sábado, 27 de julho de 2024

China: para manter sua posição globalmente EUA se tornaram um 'império de mentiras'

Os Estados Unidos se tornaram há muito tempo um "império de mentiras" enquanto continuam a fomentar falsas narrativas sobre a China e outros países para garantir sua posição globalmente, disse Zhang Xiaogang, porta-voz do Ministério da Defesa da China.

No mês passado, o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA divulgou uma versão não classificada de uma doutrina oficial intitulada Deception (Decepção), que proporciona uma visão sobre táticas que emprega para ganhar uma vantagem sobre um suposto adversário e mitigar os riscos, apostando em "distorção deliberada da realidade".

Falando a jornalistas na quinta-feira (25), Zhang observou que o "comportamento enganoso" de Washington tem ido muito além dos limites dos assuntos militares e "de fato penetrou profundamente em seus ossos". Os EUA "ousam inventar falsidades para seus próprios interesses egoístas e há muito tempo se tornaram um verdadeiro 'império de mentiras'", acrescentou.

O porta-voz lembrou que os EUA tentaram manipular ativamente a opinião pública durante a Guerra Fria e, em seguida, se envolveram em estratagemas com "pó branco" e utilizaram os chamados Capacetes Brancos para "lançar guerras agressivas" contra o Iraque e a Síria, respectivamente. Em relação ao primeiro, Zhang se referiu ao momento infame de 2003, quando o então secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, apresentou ao Conselho de Segurança da ONU suposta evidência de que o Iraque possuía armas de destruição em massa – uma alegação que mais tarde se revelou ser falsa.

Os Capacetes Brancos são uma organização voluntária baseada na Síria que opera nas partes do país controladas pela oposição. Embora afirme estar envolvido exclusivamente em atividades humanitárias, o grupo acusou verbalmente o governo de Damasco de crimes de guerra. Os Capacetes Brancos, entretanto, foram acusados de ter laços com grupos terroristas, uma acusação que a organização nega veementemente.

Zhang enfatizou que "se pode enganar por um tempo, mas não se pode enganar sempre", enquanto exortava os EUA a "corrigir imediatamente as suas práticas erradas, parar de espalhar informações falsas, parar de enganar o mundo com mentiras e parar de difamar outros países […]".

¨      China nunca tirou vantagem do conflito na Ucrânia, diz Pequim nas Nações Unidas

Nesta quinta-feira (25), o embaixador chinês nas Nações Unidas, Fu Cong, afirmou que a China não lucra com o conflito na Ucrânia e controla rigorosamente itens de uso duplo civis e militares.

Discursando em uma reunião do Conselho de Segurança da organização sobre o conflito, o embaixador declarou que "a China nunca colocou lenha na fogueira ou tirou vantagem da situação, nem forneceu armas letais a nenhuma parte do conflito".

Na quarta-feira (24), durante conversas com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em Pequim, o chanceler ucraniano, Dmitry Kuleba, disse que Kiev já pode conduzir o diálogo e negociações com o lado russo.

Por sua vez, Wang disse que a China acredita que a resolução de todos os conflitos deve passar pela mesa de negociações.

"[…] a resolução de todas as disputas deve ser alcançada através de meios políticos", complementou, citado pela porta-voz do ministério.

Em maio, a China e o Brasil publicaram conjuntamente um memorando propondo uma solução política para a crise ucraniana, sublinhando que as negociações eram a única solução viável.

¨      Em reunião da ASEAN, China é franca e direta com Japão: 'Relações estão em estágio crítico'

Á margem da reunião de ministros das Relações Exteriores organizada pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o chanceler chinês Wang Yi disse ao seu homólogo japonês que as relações entre seus países estão em um ponto de virada, para o mau ou para o bem.

Wang fez afirmação enquanto ele e Yoko Kamikawa discutiam questões espinhosas, incluindo cidadãos japoneses detidos na China, proibições de importação de alimentos e restrições a semicondutores, relata a Reuters.

"As relações China-Japão estão atualmente em um ponto crítico: avance ou fique para trás. A política da China em relação ao Japão sempre manteve estabilidade e continuidade. Espera-se que o lado japonês estabeleça uma percepção objetiva e correta de Pequim e busque uma política positiva e racional em relação à China", disse Wang a Kamikawa.

A comunicação entre os vizinhos tem sido tensa nos últimos anos devido a questões como reivindicações territoriais, comerciais e a ira de Pequim pela decisão de Tóquio de despejar no mar água tratada da usina nuclear danificada de Fukushima.

Em suas primeiras conversas individuais em oito meses, Kamikawa pediu veementemente o cancelamento das restrições de importação impostas por Pequim aos produtos alimentícios japoneses após o vazamento de Fukushima.

