sexta-feira, 19 de julho de 2024

O que é pé diabético? Conheça sintomas, causas e tratamentos

O pé diabético é uma complicação que pode ocorrer em pessoas com diabetes não controlado e a condição pode levar à amputação dos membros inferiores se não for tratada adequadamente.

Essa condição é caracterizada por alterações nos pés como pele rachada, perda da sensibilidade, dormência e a mais grave de todas: o aparecimento de lesões que não cicatrizam. Estima-se que entre 40 a 80% dessas lesões podem resultar em perda do membro.

Os sintomas do pé diabético podem variar de acordo com a gravidade da doença. Os mais comuns são:

•        Formigamento ou dormência;

•        Queimação e dor nos pés, principalmente à noite;

•        Pele seca e rachada que pode sangrar;

•        Vermelhidão, palidez ou escurecimento da pele dos pés;

•        Feridas que não cicatrizam (demoram mais de quatro semanas para cicatrizar);

•        Presença de pus.

Os sintomas se iniciam de forma gradativa e o paciente pode ter mais de um deles.

“Para o diagnóstico, a recomendação é coletar a história clínica, descartar outras causas além do diabetes e usar ferramentas simples para avaliar sensibilidade da área”, explica Hermelinda Pedrosa, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), vice-Presidente do D-FOOT International e da International Diabetes Federation (IDF).

O tratamento depende da gravidade da doença e dos sintomas de cada paciente. Em geral, o tratamento inclui:

•        Controle do diabetes: é fundamental manter os níveis de glicose no sangue para prevenir o desenvolvimento e a progressão da condição;

•        Tratar as feridas:os ferimentos nos pés devem ser tratados por um profissional de saúde, que poderá utilizar curativos, antibióticos ou outros medicamentos;

•        Cirurgia: em alguns casos, pode ser necessária a cirurgia para remover tecido morto ou desviar o fluxo sanguíneo para os pés.

“O tratamento de uma pessoa com “pé diabético” exige um seguimento em equipe com foco interdisciplinar, pois o cuidado conjunto do médico clínico, endocrinologista, infectologista, cirurgião vascular, ortopedista e enfermagem é crucial”, acrescenta Hermelinda.

Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, cerca de 80% das amputações que ocorrem devido ao pé diabético podem ser prevenidas. Para isso, a identificação das pessoas em risco de ter úlceras (lesões) deve ser feita como uma política de prevenção em saúde.

“É importante que as pessoas com diabetes sejam avaliadas para neuropatia e doença arterial anualmente, por isso, se recomenda check up para avaliar os olhos, rins, coração e o cérebro. Muitos pacientes descobrem as complicações quando já estão com uma úlcera e elas não são simples feridas – requerem tratamento prontamente e adequado por uma equipe. Dessa forma, as amputações, que ocorrem entre 40 e 80% das pessoas com diabetes podem ser prevenidas”, acrescenta Hermelinda.

•        O que é diabetes e como prevenir o pé diabético

Dados da Sociedade Brasileira de Diabetes apontam que no Brasil existem mais de 13 milhões de pessoas que possuem diabetes, o que representa 6,9% da população.

O diabetes é causado pela produção insuficiente ou má absorção de insulina — o hormônio responsável por regular os níveis de glicose no sangue e quebrar essas moléculas transformando-as em energia.

A doença pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a diversas complicações no coração, artérias, olhos, rins e nervos.

Para prevenir o pé diabético, uma das complicações que o diabetes pode causar, o recomendado é manter o controle dos níveis de glicose no sangue.

“A prevenção se faz com o bom controle glicêmico, a avaliação do estado dos pés a cada consulta e a adoção de cuidados, como evitar sapatos apertados, não andar descalço e secar bem entre os dedos após o banho, para evitar micoses”, explica Ana Cristina Belsito, chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ).

 

•        Quais as complicações do pé diabético? Por Dr. Eduardo Araujo Pires

É importante que os pacientes com diabetes estejam cientes das complicações que podem surgir devido a essa condição crônica. Uma das preocupações mais comuns é o desenvolvimento do chamado “pé diabético”, que ocorre quando o diabetes não é bem controlado.

