Títulos da
dívida argentina caem, enquanto risco-país aumenta e diferença cambial se
amplia
Os
títulos e ações argentinos no mercado local recuaram 1,7%, com queda de 4,5%
dos títulos em dólares, enquanto o risco-país superou os 1,5 mil pontos básicos
e a diferença cambial entre a cotação do dólar no mercado oficial e a dos
mercados informais ultrapassou 50%.
O
Mercado de Valores de Buenos Aires (Merval) registrou nesta segunda-feira (1º)
uma contração de 1,4%, com os títulos em dólares caindo 4,5%.
Os
mercados financeiros reagiram de forma negativa à "segunda etapa de
estabilização" anunciada na última sexta-feira (28) pelo ministro da
Economia, Luis Caputo, e pelo presidente do Banco Central (BCRA), Santiago
Bausili, que visa transferência da dívida desta última entidade para o Tesouro,
sob a órbita do Palácio da Fazenda.
Apesar
de Caputo atribuir a medida a uma tentativa de "reduzir a ansiedade pela
saída do controle cambial", em alusão às restrições cambiais que impedem a
livre entrada ou saída de dólares do país, a cotação da moeda estrangeira no
mercado oficial e informal superou os 1.400 pesos (R$ 8,67).
O
valor representa uma alta de 2,93% no decorrer do dia, levando a diferença
cambial com o dólar cotado no mercado formal a superar 53%.
Simultaneamente,
o risco-país aumentou 3,43%, alcançando 1.506 pontos básicos. Caputo confirmou
na última sexta-feira que a desvalorização do peso argentino no mercado oficial
continuará sendo de 2% ao mês, enquanto mantém o objetivo de eliminar a emissão
monetária.
O
Banco Central tem enfrentado dificuldades para comprar dólares nas últimas
semanas, e em junho fechou pela primeira vez com saldo negativo na acumulação
de reservas de US$ 84 milhões (R$ 475,1 milhões).
Enquanto
isso, o governo do presidente Javier Milei impulsiona um plano de ajuste
inédito para alcançar superávit fiscal e reduzir a inflação, o que levou a uma
redução abrupta dos gastos públicos e a uma liquidação das receitas, provocando
uma recessão na economia.
¨
Milei anuncia ‘emissão zero’
O
Plano Real faz aniversário de 30 anos no Brasil, mas quem ganhou um presente foi a
Argentina que anuncia uma emissão zero de pesos. Javier Milei, presidente
argentino, anunciou a segunda etapa do seu plano monetário para o país dos
hermanos.
Enquanto
que no Brasil, há três décadas, o cruzeiro real estourava em uma hiperinflação
e dava lugar ao real, hoje na Argentina, Milei anuncia a segunda parte do seu
plano para batalhar contra o mesmo problema.
Em entrevista, Javier Milei
antecipou que, após a consolidação fiscal, entrará na “etapa da emissão zero”.
Ou seja, agora vem a mudança do regime monetário. “Basicamente, nosso objetivo
é que o que se denomina base monetária ampla não varie mais”, disse.
O
plano segue a segunda fase do programa de estabilização econômica do país. Após
consolidar o objetivo de eliminar o déficit fiscal, a nova meta é alcançar a
“emissão zero”.
Milei
enfatiza que essa medida é frequentemente mal compreendida por analistas
econômicos. Mesmo aqueles com formação avançada, o que ele atribui a uma
mistura de ignorância e má-fé.
<><>
O “Plano Real argentino”
A
“emissão zero” significa que a base monetária ampla, que inclui tanto a base
monetária comum quanto os passivos remunerados, permanecerá constante.
Historicamente, a base monetária na Argentina girava em torno de 9% a 10% do
PIB no início do século XXI.
Atualmente,
a base monetária simples está em 2,8% do PIB, um nível que Milei considera
alarmante e típico de uma pré-hiperinflação. Portanto, ao incluir os passivos
remunerados, este valor sobe para cerca de 6% a 7% do PIB.
