Jorge
Folena: O fascismo e a Lava Jato permanecem ativos no Brasil
A
operação Lava Jato é um braço do fascismo no Brasil e ambos estão a serviço do
imperialismo exploratório, que atua para manter o país submisso aos interesses
norte-americanos.
Eleitoralmente,
o fascismo foi derrotado nas urnas em 30 de outubro de 2022, com a vitória do
presidente Lula sobre o golpista-mor, que em duas oportunidades foi declarado
inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral, mas continua a atuar livremente,
inclusive participando do horário de propaganda partidária gratuita, pedindo
votos para seus candidatos que disputarão as eleições neste ano.
Passados
quase um ano e meio da intentona golpista de 8 de janeiro de 2023, o fascista
que liderou a tentativa de golpe de estado e todo o seu séquito sequer foram
processados criminalmente, o que deixa evidente a tolerância pacífica das
instituições políticas e da classe dominante em relação aos golpistas.
De
modo bem diferente, na tentativa de golpe de estado que ocorreu na Bolívia,
nesta última semana, em 26 de junho de 2024, todos os militares que lideraram o
ato criminoso foram presos em poucas horas; além disso, diversos fascistas de
extrema-direita que participaram do golpe de 2019 naquele país estão presos.
Porém,
no Brasil a extrema-direita é tratada com benevolência e, para alguns, seus
quadros são considerados até mesmo como “moderados”, como tem dito a mídia
corporativa em relação ao atual governador de São Paulo, cuja polícia segue
batendo recordes de violência e letalidade na repressão nos bairros das
periferias e acabou de entregar à Black Rock a principal empresa de saneamento
público, a SABESP.
Essa
suposta moderação também tem sido defendida por setores da classe empresarial e
do mercado financeiro, que protegem seu preposto sentado na cadeira de
dirigente do Banco Central, responsável por manter a política de juros altos
favorável aos rentistas, que sabota o projeto de desenvolvimento defendido pelo
governo do presidente Lula, que foi aprovado eleitoralmente em outubro de
2022.
Tudo
isto revela que o fascismo está ativo e entranhado na vida política, econômica
e social do Brasil. Tanto é que na sexta-feira, 28 de junho, a jornalista
Andréia Sadi, do G1, circulou a informação de que o Conselho Nacional de
Justiça teria determinado o retorno às
atividades de desembargadores federais do TRF da 4ª Região (com sede em Porto
Alegre) afastados por atuação na lava jato.
A
partir de investigação realizada pelo corregedor nacional de justiça, Luís
Felipe Salomão, o CNJ teria determinado o afastamento dos desembargadores
federais Thompson Flores e Loraci Flores, em razão do descumprimento de
diversas decisões do Supremo Tribunal Federa; isso é de extrema gravidade num
estado democrático de direito, mas os fascistas no último governo afirmavam que
iriam agir desse modo sempre que seus interesses fossem contrariados.
Segundo
a jornalista, a decisão que reabilitou os desembargadores teria sido motivada
pelas fortes chuvas que alagaram diversas áreas da cidade de Porto Alegre,
entre estas a sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região; e , por isso, o
tribunal precisaria contar com o “esforço de todos os seus membros”, inclusive
os desembargadores que estavam suspensos pela decisão do colegiado do CNJ, a
partir da confirmação da liminar do ministro Salomão, em que ficou vencida a
divergência apresentada pelo ministro Luís Roberto Barroso.
Sem
dúvida, o argumento ora apresentado pelo CNJ, caso confirmado, revela um
ilimitado grau de cinismo, típico das ações promovidas pelo fascismo, deixando
evidente para mim, que, ao contrário do que muitos afirmam, a lava jato está
longe de ser sepultada e se encontra mais ativa do que se possa imaginar, tendo
muitos representantes nos meios políticos, empresarial, de comunicação e em
todo o sistema de justiça.
Vamos
observar que tem sido comum juízes viajarem constantemente para os Estados
Unidos da América do Norte, a fim de participarem de cursos e palestras no
departamento de justiça daquele país, comparecendo também a eventos em
universidades com fortes ligações com os serviços de informação estadunidense.
Da
mesma forma, muitos militares na América Latina têm sido adestrados para
práticas golpistas em seus países pela Escola das Américas, do Departamento de
Defesa dos Estados Unidos, onde aprendem ações de “contra-insurgência
anticomunista”, atualmente situada no Fort Moore, em Columbus, Georgia. Nessa
escola, antes situada no Panamá (1946 a 1984), formaram-se milhares de
militares e policiais da América Latina, que serviram às ditaduras implantadas
no continente para favorecer os interesses norte-americanos.
Ao
determinar a retomada das atividades dos referidos desembargadores nas suas
funções, considero que a decisão do CNJ representou um desrespeito ao trabalho
desenvolvido pelo corregedor nacional de justiça, ministro Luís Felipe Salomão,
que praticamente deixou as suas funções nesta sexta-feira, 29 de junho, uma vez
que, a partir de 1º de julho terá início
o recesso das Cortes Superiores em Brasília e, a partir de 1º de agosto, quando
do retorno dos tribunais, ele não estará mais no CNJ, pois assumirá a vice-presidência
do STJ.