As complicações do pé diabético podem variar em gravidade e, se não forem tratadas adequadamente, podem resultar em danos nos tecidos, infecções graves e até mesmo a necessidade de amputação.

Estima-se que cerca de um quarto dos pacientes com diabetes desenvolvam úlceras nos pés, e 85% das amputações de membros inferiores ocorrem em pacientes com diabetes.

<><> Conheça as complicações mais comuns do pé diabético:

• Úlceras: As úlceras são feridas abertas que geralmente se formam na região plantar do pé ou na região dos dedos. Se não forem tratadas corretamente, podem se tornar profundas e infectadas, aumentando o risco de complicações graves.

• Infecções: Devido à circulação sanguínea comprometida, os pés de pessoas com diabetes têm dificuldade em combater infecções. Uma úlcera não tratada ou qualquer lesão nos pés pode criar uma porta de entrada para bactérias, resultando em infecções graves.

• Necrose: A necrose é a morte do tecido causada pela falta de suprimento sanguíneo adequado. No caso do pé diabético, a doença vascular periférica resultante do diabetes pode levar a uma redução do fluxo sanguíneo para os pés. A falta de oxigênio e nutrientes necessários para a sobrevivência das células resulta em necrose.

• Deformidades ósseas: A neuropatia diabética pode ser responsável por desencadear uma doença denominada Artropatia de Charcot. Esta doença gera várias fraturas nos pés, gerando muitas vezes deformidades grosseiras, responsáveis por criar áreas de hiperpressão na região plantar dos pés.

• Amputação: Em casos graves e avançados de pé diabético, a amputação pode ser necessária. Isso ocorre quando as complicações, como infecções graves ou gangrena, não podem ser controladas por outros meios de tratamento. A taxa de amputações de membros inferiores é considerada um indicador da qualidade dos cuidados preventivos do pé diabético.

>>>>> Sinais que podem ajudar a reconhecer um pé diabético

Reconhecer os sinais precoces é fundamental para iniciar o tratamento o mais cedo possível e prevenir complicações do pé diabético. A seguir, estão os sinais que podem indicar o problema:

<><> Dormência ou formigamento

A neuropatia diabética pode causar sensações anormais nos pés, como dormência, formigamento ou perda de sensibilidade. Isso pode dificultar a detecção de lesões ou feridas nos pés.

<><> Pele seca e rachada

A pele dos pés pode ficar excessivamente seca devido à falta de hidratação natural. Isso pode levar a rachaduras na pele, especialmente no calcanhar, o que aumenta o risco de infecções.

<><> Mudanças na cor da pele

A circulação sanguínea comprometida pode causar mudanças na cor da pele dos <><> pés. Eles podem ficar pálidos, avermelhados ou azulados.

Feridas que demoram a cicatrizar

Pequenos cortes, arranhões ou úlceras nos pés que não cicatrizam no período normal podem ser um sinal de pé diabético. Isso ocorre porque a circulação deficiente dificulta o processo de cicatrização.

<><> Calor excessivo ou ausência de calor

O pé afetado pode apresentar uma temperatura mais alta ou mais baixa em comparação com o pé saudável. Isso indica problemas de circulação sanguínea.

<><> Inchaço

Edema nos pés e tornozelos pode ocorrer devido à retenção de líquidos causada pela doença vascular periférica.

<><> Deformidades nos pés

A neuropatia diabética pode gerar a Artropatia de Charcot

<><> Dor ou sensibilidade

Embora a neuropatia possa diminuir a sensibilidade, algumas pessoas com pé diabético podem sentir dor ou desconforto nos pés, especialmente durante a caminhada.

<><> Aparecimento de calosidades

Calos ou calosidades podem se formar em áreas de pressão excessiva nos pés. Se não forem tratados adequadamente, podem levar ao desenvolvimento de úlceras.

<><> Mau odor

Infecções bacterianas nos pés podem causar um odor desagradável persistente.

