terça-feira, 2 de julho de 2024

'Dólar americano unipolar' se transformou em ferramenta 'politicamente armada', diz analista

Desde que o dólar americano se tornou o "administrador de fato do sistema econômico global" pelo Acordo de Bretton Woods, abusou desse papel, disse o analista financeiro Paul Goncharoff à Sputnik.

Um quadro monetário dominado pelos EUA foi posto em prática há 80 anos em Bretton Woods. Gerou tudo, desde déficits crônicos e bolhas especulativas até sanções com motivação política, ao mesmo tempo que permitiu que o dólar reinasse soberano. Desde o colapso do sistema, as economias globais têm lidado com o impacto negativo das suas falhas inerentes na medida em que a moeda degenerou em uma ferramenta "unipolar e não confiável, politicamente armada", observou o experiente analista financeiro, gestor-chefe da empresa de consultoria Goncharoff LLC, Paul Goncharoff.

A criação do BRICS motivou muitos países a embarcarem em um esforço organizado para desdolarizar e se libertar do ciclo político vicioso, como salienta o analista.

"O 'privilégio extraordinário' desfrutado pelo dólar como a principal moeda de reserva global testou ao longo do tempo a disciplina, a determinação e a confiança do governo dos Estados Unidos [...]. Foi considerado insuficiente, à medida que o que deveriam ter sido decisões objetivas economicamente sólidas degenerou constantemente em ações de curto prazo politicamente 'armadas' que eram extremamente caras para o resto do mundo", disse Goncharoff.

O dólar americano foi oficialmente coroado como a moeda de reserva mundial, apoiado pelas maiores reservas de ouro do mundo, quando o sistema monetário internacional conhecido como sistema de Bretton Woods foi forjado no resort americano de mesmo nome em New Hampshire, em julho de 1944. Na época, os delegados para a Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas concordaram em estabelecer o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o que se tornou o Grupo Banco Mundial para regular os acordos mútuos e as relações monetárias. O sistema durou até 1971.

Na década de 1960, no entanto, o dólar estava grosseiramente sobrevalorizado, uma vez que os EUA não tinham ouro suficiente para cobrir o volume de dólares em circulação mundial devido aos "constantes e crescentes déficits da balança de pagamentos dos EUA", salientou Goncharoff. Isso implicava que os Estados Unidos não poderiam cumprir a sua obrigação de trocar dólares por ouro ao preço oficialmente definido, "muito à semelhança do significativo déficit atual da balança de pagamentos e do perfil da dívida que os EUA mostram hoje, embora totalmente desvinculados do ouro como principal lastro", adicionou.

"A era da flexibilização quantitativa [QE, na sigla em inglês] nas últimas duas décadas é claramente ilustrativa da falta de uma âncora na política monetária dos EUA, pela qual, infelizmente, todos os países não usuários do dólar que desejam permanecer alinhados com ele devem pagar [...] exorbitantemente", disse o especialista.

Tanto as economias globais como as nacionais continuam a enfrentar desafios à medida que tentam ultrapassar as consequências das falhas inerentes ao sistema de Bretton Woods, observou o especialista financeiro.

"Em essência, quanto mais os Estados Unidos imprimem e gastam dólares americanos, mais se espera que o resto do mundo invista em títulos do governo dos EUA e subsidie esses gastos com dívida. As nações do BRICS e os seus aderentes estão defendendo a utilização de moedas nacionais para o comércio transfronteiriço, eventualmente se desligando cada vez mais do unipolar e visivelmente pouco fiável dólar americano", explicou Goncharoff.

O analista prevê que o dólar americano "se tornará propenso a choques crescentes, levando à incerteza e à desconfiança nos mercados financeiros globais".

Embora Moscou tenha efetivamente se "vacinado" contra futuros problemas iminentes com a economia dos EUA, outros países, como a China, estão fazendo o mesmo. O foco comercial está se afastando dos Estados Unidos, alimentando uma evolução geopolítica de blocos comerciais como o BRICS, a União Econômica Eurasiática e a Organização de Cooperação de Xangai (OCX).

"Outros governos estão ficando preocupados com a possibilidade de que estas punições [sanções unilaterais norte-americanas] lhes possam ser aplicadas no futuro, o que também cria desconfiança e medo da sobre-exposição ao dólar americano. Qualquer um desses problemas é sério. Em última análise, parece improvável que os Estados Unidos consigam afastar as repercussões de todos eles. Em suma, os Estados Unidos exageraram enormemente e prejudicaram a sua própria fiabilidade como parceiro comercial global", concluiu o analista.

·        Investidor norte-americano afirma ser 'impossível' para governo dos EUA pagar dívida trilionária

Diante de uma dívida trilionária que chega a 123% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, o renomado investidor norte-americano Jim Rogers disse à Sputnik que "é simplesmente impossível para Washington algum dia pagá-la".