Ao mesmo tempo, o Japão tem intensificado seus laços com os Estados Unidos junto a outros países do G7, e buscou cortar seus laços econômicos com a China em áreas estratégicas, como restrições contínuas para limitar o acesso de Pequim a semicondutores avançados.

Segundo a mídia, Kamikawa afirmou a Wang que as restrições à exportação de semicondutores do Japão não visam nenhum país específico e que Tóquio está disposto a manter uma comunicação construtiva sobre o assunto com a China.

"É extremamente importante criar um ambiente no qual cidadãos japoneses e empresas japonesas possam operar na China com tranquilidade", disse Kamikawa.

Os dois ministros disseram que buscariam estabelecer comunicações regulares e fizeram convites mútuos para visitar seus respectivos países para continuar as negociações, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Japão.

<><> Encontro com Lavrov da Rússia

O chanceler chinês também encontrou com seu homólogo russo no evento e as duas autoridades discutiram as perspectivas para a implementação de uma nova arquitetura de segurança, informou o Ministério das Relações Exteriores russo.

"Sergei Lavrov e Wang Yi discutiram as perspectivas de implementação do conceito iniciado pelo lado russo para criar uma nova arquitetura de segurança na Eurásia em um cenário de estagnação dos mecanismos euro-atlânticos", disse o ministério em um comunicado.

Durante o encontro, Lavrov acrescentou que "a Rússia trabalhará com a China para apoiar o papel central da ASEAN [...] e evitar a interferência de forças externas".

 

¨      Kremlin diz que resposta ao envio de € 1,5 bi de seus ativos para Ucrânia será 'lenta e calculada'

A União Europeia vai transferir € 1,5 bilhão (R$ 8,2 bilhões) em recursos provenientes de ativos russos congelados para a Ucrânia, anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta sexta-feira (26). Moscou classificou a ação como "ilegal".

A presidente disse que a verba será destinada para a "defesa e reconstrução da Ucrânia", escreveu von der Leyen em uma postagem no X (antigo Twitter).

A Rússia respondeu ao anúncio através do porta-voz presidencial, Dmitry Peskov, afirmando que "isso não é motivo para uma reação rápida, mas sim para uma ação bem pensada em resposta a essas decisões ilegais que a União Europeia está implementando. Essas ações serão certamente levadas a cabo, mas devem ser bem pensadas, elas devem estar totalmente alinhadas aos nossos interesses", disse Peskov.

Os países ocidentais bloquearam cerca de US$ 300 bilhões (R$ 1,69 trilhão) em ativos soberanos russos depois que Moscou começou a operação na Ucrânia em fevereiro de 2022.

No mês passado, o G7 e a União Europeia concordaram em usar os juros obtidos com os ativos russos congelados para apoiar um empréstimo de US$ 50 bilhões (R$ 281 bilhões) para a Ucrânia. A Rússia prometeu ação legal.

Os Estados-membros da UE têm discutido opções para estender o período de renovação das sanções sobre os ativos do Banco Central russo, a fim de garantir o empréstimo do G7 para Kiev, de acordo com um rascunho de documento da UE e declarações de diplomatas vistos pela Reuters.

¨      Pagamento congelado: Zelensky dará calote bilionário nos EUA? 'Risco é grande', atesta especialista

Em um movimento que gerou grande agitação em Washington e entre aliados europeus, Donald Trump anunciou o senador de Ohio J. D. Vance como seu candidato a vice-presidente para a campanha presidencial.

J. D. Vance, conhecido por ser um dos maiores críticos à ajuda americana à Ucrânia no Congresso, levanta preocupações sobre o futuro do apoio dos Estados Unidos a Kiev caso Trump vença as eleições em novembro.

A escolha de Vance destaca uma possível mudança na política externa americana, especialmente no que diz respeito ao conflito entre Ucrânia e Rússia, apontam analistas ouvidos pela Sputnik Brasil.

Especialistas políticos e observadores internacionais estão atentos às implicações dessa decisão, temendo que uma administração Trump-Vance possa reduzir ou até mesmo cortar a assistência financeira e militar a Kiev, forçando Vladimir Zelensky a negociar a paz com Moscou. Segundo especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, caso Kamala Harris ganhe, o calote pode ser aliviado.

Ucrânia: o eventual calote bilionário nos EUA

Recentemente, a Ucrânia anunciou que pretende congelar o pagamento a credores internacionais até 2027. Um dos principais aliados financeiros ao poderio armamentista de Kiev, os EUA correm risco de levar um calote bilionário. É o que afirmam analistas ouvidos pela Sputnik Brasil.

Se somadas às verbas enviadas à Ucrânia, a nação norte-americana já disponibilizou cerca de US$ 175 bilhões (aproximadamente, R$ 990 bilhões) em ajuda.

Luiz Felipe Osório, professor de relações internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), aponta que uma mudança na política de apoio pode ter consequências significativas não apenas para a Ucrânia, mas também para os próprios EUA.