A
ideia central da emissão zero é manter a base monetária ampla constante
enquanto se ajusta a composição entre a base monetária tradicional e os
passivos remunerados.
À
medida que a demanda por dinheiro aumenta, impulsionada por uma queda na taxa
de inflação e na taxa de juros nominal, as pessoas tendem a buscar mais
dinheiro físico nos bancos, explica Milei.
Com
uma demanda crescente por dinheiro, os bancos recorrem ao banco central para
resgatar os passivos remunerados. Desse modo, resultando em um aumento na base
monetária tradicional.
Esse
processo continuará até que a base monetária tradicional se iguale à base
monetária ampla, eliminando todos os passivos remunerados. Essa transição,
descrita por Milei como “virtuosa”, visa estabilizar a economia sem aumentar a
oferta monetária total, combatendo a inflação de forma sustentável.
Milei
também aborda a marcha da inflação, atualmente com uma taxa de desvalorização
de 2% ao mês. Ele critica aqueles que pedem uma taxa de inflação maior,
destacando que esses analistas têm consistentemente errado em suas previsões.
·
Milei encerra taxação de 120% em cima de produtores do agro
O Banco Central da
Argentina (BCRA), sob gestão do governo de Javier Milei, agraciou os produtores
do agro nesta semana. Desse modo, o BCRA anunciou que
não irá renovar a circular que impõe um mínimo na taxa de financiamento sobre o
setor agro. A medida da gestão anterior, de Alberto Fernández, taxava o
financiamento bancário dos produtores que mantinham um estoque de soja superior
a 5% de sua produção.
A
regra, promulgada em setembro de 2022, expira no dia 30 deste mês. A taxação
estabelecia piso equivalente a 120% da alíquota da política monetária na
Argentina.
“Esta
decisão constitui mais um passo no caminho traçado pelo BCRA com vista à
normalização do funcionamento do sistema financeiro e à promoção do crédito
interno ao sector privado produtivo”, escreve o BC em comunicado.
Ainda
segundo o informe, a adaptação regulatória é mais do que um aceno isolado da
Argentina de Milei ao agro. Na realidade, complementa outras medidas como a
Comunicação A8043 de 13 de junho. Esta, por sua vez, flexibilizou os padrões de
crédito para o conjunto de entidades que se qualificam como Grandes Empresas
Exportadoras (GEE).
Na
ocasião, foram eliminadas as restrições ao financiamento em moeda estrangeira,
juntamente com outras ações mais flexíveis. A proposta de Milei é encorajar, e
estimular, os diversos setores privados do país,fazendo com que a “torneira” do
financiamento se fecha ao setor público, e acene ao setor privado.
“À
medida que o BCRA avança na recuperação da estabilidade macroeconómica, as suas
autoridades continuarão a avaliar opções para flexibilizar regulamentações
distorcidas e discriminatórias. A fim de facilitar o redirecionamento do
crédito bancário do sector público para o setor privado produtivo”, finaliza o
BCRA.
¨
Milei descarta cúpula
do Mercosul e confirma palestra em evento bolsonarista em Santa Catarina
Após
dizer que não via o porquê de pedir desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o líder argentino Javier Milei recusou o convite para estar presente na
cúpula do Mercosul, mas confirmou presença no evento promovido por políticos
bolsonaristas em Santa Catarina.
Na
segunda-feira (1º), o porta-voz presidencial argentino Manuel Adorni anunciou
em coletiva de imprensa que Milei não vai à cúpula do Mercosul que acontece em
Assunção, no Paraguai, no dia 8 de julho.
"O
presidente, por questões de agenda, não vai à cúpula do Mercosul como tinha
previsto", afirmou Adorni, informando que a chanceler Diana Mondino
representará o líder no fórum semestral de presidentes do bloco composto por
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
O
anúncio de Adorni ocorreu depois que, na sexta-feira (28), Milei disse que não
devia desculpas a Lula, acrescentando que o petista tem o "ego
inflamado".