"Os EUA são a maior nação devedora da história do mundo. Se você olhar para os números, sabe que é impossível para a América pagar suas dívidas. Com isso, também terá mais problemas conforme avançamos", declarou.

Rogers acrescentou que é um bom momento para ser um norte-americano mais velho, mas não para ser um adolescente, já que problemas vão surgir no futuro por conta da dívida do país.

Segundo o Fundo Monetário Internacional, a dívida pública dos EUA ultrapassará 123% do PIB neste ano e chegará a quase 134% em 2029.

A dívida dos EUA atualmente ultrapassa US$ 34,8 trilhões (R$ 194,6 trilhões).

·        Alerta do FMI ao governo norte-americano

Na última semana, o FMI fez um alerta ao governo sobre o patamar que a dívida vai alcançar caso as políticas atuais sejam mantidas. "Da mesma forma, espera-se que o déficit das administrações públicas permaneça em cerca de 2,5% do PIB, acima dos níveis previstos […]", disse a organização.

Os Estados Unidos precisam inverter o atual aumento da relação entre dívida pública e PIB para evitar um risco crescente para o país e para a economia global, afirmou o FMI.

O mesmo órgão revelou que até o final da década a relação entre a dívida e o PIB norte-americano ultrapassará os 106% da Segunda Guerra Mundial, e a tendência é que continue aumentando.

O CBO também estimou que os pagamentos líquidos de juros, que atualmente rondam os 3% do PIB, continuarão a crescer.

·        Investidor dos EUA explica como o apoio à Ucrânia pode fazer colapsar a União Europeia

O apoio à Ucrânia está desacelerando as economias dos países que ajudam Kiev, ameaçando o colapso da União Europeia (UE) e do euro, disse à Sputnik o renomado investidor norte-americano e comentarista financeiro Jim Rogers.

"Este será um fator que conduz à desaceleração das economias, e alguns países já não serão tão prósperos como antes", disse ele à agência, comentando o impacto da ajuda à Ucrânia nas economias dos países que a apoiam.

De acordo com Rogers, os problemas na Europa podem levar ao desejo de alguns países de deixar a União Europeia, tal como o Reino Unido fez anteriormente.

"Quando os problemas chegarem à Europa nos próximos dois ou três anos, os políticos vão propor abandonar o euro, que é um problema. Muito poucos grupos, semelhantes ao euro, existiram por muito tempo. A maioria deles entrou em colapso. Temo que o euro se desmorone um dia", acrescentou.

Recentemente, o economista norte-americano Jeffrey Sachs disse que as sanções impostas à Rússia pelo Ocidente se mostraram muito ineficazes em relação ao que os estrategistas acreditavam que alcançariam. No ano passado, a economia do país registrou um crescimento de 3,6%, mesmo com as medidas restritivas.

 

¨      Rússia supera países ocidentais em crescimento econômico apesar das sanções, diz jornal

Os níveis de desenvolvimento econômico da Rússia são mais rápidos do que dos países que adotaram sanções econômicas contra Moscou, escreve colunista polonês Andrzej Szczesniak no jornal Mysl Polska.

"Estamos testemunhando o fenômeno de uma economia que resistiu ao golpe e está se desenvolvendo mais rápido do que aqueles que lhe declararam guerra econômica", observou ele.

O colunista ficou impressionado com o efeito que as sanções ocidentais tiveram sobre a Rússia: o desempenho econômico recente do país é surpreendentemente alto. Por exemplo, o produto interno bruto (PIB) da Rússia cresceu 3,6% no ano passado. O especialista lembrou que o Ocidente, que fechou acesso aos seus produtos, no final sofreu grandes perdas.

"Os países que representam 70% do PIB mundial fecharam o acesso aos seus produtos, o que os fez sofrer perdas, e rejeitaram fazer importações da Rússia, o que gerou para eles perdas ainda mais dolorosas, puniram a Rússia com as sanções mais variadas. No entanto, para surpresa de todos, a vítima do ataque se desenvolve muito mais rápido do que o atacante! Isso é um milagre."

Destaca-se que neste ano a economia russa está crescendo ainda mais rápido – 5,4% no primeiro trimestre de 2024. Ao mesmo tempo, o desempenho da Alemanha caiu para 0,9% e o os EUA aumentaram apenas 1,3%.

Após o início da operação militar especial russa na Ucrânia, os países ocidentais intensificaram a pressão das sanções sobre Moscou. Como observou o presidente russo Vladimir Putin, a política de contenção e o enfraquecimento da Rússia é uma estratégia de longo prazo do Ocidente, entretanto, as sanções desferiram um sério golpe em toda a economia mundial.

