quinta-feira, 4 de julho de 2024

Veja quais alimentos ultraprocessados podem encurtar sua vida, segundo estudo

Comer níveis mais altos de alimentos ultraprocessados pode encurtar a expectativa de vida em mais de 10%, de acordo com um novo estudo realizado com mais de 500 mil pessoas acompanhadas por pesquisadores por quase três décadas. O trabalho ainda não foi publicado.

O risco aumentou para 15% nos homens e 14% nas mulheres após os dados serem ajustados, segundo Erikka Loftfield, autora principal do estudo e investigadora do Instituto Nacional do Câncer em Bethesda, Maryland.

Perguntadas sobre o consumo de 124 alimentos, as pessoas no percentil 90 mais alto de consumo de alimentos ultraprocessados disseram que bebidas excessivamente processadas lideravam sua lista.

“Refrigerantes diet foram os principais contribuintes para o consumo de alimentos ultraprocessados. O segundo foram os refrigerantes açucarados”, afirma Loftfield. “As bebidas são um componente muito importante da dieta e contribuem significativamente para os alimentos ultraprocessados.”

Grãos refinados, como pães e produtos de panificação ultraprocessados, ficaram em segundo lugar em popularidade, revelou o estudo.

“Este é mais um grande estudo de coorte de longa duração confirmando a associação entre o consumo de UPF (alimentos ultraprocessados) e a mortalidade por todas as causas, particularmente por doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2”, explica Carlos Monteiro, professor emérito de nutrição e saúde pública da Universidade de São Paulo, em um e-mail.

Monteiro cunhou o termo alimentos ultraprocessados e criou o sistema de classificação de alimentos NOVA, que vai além dos nutrientes para considerar como os alimentos são feitos. Monteiro não participou do estudo, mas vários membros do sistema de classificação NOVA foram coautores.

O sistema de classificação NOVA categoriza os alimentos desde os não processados ou minimamente processados — alimentos integrais, como frutas e vegetais — até os ultraprocessados, como carnes frias e salsichas. Os alimentos ultraprocessados contêm ingredientes “nunca ou raramente usados em cozinhas, ou classes de aditivos cuja função é tornar o produto final palatável ou mais atraente”, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

A lista de aditivos inclui conservantes para resistir a mofo e bactérias; emulsificantes para impedir que ingredientes incompatíveis se separem; corantes e tinturas artificiais; agentes antiespumantes, de volume, branqueadores, gelificantes e de revestimento; e açúcares, sais e gorduras adicionados ou alterados, projetados para tornar os alimentos apetitosos.

•           Riscos à saúde associados a carnes processadas e refrigerantes

O estudo preliminar, apresentado no domingo na reunião anual da Sociedade Americana de Nutrição em Chicago, analisou dados dietéticos coletados em 1995 de quase 541 mil americanos com idades entre 50 e 71 anos que participavam do Estudo de Dieta e Saúde do NIH-AARP, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA.

Os pesquisadores ligaram os dados dietéticos às taxas de mortalidade ao longo dos 20 a 30 anos seguintes. Em comparação com aqueles no menor percentual de consumo de alimentos ultraprocessados, as pessoas que consumiam mais alimentos excessivamente processados tinham maior probabilidade de morrer de doenças cardíacas ou diabetes, de acordo com o estudo. No entanto, ao contrário de outros estudos, os pesquisadores não encontraram aumento na mortalidade relacionada ao câncer.

Alguns alimentos ultraprocessados apresentaram mais risco do que outros, segundo Loftfield: “Carnes altamente processadas e refrigerantes foram alguns dos subgrupos de alimentos ultraprocessados mais fortemente associados ao risco de mortalidade.”

Bebidas diet são consideradas alimentos ultraprocessados porque contêm adoçantes artificiais como aspartame, acessulfame de potássio e estévia, além de aditivos adicionais não encontrados em alimentos integrais. As bebidas dietéticas têm sido associadas a um maior risco de morte precoce por doenças cardiovasculares, bem como ao surgimento de demência, diabetes tipo 2, obesidade, derrame e síndrome metabólica, que pode levar a doenças cardíacas e diabetes.

As Diretrizes Dietéticas para Americanos já recomendam limitar o consumo de bebidas adoçadas com açúcar, que têm sido associadas à morte prematura e ao desenvolvimento de doenças crônicas. Um estudo de março de 2019 descobriu que mulheres que bebiam mais de duas porções diárias de bebidas açucaradas — definidas como um copo, garrafa ou lata padrão — tinham um aumento de 63% no risco de morte prematura em comparação com mulheres que as bebiam menos de uma vez por mês. Homens que faziam o mesmo tinham um aumento de 29% no risco.

Carnes processadas, como bacon, cachorros-quentes, salsichas, presunto, carne enlatada, jerky e carnes frias, também não são recomendadas; estudos associaram carnes vermelhas e processadas a cânceres de intestino e estômago, doenças cardíacas, diabetes e morte precoce por qualquer causa.

“A evidência deste novo estudo indica que a carne processada pode ser um dos alimentos mais prejudiciais à saúde, mas as pessoas tendem a não considerar presunto ou nuggets de frango como UPF (alimento ultraprocessado)”, afirma Rosie Green, professora de meio ambiente, alimentos e saúde na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, em um comunicado. Ela não participou do estudo.

O estudo descobriu que as pessoas que consumiam mais alimentos ultraprocessados eram mais jovens e mais pesadas, e tinham uma qualidade geral de dieta pior do que aquelas que consumiam menos alimentos ultraprocessados. No entanto, o aumento do risco à saúde não pôde ser explicado por essas diferenças, pois mesmo pessoas com peso normal e dietas melhores também estavam em risco de morte precoce por alimentos ultraprocessados, concluiu o estudo.

