Aliado estratégico: o que há por trás do
interesse dos EUA no Quênia?
Em meio a uma série de
protestos devido ao projeto de lei de finanças do presidente queniano, William
Ruto — que desistiu do texto após a morte de mais de 20 pessoas —, o Quênia
vive dias intensos.
Apesar das
manifestações e dos confrontos com policiais que fazem uso de gás lacrimogêneo
e balas de borracha, um interesseiro conhecido — os Estados Unidos — tem
demonstrado "afetos" pelo Quênia.
A nação considerada a
maior potência do mundo — com seus dias de poderio contados com a insurgência
de um mundo multipolar — sinalizou que o Quênia é um país aliado não OTAN. Mas
o que isso quer dizer?
·
Interesse militar
A sinalização dos EUA
de aproximação amigável do Quênia, declarado um país aliado não membro da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), traz à tona o que guia o
interesse do país norte-americano. Segundo Franco Alencastro, professor de
relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-RJ), "como aliados preferenciais da OTAN, isso permite o acesso do
Quênia à compra preferencial de material militar".
"Por exemplo […]
munições antitanque de urânio empobrecido, entre outros equipamentos militares
avançados", explica o especialista em entrevista ao Mundioka, podcast da
Sputnik Brasil.
De acordo com
Alencastro, o Quênia pode ser visto como um aliado tradicional dos EUA,
sobretudo a partir do final da Guerra Fria. E essa ligação foi fortalecida
durante alguns dos governos dos EUA no século XXI.
"[Como o de]
Barack Obama, cujo pai era justamente de origem queniana. O Obama visitou o
Quênia em 2015, foi aclamado pela população."
Outro fator, segundo
ele, foi a Guerra ao Terror, do ex-presidente George Bush (2001–2009),
precedida, antes do 11 de Setembro, por um ataque da Al-Qaeda (organização
terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) à Embaixada dos EUA em
Nairóbi, em 1998.
"[Isso] Fez com
que o Quênia fosse observado com muito interesse pelos Estados Unidos durante o
governo Bush, durante a Guerra ao Terror, e fosse considerado um parceiro nessa
atuação."
O professor explica
que o Quênia — assim como muitos outros países da África — é principalmente um
exportador de bens primários, vendendo produtos como chá, flores e petróleo,
mas que tem apresentado uma economia estável.
"Falando da parte
política: na economia, é um país mais estável do que a maioria dos outros
países africanos, que pode não parecer atualmente, com esses protestos, mas
isso é fruto de um cenário político mais estável no Quênia. Sem guerras, sem
grandes guerras civis e movimentações desse tipo."
Essa estabilidade,
segundo o pesquisador, "faz com que a economia do Quênia tenha crescido
bastante nos últimos anos", com uma média de 5% na última década. Mas com
um porém, um aumento do endividamento, "que foi justamente para impulsionar
a economia com grandes obras, investimento em infraestrutura, e que neste
momento vem cobrando as consequências, porque o governo tem tido dificuldade de
equilibrar o orçamento".
Sobre a decisão do
presidente do Quênia de dissolver quase todo o governo, à exceção do ministro
das Relações Exteriores e do vice-presidente, Alencastro aponta que é uma
decisão que corrige rumos.
"Eu creio que ele
não demitiu também o ministro de Relações Exteriores para manter alguma
estabilidade no campo externo, principalmente aí no seu diálogo com a União
Africana, para garantir que a sua relação com os vizinhos continue da maneira
que vem seguindo. […] Mas no quadro interno, eu acho que [a mudança] se trata
bastante de uma resposta a uma extrema insatisfação da população."
¨ Bissau: "Declarações de Sissoco Embaló são prejudiciais à
democracia"
A relação entre o
Presidente da Guiné-Bissau e os jornalistas guineenses ganhou novos contornos,
após Umaro Sissoco Embaló ter afirmado que decretou um "boicote" ao sindicato da classe, que tinha apelado aos seus
associados para não cobrirem as atividades do Chefe de Estado.
Após as declarações
desta quinta-feira (18.07.) do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló,
fonte do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS) disse à DW que o órgão está a levar a sério o anúncio de
Embaló, adiantando que está prevista para este sábado (20.07) uma reunião dos
órgãos de comunicação social guineense para analisar a situação e tomar uma
posição.
