sexta-feira, 19 de julho de 2024

Governo dos EUA monitorou Lula por mais de 50 anos e produziu 3,3 mil páginas de registros

O jornalista e escritor Fernando Morais, biógrafo do presidente Lula (PT), divulgou que diferentes órgãos do governo dos Estados Unidos monitoraram o líder brasileiro ao longo de mais de cinco décadas, resultando na produção de 819 documentos, totalizando 3.300 páginas de registros. As informações, obtidas através de pedidos protocolados em 2019, segundo a Folha de S. Paulo, abrangem o período de 1966 a 2019. A maior parte dos documentos foi produzida pela CIA, que mantém 613 registros, somando 2.000 páginas.

Os documentos detalham, entre outros aspectos, a relação de Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com autoridades do Oriente Médio e da China, além de planos militares brasileiros e a produção da Petrobras. Os registros cobrem desde a ascensão de Lula no movimento sindical durante a ditadura militar até pouco após sua prisão injusta em 2018.

Apesar do vasto acervo, Morais ainda não teve acesso à íntegra dos documentos e não há informações colhidas no atual mandato de Lula, iniciado em 2023.

Morais, que lançou em 2021 o primeiro volume da biografia de Lula, trabalha agora em seu segundo volume, razão pela qual decidiu requerer as informações a todas as agências dos EUA, por meio da Lei de Acesso à Informação norte-americana.

De acordo com a apuração, os dados se referem ao período de 1966 a 2019, ano em que os pedidos foram protocolados. Apenas a CIA mantém 613 documentos sobre Lula, que totalizam 2.000 páginas.

Morais contou com a ajuda do escritório de advocacia Pogust Goodhead para requisitar as informações a todas as agências dos EUA, através da Lei de Acesso à Informação americana (Freedom of Information Act - FOIA). "O presidente ainda estava preso quando consegui procurações para recolher em nome dele todos os registros existentes nas agências. Tem agência que, obviamente, não tinha nada, tipo a que cuida de entrada ilegal de alimento. Mas pedi de todas", explicou Morais.

Lançado em 2021, o primeiro volume da biografia de Lula, escrito por Morais, deve ganhar um segundo volume, atualmente em produção, que incluirá as novas informações obtidas dos registros americanos.

Até agora, foram identificados 613 documentos da CIA, 111 do Departamento de Estado, 49 da Agência de Inteligência da Defesa, 27 do Departamento de Defesa, 8 do Exército Sul dos EUA e 1 do Comando Cibernético do Exército. Ainda se aguardam respostas do FBI, NSA e da Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN). O prazo para resposta é de 20 dias úteis, prorrogáveis por mais 20, para informar se os dados serão fornecidos.

"É preciso jogar luz na relação entre os dois maiores países do continente americano. Esse é um direito do nosso cliente Fernando Morais e de todos os brasileiros. Estamos confiantes de que as autoridades norte-americanas atenderão nosso pedido", afirmou Tom Goodhead, sócio-administrador global do Pogust Goodhead.

Fernando Morais disse estar ciente de que o governo dos EUA pode vetar trechos que considera arriscados para a segurança do Estado. "Sabemos que o governo norte-americano analisou de perto o cenário político brasileiro nas últimas décadas, e o Lula é um dos personagens mais marcantes e importantes da história da América Latina", declarou Morais.

A expectativa é que os novos dados possam enriquecer a segunda parte da biografia de Lula, ainda sem data de lançamento. "Enrolaram muito, e como pedi uma quantidade grande, se sentiram no direito de atrasar. Tanto que minha ideia era que o material entrasse no volume 1 do livro, mas não mandaram. Entrará no volume 2, então", concluiu Morais.

O primeiro volume da biografia de Lula já foi traduzido para o chinês, inglês e espanhol, marcando o impacto global da trajetória do líder brasileiro.

Em 2013, a mídia brasileira noticiou largamente que a então presidente Dilma havia sido alvo de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês). Documentos secretos que baseiam as denúncias foram obtidos pelo jornalista Glenn Greenwald com o ex-técnico da agência Edward Snowden. Dois anos depois, o portal WikiLeaks divulgou informações confidenciais da NSA, revelando nova espionagem contra Dilma, assessores e ministros.

A CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, produziu a maior parte dos documentos relacionados a Lula. A agência mantém 613 documentos sobre o petista, totalizando 2.000 páginas. Esses registros abrangem o período de 1966 a 2019, ano em que os pedidos foram protocolados.

Isso equivale ao fato dos EUA ter mantido um extenso monitoramento sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante cinco décadas, abrangendo desde sua ascensão no movimento sindical durante a ditadura militar até sua prisão em 2018. Os documentos foram obtidos por Morais, através da Lei de Acesso à Informação americana (Freedom of Information Act).

A deputada federal e presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, se manifestou na manhã desta quinta-feira (18) em repúdio às investigações do governo americano. “Gravíssimas revelações do jornalista Fernando Morais sobre a arapongagem dos EUA no Brasil. Espionavam @LulaOficial desde 1966, quando ele se filiou ao sindicato, no PT, na presidência e até na prisão”, escreve ela.