Diante
de especulações da imprensa de que, não comparecendo à cúpula, Milei evita um
encontro cara a cara com Lula no Paraguai, o porta-voz respondeu que o
presidente "jamais deixaria de participar de uma atividade por seus
próprios comentários", relatou o UOL.
No
entanto, Milei confirmou presença na CPAC, evento de extrema direita promovido
no Brasil e capitaneado por Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do
ex-presidente Jair Bolsonaro.
A
conferência, que terá como local Balneário Camboriú (SC), acontece apenas dois
dias antes da cúpula do Mercosul – dias 6 e 7 de julho – e terá diversos
palestrantes, como o próprio ex-presidente e Milei.
Lula
e Milei se cumprimentaram na Itália, disse o governo argentino. O porta-voz da
Casa Rosada afirmou que, na cúpula do G7, realizada há menos de duas semanas na
Europa, Milei "não falou com Lula em uma reunião bilateral, mas se
cumprimentaram como dois presidentes devem fazer. Nada mais dá para
dizer".
Quando
tomou posse em dezembro do ano passado, Milei convidou Jair Bolsonaro para o
evento e o colocou em assentos de destaque, ao lado de outros presidentes que
atenderam a cerimônia.
Durante
sua campanha, o presidente argentino chamou Lula de "corrupto" e
"comunista", além de ter emitido várias declarações ao criticar a
China e o Mercosul e prometendo a dolarização da Argentina.
¨
Bolívia convoca
embaixador argentino por declarações sobre tentativa fracassada de golpe de
Estado
A
Bolívia convocou o embaixador argentino em La Paz, Marcelo Adrián Massoni, para
expressar repúdio pelas reivindicações do governo da Argentina sobre a
tentativa fracassada de golpe de Estado no país na semana passada, o que Buenos
Aires definiu como "denúncia falsa".
"Informamos
ao povo boliviano e à comunidade internacional que foi decidido, como governo
do Estado Plurinacional da Bolívia, convocar o embaixador da República
Argentina para expressar nosso forte repúdio pelas declarações feitas pelo
gabinete do Presidente da República Argentina, Javier Milei", afirmou a
chanceler interina, María Nela Prada, em conferência de imprensa.
Prada
acrescentou que também telefonou para o seu embaixador na Argentina, Ramiro
Tapia, para consultas.
O
ex-presidente Evo Morales afirmou no último domingo (30) que as declarações do
governo de Luis Arce sobre uma tentativa de golpe militar na última semana são
falsas e solicitou uma investigação independente dos detalhes do incidente.
Antigos aliados, Arce e Morales se tornaram adversários ferrenhos.
Na
última quarta-feira (26), militares bolivianos liderados pelo general Juan José
Zúñiga bloquearam a Praça Murillo, onde ficam os prédios do governo em La Paz,
com veículos blindados e ainda exigiram a restauração da democracia, a
libertação de presos políticos e a nomeação de um novo governo.
Após
derrubar a porta do palácio presidencial, Zúñiga se encontrou com Arce, que
ordenou que os soldados se retirassem. Em resposta à desobediência, o
presidente nomeou uma nova liderança militar, que ordenou aos rebeldes que
deixassem a praça na capital.
O
presidente da Bolívia respondeu a Morales e pediu que o adversário não
cometesse erros de julgamento e aceitasse os fatos.
¨
Evo Morales diz que
declarações do presidente sobre tentativa de golpe militar são falsas
O
ex-presidente Evo Morales afirmou que as declarações do governo de Luis Arce
sobre uma tentativa de golpe militar na última semana são falsas e solicitou
uma investigação independente de todos os detalhes do incidente neste domingo
(30). Antigos aliados, Arce e Morales se tornaram adversários ferrenhos.
