segunda-feira, 22 de julho de 2024

João Filho: ‘Jovens cometendo atentados como o contra Donald Trump são culpa da extrema direita’

UM JOVEM PROBLEMÁTICO com acesso a um fuzil AR15 dirigiu-se a um comício de Donald Trump e tentou assassiná-lo.

Trata-se de algo absolutamente dentro do padrão de violência estabelecido na história da política americana. Dez dos 46 presidentes americanos sofreram atentados e quatro foram assassinados.

Estamos falando do país que é líder mundial em tiroteios em massa e com a maior população civil armada do mundo. São quase 400 milhões de armas circulando pelo país em que supremacistas brancos têm o direito legal de saírem às ruas pregando o ódio contra negros e em que milícias armadas de extrema direita fazem parte da paisagem política.

atentado contra Trump não é algo fora da curva, muito pelo contrário. A violência da qual o candidato foi vítima é a mesma que ele e o seu grupo político têm alimentado nos últimos anos. 

Até agora, as investigações apontam para um crime sem motivações políticas. Thomas Matthew Crooks, o atirador, era um jovem de classe média de 20 anos, filiado ao partido Republicano, vítima de bullying no colégio, obcecado por armas e que foi expulso do clube de tiro do colégio por ser mau atirador.

No dia do atentado, ele comprou 50 cartuchos de munição e foi ao comício de Trump. Antes de subir no telhado de uma casa e abrir fogo contra Trump, Crooks deixou o carro estacionado do lado de fora do evento com uma bomba no porta-malas, que estava conectada a um transmissor que ele carregava.

Se não tivesse sido morto pela polícia, certamente teria matado mais pessoas. O perfil do atirador é muito parecido com o dos garotos que promovem atentados às escolas pelo mundo. Tanto nos EUA quanto no Brasil, esses atentados, apesar dos contextos diferentes, têm em comum a contaminação pelo discurso de ódio promovido pela extrema direita.

Crooks agiu sozinho, sem motivação clara e aparente, mas dentro de um ambiente político radicalizado, alimentado por discursos violentos e uma legislação que permite que qualquer pessoa maior de 18 anos compre armas de alto calibre em supermercados.

O atentado não aconteceria com a mesma facilidade não fosse este contexto social. O crime de Crooks não é simplesmente um ato inconsequente de um jovem perturbado. É fruto da banalização da violência na cultura e na política americana.

·        Atirador recebeu propaganda pró-armas da campanha de Trump

Em 2016, a família de Crooks foi identificada pela campanha eleitoral de Trump como potenciais eleitores. Seus nomes estavam em um banco de dados criado para identificar pessoas com grande probabilidade de serem proprietários de armas e republicanos convictos.

A campanha de Trump passou então a bombardear famílias como a de Crooks  — que na época tinha 12 anos — com propaganda pró-armas. Não é difícil imaginar as consequências disso em um país que vive uma crise de saúde mental entre os jovens.

O crescimento no número de atentados cometidos por jovens é uma questão de saúde e segurança pública, mas para os carniceiros de Trump trata-se de uma questão de liberdades e direitos. 

Esse caldo cultural da violência foi especialmente engrossado pela extrema direita americana nos últimos anos. Trump não é mera vítima de um jovem maluco que decidiu matá-lo sem motivo.

Ele é o principal responsável pela radicalização do debate político nos últimos anos e é a principal ameaça à democracia americana, haja vista a invasão do Capitólio em uma tentativa de golpe de estado.

Nesta campanha, Trump tem se mostrado ainda mais raivoso e violento. Em discursos, ele diz abertamente que usará o estado para perseguir adversários políticos e a imprensa.

Trump prometeu que, caso seja eleito para um segundo mandato, será “ditador por um dia” e se vingará dos “vermes” que abriram processos judiciais contra ele. Prometeu também que usará o exército para reprimir manifestantes e deportar milhões de imigrantes. 