"O risco de um calote por parte de Zelensky é grande, principalmente considerando a proposta de congelar pagamentos a credores internacionais até 2027", afirmou Osório.

"No entanto, boa parte desse valor é destinado a gastos específicos dentro do complexo militar-industrial americano, o que mantém uma parcela significativa dos recursos nos Estados Unidos", alertou à Sputnik Brasil.

Condições precisam ser analisadas, mas Biden se beneficiou

Para Williams Gonçalves, professor titular de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), não está claro sob quais termos os Estados Unidos emprestaram dinheiro à Ucrânia.

Entretanto, ele destaca que grande parte desse financiamento foi destinado à compra de armamentos americanos por meio de créditos específicos.

"É preciso saber sob quais condições os Estados Unidos fizeram esses empréstimos à Ucrânia. Naturalmente que há garantias para esses empréstimos. E, diretamente, boa parte desse dinheiro foi concedido na forma de créditos para que Zelensky comprasse armamento nos Estados Unidos. A guerra da Ucrânia é, para os Estados Unidos, uma forma de vender suas armas", arguiu o analista.

Ele continuou dizendo que o presidente Biden é um homem do complexo industrial-militar. "Portanto, eu penso que uma boa parte desse dinheiro não foi passado diretamente para a Ucrânia, mas sim que foi dado na forma de créditos para a aquisição de equipamento nos Estados Unidos", complementou à Sputnik.

Ele observa que, para os Estados Unidos, o conflito na Ucrânia tem se mostrado uma oportunidade para vender armas, refletindo a influência da indústria bélica norte-americana no governo do presidente Joe Biden.

Trump deve ser protecionista e Kamala deve ser aliada

Osório destaca ainda que uma possível redução ou corte de ajuda à Ucrânia afetaria diretamente setores da produção de armamentos pesados e dos investimentos ligados ao conflito.

"Trump provavelmente diminuiria ou cortaria esse auxílio, refletindo a visão isolacionista de sua candidatura, que defende investimentos no mercado interno e a redução de gastos externos", sublinhou o analista internacional.

Sobre as possíveis ações de uma administração Trump, Osório comenta: "Trump tende a diminuir ou cortar o auxílio à Ucrânia, enquanto Harris, se eleita, provavelmente manteria ou até aumentaria o financiamento, seguindo uma política mais agressiva em relação à Rússia."

Gonçalves destacou que a eleição de Kamala Harris representaria a continuidade da política externa do governo Biden, especialmente em relação à Ucrânia. Ele argumenta que Harris foi escolhida como sucessora de Biden precisamente por essa continuidade, não por mera simpatia.

"Ela [Kamala] vai dar continuidade à política do Biden, que é a de tentar recuperar a posição de hegemonia dos Estados Unidos no mundo: atacando na Europa a Rússia e atacando na Ásia a China", alertou Gonçalves.

Por outro lado, Gonçalves afirma que a abordagem de Donald Trump seria significativamente diferente. Segundo ele, Trump adota uma visão comercialista das relações internacionais, concentrando-se principalmente nas vantagens econômicas da China em relação aos Estados Unidos.

¨      Fitch rebaixa rating da Ucrânia para nível que 'marca o início de um processo de inadimplência'

A agência internacional de classificação anunciou um corte no nível de rating da Ucrânia, citando "o acordo de princípio alcançado em 22 de julho" entre Kiev e os detentores de Eurobonds sobre a reestruturação da dívida.

A agência internacional de classificação norte-americana Fitch rebaixou o rating de inadimplência do emissor (IDR, na sigla em inglês) de longo prazo em moeda estrangeira da Ucrânia, informou na quarta-feira (24) a agência em um comunicado.

A agência não costuma atribuir perspectivas aos ratings soberanos de CCC+ e abaixo. O rating de longo prazo em moeda local foi mantido em CCC-, enquanto os IDR de curto prazo da Ucrânia em ambas as moedas foram colocados em C, após ter estado em CC. O rating de teto do país foi mantido em B-.

"O rebaixamento do rating de inadimplência do emissor em moeda estrangeira de longo prazo da Ucrânia reflete a visão da Fitch de que o acordo de princípio alcançado em 22 de julho [segunda-feira] entre o governo e certos detentores de Eurobonds sobre os termos da reestruturação da dívida [...] marca o início de um processo de inadimplência", indicou o comunicado.

Denis Shmygal, primeiro-ministro ucraniano, anunciou na segunda-feira (22) que o país havia chegado a um acordo com um comitê de detentores de Eurobonds sobre a reestruturação da dívida. Além disso, Yaroslav Zheleznyak, membro da Suprema Rada ucraniana, disse na semana passada que o parlamento ucraniano havia aprovado um projeto de lei de reestruturação que permitia ao governo suspender os pagamentos da dívida externa do Estado até outubro.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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