“E não foram só as famigeradas CIA e NSA. O Pentágono e o Comando Militar do Sul também estão na lista, espionando nossa defesa, as relações internacionais, a produção de petróleo e sabe-se lá o que mais. A denúncia do jornalista certamente vai lançar novas luzes sobre os crimes da Lava-Jato contra Lula e o Brasil. Além de ser uma inaceitável violência contra um cidadão brasileiro, a arapongagem estadunidense é uma afronta à soberania nacional”

O jornalista ainda não teve acesso completo aos documentos fornecidos pelo governo dos Estados Unidos. Apesar das informações, uma parte significativa do material permanece indisponível, impedindo uma análise total dos registros. Morais e seus advogados requisitaram uma ampla gama de documentos dos órgãos de inteligência americanos. Entre os materiais solicitados estão relatórios, levantamentos, emails, cartas, minutas de reuniões e registros telefônicos.

O prazo para resposta sobre o fornecimento dos dados solicitados pelo grupo, aguardado do FBI (polícia federal dos EUA), NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) e FinCEN (Rede de Combate a Crimes Financeiros), é de 20 dias úteis, podendo ser prorrogado por mais 20 dias.

"O presidente ainda estava preso quando consegui procurações para recolher em nome dele todos os registros existentes nas agências. Tem agência que, obviamente, não tinha nada, tipo a que cuida de entrada ilegal de alimento. Mas pedi de todas. Sabemos que o governo norte-americano analisou de perto o cenário político brasileiro nas últimas décadas, e o Lula é um dos personagens mais marcantes e importantes da história da América Latina", diz Morais.

Trabalhando com dados americanos para o livro "Olga", lançado em 1985, que narra a história de Olga Benário Prestes, uma judia e comunista, Morais chegou a mencionar que o governo dos Estados Unidos veta passagens que julga representarem riscos à segurança nacional.

<><> Contarato repudia espionagem dos EUA contra Lula

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) repudiou a espionagem feita por autoridades dos Estados Unidos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "A espionagem dos EUA contra Lula é uma afronta inaceitável à nossa soberania. Essa investida abusiva não mira apenas um cidadão, mas um chefe de Estado, atingindo assim todo o país. Condenamos nos mais firmes termos essa grave e reiterada violação à segurança nacional!", escreveu o parlamentar na rede social X.

O monitoramento ilegal aconteceu de 1966 a 2019, com a produção de 819 documentos, totalizando 3.300 páginas. Foram identificados 613 documentos produzidos pela Agência de Inteligência dos Estado Unidos (CIA), 111 pelo Departamento de Estado, 49 pela Agência de Inteligência da Defesa, 27 pelo Departamento de Defesa, além de 8 do Exército Sul dos EUA e 1 do Comando Cibernético do Exército.

Representantes de instituições como FBI (Federal Bureau of Investigation, ou Departamento Federal de Investigação norte-americano), NSA (National Security Agency, ou Agência de Segurança Nacional) e a Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN) ainda emitirão seus posicionamentos em relação às denúncias de espionagem. O prazo para resposta é de 20 dias úteis, prorrogáveis por mais 20, para informar se os dados serão fornecidos.

<><> Nilton Tatto sobre espionagem dos EUA: 'Lula incomoda a elite internacional'

O deputado federal Nilton Tatto (PT-SP) afirmou nesta quinta-feira (18) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "sempre incomodou as elites nacionais e internacionais por sua opção de defender os mais pobres e desenvolver o país com justiça social em 1° lugar".

<><> Outras investigações descobertas

A espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) contra a então presidente Dilma Rousseff e outros membros do governo brasileiro foi descoberta em 2013. O programa Fantástico, da TV Globo, trouxe à tona informações de que Dilma Rousseff foi alvo de espionagem pela NSA. Os documentos secretos, obtidos pelo jornalista Gleen Greenwald junto ao ex-técnico da agência Edward Snowden, detalharam as operações de vigilância direcionadas à líder brasileira.Dois anos depois, o portal do WikiLeaks ampliou as denúncias ao divulgar informações confidenciais adicionais da NSA, revelando que ao menos 29 telefones de membros e ex-integrantes do governo brasileiro foram grampeados no início do primeiro mandato de Dilma Rousseff.

<><> 'O que dirão agora os que afirmam que intromissão dos EUA no Brasil é paranoia?', questiona Denise Assis

A jornalista Denise Assis repercutiu nesta quinta-feira (18) pelo X, antigo Twitter, a revelação feita pelo escritor Fernando Morais de que o governo dos Estados Unidos monitorou o presidente Lula (PT) por décadas, produzindo 3,3 mil páginas de registros desde 1966 até 2019.

"O que dirão, agora, os comentaristas que enchem páginas e minutos na TV, afirmando que intromissão estadunidense no Brasil é paranoia?", questionou Denise Assis.

De acordo com informações obtidas através de pedidos protocolados em 2019, segundo a Folha de S. Paulo, Lula foi objeto de relatórios da CIA, do Departamento de Estado, da Agência de Inteligência da Defesa, do Departamento de Defesa, do Exército Sul dos EUA e do Comando Cibernético do Exército.

 

Fonte: Brasil 247/Fórum

 

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