Logo após o atentado, Trump baixou o tom virulento e chegou a falar em “unir o país”. A nova postura é estratégica e nada indica que será permanente. Seus eleitores seguem sendo alimentados pelas teorias conspiratórias mais alucinantes divulgadas por influenciadores de extrema direita e políticos trumpistas.

Todas essas conspirações tratam Trump como vítima de um complô liderado pelo  “deep state”, projetam novos atentados e tratam uma guerra civil como algo inevitável. O ambiente de paranóia segue sendo retroalimentado.

·        Reprodução do discurso na América Latina

No Brasil e na Argentina, líderes de extrema direita reproduziram as conspirações a seu modo.

Para o presidente Javier Milei, o atentado foi cometido pela “esquerda internacional”. O ex-presidente Jair Bolsonaro, também vítima de um atentado em 2018, seguiu na mesma linha e afirmou que esse tipo de atentado só acontece “contra conservadores”, ignorando propositalmente o assassinato de Marielle Franco em 2018 e o atentado contra Cristina Kirchner em 2022.

Para Bolsonaro, foi Deus quem salvou ele e Trump da morte: “Ele foi salvo, a meu entender, como eu fui. Os médicos dizem que foi milagre eu ter sobrevivido em 2018 tendo em vista a gravidade dos ferimentos. E ele foi salvo por questão de poucos centímetros. Isso, a meu entender, é algo que vem de cima”.

Tanto lá como cá, os atentados contra Trump e Bolsonaro ajudaram a reforçar a narrativa do herói ungido por Deus, mas perseguido e vitimizado pelo sistema. 65% do eleitorado republicano concorda com Bolsonaro: foi Deus quem salvou Trump da morte.

As condições materiais que levaram um garoto a tentar cometer o assassinato são mero detalhe para os extremistas de direita. É esse o tamanho do buraco civilizacional em que os EUA e o mundo estão inseridos.

¨      Atirador teria usado drone para planejar atentado contra Trump; entenda

O jovem de 20 anos que atirou contra Donald Trump havia pilotado um drone sobre o local do evento horas antes do ex-presidente subir ao palco. O drone, equipado com uma câmera, deu a Thomas Matthew Crooks uma visão aérea do local, facilitando o ataque.

Geralmente, os Serviços Secretos proíbem drones em áreas que estão sob proteção, mas não se sabe se essa proibição foi aplicada neste caso específico. Segundo a Sky News, ainda não está claro como as autoridades tomaram conhecimento do voo do drone, embora esses dispositivos geralmente deixem um rastro eletrônico das suas trajetórias.

O drone e todo o equipamento associado foram encontrados no carro de Crooks.

Na sexta-feira, os investigadores analisaram o histórico telefônico do atirador e descobriram que ele tinha conexões com um outro atirador envolvido em um massacre escolar em Michigan, em 2021. Naquele incidente, Ethan Crumble matou quatro estudantes e deixou vários feridos.

Além disso, Thomas Matthew Crooks havia pesquisado sobre transtorno depressivo e possuía imagens do local do comício em Butler, na Pensilvânia, onde ele atacou Donald Trump.

Crooks havia solicitado folga no trabalho no sábado e chegou ao local do comício três horas antes do início, conforme informado pelas autoridades. Ele disse ao empregador que precisava "fazer algumas coisas" e prometeu voltar no domingo.

Donald Trump sofreu ferimentos leves em uma orelha durante o tiroteio. Duas pessoas morreram no ataque: o atirador e um homem de 50 anos.

 

¨      O que a crença na conspiração esconde? Por Thaís Klein e Érico Andrade

Uma das características da violência é que ela é o poder do árbitro. Poder de decidir sobre a eliminação daquilo que se opõe ao que desejamos, daquilo que ameaça o frágil narcisismo. Nesse sentido, a violência está marcada pela atribuição de poder sobre a vida pela reafirmação da capacidade de lhe destituir.

Talvez, por isso, a violência possa ser um impulso mortífero dirigido ao outro, mas com vistas à afirmação de si mesmo. Afirmação do lugar daquele que é responsável por destinar a violência sem a qual não é possível reconhecer o outro como aquele que é fraco e objeto da violência. A violência afirma o lugar daquele que realiza a violência.