·        Influxo de fertilizantes russos baratos pode esmagar produção europeia, diz mídia

A Europa está recebendo uma grande quantidade de fertilizantes russos baratos que pode arruinar os negócios locais, cita o jornal britânico Financial Times.

Os produtores de fertilizantes da União Europeia (UE) temem que o fluxo de produtos baratos da Rússia possa ameaçar a segurança alimentar na Europa, escreve no domingo (30) o jornal britânico Financial Times.

"Estamos agora mesmo sendo invadidos por uma enxurrada de fertilizantes da Rússia, que são significativamente mais baratos do que os nossos, pela simples razão de que eles pagam muito pouco pelo gás natural em comparação a nós, produtores europeus", disse Peter Cingr, CEO da SKW Stickstoffwerke Piesteritz, a maior produtora de amônia da Alemanha.

Ele acrescentou que se os políticos europeus não começarem a agir, a capacidade de produção local desaparecerá.

De acordo com alguns relatos, as importações de alguns tipos de fertilizantes russos para a Europa até aumentaram em meio às sanções após o início da operação militar especial na Ucrânia.

Por sua vez, Benjamin Lakatos, CEO da empresa suíça de energia MET Group, que em junho anunciou sua intenção de adquirir o controle acionário da produtora de fertilizantes Achema, do Báltico, alertou que "anos de crise" estão chegando para o setor de fertilizantes europeu. Ele informou que o aumento dos preços do gás e da energia afetará esse setor mais rapidamente do que outros, já que 70 a 80% dos custos operacionais dessas companhias são causados pelo gás natural.

O Financial Times destaca que a BASF, a maior empresa química do mundo, reduziu significativamente suas operações na Europa nos últimos anos, inclusive no setor de fertilizantes. Em vez disso, concentrou-se em investimentos nos EUA e na China, onde os custos são mais baixos.

Cingr acredita que, mais cedo ou mais tarde, muitas companhias, inclusive a dele, poderão seguir o mesmo caminho. Ele notou que a SKW Stickstoffwerke Piesteritz está em negociações sobre a possibilidade de instalar uma linha de produção de amônia nos EUA. O CEO da empresa acrescentou que, sem a produção local, a UE dependeria de importações de outros países, como a Rússia e Belarus, e isso afetaria a produção de alimentos no continente.

¨      Investidor americano: interesse da Rússia e da China na África levará à prosperidade no continente

Na opinião de Jim Rogers, os dois países têm uma oportunidade de contribuir para o crescimento de um mercado de "um bilhão de pessoas".

O crescente interesse global na África, especialmente por parte da China e da Rússia, impulsionará o crescimento econômico no continente, disse o renomado investidor americano à Sputnik.

"Muitos países estão começando a investir na África, a fazer comércio com a África", contou Jim Rogers.

O investidor sublinhou a importância da presença de investidores chineses em toda a África. Segundo ele, a China e a Rússia, assim como outras nações, intensificaram os esforços para aprofundar seu envolvimento na África.

"A África está pronta para prosperar por causa de seus valiosos recursos e de sua população de um bilhão de pessoas", disse Rogers.

"Todos querem vender para um bilhão de pessoas", acrescentou.

Os países ocidentais expressaram em várias ocasiões preocupações sobre o aumento dos laços diplomáticos, militares e econômicos da Rússia e da China com a África.

Em resposta, Moscou disse que a história do colonialismo impede o Ocidente de ver a África como um ator geopolítico independente.

¨      Polônia proíbe passagem de caminhões ucranianos sem autorizações de transporte internacional

Varsóvia teria decidido suspender a livre circulação de veículos ucranianos na sua fronteira com a Ucrânia, apesar de um acordo assinado em junho entre Kiev e Bruxelas.

A Polônia suspendeu na segunda-feira (1º) a passagem de caminhões ucranianos sem permissão de transporte internacional, anunciou a Guarda Fronteiriça da Ucrânia.

"A partir das 00h00 [19h00, no horário de Brasília] do dia 1º de julho, o lado polonês nos pontos de controle fronteiriços suspendeu a entrada e a saída de veículos de carga ucranianos que não possuam permissões para o transporte internacional de carga (permissão ou livrete da Conferência Europeia de Ministros dos Transportes (ECMT) para dentro e fora da República da Polônia. Os pontos fronteiriços em outras áreas estão funcionando normalmente", cita a Agência de Notícias da Ucrânia.

As autorizações da ECMT são exigidas pelas transportadoras que operam voos para 52 Estados-membros da conferência, e permitem não apenas o transporte de carga bidirecional e em trânsito, mas também o transporte de e para terceiros países.

A Agência de Notícias da Ucrânia informou em junho que a Ucrânia e a UE prorrogaram a "isenção de vistos de transporte" por mais um ano.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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