Umaro Sissoco Embaló
acusa o SINJOTECS de estar caduco e diz ter decretado um "boicote"
aos jornalistas e ao seu sindicato, em resposta ao apelo que o órgão
representante da classe fez aos associados para boicotarem os eventos do Chefe
de Estado, que na semana passada soltou palavras insultuosas contra um
jornalista.
"Eu também
boicotei jornalistas. Já decretei boicote ao sindicato de jornalistas, que é um
órgão ilegal. Quem não está legal não pode falar, só estão a falar porque a
Procuradoria-Geral da República (PRG) não está a fazer o seu trabalho",
disse Embaló que acrescentou que a PGR e o Ministério da Comunicação Social
"devem acionar mecanismo contra esse órgão caduco."
<><> Ordem
à PRG e ao Governo
Em entrevista à DW, o
jurista Fodé Mané considera que estas declarações de Sissoco Embaló visam
transmitir um recado ao Executivo. Segundo Mané, ao dizer que o Governo deve
tomar medidas contra o Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da
Comunicação Social, o PR estaria a dar ordens no sentido
de o Executivo atuar contra o sindicato.
"Ele [Presidente
da República] pretende demonstrar que as pessoas que o desafiam devem pagar por
isso", afirmou Mané.
Para o jornalista
Bacar Camará, a atitude de Sissoco Embaló são prejudiciais à democracia e ao
Estado de Direito.
"Acho que o Chefe
de Estado devia potenciar a liberdade de imprensa e a democracia. [Mas] com
essa conduta, não ajuda para a consolidação da democracia e do Estado de
Direito. Aliás, o Presidente da República tem constantemente hostilizado a
imprensa, desde que assumiu a presidência do país", observou.
O jurista Fodé Mané
não tem dúvidas de que as declarações do Chefe de Estado guineense também
revelam à musculação perante os jornalistas.
"É a continuação
e o aumento da sua agressividade contra os direitos fundamentais dos cidadãos,
principalmente dos que defendem ou que são vozes dos sem vozes, que são os
jornalistas", acrescenta.
<><>
Comportamento antigo
A antipatia de Umaro
Sissoco Embaló aos jornalistas e órgãos de comunicação social da Guiné-Bissau
não são de agora. Também enquanto primeiro-ministro, em 2017, Embaló desferiu
um duro ataque contra a imprensa nacional, ameaçando na altura contratar órgãos
internacionais para atuarem no lugar dos jornalistas guineense que considera
parciais e "sem preparação".
Desde que assumiu a
Presidência da Guiné-Bissau em 2020, registou-se dois ataques armados à rádio
privada Capital FM, encerramento das emissões de dezenas de
rádios por alegadamente não pagarem a
licença e ataques contra analistas políticos.
Em janeiro passado,
Sissoco Embaló ameaçou acabar com analistas políticos nas rádios do país e
acusou os jornalistas de serem da oposição.
Esses ataques levaram
o Sindicato dos Jornalistas e Técnicos de Comunicação Social a realizar uma
vigília em Bissau para pedir que Umaro Sissoco Embaló os "deixe
trabalhar". Na ocasião, a presidente do SINJOTECS, Indira Correia Baldé,
apelou também à intervenção do Chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de
Sousa, para sensibilizar o seu homólogo guineense sobre a forma de relacionar
com a imprensa.
O jornalista Bacar
Camará não vê solução para o problema.
"Eu acho que o
Presidente não vai parar, vai continuar com os seus ataques à imprensa,
sobretudo contra os jornalistas que estão a fazer a informação com total
liberdade e independência. O Presidente não quer que lhe seja colocada questões
que não são da sua conveniência ou não quer responder e, entretanto, o
Presidente obriga a imprensa a colocar-lhe perguntas que lhe apetece. Sendo
assim, naturalmente a confrontação vai continuar", concluiu.
¨ Turquia enviará Marinha à Somália após concordar com busca de
petróleo e gás
A Turquia deve enviar
apoio naval às águas somalis depois que os dois países concordaram com a
exploração ao largo da costa da Somália para procurar petróleo e gás.
O presidente Recep
Tayyip Erdogan apresentou uma moção ao Parlamento na sexta-feira (19) à noite,
buscando autorização para o envio de militares turcos para a Somália, incluindo
para as águas territoriais do país, relata a Reuters.
A medida ocorreu um
dia após o Ministério da Energia turco anunciar que a Ancara enviará um navio
de exploração à costa da Somália no final deste ano para procurar petróleo e
gás como parte de um acordo de cooperação em hidrocarbonetos entre os dois países.