A extrema direita tem na violência o seu modo de operar, se reproduzir e se firmar como uma massa. Isso é notável na apologia das armas e das fantasias de onipotência – os homens que não brocham. Essa construção se ergue como se todas as pessoas fossem invencíveis e imunes à violência que elas mesmas produzem. Como se o pacto da força bruta pudesse retirar do campo qualquer possibilidade de que esta se volte contra quem a fomenta no nível ideológico e na práxis social.

Com efeito, parece que é mais fácil acreditar numa conspiração com a qual a própria extrema direita se alimenta do que na compreensão de que a violência se define pelo seu não controle. Parece que conferimos mais poder ainda à extrema direita quando não consideramos que, apesar do seu discurso de onipotência, eles são tão humanos e vulneráveis como nós todos somos.

Tomar a violência dirigida aos líderes de extrema direita como casos isolados ou tomá-la como uma grande conspiração é seguir de mãos dadas com o discurso de onipotência. É não perceber que promover a violência é também ser atravessado por ela. Sustentar um discurso que prega a violência é fomentar seus efeitos pelo mundo como se a violência não tivesse a participação de agentes intencionais.

A onipotência da extrema direita constrói um discurso que lhe retira de qualquer possibilidade de ser responsável pelos efeitos nefastos de seus atos violentos, na medida em que intenta escamotear a vulnerabilidade que também lhe atinge. É somente na posição de vítima que a extrema direita pode se apropriar do que ela mesmo fomenta, uma vez que é na condição de vítima que ela justifica o uso da força.

A lógica é cindida, produz o equívoco: a vitimização enquanto única forma de figurar a agência da violência acaba por servir de motor para o próprio discurso de ódio que é sempre dirigido ao outro que não compõe o grupo. O paradoxo é que a violência almeja destruir o outro, mas depende do outro para se afirmar enquanto atribuição de poder sobre a vida e reafirmação da capacidade de lhe destituir.

O que está no centro dos ataques a Jair Bolsonaro e a Donald Trump não é uma armação coordenada de uma internacional fascista, mas a constatação de que a violência não pode ser controlada quando ela é a forma propagada para lidar com a diferença. A extrema direita não apenas prova do seu próprio veneno como reforça a certeza de que o discurso de ódio pode produzir mártires e agressores para manter a sociedade refém de quem pretende a destruir.

 

¨      Lideranças progressistas analisam desafios da esquerda brasileira após atentado em comício de Trump nos EUA

O atentado contra o comício de Donald Trump nos Estados Unidos, ocorrido no último sábado (13), tem gerado ecos também na política brasileira. Das manifestações de repúdio por parte de diferentes autoridades nacionais até a avalanche de fake news que fabricam narrativas a favor das forças de extrema direita, lideranças de esquerda ouvidas pelo Brasil de Fato avaliam que o cenário exige atenção, cautela e foco em projetos mais orientados ao ideário progressista.

Para o secretário de Mídias da executiva nacional do PCdoB, Altamiro Borges, diante do risco de eventual crescimento de Trump no cenário pré-eleitoral estadunidense, caberia ao campo esquerdista brasileiro se concentrar nas necessidades que vêm sendo manifestadas pela população brasileira nos últimos tempos. “Trump hoje é um inspirador, uma alavanca da extrema direita internacional, de Milei a Elon Musk. Uma eventual vitória dele teria impacto. Mostraria o cenário de ascenso da extrema direita mundial. Disso surge a necessidade de se unir forças hoje dentro da esquerda e de se ter projetos nítidos porque muito desse crescimento da extrema direita também tem a ver com decepções [do eleitorado] em relação ao campo mais progressista, que não consegue cumprir seu programa. Isso cria novos desafios para as forças de esquerda no mundo e no Brasil”.

