sexta-feira, 5 de julho de 2024

 

Por que Grécia autorizou semana de trabalho de 6 dias, na contramão da tendência mundial

A Grécia acabou de introduzir a semana de trabalho de seis dias para determinados setores, numa tentativa de impulsionar o crescimento econômico.

A nova legislação, que entrou em vigor no início de julho, permite que os funcionários trabalhem até 48 horas por semana, em vez de 40.

A política se aplica apenas a empresas que operam 24 horas por dia — e é opcional para os trabalhadores, que recebem um adicional de 40% pelas horas extras que fazem.

No entanto, a medida do governo grego está na contramão da cultura trabalhista em outras partes da Europa e dos EUA, onde as semanas de trabalho de quatro dias estão se tornando mais comuns.

As empresas que adotam o esquema de semanas mais curtas costumam argumentar que trabalhar menos horas aumenta, na verdade, a produtividade e o bem-estar dos funcionários.

A expectativa é de que a política da Grécia de semanas de trabalho de seis dias ajude a combater o trabalho não declarado que leva à evasão fiscal, segundo a emissora pública grega ERTNews.

As empresas do setor de turismo e da indústria alimentar não estão incluídas na nova política.

•           Uma política 'voltada ao crescimento'

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, disse que "o núcleo desta legislação é favorável aos trabalhadores e está profundamente voltado ao crescimento", segundo o jornal britânico The Guardian.

"E equipara a Grécia com o resto da Europa", acrescentou.

A "diretriz de tempo de trabalho" da União Europeia exige que os Estados membros garantam um limite de 48 horas para a jornada de trabalho semanal, incluindo horas extras.

Uma porta-voz do Ministério do Trabalho e Segurança Social da Grécia explicou que a política se aplica a "dois tipos específicos de empresas":

- Empresas que operam continuamente, 24 horas por dia, sete dias por semana, em turnos rotativos;

- E negócios que funcionam 24 horas por dia, cinco ou seis dias por semana, também com turnos rotativos.

"Em ambos os casos, a opção de jornada extra é uma medida excepcional, permitida apenas em resposta ao aumento da carga de trabalho", disse a porta-voz à BBC.

"É importante notar que esta medida não afeta de forma alguma a semana de trabalho de cinco dias estabelecida por lei. Em vez disso, serve para atender demandas operacionais urgentes que não podem ser atendidas por meio da oferta disponível de trabalhadores especializados."

O governo grego acrescentou que as novas regulamentações também protegeriam os trabalhadores contra "trabalho não declarado ou insuficientemente declarado, e garantiriam uma compensação justa".

•           Na contramão da tendência mundial

Mas quando se trata de semanas de trabalho, a Grécia parece estar avançando na direção oposta de outras nações.

Desde a pandemia de covid-19, as empresas têm adotado modelos de trabalho flexíveis, e muitas testaram semanas de quatro dias, sem perda salarial.

Na Islândia, o teste da semana de quatro dias foi considerado um "sucesso arrebatador", e levou muitos trabalhadores a optar por jornadas mais curtas, segundo os pesquisadores, que afirmaram que a produtividade permaneceu a mesma ou melhorou na maioria dos locais de trabalho.

Experimentos semelhantes foram realizados em diferentes países do mundo desenvolvido, tanto por iniciativa dos governos, quanto por parte das empresas.

A Grécia está tentando impulsionar seu crescimento econômico, após um longo período de graves dificuldades.

A crise financeira mundial do fim da década de 2000 teve um efeito devastador nas famílias gregas, num país com gasto público elevado e evasão fiscal generalizada.

Como consequência da crise, a nação europeia se viu mergulhada em dívidas.

Nos últimos anos, a Grécia voltou a crescer, depois que a crise obrigou o país a pedir três pacotes de resgate internacional.

 

•           Por que o Japão só vai parar de usar disquetes em 2024

Demorou, mas o Japão finalmente disse adeus aos disquetes.

Até o mês passado, ainda se exigia que pessoas enviassem documentos ao governo usando dispositivos de armazenamento ultrapassados, com mais de mil regulamentações exigindo seu uso.

Mas estas regras foram finalmente eliminadas, segundo o ministro de Assuntos Digitais, Taro Kono.

Em 2021, Kono "declarou guerra" aos disquetes. E, na quarta-feira (3/7), quase três anos depois, ele anunciou: "Vencemos a guerra contra os disquetes!"

Kano estabeleceu como meta eliminar a tecnologia obsoleta desde que foi nomeado para o cargo. Ele também havia dito anteriormente que iria "se livrar do aparelho de fax".

Outrora visto como uma potência tecnológica, o Japão ficou para trás na onda global de transformação digital dos últimos anos, devido a uma profunda resistência à mudança.

Por exemplo, os locais de trabalho continuaram favorecendo os aparelhos de fax em vez dos e-mails — planos anteriores para remover estes aparelhos dos escritórios públicos foram cancelados devido à resistência.

O anúncio foi amplamente discutido nas redes sociais japonesas — um usuário do X (antigo Twitter) chamou os disquetes de "símbolo de uma gestão anacrônica".

"O governo ainda usa disquetes? Isso é tão ultrapassado... Acho que está cheio de pessoas idosas", dizia outro comentário no X.

Outras postagens foram mais nostálgicas.

"Me pergunto se os disquetes vão começar a aparecer em sites de leilão", escreveu um usuário.

Criados na década de 1960, os dispositivos quadrados saíram de moda na década de 1990, à medida que soluções de armazenamento mais eficientes foram criadas.

Um disquete de 3,5 polegadas (3 ½) é capaz de armazenar até 1,44 MB de dados. Seriam necessário mais de 22 mil destes discos para replicar um pendrive que armazena 32 GB de informação.

A Sony, última fabricante de disquetes, encerrou sua produção em 2011.

Como parte da campanha tardia para digitalizar sua burocracia, o Japão lançou uma Agência Digital em setembro de 2021, liderada por Kono.

Mas as tentativas do Japão para se tornar digital podem não ser tão simples na prática.

Muitas empresas japonesas ainda exigem que os documentos oficiais sejam endossados com carimbos que equivalem a uma assinatura oficial, chamados hanko, apesar dos esforços do governo para eliminá-los gradualmente.

As pessoas estão desapegando destes carimbos muito lentamente, segundo o jornal local The Japan Times.

E só em 2019 que o último fornecedor de pager do país fechou seu negócio. O último assinante privado do serviço explicou que era o método de comunicação preferido da mãe idosa.

 

Fonte: Por Michael Race, repórter de negócios da BBC/BBC News

 

 

Nenhum comentário: