abril de 2020. Na ocasião, o mandatário esbravejou para o
então ministro da Justiça, Sergio Moro, e qualquer um ouvir:
“Eu não vou esperar
f*der minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar
alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se
não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe. Troca o ministro.
E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse.
Tirado do poder pelo
povo e sem poder trocar ninguém, resta ao ex-presidente Bolsonaro explicar à
Polícia Federal e ao eleitor outras investigações em curso:
# inquérito das fake
news
# interferência na
Polícia Federal
# existência de
milícia digital que atua para minar o Estado Democrático de Direito
# possível vazamento
de dados de investigação sigilosa da PF
# atos do feriado de 7
de setembro de 2021
# fake news que
relacionava a vacina contra a Covid-19 à Aids
# adulteração de
cartões de vacina (nessa, ele está para ser indiciado também)
# tentativa de golpe
de Estado e atentado ao Estado democrático de direito.
• Bolsonaro perde força política com
indiciamentos? Por Thaís Heredia
A três meses das
eleições municipais, os embates prováveis vão ficando mais claros. Assim como o
perfil das candidaturas, que vem sendo forjado pelas alianças políticas e
partidárias, com suas composições às vezes até contraditórias.
A diferença do pleito
de 2024 é a polarização política já enraizada entre Lula e o PT de um lado, e
Jair Bolsonaro do outro.
Há quatro anos, a
gestão caótica da pandemia do coronavírus cobrou um preço alto de Bolsonaro,
que colecionou fracassos nas candidaturas que apoiou. Dos 13 postulantes a
prefeito que ele endossou, apenas 2 se elegeram.
Agora, o bolsonarismo
está consolidado como uma força política nacional e o ex-presidente está
novamente no papel de fiador de campanhas, algumas peso-pesado, como é o caso
de São Paulo.
Há quatro anos,
Bolsonaro não tinha partido. Hoje está no PL, maior agremiação do Congresso, e,
portanto, com a maior fatia do fundo eleitoral, quase R$ 900 milhões para
garantir vitórias.
Em 2020, a crise da
Covid-19 enfraqueceu Bolsonaro como cabo eleitoral. Hoje, a dúvida é se os
indiciamentos, como este mais recente do caso das joias sauditas, e o
envolvimento nos processos da tentativa de golpe de Estado, afetam ou não a
capacidade dele – Bolsonaro – de decidir, influenciar e ganhar prefeituras pelo
Brasil.
• Indiciamento de Bolsonaro não é divisor
de águas para definir eleições, diz cientista político
O indiciamento do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias não será um divisor de
águas para definir as eleições municipais, avaliou ao WW o cientista político
Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice, nesta sexta-feira (5).
Na quinta-feira (4), a
PF indiciou Bolsonaro e outras 11 pessoas por associação criminosa, lavagem de
dinheiro e apropriação de bens públicos pela venda de joias da Arábia Saudita
presenteadas ao governo brasileiro e, posteriormente, negociadas nos Estados
Unidos.
“Então, eu acho que
esse indiciamento é uma parte da questão, mas ele não é, vamos dizer assim, o
divisor de águas para definir as eleições nos municípios brasileiros”, disse
Noronha.
De acordo com o
cientista político, o tema será apontado pelos adversários dos candidatos
apoiados por Bolsonaro, e eles terão que responder sobre.
“O ex-presidente Jair
Bolsonaro ainda permanece com capital político muito expressivo. Vale dizer que
essa questão das joias, por exemplo, que é de fácil compreensão do eleitorado.
Mas tudo isso já foi muito abordado, isso já foi muito tratado pela imprensa”,
prosseguiu.
“A gente continua
percebendo que alguns institutos, inclusive em simulações para voto para um
presidente da República, inclusive mostra um ex-presidente Jair Bolsonaro
liderando as pesquisas. Então, isso deve ter um efeito limitado. O prestígio de
Bolsonaro ainda continua muito alto”, explicou.
Integrantes da Polícia
Federal (PF) estiveram na tarde desta sexta no Supremo Tribunal Federal para
protocolar o relatório final do inquérito.
O material será
digitalizado e enviado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do
caso. Moraes deve pedir a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR)
sobre o relatório da PF.
¨ Por que Moraes ficou furioso com a PF no caso do indiciamento de
Bolsonaro
O indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) pela acusação de ter furtado
joias e objetos de valor do acervo da Presidência da República para vendê-los no exterior foi notícia no mundo inteiro, na
quinta-feira (4). No entanto, o relator do caso no Supremo Tribunal Federal,
ministro Alexandre de Moraes, teria ficado furioso com a Polícia Federal.
Nas primeiras horas do
dia do indiciamento a informação já corria em inúmeros veículos de comunicação,
entre eles a Fórum. Só que o gabinete de Moraes não havia recebido nada
oficialmente até então. Ao que consta, não teria sido apenas uma questão de
vazamento, mas um problema classificado pela PF como “técnico”.
O relatório, que seria
encaminhado de forma física e digital, ia no segundo formato inicialmente.
Entretanto, devido ao tamanho do arquivo, o e-mail teria apresentado problemas
o que fez com que a mensagem não chegasse ao ministro, que ficou sabendo do fato
pela imprensa. Apenas no dia seguinte, sexta (5), é que o processo físico,
composto por milhares de páginas, teria sido protocolado no STF e direcionado
para o gabinete de “Xandão”, como ele é chamado pelos bolsonaristas.
Na sequência, um nove
e-mail, desta vez sem apresentar problemas técnicos, teria sido enviado e
chegado normalmente para o relator da ação que, se resultar numa condenação do
antigo ocupante do Palácio do Planalto, pode resultar numa sentença de até 32 anos de prisão contra ele.
¨ PGR admite possibilidade de novas investigações contra Bolsonaro
O Ministério
Público Federal (MPF) avalia os próximos passos na
investigação do caso das joias sauditas após
a Polícia Federal (PF) indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e
mais 11 pessoas pelo roubo na época enquanto presidente. Até o momento, a Procuradoria-Geral
da República (PGR) está examinando se aceita o
indiciamento e apresenta a denúncia ou se precisa de mais informações para
prosseguir.
Ao mesmo tempo, não
está descartada a possibilidade de novas investigações serem conduzidas pelo
próprio MP. A expectativa é que a denúncia contra Jair Bolsonaro e os outros
indiciados pela Polícia Federal ocorra somente após as eleições de 2024,
segundo informações do Blog do Noblat, do Metrópoles.
Há um entendimento de
que uma denúncia antecipada poderia influenciar o pleito de outubro das eleições municipais. Entretanto, entende-se que mais investigações na PGR dariam
aos advogados do ex-presidente mais tempo para preparar a defesa. Os crimes
de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro,
pelos quais Bolsonaro foi indiciado essa semana, possuem penas diferentes, que
poderiam levá-lo a mais de 30 anos de prisão, somente no caso das joias.
Para peculato, a
punição varia entre 2 a 12 anos de reclusão, além de multa. Já a associação
criminosa pode levar a uma pena de 1 a 3 anos de reclusão. No caso de lavagem
de dinheiro, a reclusão varia de 3 a 10 anos, também acompanhada de multa. Se
for condenado às penas máximas, o tempo na cadeia pode ir a 32 anos.
Fonte: Peneira
Política/CNN Brasil/Fórum
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