<><> Cenário

Borges ressalta a importância de se analisar clinicamente o contexto que atualmente gera a emergência e a efervescência da extrema direita no mundo. “Já sabemos que não é algo fortuito e localizado. Se é mundial, ele tem causas, e não apenas uma causa. Eu destacaria três. Uma delas é a própria crise do capitalismo, que gera uma perda de perspectiva, principalmente entre a juventude, gera frustração, e isso serve de base pra extrema direita. Foi assim no fascismo e no nazismo dos anos 1930 e é assim hoje. A extrema direita pega as pessoas pela emoção em função dessa frustração e ela apresenta respostas simplistas, mentirosas, falsas, mas que pegam, que atraem gente”, cita.

“E as instituições estão em crise – o Executivo, o Legislativo, o Judiciário –, não só os aparatos do Estado, mas também as instituições da sociedade. Veja que os partidos, os sindicatos, o jornalismo, está tudo em crise porque não se apresentam alternativas. Um terceiro fator a ser observado é que a força da extrema direita não está consolidada. Ela também perde. Veja que o Trump é um dos poucos presidentes dos EUA que não se reelegeram, assim como Bolsonaro aqui no Brasil. Então, eles não têm tanta consistência assim. O problema é que o campo progressista também não está com muita consistência porque ele não consegue gerar expectativas na sociedade”, observa o dirigente do PCdoB.

<><> Tática

Borges considera de grande importância que haja, por parte da esquerda, uma busca permanente por respostas políticas mais satisfatórias à população diante da atual crise do sistema. O dirigente partidário vê esse elemento como fator de peso para evitar que o segmento se torne presa fácil das táticas adotadas pela extrema direita, que costumeiramente utiliza armadilhas retóricas e disseminação de fake news para encurralar alvos políticos.

“Está faltando nitidez de projeto. Sabemos que a atual correlação de forças é uma condicionante. Quem está dentro do poder tem que levar isso em conta, mas para alterar isso, e não pra aceitar o que está colocado. Na minha opinião, esse cenário exige mais nitidez de projeto e mais politização da sociedade. É apostar mais na mobilização social, no trabalho pedagógico de alertar a sociedade para o que se está vivendo.”

Ao defender uma atuação mais incisiva da esquerda, ele cita como referência a pesquisa Quaest divulgada dias atrás, segundo a qual 66% da população brasileira estão de acordo com as críticas do presidente Lula (PT) à política de juros adotada por Roberto Campos Neto no Banco Central. “É um levantamento interessante porque mostra que, quando o Lula comprou briga e foi para o confronto na questão do juros, a sociedade entendeu e o apoiou. Claro que isso é fácil de falar e difícil de fazer, mas é preciso mais nitidez de projeto por parte da esquerda e mais debate de ideias na sociedade, mais disputa de hegemonia. A batalha de narrativas – pra usar uma expressão da moda – hoje é uma questão decisiva”, analisa Borges, que também é jornalista e um dos coordenadores do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé.

<><> Ponderações

Após o episódio envolvendo o comício de Trump no sábado, choveram no Brasil conteúdos falsos tentando associar a agressão à esquerda estadunidense. A correlação foi feita também em fake news que buscaram ligar o atentado no país americano à facada dada em Jair Bolsonaro em 2018, quando o então membro do PSL era candidato a presidente da República. Conteúdos falsos de outras ordens também inundaram grupos e perfis digitais após o ocorrido. Para o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), político atuante na pauta internacional e atual vice-presidente da representação brasileira no Parlamento do Mercosul, o cenário inspira cuidados.

“Se a gente entrar nesse debate de maneira descuidada só porque eles estão nos atacando ou nos atribuindo [culpa], não dá certo. Eu não lido com mídia social, por exemplo, mas acho que o óbvio também precisa ser dito. Eles estão mentindo, como o próprio Trump é um mentiroso compulsivo, como o Bolsonaro e a extrema direita em geral também são. Eles fazem do ressentimento, da vitimização um instrumento de disputa politica, e fazem tudo isso falando em ‘Deus, pátria e família’. Acho, então, que o nosso desafio, entre outras coisas, é tentar identificar como é possível que alguém com o que pensa o Bolsonaro, com o que fala o Bolsonaro, com o que faz o Bolsonaro tenha tamanha inserção na população brasileira.”