Fatores de risco para complicações do pé diabético

O pé diabético é uma complicação comum em pessoas com diabetes, e existem alguns fatores de risco importantes a serem considerados. São eles:

1.       Controle inadequado do diabetes: Um dos principais fatores de risco é não manter o diabetes sob controle. Níveis elevados de açúcar no sangue podem causar danos nos nervos e nos vasos sanguíneos, aumentando as chances de desenvolver complicações.

2.       Neuropatia diabética: A neuropatia diabética é uma condição na qual os nervos são danificados devido ao diabetes. Ela pode afetar os nervos que fornecem sensibilidade aos pés, resultando em perda de sensação e diminuição da percepção da dor. Isso pode dificultar a detecção de feridas ou lesões nos pés.

3.       Doença vascular periférica: Pessoas com diabetes têm um maior risco de desenvolver doenças nos vasos sanguíneos, o que pode levar à má circulação nos pés. A falta de fluxo sanguíneo adequado reduz a capacidade do corpo de combater infecções e cicatrizar feridas, aumentando o risco de complicações.

4.       Histórico de úlceras nos pés: Se você teve úlceras nos pés no passado, o risco de desenvolver novas úlceras é maior. As úlceras podem ser um sinal de danos nos nervos ou problemas circulatórios e requerem cuidados especiais para prevenir recorrências.

5.       Calçados inadequados: Usar sapatos que não se ajustam corretamente ou que exercem pressão excessiva nos pés pode causar lesões e aumentar o risco de desenvolver úlceras. É importante usar calçados adequados, que ofereçam conforto, apoio e proteção para os pés.

6.       Tabagismo: Fumar prejudica a circulação sanguínea e aumenta o risco de complicações no pé diabético. Parar de fumar é essencial para melhorar a saúde dos pés e reduzir o risco de problemas graves.

7.       Obesidade: O excesso de peso coloca pressão adicional sobre os pés, aumentando o risco de danos nos tecidos e o desenvolvimento de complicações.

8.       Idade avançada: À medida que envelhecemos, a circulação sanguínea pode diminuir e a sensibilidade nos pés decair. Isso aumenta o risco de complicações do pé diabético.

Como prevenir amputações?

Prevenir amputações é fundamental, pois elas representam um impacto significativo na vida dos indivíduos, afetando sua mobilidade, independência e qualidade de vida de maneira geral.

A implementação de medidas de prevenção e a busca por informações adequadas são fundamentais para pacientes com pé diabético. Ao adotar cuidados regulares com os pés, controlar o diabetes, usar calçados adequados e buscar atendimento médico especializado, é possível identificar precocemente qualquer alteração nos pés, tratar problemas em estágios iniciais e prevenir complicações graves.

Além disso, a educação e o acesso a informações precisas sobre o pé diabético são igualmente importantes. O conhecimento sobre a condição ajuda os pacientes a entenderem a importância dos cuidados com os pés, a reconhecer os sinais de alerta e a tomar medidas preventivas para evitar complicações.

Ao estar bem-informado e adotar medidas preventivas, os pacientes podem ter maior controle sobre sua saúde, promovendo um melhor gerenciamento do pé diabético e, assim, alcançando uma melhor qualidade de vida.

Por que consultar um ortopedista especializado em pé diabético?

Ter um acompanhamento de um ortopedista é fundamental para pessoas com pé diabético. O ortopedista é um médico especializado no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças e lesões nos pés e tornozelos.

O conhecimento aprofundado da anatomia e biomecânica dessas estruturas os capacita a compreender as condições específicas que afetam pessoas com pé diabético, como neuropatia, deformidades ósseas, úlceras e infecções.

Um dos principais papéis do ortopedista é a prevenção de complicações relacionadas ao pé diabético. Além disso, eles oferecem estratégias para prevenir úlceras, infecções e lesões, monitorando a evolução do quadro e intervindo precocemente em caso de problemas.

O trabalho do ortopedista acontece em colaboração com outros profissionais de saúde, como endocrinologistas, enfermeiros especializados em feridas, podólogos e cirurgiões vasculares. Essa abordagem multidisciplinar garante um cuidado abrangente e integrado, visando atender a todas as necessidades dos pacientes com pé diabético de forma eficiente.

 

Fonte: CNN Brasil/Dr. Eduardo Pires

 

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