Seu
sucessor será o ministro Mauro Campbell Marques, oriundo dos quadros do
ministério público do Amazonas, que terá a importante missão de levar adiante o
trabalho desenvolvido até aqui para restaurar a dignidade do sistema de justiça
brasileiro, corroída pelos anos de ilegalidade, chantagens e abusos promovidos
pela lava jato.
Recordemos
que Sérgio Moro foi mantido no seu cargo de senador, mesmo o TSE tendo
jurisprudência que reconhece a prática de abuso de poder econômico, a exemplo
do que foi aplicado ao caso de uma ex-senadora, também ex-juíza no Estado do
Mato Grosso.
Porém,
quando chegou a hora de julgar Moro, o precedente não foi aplicado, sendo
mantido o senador pelo Paraná no seu atual cargo parlamentar, mesmo com a
demonstração da excessiva vantagem que teve em relação aos demais candidatos
que disputaram a eleição para o senado naquele estado da federação.
Diante
de tudo isto, resta claro que a Lava Jato, como extensão do fascismo no Brasil,
continua ativa; sendo assim, todos os que defendem a democracia devem ficar
atentos, pois a classe dominante brasileira não tem nenhum compromisso com o
estado democrático de direito e alimentar golpes constitui uma das suas
especialidades.
• Reabilitação dos desembargadores do
TRF-4 mostra o poder do lavajatismo. Por Joaquim de Carvalho
A
decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de revogar o afastamento dos
desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz e Loraci Flores de Lira
confirma a força do lavajatismo no Judiciário.
Foi
uma decisão tomada depois que o ministro Flávio Dino rejeitou o pedido dos dois
para serem reintegrados ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Thompson
Flores Lenz e |Loraci Flores tinham sido afastados por descumprirem decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF).
Juntamente
com o juiz Danilo Pereira Júnior, Thompson Flores Lenz e Flores de Lima
consideraram o juiz Eduardo Appio, então titular da 13ª Vara Federal de
Curitiba, suspeito e, com isso, anularam todas as decisões dele em processos da
Lava Jato.
Assim,
os processos que estavam suspensos por força de decisão de Appio foram
retomados, inclusive os casos de Rodrigo Tacla Duran e de Raul Schmidt.
Porém,
a suspensão desses processos atendia a uma decisão anterior, de Ricardo
Lewandowski, tomada na condição de ministro do Supremo Tribunal Federal. Na
prática, os três revogaram decisão da corte constitucional.
Lewandowski
havia considerado “imprestáveis” as provas obtidas por meio dos sistemas
eletrônicos da Odebrecht, que apresentavam indícios de fraude.
Os
desembargadores reintegrados são alvo de processo administrativo disciplinar,
no CNJ, e o argumento utilizado pelo relator Luiz Fernando Bandeira de Mello é,
no mínimo, curioso.
Bandeira
de Mello, que já ocupou vaga no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)
por indicação do senador Renan Calheiros,
invocou o “regime de contingência” vivido pelo TRF-4, por causa das
chuvas.
“É
notório que o retorno à normalidade das atividades do Poder Judiciário da
região dependerá do esforço de todos os membros, servidores e colaboradores do
TRF4, hipótese em que a ausência de dois desembargadores integrantes de uma
mesma turma criminal acarretará prejuízos à atividade judicante muito
superiores ao receio de que os magistrados afastados possam eventualmente
reincidir na falta funcional ou interferir nas investigações”, sustentou ele.
Bandeira
de Mello disse ainda que o afastamento, que durou cerca de dois meses, já teve
efeito pedagógico.
"Acrescento
ainda que a repercussão nacional do caso, o cumprimento do período de
afastamento cautelar até o momento, bem como a própria instauração do PAD
(processo administrativo) em desfavor dos magistrados parece-me suficiente para
exercer efeito pedagógico eficiente para o caso, o que, possivelmente, inibirá
eventual reiteração da prática", afirmou Bandeira de Mello em seu voto.
O
relator foi acompanhado por todos os demais conselheiros. A jornalista Andrea
Sadi escreveu em seu blog que o julgamento teve influência do presidente do
Conselho, Luís Roberto Barroso.
Segundo
a jornalista, ele teria atuado “com discrição nos bastidores”. Barroso havia
sido derrotado no julgamento que resultou no afastamento dos dois.
Que
argumentos Barroso usou agora, para reverter sua derrota? Como mostraram as
mensagens acessadas por Walter Delgatti Neto, o presidente do CNJ, que é também
presidente do STF, era muito próximo do ex-procurador Deltan Dallagnol, a ponto
de recebê-lo em jantar em casa, de lhe apresentar personalidades e de lhe dar
orientações.
Thompson
Flores Lenz, como se sabe, era próximo dos militares na época em que o Exército
era comandado por Eduardo Villas Bôas, que articulou a candidatura de Jair
Bolsonaro a presidente, em 2018.
Ao
deixar o comando militar do Exército, Villas Boas fez um discurso em que
elogiou o Poder Judiciário e citou um único nome, Thompson Flores.
Sem
a participação de setores do sistema de Justiça, Bolsonaro não seria eleito, já
que não haveria o erro judiciário da condenação de Lula e, como indicavam as
pesquisas, Lula venceria as eleições de 2018.
Pelo
jeito, não houve efeito pedagógico de tudo o que se viu quando as mensagens
acessadas por Delgatti foram publicadas.
O
lavajatismo segue forte.
Fonte:
Brasil 247
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