Para Chinaglia, o episódio envolvendo Trump precisa ser lido pela esquerda como algo que não diz respeito diretamente ao Brasil, embora exija do segmento uma estratégia para se lidar com o assunto. “Diz respeito muito mais à extrema direita do que a nós porque tanto a facada contra o Bolsonaro – que nós lamentamos, claro – como os tiros agora em cima do Trump reforçam o alerta que o tempo todo nós fazemos: não é adequado você distribuir armas da maneira como ocorre nos EUA e como eles começaram a fazer aqui. Essa politica armamentista pro povo é o que vitimou tanto o Bolsonaro quanto o Trump. Acho que esse é um caminho muito mais sólido pra que a gente aproveite o que tiver de útil nesse debate. Isso é fundamental porque isso ninguém contabiliza no colo de quem merece estar, que é da extrema direita e dos seus aliados”.

<><> Dianteira

A socióloga e ex-psolista Sabrina Fernandes, autora do livro “Sintomas Mórbidos – a encruzilhada da esquerda brasileira”, publicado em 2019, visualiza as redes sociais como trincheira fundamental das disputas em questão no atual cenário do Brasil. A profissional é criadora do canal “Tese Onze”, que funcionou no Youtube até julho do ano passado, com conteúdos de formação política à esquerda.

Considerando o caráter ainda árido desse terreno para quem decide atuar utilizando bandeiras progressistas, a socióloga entende que a esquerda precisaria se antecipar às armadilhas constantemente elaboradas pela extrema direita no pantanoso solo da internet. “Além de produzir narrativas verdadeiras, elas precisam ser amplamente difundidas e acreditadas pela população, por isso não basta esperar o surgimento de uma fake news para combatê-las. É preciso preparar o público com formação política e científica de qualidade para que, ao receber um conteúdo falso, uma pessoa possa questionar por si mesma a origem e a veracidade daquilo e, assim, decidir não engajar e não propagar isso”, defende.

Ela assinala que o alerta posterior sobre conteúdos falsos não tem o mesmo efeito. “A checagem dos fatos, embora extremamente necessária, ocorre geralmente depois que o estrago está feito e não consegue alcançar aqueles que aderiram à notícia falsa simplesmente porque aquele conteúdo lhes traz um viés de confirmação para aquilo em que eles já acreditavam ou queriam acreditar.” Nesse sentido, a socióloga entende que falta uma maior qualificação do debate feito pela esquerda em torno das agendas que essa ala ideológica costuma evocar.

“Não somente precisa se qualificar nos temas, mas construir conteúdo qualificado dentro de uma estratégia de se adiantar à direita no debate. A esquerda ainda sofre muito do mal de ser pautada em vez de pautar. Um bom exemplo disso está no tema do aborto e direitos reprodutivos. Embora uma esquerda feminista esteja presente de forma permanente na luta por esses direitos, na maioria das vezes, quando o tema se torna debate nacional, é porque a direita fez mais barulho, geralmente com alguma proposta absurda, como o caso recente [de tentativa] da proibição total do aborto, gerando uma reação na esquerda”, exemplifica.

A socióloga pontua que esse enfrentamento exige uma postura de coragem histórica por parte de lideranças e grupos do campo esquerdista. “Os temas que geram pânico moral e que são muito valiosos para a extrema direita são geralmente temas que a esquerda ainda debate com receio ou mesmo recuo. A consequência disso é uma hegemonia de absurdos da extrema direita que possuem muito lastro, são vistos como críveis pela população, porque são repetidos sempre. Se nossos contrapontos são apenas contrapontos, ou seja, não são as narrativas líderes, e se surgem apenas como reação, nós já entramos no jogo da politização e do desmonte de fake news perdendo e desfalcados”.

 

Fonte: The Intercept/Notícias ao Minuto/Outras Palavras/Brasil de Fato

 

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