"O
presidente Luis Arce enganou e mentiu para o povo boliviano e para o mundo
inteiro. Infelizmente, um tema tão delicado como um golpe está sendo usado.
Nessas circunstâncias, devo pedir desculpas à comunidade internacional pela
preocupação causada e agradecer-lhes pela solidariedade com nosso país. É
importante que uma investigação completa e independente demonstre a verdade
desse fato", publicou Morales em sua conta no X.
Na
última quarta-feira (26), militares bolivianos liderados pelo general Juan José
Suniga bloquearam a Praça Murillo, onde ficam os prédios do governo em La Paz,
com veículos blindados e ainda exigiram a restauração da democracia, a
libertação de presos políticos e a nomeação de um novo governo.
Após
derrubarem a porta do palácio presidencial com um veículo blindado, o
presidente Luis Arce se encontrou com Suniga e ordenou que os soldados se
retirassem. Em resposta à desobediência, o presidente nomeou uma nova liderança
militar, que ordenou aos rebeldes que deixassem a praça na capital.
O
presidente da Bolívia respondeu a Morales e pediu que o adversário não
cometesse erros de julgamento e aceitasse os fatos.
"Evo
Morales, não erre novamente! É evidente que o que aconteceu em 26 de junho foi
uma tentativa frustrada de golpe militar na Bolívia. Não se alinhe com o
fascismo que nega o que aconteceu! Os culpados que tentaram tomar o poder pela
força das armas serão responsabilizados e enfrentarão julgamento, assim como os
instigadores do golpe de Estado de 2019. Memória, verdade e justiça",
declarou Arce também no X.
Segundo
o ministro do Interior, Carlos Eduardo del Castillo, as ações dos rebeldes eram
planejadas desde maio, conforme testemunhos e dados obtidos durante a
investigação.
Entre
os detidos pelos organizadores da preparação e planejamento do golpe, além de
Suniga, estão o vice-almirante e ex-comandante da Marinha, Juan Arnes Salvador,
o sociólogo e especialista em gestão estratégica Aníbal Aguilar Gomes, e o
cidadão Juan Mario Paulsen Sandino. Atualmente, 21 pessoas estão sob custódia.
¨
Venezuela e EUA
retomarão diálogo na próxima semana, afirma Maduro
O
presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta segunda-feira (1º) que
no dia 10 de julho as delegações do seu governo e dos Estados Unidos retomarão
as conversações com o objetivo de cumprir os acordos assinados no Catar entre
as partes.
"Aceitei
a proposta do governo dos Estados Unidos de retomar o diálogo, ele será
retomado na quarta-feira (10). Lá estarão Jorge Rodríguez Gómez, chefe da
comissão de diálogo nacional, e Héctor Rodríguez Castro, que representarão a
Venezuela nesse diálogo", disse o presidente venezuelano em seu programa
de televisão Com Maduro +, transmitido pela TV estatal venezuelana.
Maduro
acrescentou que recebeu "durante dois meses" a proposta do governo
dos EUA para restabelecer as conversações.
A
este respeito, o presidente destacou que após avaliar o referido pedido,
aceitou, com o objetivo de fazer cumprir o que foi acordado no Catar com o
governo de Joe Biden.
"Vamos
debater e procurar novos acordos para que se cumpra o que foi assinado no
Catar, quero diálogo, quero entendimento, quero um futuro para as nossas
relações, quero mudanças, claro, sob a soberania e independência absoluta da
Venezuela. A Venezuela deve ser respeitada", disse.
Em
meados de abril, o governo denunciou em comunicado oficial o não cumprimento
dos acordos de Doha, assinados entre a Venezuela e os Estados Unidos em 2023,
que estabeleceram o cancelamento das sanções impostas pelo governo Biden ao
país sul-americano.
Fonte:
Sputnik Brasil/Bloctrends
Nenhum comentário:
Postar um comentário