No início deste ano,
Mogadíscio e Ancara assinaram um acordo de cooperação econômica e de defesa
durante a visita do ministro da Defesa somali à capital turca.
A Turquia se tornou
uma aliada próxima do governo somali nos últimos anos. Ancara construiu
escolas, hospitais e infraestrutura e forneceu bolsas de estudo para somalis
estudarem na Turquia.
¨ Moldávia se tornou centro logístico para aviões de guerra
ocidentais, diz ex-premiê
A Moldávia se tornou
um centro logístico para aeronaves militares ocidentais, disse Ion Chicu, líder
do partido PDCM e ex-primeiro-ministro do país, expressando preocupação com uma
possível transferência de carga letal através do país do Leste Europeu.
O ex-premiê disse que
o país deve evitar ser arrastado para um conflito militar. Os moldavos devem
enviar um sinal claro ao governo de que transformar seu país em "um campo
de batalha entre o Ocidente e o Oriente" é inaceitável, afirmou.
"Hoje, a Moldávia
se tornou um centro logístico para transporte por aeronaves militares. Há fotos
de transporte terrestre e aeronaves militares. Como cidadão, como pai, estou
preocupado com tudo o que está acontecendo", disse Chicu à emissora Rlive.
Chisinau planeja
aumentar seus gastos com defesa para 1% do PIB do país até 2030, de acordo com
a Estratégia de Segurança Nacional para 2024-2034, aprovada pelo governo no
início desta semana.
A Constituição moldava
contém uma cláusula neutra, no entanto, o país tem cooperado com a Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) desde 1994 dentro da estrutura de um plano
de parceria individual.
Quando o Partido de
Ação e Solidariedade do presidente moldavo Maia Sandu chegou ao poder, Chisinau
começou a realizar exercícios frequentes com a participação de militares dos
Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Romênia.
¨ EUA alimentam tensões e anunciam que vão reabastecer navio
disputado por Filipinas e China
Na sexta-feira (19), o
conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, declarou que
os Estados Unidos "farão o que for necessário" para garantir que as
Filipinas consigam reabastecer o navio encalhado no recife Second Thomas Shoal,
o qual Manila usa para reforçar suas reivindicações sobre o atol.
Discursando na
conferência do Fórum de Segurança de Aspen, no Colorado, Sullivan afirmou que
os EUA deixaram claro para a China que seu tratado de defesa mútua com as
Filipinas se aplica ao Sierra Madre, o navio de guerra que Manila encalhou em
1999 no recife para reforçar as reivindicações no mar do Sul da China.
"O mais
importante agora é ver a redução da tensão e verificar a capacidade das
Filipinas de fazer reabastecimentos", disse o conselheiro, citado pela
Reuters.
A mídia também afirma
que pilotos filipinos estão participando pela primeira vez de jogos de guerra
multinacionais no exterior, os jogos de guerra Pitch Black, envolvendo 20
países indo-pacíficos e europeus em uma vasta área do norte da Austrália.
As Filipinas trouxeram
quatro de seus 12 caças FA-50 fabricados na Coreia do Sul para os jogos e estão
avaliando as capacidades de caças mais avançados para seu programa de
modernização, disse o comandante do contingente, coronel Randy Pascua, à
Reuters em Darwin.
Pascua afirmou que a
Força Aérea fipilina precisa fechar uma "grande lacuna tecnológica" à
medida que moderniza seus caças, incluindo as habilidades dos pilotos de
içamento.
"Se tivermos que
adquirir mais de 20 caças multifuncionais, realmente precisamos nos esforçar.
Estamos aqui para treinar e aprimorar nossa capacidade operacional porque
perdemos capacidade de defesa aérea por décadas", acrescentou.
Ainda de acordo com a
mídia, os exercícios estão consumindo um milhão de litros de combustível de
aviação por dia, enquanto caças dos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália,
Cingapura, Japão e Coreia do Sul, entre outros, testam táticas e habilidades de
guerra, disseram os organizadores.
A Força Aérea das
Filipinas está focada na conscientização do domínio marítimo em operações
conjuntas com a Marinha, e Manila está construindo suas defesas aéreas em meio
a tensões com Pequim.
Manila e Pequim travam
um confronto no disputado mar do Sul da China e seus encontros ficaram mais
tensos à medida que os dois lados pressionam suas reivindicações marítimas
sobre a região.
Fonte: Sputnik Brasil/Deutsche
Welle
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