•           Os resultados podem subestimar o risco

Uma limitação importante do estudo foi que os dados dietéticos foram coletados apenas uma vez, há cerca de 30 anos, segundo Green: “É difícil dizer como os hábitos alimentares podem ter mudado entre então e agora.”

A fabricação de alimentos ultraprocessados explodiu desde meados da década de 1990, com estimativas de que quase 60% das calorias diárias do americano médio vêm de alimentos ultraprocessados. Isso não é surpreendente, considerando que até 70% dos alimentos em qualquer supermercado podem ser ultraprocessados.

“Se algo, provavelmente estamos subestimando o consumo de alimentos ultraprocessados em nosso estudo porque estamos sendo muito conservadores”, afirma Loftfield. “A ingestão provavelmente só aumentou ao longo dos anos.”

Na verdade, um estudo publicado em maio que encontrou resultados semelhantes — um risco maior de morte prematura e morte por doenças cardiovasculares em mais de 100.000 profissionais de saúde que consumiam alimentos ultraprocessados — avaliou a ingestão de alimentos ultraprocessados a cada quatro anos e descobriu que o consumo dobrou entre meados da década de 1980 e 2018.

“Por exemplo, a ingestão diária de lanches salgados embalados e sobremesas à base de laticínios, como sorvete, essencialmente dobrou desde os anos 90”, explica o autor principal do estudo de maio, Mingyang Song, professor associado de epidemiologia clínica e nutrição na Escola de Saúde Pública TH Chan da Universidade de Harvard.

“Em nosso estudo, assim como neste novo, a associação positiva foi principalmente impulsionada por alguns subgrupos, incluindo carne processada e bebidas adoçadas com açúcar ou artificialmente adoçadas”, acrescenta Song. “No entanto, todas as categorias de alimentos ultraprocessados estavam associadas a um risco aumentado.”

Escolher mais alimentos minimamente processados é uma maneira de limitar os alimentos ultraprocessados na dieta, sugere Loftfield.

“Devemos realmente nos concentrar em comer dietas ricas em alimentos integrais”, afirma. “E se o alimento for ultraprocessado, então veja os níveis de sódio e açúcares adicionados e tente tomar a melhor decisão possível usando a tabela de informações nutricionais.”

 

•           Cientistas desenvolvem nanorrobôs que podem “matar” células cancerígenas

Pesquisadores suecos desenvolveram nanorrobôs – robôs muito pequenos, desenvolvidos em dimensões nanométricas – capazes de matar células cancerígenas e reduzir o crescimento de tumores em camundongos. O estudo com os resultados do experimento foram publicados na segunda-feira (1) na revista Nature Nanotechnology.

Os nanorrobôs foram criados por pesquisadores do Karolinska Institutet, localizado em Estocolmo, na Suécia. A “arma letal” dos aparelhos está escondida em uma nanoestrutura e é exposta somente no microambiente do tumor, evitando que células saudáveis sejam destruídas erroneamente.

O grupo de cientistas já tinham desenvolvido, anteriormente, estruturas que podem organizar os chamados “receptores de morte” na superfície das células, levando à morte celular. Essas estruturas levam seis peptídeos (cadeias de aminoácidos) montados em um padrão hexagonal.

“Este nanopadrão hexagonal de peptídeos se torna uma arma letal”, explica Björn Högberg, professor do Departamento de Bioquímica Médica e Biofísica da Karolinska Institutet e líder do estudo, em comunicado. “Se você o administrasse como um medicamento, ele começaria a matar células no corpo indiscriminadamente, o que não seria bom. Para contornar esse problema, escondemos a arma em uma nanoestrutura construída a partir de DNA.”

A técnica de construir estruturas em nanoescala usando DNA é chamada de “origami de DNA” e é alvo de pesquisas da equipe de Högberg há anos. Agora, os pesquisadores usaram a técnica para criar uma espécie de “interruptor de segurança”, que é ativado ao encontrar células cancerígenas.

“Conseguimos esconder a arma de tal forma que ela só pode ser exposta no ambiente encontrado dentro e ao redor de um tumor sólido”, explica o professor. “Isso significa que criamos um tipo de nanorrobô que pode mirar e matar especificamente células cancerígenas”, completa.

A “arma letal” do nanorrobô é ativada pelo pH baixo, característico do microambiente que envolve as células cancerígenas. Em análises realizadas em tubos de ensaio, os pesquisadores conseguiram mostrar que a arma peptídica fica escondida dentro da nanoestrutura quando está em um pH normal de 7,4. Porém, ela é ativada quando o pH cai para 6,5, matando as células danificadas.

•           Redução de 70% do câncer de mama com o uso de nanorrobôs

Os pesquisadores testaram a ação do nanorrobô em camundongos com câncer de mama. Segundo o estudo, a ferramenta reduziu em 70% o crescimento do tumor em comparação com roedores que receberam uma versão inativa do nanorrobô.

“Agora precisamos investigar se isso funciona em modelos de câncer mais avançados que se assemelham mais à doença humana real”, diz o primeiro autor do estudo, Yang Wang, pesquisador do Departamento de Bioquímica Médica e Biofísica do Karolinska Institutet. “Também precisamos descobrir quais efeitos colaterais o método tem antes que ele possa ser testado em humanos”, acrescenta.

O próximo passo dos pesquisadores é investigar se é possível tornar o nanorrobô mais direcionado, colocando proteínas ou peptídeos em sua superfície que se ligam especificamente a certos tipos de câncer. Além disso, eles afirmam que a invenção será patenteada.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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